Pronunciamentos

DEPUTADO CAPOREZZO (PL)

Discurso

Solicita uma postura mais ativa dos cidadãos no combate à criminalidade, citando experimento social que simulou sequestro de criança em uma calçada movimentada.
Reunião 22ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2024
Página 58, Coluna 1
Aparteante MARIA CLARA MARRA
Indexação

22ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/5/2024

Palavras do deputado Caporezzo

O deputado Caporezzo – Boa tarde, presidente! Boa tarde, colegas deputados estaduais!

Há um questionamento muito sério a ser feito aqui. Em qual momento a sociedade começou a achar normal o sequestro de crianças? Parece um absurdo, e eu fico perplexo com uma pergunta assim! Mas de maneira recorrente, um vídeo antigo aparece na minha timeline nas redes sociais de um experimento social. Que experimento é esse? Uma criança caminha por uma calçada movimentada de uma grande cidade – ali a calçada estava cheia. Um ator a aborda por trás, fecha a boca dessa criança e sai carregando-a para dentro de um beco. E o que mais me deixou revoltado é que a esmagadora maioria das pessoas que lá estavam não fizeram nada! Eles olham e não fazem nada! Apenas uma mulher teve coragem, ao final desse experimento, de ir ali e tentar resgatar a criança.

Ora, não adianta se preocupar e cobrar das autoridades públicas mais segurança se você não está envolvido no combate ao crime. Eu sei que esse experimento não aconteceu no Brasil, mas em um país que faz parte da sociedade ocidental, assim como o nosso. Então eu tenho que parafrasear o reverendo Martin Luther King: “O que me preocupa não é o barulho dos maus, mas, sim, o silêncio dos bons”.

E, em sentido oposto, a minha amada Uberlândia só tem dado orgulho e servido de exemplo para o povo de Minas Gerais e do Brasil, justamente por causa da ação vigorosa dos seus cidadãos contra o crime. Na semana passada, falei aqui de um herói que não usava capa, lá em Uberlândia, no Bairro Umuarama. Mas ele usou o quê? Uma caminhonete branca para atropelar um assaltante, que estava roubando uma enfermeira na calçada. Ele simplesmente deu uma ré e passou por cima do bandido. Está de parabéns por essa atitude.

Só que, de lá pra cá, mais duas atitudes me surpreenderam positivamente por parte da população de Uberlândia. O caso da babá, uma babá maldita, que estava ali agredindo três crianças, duas meninas e um menino; o menino de 4 anos, batendo com cinto, jogando contra o chão, torturando, ameaçando de morte e, até mesmo, prendendo a criança dentro da geladeira. Olha o absurdo que foi isso. E sabe quem se levantou contra isso? Foram os vizinhos, que perceberam o absurdo que estava acontecendo, chamaram a Polícia Militar e, quando a polícia chegou, a babá se recusou a abrir a porta. Em vez de esperar ali a Justiça ou alguma coisa desse tipo, o que o vizinho fez? Sentou o pé na porta, e a babá foi presa em flagrante delito. Eu achei interessante porque ela falou que estava fazendo aquilo porque ouviu as vozes do diabo. Mas as vozes do diabo não a mandaram bater, por exemplo, na Polícia Militar, não a mandaram rasgar dinheiro, nem a mandaram comer merda. Mandou-a agredir crianças inocentes, como uma covarde. Eu espero que seja, exemplarmente, punida pela Justiça diante da barbaridade que cometeu.

Também em Uberlândia, um casal ia ter o seu carro roubado, quando percebeu ali uma oportunidade e, simplesmente, protagonizaram uma das cenas mais lindas que eu já vi. Sentaram o braço nos bandidos, dois. A mulher bateu igual a gente grande, bateu igual ao marido dela. Os dois bandidos foram humilhados e espancados, tomaram um coro. Depois esse caso reverberou pela cidade e também pelo Estado de Minas Gerais como um todo.

Por que isso me chama a atenção? Por que eu fico feliz ao ver algo assim? Nós não podemos tolerar a criminalidade. Quando a polícia não está presente, devemos agir sempre que possível. Infelizmente, existem especialistas em segurança pública que têm o hábito de dizer o quê? “Em caso de assalto, não reaja.” Sabe por que tem gente que fala isso? É porque eles não acreditam que existe o mal no mundo. Eles partem do princípio de que o criminoso quer apenas furtar o dinheiro ou tirar o bem material, o que já é um absurdo, porque as pessoas trabalham e se esforçam para conseguir conquistar os seus bens e não devem entregá-los assim para a criminalidade. Mas existem pessoas perversas, que são capazes de atirar só para ver o corpo do outro caindo no chão, que não necessariamente vão querer apenas o dinheiro, mas, às vezes, vão querer estuprar, vão querer esculhambar, esculachar, maltratar, agredir, e isso acontece. Então eu falo o contrário: sempre que tiver oportunidade, pensando na defesa da sua vida e agindo em legítima defesa necessariamente, que é uma excludente de ilicitude, reaja sim, senta o braço no bandido sem dó, porque é assim que a nossa sociedade vai começar a vencer o crime. Até porque, no Brasil, infelizmente, o problema da criminalidade é um problema crônico, que começa dentro da política.

Nós precisamos acompanhar a política e ver quais são os políticos que sempre estão dispostos a passar a mão na cabeça da bandidagem, inventando diversas desculpas do tipo: “Ai, ele roubou porque é pobre”. Como se ser pobre fosse sinônimo de ser sem caráter. Minha mãe nasceu, viveu e morreu pobre e sempre me ensinou bons valores, para eu nunca pegar R$0,01 que não fosse meu. Então, a questão de você ter ou não condições financeiras não justifica você ser um bandido. Pobre é honesto, pobre tem vergonha na cara. Quem rouba não rouba por causa da sua condição social, mas sim por causa de não ter valores, e a gente precisa deixar isso bastante claro. Precisamos acompanhar a política para ver quem sempre tem uma história triste para tentar justificar a prática e a proliferação do mal e nos posicionarmos contra esse tipo de postura.

Isso me faz lembrar também o filme Batman Begins, que tem um ensinamento do Ra's Al Ghul, que fala que a bandidagem se favorece da postura tolerante da sociedade. O crime não deve ser tolerado! A sociedade não pode ser compassiva com quem pratica o mal. E ele segue falando que o principal não é ter treinamento para combater o crime, mas, sim, ter vontade. A vontade é tudo, a vontade de agir e a vontade de fazer frente à prática do mal. E é assim, dessa maneira, que eu chamo cada vez mais a população de Uberlândia a se levantar contra a prática do mal, mas, se levantar com vontade.

A deputada Maria Clara Marra (em aparte) – Obrigada pelo aparte, deputado Caporezzo. Aproveitando que V. Exa. falou do Batman, eu quero falar aqui do Robin Hood, que é um personagem conhecido por tirar do rico e dar aos pobres. E hoje o que a gente tem enfrentado, não só em Uberlândia, mas também nas cidades adjacentes, como a minha amada Patrocínio, Iraí de Minas, Monte Carmelo, Romaria, cidades com as quais o senhor tem familiaridade, é exatamente o contrário: a gente está vendo uma organização, uma conjuntura, que está, na verdade, tirando do pobre e entregando para o rico. E eu falo isso da institucionalização do assalto que a gente tem visto nas praças de pedágio. Queria dizer que as melhorias que estão sendo feitas, não só na 365, mas também nos mais de 600km de estradas concedidas, vêm por meio da minha atuação, da sua atuação, da atuação deste Parlamento em união com o Judiciário de Minas Gerais, com o Ministério Público Federal também, que inclusive passou a investigar secretários que agora foram exonerados – e as más-línguas dizem que estão prestando inclusive consultoria para a concessionária –, inclusive o secretário de Infraestrutura do governador Romeu Zema, que fez questão de colocar oito praças de pedágio no valor de R$12,00 na nossa região.

Enfim, eu quero fazer um recorte – porque nós continuaremos juntos, e conto com seu apoio –, para a gente investigar e saber como foi a conjuntura em que foram criados esses contratos, esses editais, que vieram para solapar o desenvolvimento da nossa região. Quando a gente começa a ter a compreensão de que são 627km de estradas concedidas, oito praças de pedágio e apenas 36km de duplicação, vemos que são 5% do total. A gente acabou de aprovar, na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, um requerimento com pedido de evidenciação contábil e fiscal do que vai ser auferido em termos de receita por essa operação da EPR. E quero dizer aqui, mais uma vez, que o nosso governador desistiu de visitar a praça.

O deputado Caporezzo – Parabéns, deputada Maria Clara Marra. Foi brilhante o que V. Exa. falou. E eu concordo: o governador Romeu Zema virou o Robin Hood às avessas. Ele rouba dos pobres para entregar para os ricos, fazendo praças de pedágio em todo o Estado de Minas Gerais, cada pedágio mais caro que o outro, com zero de investimento. Enquanto isso, as concessionárias estão só se enriquecendo à custa do sofrimento do povo mineiro. O trabalho que V. Exa., deputada Maria Clara Marra, tem realizado nesse sentido merece todo o nosso reconhecimento e todo o nosso respeito.

Por fim, como estava falando a respeito do exemplo do Batman Begins, nós precisamos ter vontade de agir contra a criminalidade e acompanhar o trabalho da classe política, principalmente daqueles que dizem defender o interesse da sociedade, mas que sempre arrumam uma forma de proteger o crime e de se ausentar na hora de criticar a ação dos criminosos. Vamos juntos, mas com vontade, agindo contra a bandidagem. A direita vive em Minas Gerais! Obrigado, presidente.

A presidente (deputada Maria Clara Marra) – Parabéns pelas colocações, deputado Caporezzo, deputado aguerrido que defende o nosso Triângulo. Com a palavra, para seu pronunciamento, o deputado e amigo Doutor Jean Freire.