PL PROJETO DE LEI 4114/2009

PROJETO DE LEI Nº 4.114/2009

Dá denominação a trecho da Rodovia MG-129 que liga o Município de São Gonçalo do Rio Abaixo a Itabira.

A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:

Art. 1º – Fica denominado “Rodovia Dom Mário” o trecho da Rodovia MG-129 que liga o Município de São Gonçalo do Rio Abaixo a Itabira.

Parágrafo único – O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais – DER-MG –, providenciará, com recursos de seu orçamento, a afixação de placas indicativas da denominação da rodovia.

Art. 2º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Reuniões, 17 de dezembro de 2009.

Gustavo Valadares

Justificação: Esta proposição tem por objetivo dar ao trecho da MG-129, que liga o Município de São Gonçalo do Rio Abaixo a Itabira, a denominação de “Rodovia Dom Mário” como forma de homenagear e demonstrar respeito a essa ilustra figura pública.

Nascido na cidade de Iguatu, no Ceará, em 22/10/21, o menino Jesus, filho de Mário Jesus Guedes e Ana Alda Teixeira Guedes, era o quinto de 21 irmãos. A pequena Iguatu abrigou sua infância até os 9 anos, quando Jesus foi para Santos, em São Paulo, em busca de sua vocação: ser padre.

De Santos foi para Jundiaí, para estudar no Seminário Salvatoriano. Enfrentou dificuldades, até mesmo uma tuberculose que quase lhe tirou a vida. Mas seguiu determinado o caminho que o levaria à ordenação. Quando fez os votos religiosos, escolheu o nome Mário, em homenagem a seu pai. Aos 23 anos foi ordenado padre, no Rio de Janeiro, onde celebrou a sua primeira missa, na igreja do Bairro Piedade.

Como sacerdote, sua trajetória foi marcada por dificuldades, solidão, medo e angústia. Mas nada tirava sua vontade de vencer e viver, principalmente, com alegria e otimismo. Peregrinou, por quase 25 anos entre São Paulo, Rio de Janeiro e o Ceará, como professor, pároco e pastor. Quando se encontrava no Ceará, em 1966, recebeu ordem de Roma para que fosse para o Rio de Janeiro a serviço da CNBB, como Subsecretário-Geral. Aos 46 anos foi nomeado Bispo Auxiliar de Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro; e em maio de 1967, foi nomeado Bispo.

Em 1971, aos 51 anos, tornou-se o Bispo de Itabira. Na cidade, foi recebido com festa, mas também, com a desconfiança mineira. Encontrou uma diocese dividida, padres pouco receptivos, desconfiados, preconceituosos, e a Catedral em ruínas. Passou, então, à tarefa de edificar a sua igreja, imprimindo-lhe vida e despertando a participação dos fiéis. A comunidade ganhava um novo pastor, um líder religioso e popular. Seu relacionamento com a região do Médio Piracicaba não foi amor à primeira vista, mas um amor construído, purificado, conquistado por meio de confiança, trabalho, respeito e amizade.

As dificuldades eram muitas, mas uma fé inabalável em Deus foi o alento para a sua alma. Sua aparente fragilidade escondia um espírito enérgico, um homem forte, que sabia ser tranquilo e conciliador. Durante toda a sua vida como sacerdote, trabalhou com a Legião de Maria, pois uma de suas metas sempre foi incentivar o amor e a devoção à Mãe de Deus. Na diocese de Itabira/Coronel Fabriciano, implantou a Legião de Maria em várias cidades, tornando-se referência nacional para a Legião de Maria.

Como Bispo Diocesano, empreendeu o trabalho desafiador de unir a diocese e o clero. Criou o Dia da Diocese, o Boletim Litúrgico, a Missa da Unidade e o Retiro do Clero. Construiu a nova sede da Cúria Diocesana, que hoje abriga também a Gráfica Diocesana.

Dom Mário exercia grande liderança, e convocando o povo realizou um enorme trabalho em mutirão para que uma nova catedral fosse construída. Construiu ainda a sede do Seminário Diocesano, transferindo-o de Belo Horizonte para cidade de João Monlevade. Obteve recursos financeiros de entidades estrangeiras e conseguiu melhorar a qualidade de vida de muitas comunidades carentes. Construiu centros comunitários em bairros menos favorecidos e fortaleceu os trabalhos dos clubes de mães. Iniciou, também, os cursilhos da cristandade.

E foi assim também, com o mesmo espírito de liderança, que chamou o povo para criar e construir a Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira – Funcesi –, escola de grande importância para o desenvolvimento da região do Médio Piracicaba, tendo em vista que atende alunos de todas as cidades no entorno de Itabira.

Dom Mário ainda atuou como Provedor do Hospital Nossa Senhora das Dores em Itabira onde proporcionou, com a ajuda da comunidade e da prefeitura de Itabira, o saneando das finanças da instituição, promovendo saúde e qualidade de vida para a população da região.

Escrevia artigos e livros. Fazia caminhadas, cultivava amizades, lia, trabalhava com afinco. Gostava de um cachimbo com um bom tabaco, um copo de cerveja ou vinho, música clássica. Era poliglota e conferencista internacional. Foi um cidadão do mundo!

Foram 64 anos de sacerdócio, 64 anos de um caminho trilhado na fé, no amor de Maria e em favor da solidariedade e do amor ao próximo; 64 anos de exercício diário da humildade e da comunhão com o outro.

Nascido Jesus, se tornou Mário, sinônimo de esperança, de possibilidade de vida, de dignidade, de cidadania, de doação e de vida plena.

- Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça, para exame preliminar, e de Transporte, para deliberação, nos termos do art. 188, c/c o art. 103, inciso I, do Regimento Interno.