DEPUTADA CHIARA BIONDINI (PP)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 12/12/2024
Página 96, Coluna 1
Aparteante BRUNO ENGLER
Indexação
54ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 10/12/2024
Palavras da deputada Chiara Biondini
A deputada Chiara Biondini – Boa tarde, presidente; boa tarde, colegas parlamentares. Muito me assusta o fato de uma deputada vir aqui dizer quem entra e quem não entra no céu, como se ela tivesse algum contato direto com Deus para dizer: “Eu acho que esse vai entrar, eu acho que esse não vai entrar, vai direto para o inferno”. Tenho plena certeza de que ela não tem um contato mais perto com Deus, mais direto com Deus para dizer quem vai entrar e quem não vai entrar. Cada um tem que se preocupar com as suas atitudes, com os seus atos, com a sua fé, com o que entende e acredita para ir na sua hora, na hora da sua partida. Cada um vai se encontrar com Deus, e Ele é que vai fazer o julgamento; não é nenhum de nós, porque ninguém é melhor que ninguém. Como eu disse, ninguém tem contato direto com Deus, ninguém tem a procuração de Deus para falar por Ele. Muito me assustam aqueles que dizem que têm a procuração de Deus para falar. Eu quero rebater a deputada que me antecedeu. Quero dizer-lhe para não falar quem vai entrar ou não vai entrar no céu, porque tenho certeza de que muitos de nós entraremos e estaremos juntos lá em cima.
Eu quero dizer outra coisa sobre o que o deputado falou acerca da “fakeada”. Ele disse que foi fake a facada que o presidente Bolsonaro tomou. Muito me assusta, muito me espanta um deputado que subiu aqui para reclamar, para retrucar uma brincadeira de palavras de outro parlamentar fazer a mesma coisa, como se a facada fosse uma mentira. O presidente Bolsonaro, o eterno presidente, tem uma cicatriz gigante. Até hoje, ele sofre consequências dessa facada. Eu queria respeito, respeito ao Bolsonaro, à sua família, respeito ao que de fato aconteceu. Se eles estão acostumados a mentir, a enganar, a criar fatos, o nosso caso não é esse. Bolsonaro sofreu um atentado gravíssimo, sério e, graças a Deus, sobreviveu. A gente espera respeito por parte das pessoas em relação a esse incidente.
Por fim, quero falar sobre o MST. O MST é composto de invasores, bandidos. Eles invadem propriedade de pessoas que trabalham, de pessoas que, com o suor do seu trabalho, compram um terreno, compram um espaço para morar, para viver. Eles simplesmente acham que, de forma covarde, de forma baixa, têm direito de pegar armas e invadir aquilo, com panos na cara, e acham que vai ficar tudo bem. Não vai ficar! Tentaram fazer isso em Lagoa Santa, e eu, de prontidão, pessoalmente, fui até a propriedade invadida, já que todos os moradores da região, os moradores de lotes vizinhos me pediram para estar presente, porque estavam se sentindo ameaçados, estavam com medo, pois estava havendo uma baderna, uma confusão em Lagoa Santa. Graças a Deus, nós conseguimos tirar esses terroristas, esses baderneiros dessa propriedade privada.
Volto a dizer: o MST são bandidos, são pessoas que acham que podem invadir propriedade em qualquer lugar, mas, enquanto eu estiver no Parlamento, nós não permitiremos que isso aconteça no nosso Estado de Minas Gerais.
O deputado Bruno Engler (em aparte) – Obrigado, deputada Chiara Biondini. Eu gostaria de me posicionar de maneira muito breve. Antes de V. Exa. ocupar a tribuna, um deputado de esquerda veio aqui dizer que o nível está sendo rebaixado, veio cobrar respeito porque um deputado foi chamado de lelé da cuca. Na hora de chamar os colegas de Parlamento de fascistas, não é considerado baixar o nível; na hora de acusar os colegas de Parlamento de racistas, o que é crime, também não é baixar o nível, mas, na hora de fazer o uso dessa expressão, ele vem dizer que é necessário acionar Conselho de Ética ou coisa que o valha.
Algo absolutamente ridículo, mais ridículo ainda é vir falar “fakeada”. Todo mundo viu, o Brasil inteiro viu o atentado que o presidente Bolsonaro sofreu. Então quer dizer que o presidente Bolsonaro está mentindo, que a equipe de saúde da Santa Casa de Juiz de Fora está mentindo, que a equipe de saúde do Albert Einstein está mentindo, ou seja, está todo mundo mentindo, e só o deputado sabe a verdade, só ele tem a razão. Ridículo! Verdadeiro mesmo é o mirabolante plano de golpe que não funcionou porque não havia táxi. Eu nunca vi isso. “Vou ali dar um golpe de Estado. Opa, não há táxi, cancele o golpe de Estado, vida que segue”. Isso é que é realmente um atentado contra a vida com que a gente tem de se preocupar.
Tive de ouvir também, de uma deputada, uma lição de cristianismo, de catolicismo. Ora, faça-me o favor. Não preciso de lição de cristianismo de quem se diz católico, mas defende o aborto, um dos poucos pecados que gera excomunhão automática. Não adianta se dizer católico e votar contra todos os valores cristãos, contra todos os valores da igreja. Isso é ser hipócrita, e ainda quer dar lição de moral nos outros. Agora, dizer que os cristãos atrasaram a abolição da escravatura? A Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, uma católica devota que teve o trono extirpado em consequência disso, pois a gente sabe que um dos grandes motivos do golpe republicano e do fim da monarquia no Brasil foi a abolição da escravidão, assinada pela princesa Isabel. Então a gente está vendo, de fato, um mundo de bobagens sendo ditas por colegas parlamentares.
Por fim, se a senhora me permite, eu queria falar que hoje é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. E aí ele vem aqui dizer que os direitos humanos não são para defender bandido, que direitos humanos são uma coisa linda. Acho engraçado que os direitos humanos valem para defender criminosos, mas não valem para defender os presos do 8 de janeiro, que ficaram quase um dia num estacionamento sem amparo algum. A esquerda não estava preocupada com os direitos humanos deles, a esquerda não está preocupada com a violação de direitos que eles sofrem com a falta da individualização da pena e do devido processo legal. A esquerda não se preocupa com os direitos humanos de quem responde a um processo do qual Alexandre de Moraes é investigador, vítima e juiz, no mesmo caso. Aí não precisam existir direitos humanos. Direitos humanos são só para defender pedófilo, estuprador, homicida, traficante e bandidos de toda natureza. Muito obrigado, deputada.
A deputada Chiara Biondini – Obrigada, presidente, e também agradeço pelas falas, deputado Bruno Engler. Quero, como ele disse, complementar o que falei. Assusta-me muito, como ele bem falou, uma deputada que alega ter a procuração de Deus, sabendo quem entrará ou não no céu, estar coligada com partidos defensores da liberação do aborto e das drogas. Basta ir a uma, a uma só missa, para entender que esses são pecados gravíssimos. Então quem é ela para se colocar como tendo procuração de Deus? Acho que ela está um pouco confusa.
Quero também reiterar algo, na união do Parlamento, quando falamos sobre nós, deputados, respeitarmos uns aos outros. Certa vez, fui chamada de vagabunda por uma pessoa no plenarinho da Assembleia, e um deputado que está aqui sentado, no Plenário, disse-me para eu ter compaixão, ser caridosa e perdoar a pessoa que me xingou no meu ambiente de trabalho, onde eu não estava fazendo nada. Tenho os vídeos que comprovam isso e mostram os deputados ali. Mas eu não fui católica, não fui cristã, não fui caridosa porque eu não perdoei uma pessoa que entrou na Assembleia para chamar a mim e a toda minha família de vagabunda. Então precisamos, realmente, colocar a mão na consciência e entender se estamos sendo iguais com todo mundo ou se estamos sendo seletivos só com aqueles que nos interessam. Obrigada, presidente.
A presidenta – Obrigada, deputada Chiara. Com a palavra, pelo art. 164 do Regimento Interno, a deputada Amanda Teixeira Dias.