Pronunciamentos

DEPUTADA LOHANNA (PV)

Discurso

Agradece, na condição de homenageada, o Título de Cidadã Honorária do Estado de Minas Gerais.
Reunião 6ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 12/04/2025
Página 4, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 5509 de 2024
RQN 10310 de 2025

Normas citadas RAL nº 5622, de 2024

6ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 10/4/2025

Palavras da deputada Lohanna

Boa noite, gente. Há tantas pessoas amadas por mim aqui. Nós vamos ter que refazer a foto. O Betinho está ali. O Betinho está ali, e não saiu na foto. Gente, há tantas pessoas amadas por mim aqui hoje. Eu quero cumprimentar, nas pessoas do deputado Tadeu e da deputada Beatriz, todas as figuras, todos os amigos, os vereadores, todo o mundo da política – secretários, apoiadores, lideranças –,todos que amo tanto, todos os amigos, todas as pessoas que construíram minha vida comigo e toda a minha família. Quero cumprimentar também minha madrinha Nininha – que me criou, que amo tanto e que deve estar satisfeita de eu estar aqui hoje. Cumprimento ainda minha sogra, Ju, meu primo, tio, pai, Valter Júnior e Flávio, meu marido. Muito obrigada por estarem aqui hoje.

Por fim, quero cumprimentar toda a Mesa – o Tadeu eu já cumprimentei –,a minha amiga, deputada Beatriz; o desembargador Ronaldo Claret de Moraes, que representa o presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior. Muito obrigada pela presença do senhor, é uma alegria tê-lo aqui. Cumprimento o procurador-geral de justiça adjunto institucional, Sr. Hugo Barros de Moura Lima, que representa o nosso procurador-geral de justiça, Paulo de Tarso Moraes Filho – muito obrigada pela presença; o desembargador Carlos Henrique Perpétuo Braga, que representa o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas Gerais – muito obrigada pela presença; e a Sra. Mila Corrêa da Costa, secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, nossa divinopolitana porque não sou a única da Mesa – muito obrigada pela presença também, Mila.

Gente, eu fiz um discurso escrito para ler. Vou lê-lo, mas, em alguns momentos, quero falar algumas coisas sem terem sido planejadas. Primeiramente, eu queria contar para vocês que estar na Assembleia de Minas, ter nascido no Espírito Santo e receber o título de Cidadania Honorária deste estado que, como uma mãe adotiva, me abraçou, colocou-me debaixo da asa, criou-me e me deu a oportunidade de cuidar e de representar, primeiro, os divinopolitanos e, agora, todos os mineiros, é muito especial. Só que receber essa cidadania das mãos da deputada Beatriz é ainda mais especial. Primeiro, eu vou ser profissional também. A deputada Beatriz foi o meu voto em 2018. Não há muita gente aqui que sabe disso, mas ela foi o meu voto em 2018 para deputada estadual. Eu acreditava muito nela. Ela me representava enquanto mulher na política, enquanto pessoa que brigava pela educação e defendia os interesses públicos num estado em que vale a pena sonhar, num estado em que não ficamos discutindo o mínimo, discutindo o que é possível, discutindo o que dá, mas, sim, em que falamos de vida plena, em que falamos de vida digna e em que falamos de sonho, de oportunidade e de desejo. Para que estar na política se não for para falar do sonho? Para que estar na política se for para disputarmos o mínimo, o básico, só o que é possível? Não vale a pena. A gente está na política é para sonhar e construir outro mundo. Eu votei na Bia, em 2018, porque tinha a certeza, assim como tenho até hoje – e talvez hoje eu tenha mais –,de que ela representava tudo isso.

Fui eleita vereadora em 2020, lá com o meu amigo vereador Rodyson do Zé Milton, presidente do PV em Divinópolis, que nos honra aqui com a sua presença. Então, em 2020, fui eleita vereadora e passei dois anos não só de muito aprendizado na câmara municipal mas também de relativa solidão, porque o espaço da mulher na política – e também não vou me adentrar nele para termos, como a Bia falou, uma noite de celebração – não é um dos mais leves do mundo. Quando entro na Assembleia – eleita deputada em 2022 e assumindo em 2023 –,um mundo de mulheres que suportam e sustentam mulheres se abriu para mim, ou seja, um mundo de deputadas, amigas e colegas, que, de posições políticas diferentes – ninguém pensando igual –,se suportam, se sustentam, se ajudam, estendem as mãos e dão a oportunidade de diálogo, de brilho, de compartilhamento de ideias. Se estou na liderança da Bancada Feminina hoje, é importante dizer que foi por uma provocação de duas amigas: da deputada Bella e da deputada Beatriz. As duas é que me falaram: “Lohanna, vá lá! Se você for a nossa candidata, você ganha”.

Então essas são as falas profissionais, essas são as falas sobre o motivo pelo qual é tão legal receber esta homenagem da deputada Beatriz e me tornar cidadã mineira pelas mãos dela. Agora é muito importante falar da amiga Beatriz Cerqueira, da amiga generosa que, todas as vezes que eu me senti ansiosa no Plenário achando que não ia ter condição nenhuma de pautar as lutas da Uemg, assim como as vontades que temos para o Estado e todos os sonhos, como falei, que são os motivos que nos trouxeram aqui para dentro, ela me disse: “Lohanna, isto aqui é uma maratona e não uma corrida de 100m rasos. Calma, que você vai dar conta! Mas, se você gastar toda a sua energia agora, no final, você vai estar pedindo socorro”. Ela me ajudou a pensar em estratégias de luta, assim como escrevê-las, defendê-las, articulá-las e colocou para frente tudo o que tínhamos de vontade para acontecer. Então, que bom, minha amiga, compartilhar este Plenário com você e trabalhar ao seu lado todo dia, mas melhor ainda é ser a sua amiga. Obrigada por tudo o que você faz por Minas Gerais, pelas mulheres e por mim nesta Casa.

Gente, as alegrias desta noite têm uma história. Agora eu volto para a minha fala planejada. O que tenho para dizer hoje, nesta 20ª Legislatura, é que essa história está sendo construída muito coletivamente, ou seja, sendo construída com todos esses amigos deputados que aqui estão, sendo construída com os deputados que estão na base do governo ou na oposição do governo e que variam aqui e ali, com os secretários de Estado, com os vereadores que nos trazem as demandas que importam, com os reitores e os vice-reitores das nossas universidades, com os professores com os quais construímos coletivamente todo dia, com os trabalhadores da cultura que construímos coletivamente todo dia, com as mulheres. No entanto, essa história só é possível ser escrita aqui dentro porque, na 20ª legislatura, temos parlamentares do mais alto nível político. Esses parlamentares fazem do ponto de vista técnico e político um dos trabalhos mais profissionais que existem hoje no País em termos de atuação do Parlamento e em benefício do povo.

Poucas assembleias são como a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Eu tenho o privilégio de contar para vocês que aqui, na Assembleia, rotineiramente as coisas funcionam, e a gente sabe que, infelizmente, isso ainda é uma exceção. Na Assembleia, as coisas funcionam, os servidores funcionam, os deputados funcionam, o povo é ouvido, as coisas caminham, e a gente tenta construir soluções dentro do que cada um considera certo ou errado – e cada um foi eleito por considerar tal coisa certa ou errada. Então isso é legítimo, e a gente consegue fazer com que as coisas caminhem para a frente.

Existe uma dimensão política que precisa ser salientada, porque é na política institucional que falamos enquanto Parlamento. Esta é uma Casa de muitos partidos, e, pela condução do nosso presidente, o deputado Tadeu, e dos demais membros da Mesa diretora, em 99% das vezes ou em 100% delas nós tomamos o partido do povo quando temas de interesse estadual são submetidos à nossa discussão. Faço isso com um olhar específico, que é o olhar do meu partido, o Partido Verde, e por isso quero cumprimentar também o Gelson Leite, aqui presente, que é o presidente do Partido Verde em Belo Horizonte e que representa o nosso presidente estadual Osvander Valadão.

Eu fui abençoada por Deus com a possibilidade de estar num espaço partidário que me representa e me dá a liberdade de atuar dentro daquilo em que acredito. Isso foi muito possível pela forma como a gente construiu a nossa trajetória até aqui, junto com tantos de vocês. A nossa trajetória nas urnas começou em Divinópolis, onde eu tive a alegria, a honra e o privilégio de ter sido a vereadora mais votada da história da cidade, com 5.462 votos. Depois, na disputa pelo cargo de deputada, com uma quantia bastante pequena de recursos e de contribuições dos nossos apoiadores, nós tivemos a alegria de obter quase setenta mil votos em 750 dos 853 municípios de Minas Gerais, de norte a sul e de leste a oeste, graças aos mineiros.

Então eu preciso ser muito grata. Tenho que me ajoelhar todos os dias, durante a noite, e agradecer a esse povo maravilhoso que me quis na vida pública e que me sustenta aqui, até hoje. É por essa população, por essas pessoas que me deram força, principalmente nos momentos mais difíceis, que eu me sustento de pé até aqui. Falo de coração aberto, porque a vida pública também é feita de desafios. A Bia falou um pouco sobre alguns desses desafios: as ameaças, as dificuldades, as intempéries do caminho, mas isso não é pauta do dia de hoje.

É importante dizer que não foi só eu. Fui eu; foi a deputada Bella; foi a deputada Beatriz; foi a deputada Andréia; foi a deputada Macaé; foi a deputada Leninha, vice-presidenta desta Casa, que não está aqui, hoje, porque ela nos representa, enquanto mulheres de luta, em um congresso no México. Todas essas mulheres que estão no Parlamento viveram esse processo e sobreviveram a ele porque seguiram de mãos dadas e também porque houve a decisão de alguns homens de usarem seu espaço de poder e privilégio para nos ajudar. É isso que faz um homem que defende verdadeiramente as mulheres. Eu queria agradecer a eles, na pessoa do presidente Tadeu, principal figura entre esses homens nos espaços de poder. Estendemos esse agradecimento ao Dr. Jarbas, à frente do Ministério Público à época, e a todos os nossos amigos que estão na Polícia Civil, na Polícia Militar e em todos esses espaços onde o apoio às mulheres foi transformado em trabalho e em ações reais pela nossa segurança.

Eu continuei trabalhando – essa foi a resposta que escolhemos para dar a tudo isso – como deputada, como mulher na política, fazendo projetos, realizando audiências, atuando na fiscalização, colocando a energia que tenho naquilo que funciona e que muda a vida das pessoas: o trabalho. Eu tenho a emoção de dizer a todos vocês que esse trabalho foi reconhecido na Casa, pela aprovação de projetos importantes, pela possibilidade de destinar recursos para as cidades importantes do nosso estado e pelas grandes conquistas que já vieram e que ainda virão por aí.

A alegria de hoje é dupla, porque, junto à satisfação que tenho de estar aqui, hoje, entre amigos e amigas queridas, eu, que venho de terras capixabas, tenho também a alegria de me tornar oficialmente mineira. Nós, que estamos deputados, costumamos percorrer o interior e, de trabalho em trabalho, tentamos ajudar as cidades, não é, Betinho? Ninguém faz milagre, mas seguimos tentando! Em algumas dessas cidades, a gratidão do eleitorado e do Legislativo se transforma na concessão do título de cidadania municipal, que eu já tive a alegria de receber em algumas cidades, inclusive aqui, na nossa capital, em Belo Horizonte, pelas mãos do meu amigo, o Dr. Célio Fróis, que se faz presente hoje. Eu tive o prazer de ser agraciada com esses títulos e, em todas essas cidades, eu manifestei a minha emoção genuína e profunda pelo gesto das homenagens.

Como ex-vereadora, entendo muito bem o significado de dar a alguém a cidadania honorária, de dar a ele ou a ela a condição de ser membro de uma comunidade, com base na convivência democrática e na cidadania, que todas as nossas cidades ostentam orgulhosamente. Nessa linha de raciocínio, entendo que aquilo que a Assembleia faz hoje, ao me conceder o título de Cidadã Honorária de Minas Gerais, é mais do que permitir, por direito, que eu use o gentílico “mineira” ao me apresentar. Se vocês, prezados amigos, me tornam mineira de direito, vocês também me tornam parte de uma das mais ricas tradições sociais e políticas estaduais que este país já produziu.

Nessa perspectiva, eu me vejo estimulada a dividir com vocês, a título de encerramento destas palavras, o que entendo por esta pequena palavrinha: “mineira”. Divido com vocês o que entendo por ser mineira e por me tornar mineira oficialmente, a partir de hoje. Ser mineira, meus amigos, é, para mim, partilhar de uma história incrível, que começa com um povo que subiu montanha e desceu serra, atravessou rio e ribeirão, criou gado, plantou lavoura, educou, fabricou queijo, fez artesanato, fundou vilas, construiu cidades e construiu isto que, hoje, é o nosso grande estado.

Na política – essa atividade que abracei, mesmo sendo bioquímica pela Universidade Federal de São João del-Rei –,ser mineira é ser parte de um povo que, mesmo quando foi explorado, deu um grito, no final do século XVIII, e mostrou que liberdade, ainda que tardia, não pode ser apenas uma rima de igualdade e fraternidade. Liberdade é coisa séria, pela qual vale a pena dar a vida se preciso for, mas não de forma banal e desrespeitando o Estado Democrático de Direito. Ser mineira, na política, é integrar este povo que, nos anos 1940, fez manifesto pedindo a volta das eleições e da plena democracia, porque o Estado Novo chegou para obscurecer tudo isso. Ser mineira é pertencer, por direito, ao povo que deu a este país um visionário empreendedor que, não sem defeitos, mostrou que era possível fazer 50 anos em 5. Estamos todos no Plenário que tem o nome dele: Plenário Juscelino Kubitschek. Ser mineira é ser parte do povo que produziu um líder capaz de transformar as palavras “Diretas Já” em uma expressão na qual couberam as esperanças de dezenas de milhões de brasileiros.

Mas, naturalmente, não é só isso. Ser mineiro é ser, ao mesmo tempo, ousado e discreto; é fazer uma revolução silenciosa, como foi a Inconfidência. Ser mineira, na política, continua a ser, para mim, acreditar na conversa, Bia; acreditar que, às vezes, a conversa ao pé do ouvido é a que funciona, feita com o objetivo de construir consensos. Ser mineira é aceitar a divergência e ser sensatamente radical ao considerar pontos de vista diferentes daqueles que defendemos. Ser mineira é fazer a política do café com leite ou a política do cafezinho, tomado não só com aqueles com quem concordamos, mas também com os adversários, no meio da disputa do Plenário.

Mas sou jovem. Sendo jovem, entendo que ser mineira é não só olhar as tradições, mas também sonhar com o futuro e antecipá-lo pelo trabalho de muitas facetas. Minas é tão barroca no seu patrimônio histórico quanto é modernista na sua arte poética. É tão presa à terra, como o vaqueiro Manuelzão dos livros de Guimarães Rosa, quanto livre no céu, como Santos Dumont – o nosso Santos Dumont. “Minas são muitas”, como disse o poeta. Como disse Tancredo, esse mineiro que sonhou um sonho que não envelhece, “Minas Gerais é um estado de espírito”. Hoje, com honra e alegria, entro pela porta da frente, com esse estado de espírito no corpo.

Muito, muito, muito obrigada a todos os meus amigos e a todas as minhas amigas que viajaram para estar aqui hoje. Hoje foi um dia de trabalho, um dia cansativo, um dia com as nossas demandas individuais: filho, marido, serviço, mil coisas. Mas vocês escolheram estar aqui comigo. Muito obrigada. Obrigada à deputada Beatriz, que me concedeu a cidadania. Obrigada a cada um e a cada uma de vocês. Sem vocês – se faltasse um de vocês –,esta noite não seria tão bonita como está sendo. Muito, muito, muito obrigada. Vamos devolver esta cidadania – que me tornou legítima como estado de espírito – em forma de trabalho a todas as mineiras e a todos os mineiros. Obrigada, gente.