Pronunciamentos

DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)

Questão de Ordem

Comemora a prisão do principal investigado por ameaças a deputadas.
Reunião 17ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 09/05/2024
Página 33, Coluna 1
Indexação

17ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 7/5/2024

Palavras da deputada Bella Gonçalves

A deputada Bella Gonçalves – Obrigada, presidente. Hoje nós acordamos com uma notícia que nos traz alívio, respiro de liberdade e de justiça, porque a força-tarefa criada pelo Ministério Público, Assembleia de Minas e Polícia Civil, finalmente, chegou ao resultado de deter um dos principais responsáveis pelas ameaças de morte, tortura, violência física e psicológica que nós vivemos nos últimos meses. Eu acho que este é um recado importante para toda a sociedade: as ameaças contra parlamentares eleitas não vão ficar impunes, não vão ser banalizadas. Poderia ter sido diferente esse desfecho, poderia ter sido diferente, se não fosse o empenho do presidente, do Ministério Público, da Polícia Civil e também a nossa cobrança, a nossa luta. Eu me lembro da angústia da companheira Lohanna, trazendo aqui: “Olha, gente, nós temos que fazer alguma coisa”. Eu me lembro da solidariedade e da força da Bia, ao descrever o que essas violências significavam no nosso cotidiano e como impactavam a democracia. Eu me lembro de como isso me trouxe uma solidariedade muito grande com as minhas companheiras, vereadora Cida Falabella e Iza Lourença. No caso da Iza, houve uma ameaça estendida à sua filha, com o endereço da creche da filha veiculado em Chans, grupos de ódio ligados à extrema direita. Eu sei que a prisão do Leon não vai acabar com os grupos da extrema direita e nem com a violência cibernética. Violência essa que não apenas ameaça mulheres, parlamentares, mas que também dissemina conteúdos de pedofilia, de ataque às escolas e diversas outras violências. Mas esse é um recado claro de que Leon foi o primeiro, e que há um espaço para desmontar essas milícias digitais, esses grupos que se organizam para regozijar em cima do nosso sofrimento. Queria também dizer que, do ponto de vista pessoal, lembrando, fazendo uma retrospectiva do que esse período virou da nossa vida, a gente percebe que a gente tem mais força do que a gente imaginava. A gente tem mais força do que a gente imaginava, porque nós vivemos num cenário de angústia, ameaça, medo e ansiedade, e nem por isso recuamos das nossas causas no Parlamento, nem por isso abaixamos a cabeça. O objetivo deles não foi alcançado, mas não sem um custo pessoal e coletivo para nós: mudei de casa; vivi sobre escolta; perdi os pequenos prazeres da vida, como o direito de comemorar a vitória do Galo num pagode, tomando uma cervejinha, no final do expediente; até ir à padaria comprar um pão tranquilamente sem me sentir, o tempo inteiro, ameaçada, que foi também o que as minhas companheiras viveram. Não, não vão nos amordaçar, nos impedir de viver e exercer o nosso mandato parlamentar. Hoje eu tenho consciência da nossa força e da força também das instituições que deram um recado para Minas Gerais e para todo o Brasil. Obrigada. Obrigada a todo mundo que participou disso. Obrigada, presidente! Obrigada também ao líder do nosso bloco, Ulysses. Obrigada, sobretudo, às companheiras por esta luta conjunta, que foi tão importante.