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Assembleia faz reunião de apoio à Parada Negra LGBT+ de BH

Evento acontecerá no sábado (25/5/24), com concentração na Praça Sete, no Centro, a partir das 14 horas.

22/05/2024 - 19:40
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“É preciso dizer que nós existimos, que há pessoas negras LGBT em nossa sociedade.” Com essas palavras, a coordenadora da Rede Afro LGBT Nacional, Eliane Evangelista, explicou a importância da 1º Parada Negra LGBT+ de Belo Horizonte, organizada pela Rede Afro LGBT, que acontecerá no próximo sábado (25/5/24), com concentração na Praça Sete, no Centro de BH, a partir das 14 horas.

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A festa, inédita na Capital, foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (22/5/24). Organizada pela Comissão de Direitos Humanos, por solicitação da deputada Beatriz Cerqueira (PT), a audiência pública também foi uma oportunidade para homenagear pessoas importantes na luta em favor da população LGBTQIAPN+ de Minas Gerais. 

O tema da primeira edição da 1º Parada Negra LGBT+ é “Do erê ao ancestral: pela vida das juventudes negras”. A programação do evento terá performances de jovens artistas e outras personalidades que abraçam a temática, bem como homenagens a líderes históricos do movimento negro.

Segundo a Rede Afro LGBT, a Parada Negra é inspirada no Black Pride (orgulho negro), movimento iniciado em 1991, nos Estados Unidos, que busca visibilidade para a pauta LGBTQIAPN+ de maneira racializada. No Brasil, a primeira parada desse tipo aconteceu em João Pessoa (PB) e a segunda, em São Paulo (SP).

Ao saudar os participantes, Beatriz Cerqueira salientou que a reunião foi resultado sobretudo de um esforço do próprio movimento popular e que as deputadas procuraram apenas contribuir com uma luta que tem seus protagonistas e suas protagonistas.

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Organizadora da frente parlamentar que defende a população LGBTQIAPN+ em Minas Gerais, a deputada Bella Gonçalves (Psol) disse ocupar uma cadeira orgulhosamente LGBT na Assembleia. Ela elogiou a parada deste sábado como uma forma de demonstrar que o movimento LGBT não é homogêneo, mas, nem por isso, deixa de ser unido.

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Já a deputada Ana Paula Siqueira (Rede) fez um convite a todos os participantes da audiência pública para se engajarem na elaboração do Estatuto da Igualdade Racial, que está sendo desenvolvido pela Assembleia mineira por uma iniciativa da bancada de deputadas negras. “Vamos fazer várias plenárias em Minas Gerais e, no dia 28 de maio, será a primeira plenária em Belo Horizonte”, convidou.

Movimento busca visibilidade sem abandonar a luta mais ampla

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Um dos organizadores da Parada Negra LGBT+ e coordenador estadual da Rede Afro LGBT, Thiago Lima ressaltou que a iniciativa tem o objetivo de ”demarcar a nossa identidade de gênero e a nossa cor, que não andam separadas”, mas não pretende promover qualquer divisão. “Isso não é um processo de crítica e nem de racha, mas queremos dizer para o Estado que não aceitaremos um só espaço”, pontuou.

A coordenadora estadual da Rede Afro LGBT, Vanessa Pereira, que é também presidente do Coletivo LGBT de Santa Luzia (Região Metropolitana de Belo Horizonte), disse que a parada será articulada com outras ações e será seguida de uma avaliação coletiva do movimento.

Um dos depoimentos mais emocionados da audiência pública veio da psicóloga Dalcira Ferrão, militante do Coletivo de Mulheres Bissexuais e Lésbicas, Trans e Cis - Coletivo Bil. “Hoje eu vejo casaizinhos jovens (LGBTQIAPN+) andando de mãos dadas nas ruas e ainda fico emocionada, pois há 15, 20 anos isso não era comum. O dia 25 vai ser de muita festa, mas também de entender que ainda há muita luta para ser feita”, declarou a psicóloga, com voz embargada.

A iniciativa da Parada Negra LGBT+ foi muito elogiada por outros participantes da audiência pública, como o secretário de Formação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Carlos Magno Fonseca. “Vocês, da Rede Afro, estão construindo história”, declarou. 

"A marcha vai dar dois recados: primeiro, dizer para o movimento LGBT que nós precisamos discutir cada vez mais o racismo dentro do movimento. E também dizer para o movimento negro que é preciso debater a LGBTfobia dentro dele próprio”, concluiu o representante da ABGLT.

Carlos Magno, Dalcira Ferrão e Eliane Evangelista foram alguns dos homenageados com o voto de congratulações da Assembleia. As deputadas Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves também entregaram os diplomas de homenagem a Soraya Menezes, ex-diretora da Associação Lésbica de Minas (Alem), a Makota Kisandembu Ifafémi Agboola; à rainha do Carnaval de Belo Horizonte, Cristal Siuves; a Raquel Almeida, integrante aposentada da Associação Lésbica de Minas, e a Evandro Nunes, consultor pedagógico da Coordenação Estadual da Rede Afro LGBT de Minas Gerais.

Comissão de Direitos Humanos - debate sobre a realização da 1ª Parada Negra LGBT+
Belo Horizonte recebe a primeira Parada Negra LGBT+ TV Assembleia
“Receber vocês foi um aprendizado, porque eu vivo várias violências, como a violência política de gênero, a violência que o estado brasileiro pratica contra os professores, mas eu não vivo as violências que vocês vivem.”
Beatriz Cerqueira
Dep. Beatriz Cerqueira
“Essas diferenças precisam ser percebidas, mas não serão elas que vão nos dividir.”
Bella Gonçalves
Dep. Bella Gonçalves

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