Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Critica o governador Romeu Zema pelas contradições entre suas promessas de campanha e sua atuação, ao comentar o projeto de lei que dispõe sobre a prestação de assistência à saúde pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - Ipsemg - e dá outras providências. Defende que é preciso empoderar o Ipsemg, melhorando o atendimento em todo o estado, especialmente no interior.
Reunião 48ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2024
Página 392, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 2238 de 2024

48ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 13/11/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Boa tarde a todos e a todas; boa tarde, Sr. Presidente, colegas deputados e deputadas presente. Boa tarde aos servidores desta Casa; àqueles que estão nos acompanhando pelas redes sociais, pela TV Assembleia; a cada trabalhador; a cada trabalhadora do Ipsemg; àqueles que são usuários do Ipsemg; aos profissionais de saúde; aos médicos; aos enfermeiros; a todos os servidores do Ipsemg.

Eu não sei se vai dar tempo de falar nesses 10 minutos, mas depois eu volto para falar novamente; volto para encaminhar o projeto depois. Eu queria desenvolver a minha fala, lembrando algumas falas do Zema, lembrando-me de sua fala como patrão, dono das lojas Zemas, lembrando-me de sua fala como empregado, porque ele é um empregado do povo mineiro. Ele passou alguns dias, agora, na China, e fez umas falas de lá que Deus nos livre. Eu vou dizer uma fala dele para vocês acerca de uma PEC que está na Câmara dos Deputados referente à jornada de trabalho 6 por 1.

Não sei se ele está pensando que isso é um resultado de jogo de futebol, porque ele disse o seguinte – vejam a fala do Zema: “Eu sou sempre favorável à questão da livre negociação entre empresa e trabalhador. Se alguém foi contratado para folgar duas vezes por semana, se isso foi pactuado entre as partes, ótimo. Se foi pactuado para folgar uma vez por semana e ambas as partes concordaram, ótimo”. O Zema disse isso. Quero refrescar a memória dos eleitores e das eleitoras. O Zema foi contratado para o governo de Minas Gerais prometendo o quê? Vamos ver se ele honrou aquilo que ele prometeu.

Antes de ser eleito, Zema dizia que não ia receber salário; ele era uma parte que estava sendo contratada com o patrão, que somos nós. Zema não somente recebe o seu salário – dizia antes que ia doá-lo e que depois ia rever –, como também o aumentou. Aumentou em quanto, gente? Aumentou em 300% e quer aumentar a contribuição do Ipsemg. Zema, quando queria ser empregado dos mineiros, quando queria o emprego de governador, dizia que seus secretários não receberiam salário. Não estou dizendo que é errado, mas ele dizia que não receberiam. Agora, eles recebem o salário com mais 300% de aumento. Zema dizia que, no governo dele, não haveria pagamento de jetons. Ele queria um emprego, então era preciso mentir. Ele dizia que não haveria pagamento de jetons, uma vez que conseguiu o emprego. Ele, como funcionário do povo de Minas Gerais, não simplesmente pagou os jetons: isso acarretou R$2.300.000,00 aos cofres de Minas Gerais. E ele quer aumentar a retirada do bolso dos contribuintes do Ipsemg. Dizia também que, nas contratações, os secretários dele seriam contratados por processo seletivo. Vocês se lembram disso. Seria só por meio de processo seletivo, e ele não colocaria apadrinhados políticos em seu governo. E o que a gente vê hoje? Lotados, lotados. Secretarias e órgãos lotados de apadrinhados políticos. Quando ele quer conseguir um emprego, ele promete uma coisa, então agora é fácil sair lá da China para fazer uma fala dessa. Dizia que era contra o aumento de impostos. E o que ele fez? Aumentou os impostos dizendo que seriam usados para a erradicação da miséria.

Então vejam bem: quando quer ser contratado pelo povo mineiro, Zema ocupa as redes sociais daquele jeito que ele gosta, fazendo pãozinho de queijo, chupando uma manga daquele jeito que ele gosta, lá na casa dele, dando uma de simples, conversando com muita simplicidade, mas, depois que ele consegue o emprego, é diferente. Aí é diferente. Nós temos que nos lembrar de que ele também é patrão. Ele também é patrão nas empresas dele, evidentemente, e, de certa maneira, mesmo ele sendo empregado do povo mineiro, também desenvolve o papel de patrão, uma vez que, Betão, ele nos envia projetos – os servidores estão sob a batuta dele – em relação ao Ipsemg e tantos outros projetos que acarretam transformações na vida do trabalhador e da trabalhadora.

Eu gostaria de perguntar primeiro aos colegas deputados: quantos colegas deputados já usaram o Ipsemg em algum momento da vida? O Betão já usou o Ipsemg. Eu sei que é por isso que o Betão defende o Ipsemg, defende os trabalhadores e as trabalhadoras. A Beatriz Cerqueira já usou o Ipsemg, e é por isso que defende os trabalhadores e as trabalhadoras. Nós temos muitos aqui que também já usaram o Ipsemg, que também o usaram. Olhem, quando eu ouço falar das pessoas que dependem do Ipsemg, os filhos de trabalhadores e trabalhadoras de até 21 anos, eu não posso me esquecer de que até os meus 21 anos eu usei o Ipsemg. Eu usei para tratamento odontológico, usei para exames, usei para consultas médicas, porque minha mãe é aposentada do Estado. Minha mãe era uma daquelas pessoas que iam toda semana limpar a escola, receber os alunos, fazer a merenda escolar e que, no final de semana, nos sábados, ia limpar a escola para, na segunda-feira, receber mais uma vez os alunos.

Então eu peço essa consciência de cada colega deputado. Primeiro, de todos e todas que usaram o Ipsemg; e há gente que usou o Ipsemg e é da base do governo. Eu peço ao governador: não coloque essas pessoas em situações delicadas, não; não coloque esses deputados em situação delicada, não. Mesmo você, colega deputado, que não usou o Ipsemg tem alguém na família que usou. Pense nesse alguém que usou ou que usa. Mas, mesmo que você não tenha ninguém na família que usou o Ipsemg, colega deputado, colega deputada, pense em outros. Eu não quero nem que pense no voto, não. Pense em outros mineiros e mineiras por todo este Estado de Minas Gerais, das regiões mais longínquas, das regiões em que existe um vácuo assistencial na medicina, na saúde. Pense no Vale do Mucuri, tão falado por muitos aqui; no Vale do Jequitinhonha, tão clamado por muitos aqui; no Norte de Minas; em todas as regiões mineiras. Pense que lá nós temos servidoras e servidores. Pense que lá nós temos laboratórios, clínicas, hospitais que atendem. A cota, no meio do mês, já acabou, já não há mais, já não há mais. E estão pagando o que pagam. Mas eu peço a vocês: pensem naquele que está lá, distante. Por enquanto, eu queria pedir: pense nos menores de 21 anos, nos jovens que estão na escola, nas crianças e adolescentes que estão na escola, que precisam estudar e que precisam ter esse auxílio do Ipsemg.

É preciso, primeiro, empoderar o Ipsemg. “Ah, há mudanças que é preciso fazer.” Sim, mas vamos primeiro empoderar o plano, vamos primeiro melhorar a qualidade, melhorar a assistência em todo o Estado de Minas Gerais. Aliás, o Ipsemg cumpre um papel fundamental: o Ipsemg também colabora com o SUS, o Ipsemg colabora com o Sistema Único de Saúde. Vamos pensar no papel que fizeram servidores e servidoras do Ipsemg durante a pandemia.

Então eu peço um exame na consciência de cada colega deputado, de cada colega deputada. Vamos pensar como dar o nosso voto aqui. Eu posso não ter usado, o colega pode não ter usado – no meu caso, eu usei –, mas vamos pensar em tantos mineiros, em tantas mineiras. E, ao governador Zema, para esse primeiro tempo – depois eu vou falar do Zema como patrão –, quero pedir: deixe de falar uma coisa para conseguir um emprego de governador em Minas Gerais para, depois de eleito, mudar não só o discurso como a prática. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O presidente – Obrigado, deputado Doutor Jean Freire. Com a palavra, para encaminhar a votação, a deputada Bella Gonçalves.