Pronunciamentos

DEPUTADO CAPOREZZO (PL)

Discurso

Presta homenagem ao falecido senador Ronan Tito de Almeida, destacando sua trajetória de origem humilde até o Senado e seu papel como autor do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Critica o uso do livro "O Avesso da Pele" em aulas de uma escola estadual de Juatuba, apresentado a adolescentes de 14 a 17 anos, cujo conteúdo contrariaria os princípios do ECA.
Reunião 21ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/04/2025
Página 54, Coluna 1
Aparteante BRUNO ENGLER
Indexação

21ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/4/2025

Palavras do deputado Caporezzo

O deputado Caporezzo Boa tarde, presidente e colegas deputados estaduais. Quero lembrar-lhes mais uma vez a respeito da partida do grande senador por Minas Gerais Ronan Tito de Almeida, que foi cobrador de ônibus e chegou até o Senado Federal. Era um homem de família, um homem de valores que marcou sua presença como um grande mineiro a ocupar uma cadeira do Senado Federal. Quero mandar um grande abraço para toda a sua família. Que Deus conforte a dor dos familiares na pessoa do Pedro Almeida, que é meu amigo e filho do senador Ronan Tito. Para quem não sabe, o senador Ronan Tito foi o autor do projeto que criou o Estatuto da Criança e do Adolescente, um marco histórico na defesa dos direitos dos nossos jovens.

É muito interessante falar a respeito do Estatuto da Criança e do Adolescente diante do que aconteceu no Município de Juatuba, em uma escola estadual de Juatuba, conforme uma denúncia do meu apoiador Sédrick. Foi algo realmente escandaloso. Eu vou ler para vocês. Uma professora, com a autorização de uma diretora da escola estadual de Juatuba, apresentou para as crianças esta obra aqui, o livro O avesso da pele. Recentemente eu chamei essa obra de pornografia literária. Por causa disso, olhem só o que aconteceu: uma deputada desta Casa, presidente da Comissão de Educação, posicionou-se contra mim. Mais do que isso, digo que esse livro foi proibido em alguns estados, como em Mato Grosso do Sul, no Paraná e em Goiás. Por qual motivo esse livro foi proibido nesses locais?

Contra essa posição veio o governo do PT, o governo federal, falando que não apenas deve estar disponível este livro para os alunos como muito mais do que isso. Segundo o governo federal, o livro deve fazer parte do Plano Nacional do Livro e do Material Didático – PNLD. Este livro foi apresentado para jovens de 14 a 17 anos. Vejam a idade das pessoas que estão sendo apresentadas a esse conteúdo, que, para mim, fere frontalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente, principalmente no art. 2º, que fala dos pilares do ECA, que é a proteção do desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social dos nossos jovens!

Agora, já que o governo Lula – e eu vou ter a satisfação de falar isso da tribuna para que qualquer petista possa defender essa postura do governo que eles tanto amam – falou que isto aqui não é pornografia literária, que não há problema, certamente a TV Assembleia e a Assembleia de Minas Gerais não vão me punir apenas por ler aqui um livro para jovens de 14 a 17 anos que o governo federal defende. Então eu vou dar a você, que está assistindo à TV Assembleia, oportunidade de retirar o seu filho da frente da televisão. Quem tem menos de 18 anos terá oportunidade de sair antes que eu o leia. As palavras não são minhas; as palavras estão aqui no livro. Eu lamento ter que ler essa patifaria sebosa que há neste livro. Vou ler a palavra deles, está bom? Não são palavras minhas. Já retirou seu filho da frente da TV? Essa é a oportunidade que você tem.

Página 25. (– Lê:) “Aos 10 anos, você ainda não (– Palavras expungidas por determinação do presidente.), você não fazia ideia de que essa prática seria a sua companheira de solidão”.

Página 29. (– Lê:) “Enquanto isso, a Juliana, por sua vez, era bombardeada pelas primas e amigas que nunca tiveram um namorado negro: E, então, como ele é? (– Palavras expungidas por determinação do presidente.)”.

Um pouco mais abaixo. (– Lê:) “E não demorou muito para que aquela história de raça fosse (– Palavras expungidas por determinação do presidente.), pois a diferença de cor, que, antes era algo bonito, delicado e político, agora passou (– Palavras expungidas por determinação do presidente.)”. O governo federal do PT tem mais, tem mais para crianças de 14 a 17 anos!

Página 54. (– Lê:) “Minha mãe estava com 13 anos quando escutou um homem que tinha idade para ser o seu avô dizer (– Palavras expungidas por determinação do presidente.)”. Isso aqui é uma cena de pedofilia!

Página 63. (– Lê:) “Alguns iam nadar no rio; outros, na cachoeira. E havia ainda os que buscavam diversão num baseado ou em cocaína”. Estão incitando drogas para as crianças. Vamos além: eles acham que isso aqui não fere o Estatuto da Criança e do Adolescente. Chamam isso de obra premiada da literatura! É o Prêmio Jabuti, mas está cheio de jabuti dentro do livro.

Página 100. (– Lê:) “Depois, pegando uma lata de cerveja, ele deu uma boa olhada na minha mãe e perguntou onde ela havia aprendido aquilo. Aprendido o quê? Ela perguntou. (– Palavras expungidas por determinação do presidente.)”. Oh, governo do PT! Oh, governo do PT!

Página 126. (– Lê:) “Acho que o afeto da minha mãe me fez esconder as coisas, porque nunca disse a ela sobre a primeira vez que fumei maconha”.

Patifaria, canalhice! Quem defende um lixo de um livro desse não tem vergonha na cara por colocar um conteúdo tão abusivo contra crianças de 14 a 17 anos. E aí vêm defender? Falam que eu estou atacando as crianças! Vejam o que o Estado de Minas fez! O jornal Estado de Minas publicou o seguinte: “Pedido de proibição de livro vira disputa entre deputados”. Pegaram a declaração da deputada Beatriz Cerqueira… Vou citar o nome dela; ela está aqui, de frente para mim, e vai ter a oportunidade de falar que estou errado ao pedir direito de resposta, caso queira. Então pegaram a declaração dela, ou seja, 80% dizem respeito à declaração dela e 10% à minha, mas nem procurado eu fui. Qual é a seriedade desse jornal Estado de Minas, que é um dos maiores de Minas Gerais? Isso é uma pouca vergonha. Estão acabando com o jornalismo aqui em Minas. O cara que fez essa matéria está queimando o filme do Estado de Minas.

Ela escreveu o seguinte: “Há uma legislação que precisa ser cumprida quando há violência contra a escola e contra os profissionais da educação”. Eu, por denunciar isso, estou sendo chamado de violento contra os policiais. Tadinha da professora! Ela é um anjo que passou isso para as crianças. É disto o que se trata: as professoras das escolas são vítimas de uma grave campanha de ódio e de violência. Por que grave campanha de ódio? Por que eu fico indignado? Por que eu falo que isso aqui é pornografia infantil? Por que eu falo grosso, enquanto a pessoa vem aqui com aquele tonzinho de satanás e diz: “Ai, gente, olha, o deputado Caporezzo está sendo violento contra as professoras?”. Esperem um pouquinho. Por que essa professora, além de passar isso, falou para os alunos não comentarem com os pais? Os alunos não deveriam falar com os pais a respeito disso daqui. É mole um negócio desse? Por que será que não podem falar? Porque isso é uma pouca-vergonha. E aí, seguiu. Vou abrir aspas para a deputada petista de novo: “É muito grave esse processo de criminalização da profissão docente e esse discurso de ódio contra a escola, porque esses procedimentos potencializam os ataques contra as escolas, com os quais, vira e mexe, nós temos lidado”. É a mesma pessoa que recentemente perdeu um processo para mim na Justiça por me acusar de violência política de gênero. É assim: se eu discordo da deputada, como ela é do sexo feminino, logo eu estou praticando violência de gênero. Esqueçam, esqueçam o que está nesse livro aqui! Esqueçam que esse livro, que é de pornografia literária, é defendido por esse lixo, esse câncer de partido chamado PT. A decadência total da educação no Brasil é o que ele está defendendo. Esqueçam isso! Se eu estou discordando de uma mulher, então, devo ser intolerante. Podem ter certeza que se fosse qualquer deputado aqui, eu ia me posicionar contra do mesmo jeito, porque eu não tenho espírito de covardia, está bom? Vamos lá! Eu vou apresentar ao Ministério Público uma ação cobrando satisfação a respeito disso. Se o governo federal só tem gente pervertida sexualmente, que não respeita as nossas crianças, nós ainda temos o Estatuto da Criança e do Adolescente neste país. E eu, como pai, tenho o dever de protegê-las. Sou muito mais apegado ao meu dever como pai do que ao meu cargo de deputado. Se pensa que vai me calar com o processo, está caindo do cavalo, porque não vai. Eu fico com a pureza das nossas crianças.

O deputado Bruno Engler (em aparte) Deputado Caporezzo, primeiramente, eu quero parabenizar V. Exa. pelo pronunciamento. Eu confesso que, ouvindo V. Exa. falar, até fico chocado com o uso dessas palavras na tribuna desta Casa. Mas é importante V. Exa. trazer para a tribuna desta Casa o que está sendo falado nas escolas. Aliás, isso me lembra um episódio lá de 2018, quando o então candidato Jair Bolsonaro queria mostrar um livro no Jornal Nacional e foi repreendido pelos apresentadores, porque aquilo era impróprio. O livro também era trabalhado nas escolas. Quer dizer, no ambiente escolar, para as nossas crianças, para os nossos jovens, é permitida uma coisa absurda e nefasta desse jeito. Então, parabéns pelo pronunciamento de V. Exa. Conte com o meu apoio, com o apoio da nossa bancada. Vamos juntos à Secretaria de Educação cobrar que esse absurdo não seja reproduzido aqui, no Estado de Minas Gerais.

Eu pedi aparte a V. Exa., deputado, para, de maneira muito breve, lamentar o que eu ouvi aqui, da tribuna desta Casa. Foi uma tentativa de politização do santo padre que nos deixou ontem, foi uma tentativa de politização da Santa Igreja Católica, de deputados da esquerda que vêm, trazem as suas posições e tentam imprimir os seus ideais, como se da igreja fossem. Aliás, o papa Francisco, ao longo do seu pontificado, foi vítima muitas vezes de distorções da imprensa, que queria imputar a ele posições que não tinha. Mas o que eu acho cômodo por parte dessas pessoas é que elas escolhem pontualmente quais são os posicionamentos que precisam ser defendidos. Eu vou falar aqui de um tema muito importante, que é um tema caríssimo à Igreja Católica: a defesa da vida, e a defesa da vida desde a sua concepção. Eu vou trazer aqui duas declarações do papa Francisco. O papa Francisco compara o aborto ao uso de um matador de aluguel. O papa Francisco diz que o aborto é uma luva branca equivalente aos crimes nazistas. Essas posições, deputado Caporezzo, são esquecidas. E disso a gente não precisa falar. Então a gente escolhe quais posições do papa a gente vai repercutir, a gente escolhe quais posições da igreja precisam ser debatidas, e os dogmas são esquecidos, porque a gente quer fazer um discurso para tentar politizar uma pessoa que infelizmente nos deixou no dia de ontem. Eu costumo dizer que a gente não tem que gostar ou desgostar do papa. A gente tem que respeitar a posição que ele ocupa, que é a posição de sucessor de Pedro.

Para finalizar, deputado Caporezzo, eu vejo muitas pessoas católicas como eu preocupadas com o futuro da igreja, preocupadas com o conclave, debatendo quais são os rumos que a igreja deve tomar. Então o conselho que deixo para essas pessoas é que façam o que eu estou fazendo desde o dia de ontem: vamos rezar pela Santa Igreja. Vamos rezar para que o Divino Espírito Santo guie os cardeais do conclave, para que de fato possam escolher um verdadeiro defensor da fé para conduzir a nossa igreja daqui para a frente. Muito obrigado, deputado Caporezzo.

O deputado Caporezzo Obrigado, líder Bruno Engler, por estar à disposição.

Ainda em relação a esse caso, eu quero repetir: a professora que defende esse tipo de conteúdo pornográfico em escola, a professora que defende isso, o seu lugar não deveria ser numa sala de aula, deveria ser no lupanar. E que o governo do PT e a deputada Beatriz Cerqueira, que me acusaram de ser violento contra as mulheres, expliquem isso daqui e tenham coragem de abordar a questão do livro.

Eu quero saber se ainda existe governador em Minas Gerais. Governador Romeu Zema, há muito tempo esse escândalo na escola estadual de Juatuba estourou. Já saiu até na mídia. Nós temos três governadores que tomaram posição. Então quero lhe perguntar: quando o senhor vai tomar posição? Eu quero acreditar que o senhor vai cumprir a sua palavra, a sua promessa de campanha de proteger as nossas crianças em sala de aula, promessa essa que eu também fiz e a estou cumprindo agora. Espero sinceramente poder contar com o seu apoio nessa pauta e que o senhor pare com esse silêncio conivente. Obrigado, presidente. A direita vive em Minas Gerais!