DEPUTADO ANTÔNIO ROBERTO (PMDB)
Discurso
Defende o Vice-Governador Newton Cardoso das denúncias de irregularidades
nos processos licitatórios realizados pelo Governo do Estado. Apóia
críticas à entrevista do Presidente Fernando Henrique Cardoso à revista
"Época".
Reunião
117ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 21/03/2000
Página 29, Coluna 4
Assunto TRANSPORTE. FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
Legislatura 14ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 21/03/2000
Página 29, Coluna 4
Assunto TRANSPORTE. FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
117ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 14/3/2000
Palavras do Deputado Antônio Roberto
O Deputado Antônio Roberto - Sr. Presidente, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, pessoas das galerias, sabemos, por experiência
própria, que fazer oposição é infinitamente mais cômodo que
integrar uma base governista. Sem desmerecer o trabalho
responsável que o bloco da Oposição desenvolve nesta Casa, devemos
reconhecer que o uso de filigranas legais e interpretações
variadas faz parte do sistema. Isso é válido, repetimos, mas
existe sempre o risco de se partir para extremos, cometendo
eventuais injustiças.
O recente episódio das licitações para a reconstrução de estradas
no Sul de Minas exemplifica a nossa afirmação. O encargo foi
delegado pelo Governador Itamar Franco ao Vice-Governador Newton
Cardoso, daí se originando a série de questionamentos que a mídia
tem veiculado, com repercussões nesta Assembléia.
Não vamos aqui fazer defesa do que estiver errado - se é que há
algo errado -, mas não podemos deixar de levantar nossa voz para
registrar algumas palavras sobre a personalidade e a atuação do
Dr. Newton Cardoso.
Newton, como se sabe, usufrui um respaldo político como jamais se
viu em todo o interior de Minas Gerais. Nas diferentes regiões
mineiras, seu nome é respeitado como sinônimo de arrojo, de
determinação, de informalidade dinâmica e de realização. Seu
estilo é aquele de fazer, procurando não se perder em detalhes que
possam protelar a solução para situações emergenciais.
Aí se explica, inegavelmente, o prestígio que nosso Vice-
Governador merece em todo o Estado. Acresce a isso o fato de ter
sido ele, em ocasião anterior, o primeiro Governador a se eleger
em nosso Estado rompendo com as oligarquias que vinham desde a
chamada República Velha.
No caso específico das licitações, quem as critica se esquece, em
primeiro lugar, de que houve um processo de pré-qualificação,
levando em conta a idoneidade e a capacidade das empresas
contratadas. Estamos absolutamente certos de que não houve má-fé e
de que a intenção foi a mais louvável. Nunca em Minas se viu
tamanha catástrofe como a das enchentes que assolaram o Sul do
Estado. Uma das mais desenvolvidas de nossas regiões viu-se, da
noite para o dia, destruída em sua estrutura, em suas realizações,
em seu presente positivo que se transformou em futuro incerto. A
tragédia atingiu igualmente a todos, ricos e pobres, e a economia
regional levará tempo para se recuperar.
Ora, em uma situação como esta, a primeira providência que se
deve adotar é procurar restabelecer a comunicação entre as
comunidades isoladas e sujeitas às epidemias, à subnutrição, sem
os mínimos recursos de sobrevivência. Foi, então, o que se fez:
procurou-se implementar um processo dinâmico, que restabelecesse
as comunicações rodoviárias e permitisse ao povo sul-mineiro
enfrentar o difícil amanhã.
O estilo do Dr. Newton Cardoso é controvertido exatamente porque
ele é um inovador. A par da inovação, dispõe ele de serenidade e
discernimento político, nunca negligenciando a causa pública.
Prova incontestável disso é que, na reunião dos convencionais do
PMDB para a escolha do candidato a Governador, contava ele com
quase 80% dos votos dos presentes à convenção. No entanto,
pensando no interesse maior de Minas, ele abriu mão de uma
candidatura já vitoriosa, para apoiar o Dr. Itamar Franco.
Vitorioso nas urnas o Dr. Itamar, Newton continua com ele
colaborando, em postura discreta, mas atuante, ajudando sem
atropelos e, muitas vezes, conciliando opiniões conflitantes.
Se é que os trâmites burocráticos não foram integralmente
observados na contratação das obras no Sul de Minas, não
acreditamos que isso tenha representado prejuízo para o povo
mineiro. Ao contrário, atendeu-se com presteza a um estado de
calamidade pública. Essa presteza, aliás, foi exigida pelas
próprias comunidades afetadas, as quais, agora, amargamente, se
ressentem da interrupção de alguns dos trabalhos.
Cremos que os próprios colegas da Oposição representantes do Sul
de Minas podem confirmar o que estamos dizendo. Sabemos que eles
têm sido instados por suas bases para não desacelerar o trabalho
de reconstrução.
Sempre nutrimos grande respeito pelo trabalho da mídia, até
porque a censura à imprensa seria um cerceamento da liberdade, o
que é típico de regime ditatorial. Da mesma forma, testemunhamos
com apreço a ação de nossos colegas oposicionistas nesta Casa: no
dia-a-dia, podemos atestar que eles desenvolvem um esforço atento,
consciente e bem-intencionado. A ambos - imprensa e Oposição -,
pediríamos, entretanto, que não se deixassem levar por
prejulgamentos e não fizessem oposição como mero exercício. Temos
certeza de que, no final, duas verdades irão prevalecer: a gente
sul-mineira se mostrará grata pelos benefícios recebidos em
caráter extraordinário, enquanto as qualidades de estadista de
Newton Cardoso, mais uma vez, serão ratificadas. Muito obrigado.
Gostaria de parabenizar o Deputado Márcio Kangussu pelas
oportunas palavras, quando analisa, com muita propriedade, as
colocações do Presidente da República, que, infelizmente, comete,
com muita freqüência, equívocos dessa natureza.
Precisamos prestigiar nossa agricultura porque, como muito bem
salientou o Deputado Paulo Piau, ela representa mais de 40% do PIB
brasileiro. Não podemos apoiar um Presidente que comete esses
erros imperdoáveis, deixando intranqüila a Nação. Obrigado.