DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2024
Página 57, Coluna 1
Aparteante ANDRÉIA DE JESUS
Indexação
22ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/5/2024
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – Presidente Caporezzo, eu quero registrar a importância deste debate aqui sob a sua presidência, em respeito que tenho. Em que pesem as divergências que já estão mais que públicas, nunca houve hostilidade. Nunca! Se existe algo que nós compreendemos dentro da democracia é que as nossas divergências de opinião não devem nunca significar hostilidade. Por essa razão, cada um de nós aqui representa também essa importante luta. É importante a gente fazer esse gesto no Plenário, no sentido de não negar a política para ser políticos. Parece-me que não negar a política é também um compromisso que o senhor tem, coisa que eu não posso dizer do Zema e do Novo. Estes negam a política para fazer política, haja vista que, ao pagar para um funcionário da Caixa Econômica Federal para poder se aproveitar dos jetons e ter as regalias que o Gustavo Barbosa teve em Minas Gerais… Isso só pode ser coisa de quem jamais deveria ocupar um cargo político. Zema, você é uma vergonha! Cada um que o governador colocou e se desmanchou diante da opinião pública merece ser desmascarado. Tem muita coisa escondida por trás dessa demissão do Gustavo Barbosa. E eu não tenho dúvida de que é corrupção, corrupção atrás de corrupção por parte daquele que recebia mais do que qualquer um no Estado, deputado Ulysses. Eu vou ser breve para dizer que quem nega a política – podem saber – está comprando a política inteira para si. É como se quisessem o cuspe e o escarro para os que compram essa ideia, ao mesmo tempo em que ficam com a política inteira para si.
Ontem eu me lembrava de que, lá no Festival de Cannes, o Lula foi agraciado por Oliver Stone, mas também frei Beto, este mesmo que trouxe a pedagogia do oprimido junto com Paulo Freire para essa importante reflexão. E são, portanto, frei Beto e o Lula que iluminam os palcos do cinema internacional. Aí, Caporezzo, me perdoe, mas as nossas leituras são realmente distintas. O senhor tem a sua formação, e eu discordo da forma como a expressa, mas nunca fui hostil ao seu direito. Porém quero dizer aqui que nós estamos num parlamento e as pessoas precisam respeitar este espaço para não transformá-lo em hostilidade.
Eu quero trazer aqui que tenho feito uma defesa inconteste e missionária, posso dizer, da vida das abelhas. E hoje, hoje é o Dia do Apicultor e da Apicultora. Sem esses trabalhadores… Eu quero dizer que o trabalho é inerente à ação humana, e a abelha não pode ser considerada aquela que trabalha, senão eu estaria aqui fazendo uma leitura que não nos é permitido fazer, até uma leitura mais marxista. Seria a exploração de cada uma das abelhas, em suas colmeias, produzindo mel, produzindo a cera, produzindo também o própolis, tal qual a exploração que tem o homem sobre o homem.
É o apicultor que trabalha para a transformação dessas, que são responsáveis pela polinização de 70% do alimento que vai à mesa de qualquer pessoa, em qualquer país do mundo. O que tem a ver abelha, polinização, apicultor com arroz? Eu quero dizer que o trabalho das abelhas, aqui parafraseando, já que disseram que o trabalho é inerente ao humano, é a polinização, numa relação, que é de cooperativismo. Vamos pensar no mutualismo e em tantas outras formas que a biologia conseguiu captar, que permitem que o arroz seja também beneficiado pelo grande produto, que é a polinização feita pelas abelhas. Mas são os apicultores, esses que cuidam da casa comum e do planeta, que hoje são homenageados. Portanto arroz, mel, segurança alimentar e apicultor estão em sinergia, enfrentando todo formato de agressão contra a mãe Terra, seja pelos agrotóxicos, seja pelos venenos. Viva o apicultor, viva a apicultora, que também podem ser confundidos com os agricultores.
Nesse sentido, este dia do apicultor é celebrado. Celebramos o mel que adoça nossas mesas, celebramos o própolis que também nos ajuda na imunidade, celebramos os derivados do mel, celebramos a vida quando lembramos das abelhas e das flores, pois 75% das nossas safras dependem da polinização. E não é diferente com o arroz, assim como não é com café ou com qualquer fruta que vai à nossa mesa. Mas as recompensas oferecidas àqueles que cuidam do planeta, da alimentação e da humanidade infelizmente é a violência. Por isso que a hostilidade, que muitas vezes vem na política, se transforma em violência contra as abelhas e contra os apicultores.
A morte das abelhas no Rio Grande do Sul comprometerá a produção de alimentos após enchentes e mudanças climáticas. Essa é a grande questão. Se nós temos hoje a redução da produção de frutíferas, do arroz e de tudo no Rio Grande do Sul, o impacto será grande. O impacto será muito grande na vida dos apicultores e das abelhas. Por essa razão nós viemos aqui para parabenizar aquele e aquela que colocam às vezes a sua mão e a sua mente para cuidar daqueles que são responsáveis pela vida no planeta.
A deputada Andréia de Jesus (em aparte) – Boa tarde, presidenta; boa tarde, deputados e deputadas que estão aqui na Casa; obrigada, deputado Leleco, pelo aparte.
Acho que essa denúncia que eu estou trazendo aqui vai ao encontro do que você está falando sobre a proteção das abelhas. Veja isso aqui estampado no jornal de hoje. O jornal dedicou uma página inteira a uma foto verde, que parece até uma mensagem positiva, mas é um projeto da Vale, chamado Projeto Apolo. Já há alguns dias os movimentos sociais vêm denunciando a mineração na Serra da Gandarela, um espaço de preservação permanente. A gente está denunciando. O que estamos vendo aqui e denunciando, há alguns anos, é a aliança perfeita entre as grandes corporações econômicas da mineração econômica, política, que tem o controle, inclusive o controle desta Casa, e o controle da política, com as corporações midiáticas, o controle da imprensa.
Eu não imagino quanto custa dedicar uma página de jornal a falar de um projeto. Na primeira página, fala-se de um projeto às mil maravilhas, mas, no fundo aqui, só tem uma frase. Quanto custou isso para a Vale? Eu não sei quanto custou para esse jornal, que também não contribui em nada para o Estado de Minas Gerais, mas sei quanto vai custar para cada um dos mineiros abrir mão da Serra do Gandarela e das nossas serras, tão próximas de Belo Horizonte.
A gente vem denunciando não só a crise climática que já atingiu o Rio Grande do Sul, mas também a que vem atingindo a gente aqui, na região metropolitana, com a falta de água. Nós estamos denunciando isso com o crime praticado pela Vale lá em Brumadinho e que já deixou centenas de pessoas sem água. O presídio, até hoje, em Brumadinho, em Bicas, está vivendo com caminhão-pipa. Não é suficiente. A Vale continua criminosa, alimentada e fazendo suas alianças. No entanto, a gente vai seguir denunciando. Nós queremos audiência pública para encher esta Casa e continuar denunciando os crimes continuados da Vale. Obrigada, deputado.
O deputado Leleco Pimentel – Deputada Andréia, eu é que agradeço o aparte porque ele expõe a luta dos apicultores e apicultoras também expulsos do território e de todos que lutam pela vida, pelas comunidades e pela nascente com essa agressão da Vale praticada com esse projeto Apolo, que violenta toda forma de vida no território, desde Santa Bárbara até a região metropolitana. A Vale é assassina. O projeto Apolo é só a faca que quer cortar e matar a vida das comunidades.
Muito obrigado, presidenta Maria Clara Marra, deputada com quem eu me congratulo pela fala importante trazida a este Plenário e que também tem a ver com o pedido de respeito ao governo para com a Assembleia Legislativa e a autonomia de cada deputado e deputada no exercício da sua função, no exercício do seu voto, porque a representação do povo é que nos colocou aqui. Muito obrigado.