Comissão conhece trabalho de identificação do fentanil
Instituto de Criminalística da Polícia Civil tem equipamentos para detectar droga sintética que pode levar à morte.
08/05/2023 - 19:43Nesta segunda-feira (8/5/23), a Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou o Instituto de Criminalística da Polícia Civil para conhecer o trabalho realizado na perícia de drogas.
A presidente da comissão, deputada Delegada Sheila (PL), conversou com os peritos sobre as estatísticas de apreensão de fentanil, uma droga sintética da família dos opioides que é 50 vezes mais potente do que a heroína e cem vezes mais forte do que a morfina.
Segundo os policiais, as duas primeiras mortes por fentanil em Minas Gerais foram registradas em Conselheiro Lafaiete (Região Central do Estado) em 2017. Um rapaz e uma moça de 19 anos usaram a droga acreditando se tratar do alucinógeno mescalina e tiveram morte instantânea.
De acordo com a perita criminal Renata Fontes Prado Faraco, o fentanil vem sendo utilizado como droga em Minas Gerais há muitos anos. Desde 2008, a Polícia Civil já identificou a substância em ampolas, selos e pulverizada em vegetais, para ser fumada como se fosse maconha.
A deputada Delegada Sheila ficou surpresa com a informação de que o fentanil tem sido identificado em análises criminalísticas desde 2008 e com as duas mortes provocadas pelo uso da droga. Segundo ela, a ALMG vai juntar forças com a polícia para combater o problema.
Delegada Sheila ainda conheceu os três equipamentos do Laboratório de Criminalística que servem para a detecção de substâncias como drogas e venenos. Segundo os peritos, os aparelhos já têm dez anos de uso e estão ficando obsoletos. A parlamentar vai propor uma audiência pública para discutir a situação do Instituto de Criminalística e medidas para combater o fentanil.
Fentanil é opioide para uso médico
O fentanil é o opioide mais forte disponível para uso médico em seres humanos. Com efeitos analgésicos e sedativos, o anestésico é amplamente utilizado no tratamento de dor severa. No entanto, se administradas em conjunto com outras drogas, microdoses da substância podem provocar paradas respiratórias fatais em questão de segundos.
Segundo o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), nas décadas de 1970 e 1980, produtos contendo fentanil apareceram no mercado de drogas ilícitas e tornaram-se notórios por overdoses acidentais, especialmente na América do Norte.
Nos últimos anos, o problema ressurgiu e atingiu níveis alarmantes nos Estados Unidos. Em 2023, foram apreendidos 4,5 toneladas de fentanil em pó e 50,6 milhões de comprimidos, segundo o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão responsável pelo combate às drogas naquele país. Cerca de 75% da cocaína vendida nos Estados Unidos contém fentanil.
No Brasil, a primeira apreensão de fentanil se deu em fevereiro deste ano, em Cariacica (ES). A polícia capixaba afirma que os 31 frascos da droga foram produzidos em Minas Gerais.
