DEPUTADA LENINHA (PT), Presidente "ad hoc", autora do requerimento que deu origem à homenagem
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/09/2024
Página 2, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 6987 de 2024
34ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 3/9/2024
Palavras da presidenta (deputada Leninha)
Mais uma vez, boa noite a todos vocês, que aqui estão, e aos que nos acompanham também através das redes e canais da TV Assembleia. Queria cumprimentar, de forma muito especial, o Daniel Godoy, que é sobrinho da homenageada e está aqui representando provavelmente todos os familiares da Maria Lúcia Godoy. Queria cumprimentar, de forma carinhosa e afetuosa, o meu amigo deputado federal Patrus Ananias, um político da boa prática política, em quem eu me espelho e com quem compartilho muitos gestos concretos da boa convivência e do respeito na política que nós devemos ter. De modo muito especial, de forma muito honrosa, eu saúdo a Maria Lúcia Godoy, que é a nossa homenageada desta noite. Queria também, de maneira especial, agradecer ao nosso presidente Tadeu Leite, que não pôde estar nesta sessão. Hoje é aniversário dele, e ele está em família, mas pediu para eu transferir um abraço de carinho à Maria Lúcia e a todos os familiares por esta homenagem.
Imaginem a minha honra, imaginem a minha alegria de ser autora de um requerimento que deu origem a esta sessão tão especial. Imaginem quanta emoção que eu senti, inclusive quando o Arnaldo Godoy, quando o Godoy aqui da família e vários deles vieram falar de termos na Assembleia uma sessão especial. Quer dizer, para mim, que vim dos Gerais… Eu venho do Norte de Minas, também uma região rica em cultura. Mas, para mim, que acredito na força da música, na potência, na nossa capacidade de transformar as vidas de forma criativa, com os nossos artistas, é uma alegria poder fazer esta homenagem a Maria Lúcia Godoy nesta noite.
Então eu queria dizer, olhando vários rostos, e nós temos várias gerações presentes, que estar neste Parlamento, para fazer esta homenagem, é claro que nos traz muitas alegrias, mas, acima de tudo, muitos agradecimentos a ela, que tanto fez por nossa música mineira; a ela, a quem Deus concedeu tanto dom; a ela, que percorreu tantos caminhos pelo mundo e de quem hoje nós estamos aqui celebrando o centenário. Então é uma imensa honra, é com uma alegria profunda que a gente reúne nesta Casa 100 anos de uma das maiores artistas de Minas Gerais e do Brasil, que é Maria Lúcia Godoy.
Ela nasceu em Mesquita, na região do Rio Doce, e desde muito jovem mostrou talento para a música, o que a levou a estudar canto e música em instituições renomadas. Maria Lúcia Godoy aprimorou sua técnica vocal com grandes mestres, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo Itália e Alemanha, onde se especializou no repertório operístico e de música de câmara. Maria Lúcia não é apenas uma cantora lírica; ela é um ícone da cultura brasileira que marcou a nossa história, a história da música, com sua voz singular. Como bem disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, sua voz é como o ouro de Minas. E Ferreira Gullar, em sua sensibilidade poética, comparou-a a um pássaro em pleno voo.
Reconhecer e reverenciar, ainda em vida, aqueles que são os pilares da nossa cultura é um dever de todos nós. E Maria Lúcia Godoy, com mais de cinco décadas dedicadas à música, é um verdadeiro alicerce. Ela não mediu esforços para levar a música brasileira ao mundo, tornando-se um estandarte da canção de câmara no Brasil.
Sua contribuição para a música vai além das notas. Maria Lúcia Godoy deu nova vida às composições de Heitor Villa-Lobos, estabelecendo um novo padrão de interpretação para o maior compositor brasileiro. Sua rara voz de meio-soprano ecoou em mais de 30 cidades do Japão, percorreu quase toda a Europa e chegou até Bagdá, no Oriente Médio, sempre levando consigo a alma e o coração de Minas Gerais. Durante 11 anos, escreveu uma coluna dominical no jornal Estado de Minas, sempre ligada às questões ecológicas, na defesa da preservação da natureza.
Dedicou uma vida inteira ao canto lírico e popular, sendo uma embaixadora do Canto da floresta do Amazonas; das Bachianas brasileiras, de Villa Lobos; de poemas musicados de Manuel Bandeira; das canções de Tom Jobim; e das serestas mineiras. Com 13 discos gravados, o último deles lançado aos 92 anos, em homenagem ao escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, Maria Lúcia Godoy é um verdadeiro patrimônio vivo da nossa cultura.
Neste centenário, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais presta uma justa homenagem a esta gigante da música brasileira. Maria Lúcia Godoy nos mostrou que a arte musical não é apenas teoria, mas uma vocação. Como ela mesma disse, a arte musical não é apenas a teoria. A arte musical é uma vocação. Não basta ser excelente. Precisa ser artista, precisa ter alma, precisa ter coração. Que a sua trajetória, Maria Lúcia Godoy, continue a nos inspirar e que sua voz, comparada ao ouro de Minas, continue a brilhar para as futuras gerações. Viva Maria Lúcia Godoy! Viva a cultura brasileira! Viva! Viva!
Esta homenagem não apenas celebra uma artista, mas reafirma o nosso compromisso com a valorização daqueles que dedicam suas vidas a enriquecer a alma de nossa nação. Uma boa noite para todos e todas!