Pronunciamentos

DEPUTADO BETÃO (PT)

Discurso

Critica o processo eleitoral norte-americano.
Reunião 45ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2024
Página 31, Coluna 1
Indexação

45ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2024

Palavras do deputado Betão

O deputado Betão – Boa tarde a todos e a todas, aos trabalhadores da Assembleia Legislativa e ao público que nos acompanha pela TV Assembleia. Eu queria entrar um pouquinho no tema, considerando que alguns deputados já expuseram suas visões e perfis em relação à eleição que está ocorrendo hoje, nos Estados Unidos, evento que está mobilizando toda a imprensa do Brasil e de outros países, que estão acompanhando tudo. Como entraram nessa discussão, eu, como internacionalista, procuro estudar as situações que ocorrem no mundo, portanto queria chamar-lhes a atenção para essa eleição, em que dois partidos se revezam ao longo da história dos Estados Unidos, bombardeando e pilhando países. São só dois partidos. Uma hora está com os republicanos, outra, com os democratas, mas, na verdade, os dois partidos são controlados pelo grande capital tanto estadunidense quanto estrangeiro.

Para entenderem melhor, nos Estados Unidos, os estados elegem delegados, Doutor Jean. É uma forma de eleição. É o colégio eleitoral, como era aqui, no Brasil, na ditadura militar, que vai escolher o presidente. Só que existe um detalhe: se um partido obtiver num estado 51% ou 50,1% e o outro partido, 49,9%, aquele que alcançou 50,1% leva todos os delegados. Dessa forma, não há proporcionalidade. Não existe proporcionalidade, como ocorre, por exemplo, nos congressos da CUT ou do PT. Ele leva todos. Por essa razão, mesmo depois da eleição, cuja apuração vai se estender até domingo ou segunda-feira da próxima semana, hoje já é possível prever quem vencerá essas eleições. É um processo extremamente antidemocrático que boa parte da imprensa burguesa nesse país tenta empurrar goela abaixo das pessoas, alegando que é a maior democracia que existe no mundo. Os dois, republicanos e democratas, como eu disse, invadem países, matam pessoas, sequestram dirigentes e presidentes de outros países sem o menor dó, porque o que interessa é que a economia dos Estados Unidos esteja em condições de manter o imperialismo que ele exerce sobre o mundo.

Então, há uma diferença, obviamente, entre os republicanos e os democratas. Os republicanos têm mais hostilidade com relação às minorias. Há uma ilustração que apareceu em um jornal, que não me lembro se era daqui, de Belo Horizonte, mostrando dois bombardeiros. Um deles era dos democratas e estava pintado com a bandeira arco-íris, com um pé de maconha, coisas do tipo. O outro bombardeiro era o dos republicanos e estava pintado com dois trabucos, com fuzil, com a insígnia nazista. Mas os dois bombardeiros estavam jogando bombas sobre algum lugar. Então esta eleição – que, para mim, não corresponde a uma eleição democrática, porque se assemelha à era do MDB e da Arena no Brasil, na época da Ditadura – é a eleição que está marcada para este momento que nós estamos vivenciando no mundo.

É óbvio que, em função de algumas atitudes políticas, nós temos as preferências sobre um ou outro candidato. Nós vimos aqui, agora, os deputados falarem sobre essa ação, não é? Mas eu entendo que é preciso mudar muita coisa nesta eleição dos Estados Unidos para que ela seja realmente democrática, e não seja para atender aos interesses das fábricas de armas – assim como as grandes mineradoras têm interesse no Brasil e, a todo momento, a gente está debatendo isto: os interesses que as mineradoras têm para manter esse status em Minas Gerais e no Brasil inteiro, sempre procurando fazer com que deputados, políticos, governadores e prefeitos sejam aliados delas. Isso acontece lá também, é exatamente a mesma coisa. Então eu queria pontuar essas questões, para a gente entender um pouquinho mais sobre a eleição americana. Obrigado, presidente.

A presidenta (deputada Leninha) – Obrigada, deputado Betão. Com a palavra, para seu pronunciamento, o deputado Doutor Jean Freire.