Pronunciamentos

DEPUTADO BETÃO (PT)

Discurso

Contesta crítica de deputado ao desempenho econômico do governo do presidente Lula, apresentando um paralelo entre as realizações do governo Lula e Bolsonaro. Contesta ainda deputado que acusou a esquerda de promover ataques a Frei Gilson. Comemora a aprovação do Projeto de Lei nº 3.440/2022, de sua autoria, que autoriza a criação do Programa de Diagnóstico e Tratamento do Linfedema, no âmbito do Estado, em 2º turno. Informa sobre audiência pública realizada no Município de Berilo, em que foi debatida a questão do trabalho análogo à escravidão. Informa também sobre visita à Ocupação Vitória, no Município de Diamantina. Parabeniza o deputado Caporezzo por propor o Projeto de Lei nº 249/2023, que proíbe o policiamento ostensivo unitário, aprovado em 1º turno.

14ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/3/2025

Palavras do deputado Betão

O deputado Betão – Boa tarde, Sra. Presidenta, deputada Delegada Sheila. Eu acho que o deputado que me antecedeu aqui mora em Marte. De vez em quando, vem aqui, sobe àquela tribuna, faz seus vídeos de lacração, falando um monte de bobagem, e não fica aqui para escutar os demais. Depois ele lança seu videozinho. Mas a bolha dele não vai escutar o que estou falando, a não ser que esteja assistindo à TV Assembleia.

No governo do Bolsonaro – que eu nem sei se ele defendia, mas acho que sim –, havia, além daqueles que comiam osso, 33 milhões de pessoas que passavam fome. Eram 33 milhões de pessoas que passavam fome, e ainda havia o pessoal que, no máximo, comia osso – a cartilagem do osso. A taxa de desemprego era de 15% da população ativa. No governo Bolsonaro, durante a pandemia, o número de bilionários aumentou, aqui no Brasil, em 50%. Enquanto 33 milhões de pessoas foram jogadas à miséria absoluta, o número de bilionários aumentou em 50%. Essa concentração de renda, da forma como ocorreu no aqui Brasil, jamais foi vista no mundo. É uma luta conseguir distribuir a renda em um país como o Brasil, com essa estrutura e essa luta de classes que existem aqui.

O discurso dele ajuda exatamente a destruir, a desconstruir as famílias trabalhadoras, operárias, agricultoras, que veem a dificuldade cada dia maior de se distribuir a renda. O governo Lula procura distribuir a renda, assim como o governo Dilma procurou. Mas aqueles caras da Avenida Faria Lima, em São Paulo – os donos do Brasil, que têm, junto com eles, as grandes redes de televisão, a grande imprensa –, não permitem isso. Eles querem que boa parte do PIB seja garantida para o pagamento dos juros de suas aplicações. Se você fizer uma pizza, metade dela é destinada a pagar os juros e os dividendos desses canalhas da Avenida Faria Lima, deixando-se o povo à míngua. Cada vez que se tenta entrar um pouquinho naquela fatia da pizza destinada aos mais ricos, eles promovem um verdadeiro banzé no País. Chegam a dar golpes como o da ditadura militar, golpes cívico-militares ou jurídicos. Eles querem manter a situação como está. Este é um dos países com a pior distribuição de renda do mundo, mas, com a nossa luta, vamos conseguir distribuir a renda neste país.

O PIB brasileiro cresceu bem nesse último período; o número de desempregados caiu para 6% e vai cair mais. É lógico que há períodos sazonais e que o preço dos alimentos sobe. Nesse último período, inclusive, isso aconteceu muito em função da destruição que os golpistas Temer e Bolsonaro causaram à Conab, empresa que conseguia, em tempos de crise, colocar esses alimentos no mercado para segurar seu preço.

Fico impressionado. Já falei, ontem, que a pessoa vem aqui, faz vídeo, usa imagens da TV Assembleia e vai embora, não é? Outra questão é: eu conheci o deputado Antonio Carlos Arantes – não sei se ele está aqui – como um educado defensor do agronegócio, deputado Cristiano. Mas me parece que ele também entrou na linha dos lambe-botas do imperialismo, que defendem o Trump e o Eduardo Bananinha – que fugiu, ontem, para os Estados Unidos. Ele falou do frei Gilson. Porra. Eu sou de esquerda. Obviamente nunca ouvi falar de frei Gilson. Ouvi falar dele na semana passada, quando o deputado Bruno Engler o citou, e, coincidentemente, no mesmo dia, li sobre ele no jornal.

Ele tem todo o direito, as pessoas têm todo o direito. Dizem que a esquerda está atacando-o, mas eu não ouvi nenhum pronunciamento de nenhuma pessoa pública ligada a partidos de esquerda falando de frei Gilson. Acordar às 4 horas da manhã, ir lá rezar, todo mundo rezando, não há problema. O que não pode acontecer, deputado Cristiano... Um ex-prefeito da minha cidade, Juiz de Fora, andava com uma santa pelas ruas da cidade, e, quando andava com ela, deputada Delegada Sheila – não sei se a senhora já estava em Juiz de Fora nesse período –, ele passava perto das quaresmeiras, e, nesse período, nessa época do ano, brota-se água das quaresmeiras. Ele passava exatamente numa rua em que havia muitas quaresmeiras, e o pessoal achava que era milagre da rosa. O pessoal colocava um barbantinho para que a água pingasse da quaresmeira e depois a bebia como se fosse água santa. Os biólogos explicavam que não era nada disso; as quaresmeiras, naquele período, soltam mesmo um líquido, e isso aconteceu em vários lugares.

Estou ilustrando dessa forma, porque esse tipo de coisa não pode acontecer com pessoas religiosas.

O deputado Cristiano Silveira (em aparte) – Obrigado, deputado Betão. A princípio eu não iria falar nem fazer um aparte, mas a gente acaba precisando fazer um contraponto. Há um ditado que diz que, na guerra, a primeira vítima é a verdade. E a direita insiste em contar fábulas para o povo brasileiro. Veja como funciona a direita. Durante o seu discurso, o senhor citou o Eduardo Bolsonaro. Fujão, sujeito covarde, herói de muitos aqui. Fujão e covarde. Covarde. Olhe a diferença. Quando nós vimos a presidenta Dilma... A presidenta Dilma, basicamente adolescente, enfrentou tortura, enfrentou o regime militar e se manteve de cabeça erguida, altiva. Ela não fugiu, não pediu exílio. O presidente Lula sofreu o que sofreu e, em nenhum momento, tentou fugir, exilar-se em embaixada ou pedir anistia. Ele foi para a prisão e disse: “Vou ficar até provar a minha inocência, eu não negocio”. E ali perdeu o irmão, perdeu o neto. Foram perdas irrecuperáveis, e ele não foi embora.

Agora eu fico vendo o Dudu Bananinha – acho que chamá-lo de Eduardo Bolsonaro é muito para ele –, que corre para os Estados Unidos dizendo “estou aqui para lutar em defesa do nosso país”. Mentira! Quando houve a exposição das delações do Mauro Cid e todo aquele processo do golpe, nós vimos que o Flávio Bolsonaro não entrou, não encampou a ideia; o próprio Carlucho também não comprou muito a ideia nem a Michele, mas quem comprou a ideia foi ele. E ele sabe que o tique-taque é para ele; o tique-taque é dele.

Então acho engraçado que essa turma, os corajosos... Quando eles estavam no poder, eram machões, com armas, “nós somos violentos”. O Dudu Bananinha, que agora está morrendo de medo do Alexandre de Moraes, é o mesmo – e vocês vão se lembrar disso – que disse que só bastava um cabo e um soldado para fechar o Supremo. Vocês se lembram disso? “Com um cabo e um soldado, a gente fecha o Supremo”. Ora, cadê a coragem? Corajoso... Esses caras são surreais. O político brasileiro vai entrar para a história do folclore. Deveria voltar e enfrentar as consequências dos seus atos, do que fez.

A outra questão que eu queria mencionar é que eu também não compreendo que moral têm para subirem a esta tribuna aqueles que defenderam o governo que colocou milhões de pessoas na extrema pobreza. Que moral têm para questionar preço de alimento aqueles que fizeram as pessoas voltarem à fila do osso e revirarem comida no lixo? Qual moral têm? Ora, o deputado chega e diz: “Eu quero ver alguém da esquerda falar, porque os amigos, empresários, bancários do PT...”. O ministro da Fazenda de Bolsonaro era um sócio do banco BTG Pactual, o Paulo Guedes, que acabou com a nossa economia.

Por falar em economia, abro um parêntese para um problema pontual que nós temos, o preço dos alimentos. Entre outras coisas, você tem a sazonalidade, você tem as questões climáticas, você teve, sim, a questão do câmbio, mas ninguém fala que o dólar está baixando. Agora o dólar está continuamente baixando, e ninguém comenta isso. Ninguém fala que nós tivemos crescimento do PIB, o que não se via há décadas. Ninguém fala que estamos com pleno emprego e batendo recordes de empregabilidade, o que também não se via. Nós temos a economia, agora, em um contexto de pujança. Inclusive, a Bolsa de Valores – não sei se eles estão acompanhando – tem batido recordes novamente nesta semana e pode chegar aos 140 mil pontos. Então, quero dizer: acho extremamente engraçadas algumas falas que a gente escuta aqui. Qualquer pessoa com um pouquinho mais de atenção, de curiosidade – não precisa ir longe, pois o ChatGPT ajuda, consultar o Google ajuda – vai ver que se contam muitos contos aqui.

Quero agradecer o aparte. Eu não iria fazer a intervenção, mas, como estou inscrito, talvez, se for necessário, eu fale novamente. Ao contrário daqueles que falam e “racham fora”, falamos e permanecemos aqui para poder ouvir e fazer o contraponto. Obrigado.

O deputado Betão – Obrigado, deputado Cristiano. Realmente, nessa comparação, tem que haver a polarização também entre covardes e aqueles que têm coragem. Lembro que o Flávio Bolsonaro já desmaiou em eventos, o Eduardo fugiu, o Jair viajou. O Lula resistiu, a Dilma enfrentou. Então há uma vasta diferença, realmente. Mas eu não queria falar sobre isso.

Na verdade, subi à tribuna para falar sobre o nosso projeto que foi aprovado, hoje, em 2º turno. Agora a gente está torcendo para que o governador do Estado possa sancioná-lo. É o Projeto de Lei nº 3.440/2022, que cria o programa de diagnóstico e tratamento do linfedema em Minas Gerais. O programa pode ajudar cerca de quarenta e seis mil pessoas afetadas pelo linfedema, uma doença crônica que atinge o sistema linfático, gerando acúmulo de líquidos no organismo e inchaço nas extremidades, nas pernas, nos braços. E, com o programa, além da disponibilidade de mais médicos especialistas, também será criado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, um sistema de coleta de dados sobre o diagnóstico, os sintomas e o tratamento dos pacientes. Sendo sancionada essa lei, Minas Gerais poderá ser o primeiro estado, delegada Sheila, com um banco de dados para pesquisas sobre o tema.

Quero fazer referência também ao que o Doutor Jean falou aqui, sobre a audiência pública que realizamos em Berilo, cidade com o 2º maior número de trabalhadores resgatados da condição de trabalho escravo. A primeira é Chapada do Norte e, depois, Berilo. Fizemos uma audiência pública lá, naquela região, envolvendo representantes de Turmalina e vários municípios.

Fizemos uma visita também à Ocupação Vitória, lá em Diamantina, que ganhou uma cozinha comunitária, que ajuda a alimentar as mais de duzentas e cinquenta famílias que estão localizadas no terreno do Estado. Nós fizemos um projeto de lei, que já está tramitando aqui, na Casa, doando – e o Estado está consentindo – esse terreno ao Município de Diamantina, onde poderá ser feito... Além da urbanização da região, também estão sendo construídas a Câmara Municipal de Diamantina e a pista de motocross, uma atividade muito popular na cidade.

Deputado Caporezzo, eu queria parabenizá-lo pelo projeto. Achei interessante mesmo a colocação. Eu não me lembro de me encontrar com um soldado, um policial, sozinho, mas algumas pessoas relataram isso. Realmente, o projeto é importante, porque a pessoa fica numa condição absolutamente desfavorável, caso tenha que enfrentar algum problema, alguma ocorrência de assalto ou assassinato. Muito obrigado, presidente.