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Ativistas cobram políticas públicas para combater pedofilia

Denúncias de abusos sexuais cometidos por ex-padre preocupam deputados da Comissão de Segurança Pública.

09/12/2024 - 19:41 - Atualizado em 10/12/2024 - 13:35
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Ativistas de movimentos de defesa da infância cobraram políticas públicas para o enfrentamento dos crimes de pedofilia, em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na segunda-feira (9/12/24).

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A reunião foi motivada pela prisão do ex-padre Bernardino Batista dos Santos, acusado por mais de 60 mulheres de ter cometido crimes sexuais entre 1999 e 2001. Ele teve a prisão preventiva decretada no dia 23 de outubro, mas acabou sendo solto no dia 28 de novembro. Após as denúncias de abuso virem à tona, a Arquidiocese de Belo Horizonte afastou o padre de suas funções. 

O delegado Diego Almeida Lopes Mendonça, titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, informou que a maioria dos crimes denunciados contra o padre Bernardino prescreveu. Mas a Polícia Civil conseguiu identificar um caso recente em Tiros (Alto Paranaíba), que motivou a prisão do religioso. 

Segundo o policial, 83% dos abusos sexuais de crianças e os adolescentes são praticados no ambiente familiar, e a maior dificuldade para combater esse crime é a ausência de um perfil específico dos criminosos. De acordo com ele, os pedófilos são pessoas de todos os tipos: ricas e pobres, jovens e velhas, homens e mulheres. 

Por isso, na avaliação do delegado, a melhor maneira de prevenção é orientar as crianças e adolescentes sobre o que é o abuso sexual. “Muitas vítimas nem sequer têm noção de que foram abusadas”, afirmou.

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Keyla Cristina Parreiras Pinto Arêdes, a Tia Keyla, contou que foi vítima de abuso sexual e criou o programa Protegidos, para orientar pais e filhos sobre a pedofilia. Ela defendeu que as crianças precisam de educação sexual, com linguagem pedagógica e atividades apropriadas, para conhecer as partes do corpo e saber como se dá a reprodução humana.

Cadastro nacional vai identificar abusadores

Os participantes da audiência pública apoiaram a criação do Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores Sexuais, conforme determina a Lei Federal 15.035, de 2024. Trata-se de um sistema pensado para facilitar o acesso à informação sobre condenados em primeira instância, de modo a ampliar a proteção de mulheres e crianças e prevenir novos crimes sexuais.

A norma foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 28 de novembro, mas foi vetado o dispositivo que previa a manutenção dos dados por dez anos após o cumprimento integral da pena. Na mensagem enviada ao Congresso Nacional, ele alegou que a medida é inconstitucional por violar princípios como intimidade, vida privada, honra e imagem do condenado.

A decisão presidencial foi criticada pelos participantes da audiência pública. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que enviou um depoimento gravado, defendeu a derrubada do veto. Segundo ela, com a decisão do presidente Lula, o criminoso terá seu nome ativo no cadastro somente enquanto estiver cumprindo pena, medida considerada insuficiente para garantir a proteção de crianças e adolescentes. “Pedófilo não tem que ter direito à privacidade, em detrimento da proteção da criança”, afirmou.

A senadora deu um depoimento pessoal para ilustrar as consequências dos abusos sexuais sobre a vida de meninas e adolescentes. Ela contou ter sido barbaramente estuprada entre os seis e os oito anos de idade. “Não consegui ser mãe por conta dos ferimentos. Um pedófilo tirou de mim essa alegria", disse. 

Segundo Damares Alves, o agressor desapareceu quando seus pais ficaram sabendo dos abusos. Porém, a parlamentar lamentou que seus familiares tenham sido orientados a não conversar com ela sobre esse assunto. Ela só veio a tomar conhecimento de que seus pais sabiam da verdade aos 24 anos de idade. 

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Deputados defendem pena de morte para pedófilos

Os deputados que participaram da reunião cobraram penas mais duras para os pedófilos. O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PL), lembrou o trabalho realizado pela Comissão Especial da Prostituição Infantil, em 2002, para ilustrar a gravidade desse crime. Ele rememorou que crianças do Vale do Jequitinhonha se prostituíam às margens da BR-116 em troca de um sanduíche.

“Monstro: não tem outra palavra para qualificar o autor desse crime”, afirmou. “A pena para quem pratica esse tipo de crime deveria ser a pena de morte em praça pública, com a família tendo que pagar a munição utilizada na execução”, defendeu.

Os deputados Caporezzo (PL) e Bruno Engler (PL) também defenderam a pena de morte para quem abusa sexualmente de crianças. “Não acredito em recuperação para esse tipo de criminoso. O pedófilo tinha que ser preso, condenado à morte e esquartejado, e cada pedaço do seu cadáver deveria ser exposto na rua”, afirmou Caporezzo.

Bruno Engler ainda disse ser favorável à derrubada do veto ao cadastro de predadores sexuais. “Esse veto é um tapa na cara de nossas crianças. O Estado não deveria priorizar o direito do abusador”, disse.

A deputada Amanda Teixeira Dias (PL) reforçou a gravidade das denúncias contra o padre Bernardino e também defendeu a derrubada do veto ao cadastro de abusadores. “Seria uma ótima oportunidade de proteger as crianças. O que fere a dignidade humana é ter que conviver com pedófilos”, afirmou.

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“Se meus pais tivessem me dito que eu não era culpada do abuso, minhas dores teriam sido amenizadas. O abusador me convenceu de que eu era suja, imunda e pecadora. Fiquei refém do medo, da dor e da culpa. Foram muitos anos para superar essa dor”.
Senadora Damares Alves

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