DEPUTADO TADEU LEITE (MDB), Presidente, autor do requerimento que deu origem à homenagem
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/12/2024
Página 7, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 7817 de 2024
Normas citadas RAL nº 5625, de 2024
43ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 2/12/2024
Palavras do presidente (deputado Tadeu Leite)
O presidente - Bem, mais uma vez, meu boa-noite a todas e todos.
Caro homenageado João Candido Portinari, primeiro, queria dizer da felicidade, alegria e honra desta Casa em poder, neste momento, fazer essa reconhecida homenagem por todo o Estado de Minas Gerais e fazê-lo, neste momento, cidadão do nosso estado. Seja muito bem-vindo ao Parlamento mineiro.
Da mesma forma, de forma muito honrada, recebemos aqui hoje a nossa ministra do Supremo Tribunal Federal, conterrânea, mineira, presidente do Tribunal Superior Eleitoral também, Cármen Lúcia. Aproveito, ministra, para parabenizá-la, saímos há pouco das eleições, pelo belo trabalho que fez à frente da nossa Corte eleitoral nas eleições deste ano. Isso só demonstra a sua competência e o trabalho bem feito que V. Exa. faz não só na Corte eleitoral, mas no nosso Supremo Tribunal Federal. Obrigado mais uma vez por estar presente na nossa Assembleia.
Vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, conselheiro Durval Ângelo, ex-parlamentar desta Casa, com quem muito aprendi. Da mesma forma, o ouvidor do nosso Tribunal de Contas, ex-presidente desta Casa, ex-deputado e querido amigo, com quem também aprendi muito, Agostinho Patrus. Obrigado, mais uma vez, por sua presença. Diretora econômico-financeira, tecnologia e segurança da informação dos Correios e ex-deputada, Maria do Carmo Lara. É bom revê-la e também muito bom saber que está aqui com todos nós. Desembargadora Luzia Peixoto, representando aqui o nosso presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, obrigado por sua presença nesta noite hoje. Deputado Betinho Pinto Coelho, 3º-vice-presidente da Assembleia de Minas, e, da mesma forma, deputada Leninha, 1ª-vice-presidente, que se fazem presentes, muito obrigado. Na pessoa deles, queria cumprimentar todos os nossos deputados e deputadas que, no dia a dia, trabalham a favor do nosso estado.
Minhas senhoras e meus senhores, tentei fugir da tua monumental presença e criar um caminho meu. Então voltei para lhe buscar, buscar o Brasil. Peço licença para usar as próprias palavras do nosso homenageado desta noite não para justificar, mas para endossar a escolha de João Candido Portinari para receber a cidadania honorária do nosso estado. Ao trocar as ciências exatas pelas incertezas humanas, ele resolveu uma nova equação: resgatou retalhos costurados mundo afora pelo fio mágico do pincel de seu pai, que pintou mais que um Brasil, mas a todos. O nosso homenageado concluiu uma brilhante carreira acadêmica como matemático para iniciar, em 1979, uma nova empreitada que se tornou a missão de sua vida. Foi quando assumiu para si a tarefa de fundar e dirigir o projeto Portinari, para administrar a obra de um dos pintores brasileiros mais reconhecidos no País e no exterior.
Do mesmo modo que Candido Portinari encontrou em seu pai, o Sr. Batista, uma inspiração e referência na busca de um mundo mais justo, João Candido também reconheceu no pai e pintor famoso um manancial de valores fundamentais próprios dos que pensam no Brasil de amanhã. Foi essa influência gigante que o levou a escrever a famosa Carta a meu pai, em que reconhece: "É como brasileiro que me sinto no dever de trabalhar para que todos possamos nos reencontrar com a tua obra e, através dela, com nós mesmos". Esse reencontro de João Candido é certamente de cada um de nós nos reencontrando com o Brasil admirável, por meio da obra de Candido Portinari.
É preciso destacar que, no início do projeto Portinari, a obra do grande pintor estava sendo praticamente ignorada e foi o excelente trabalho de João Candido que recuperou a exata dimensão da obra do pai, dando novo sentido à nossa identidade cultural e à preservação da memória nacional. Levaríamos horas talvez para falar de Candido Portinari e de sua relação com um Brasil enorme, mas neste momento queremos lembrar de seus laços com Minas Gerais que são indestrutíveis. A começar da sua amizade fraterna com o nosso poeta Carlos Drummond de Andrade. Juntos publicaram, nos anos 1970, um conjunto de desenhos e poemas inspirados em Dom Quixote que foram o tema do Festival Literário Internacional de Itabira, no ano passado, que exibiu as obras e a identificação dos artistas.
Outro considerável destaque é o grande painel Tiradentes, concluído em 1949, que narra episódios do julgamento e da execução do herói brasileiro. Inicialmente exposta no colégio de Cataguases, hoje a obra original está no Memorial da América Latina, em São Paulo, e uma reprodução desse painel está exposta aqui, desde 2016, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
E nada se compara à beleza indescritível do mural de azulejos de sua autoria na Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, que tivemos a oportunidade de ver na apresentação do João, para sempre imortalizada. É uma obra-prima da arquitetura moderna brasileira, que nasceu de um convite do então prefeito Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer, que convocou um time de craques, como Portinari, Paulo Werneck e outros artistas de renome para criar uma série de obras na região da Pampulha. O resto é história.
Ainda para destacar a profunda ligação de Candinho com o nosso estado, destacamos a ilustre presença da querida amiga ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, mineira que muito nos orgulha e que também nutre uma especial relação com a família Portinari. Ela também merece todas as nossas homenagens como defensora incansável da vida e da dignidade da pessoa humana. Em sua trajetória, sempre lutou pelo fortalecimento das liberdades públicas e pela garantia de direitos, o que inclusive retrata em sua obra mais recente. A ministra, que é uma das mais respeitadas e reconhecidas publicistas nacional e internacionalmente, lançou este ano o livro Direitos de para todos, com textos que lançam o olhar humanista para os 30 artigos da Declaração dos Direitos Humanos, em uma essencial defesa da liberdade, da igualdade e da dignidade. O toque especial é que cada um dos artigos é ilustrado por uma obra do pintor Candido Portinari, com a curadoria visual do nosso homenageado João Candido.
Mais que um conhecedor das artes e do processo cultural histórico brasileiro, João Candido Portinari é um defensor entusiasta das grandes questões brasileiras, que também são as nossas mais caras reivindicações. Sua busca pela preservação da nossa identidade cultural e memória nacional está diretamente ligada à promoção dos valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica. Caro João Candido, receba o pleno reconhecimento do povo de Minas Gerais à sua destacada atuação, já merecedora de uma consolidada projeção internacional, à qual se somam o afeto e o carinho da nossa gente neste momento. Plagiando Drummond, um dos mais renomados mineiros de nascença e de mineiridade explícita e ainda amigo do seu pai e de sua família, finalizo dizendo que, abrem-se aspas, “Entre o sonho e o cafezal, entre guerra e paz, entre mártires, músicos e roceiros”, sentimos também em nós o orgulho de ser do seu tempo e da sua companhia. Esse é o nosso sentimento neste momento: orgulho de tê-lo a partir de agora como cidadão de Minas Gerais. Viva o nosso amigo João Candido Portinari! Um abraço a todos. Sejam muito bem-vindos mais uma vez ao Parlamento mineiro.