Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Parabeniza as pessoas que trabalham na área de sáude, destacando os servidores que atuam no atendimento à pessoa com problemas de saúde mental e os servidores do Centro de Atenção Psicosocial - Caps. Comenta sua visita à China, ressaltando a diversidade cultural do país, que tem grande extensão territorial. Elogia os investimentos constantes na melhoria da infraestrutura, a atenção do governo chines à saúde e à segurança pública.
Reunião 15ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/04/2024
Página 31, Coluna 1
Indexação

15ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/4/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Boa tarde, companheira presidenta Leninha, companheiras deputadas, deputados aqui presentes, público que nos assiste presencialmente, pela TV Assembleia e pelas redes sociais. Primeiramente, deputada Leninha, na posição de médico atuante na área de saúde há décadas, eu gostaria de parabenizar todo aquele que acolhe todos aqueles que precisam, que têm qualquer tipo de doença, seja ela física, seja ela mental. Eu quero parabenizar, deputada Bella, cada servidor e cada servidora do Caps que fazem um trabalho belíssimo, que sabem acolher as pessoas. Parabenizo ainda aquele que faz parte da história da saúde nesse país, a cada técnico, a cada técnica que está preparada para discutir o atendimento à pessoa com deficiência mental, com a sua saúde mental abalada em qualquer nível, e que não trata essa pessoa como um criminoso, como uma criminosa. Mas muitas vezes as falas a esse respeito é para disfarçar o preconceito em relação àquele e àquela que precisam desse tratamento. A cada cidadão e cidadã que atua no Caps, que atua na saúde pública com qualidade a fim de acolher essas pessoas e seus familiares com carinho, com amor, com tanta atividade para que elas possam viver e conviver, mas sobretudo viver ao lado de todos e todas com acompanhamento da família… Sem sombra de dúvida, um espaço fantástico de tratamento é a família. Evidentemente que, na posição de médico, também eu sei que há situações que necessitam de internação, mas nós devemos, com toda a responsabilidade da saúde pública e do Caps, tentar evitar isso ao máximo, não discriminando-os. Então eu gostaria de iniciar a minha fala com esse acolhimento a essas pessoas que necessitam desse apoio e esse respeito aos servidores e servidoras do Caps, dos colegas da psicologia e da psiquiatria que atuam tão bem nesse acolhimento. Parabéns a vocês!

Eu gostaria de fazer uma breve fala, deputada Macaé, sobre um pouco do que vivemos esses dias. Quando cheguei aqui eu ouvi falar a palavra “China”. Eu, a deputada Macaé, o deputado Ricardo Campos, o prefeito Danilo, lá de São João da Ponte, e tantos outros representantes estivemos com uma comitiva, por volta de 32 pessoas de todo o Brasil, visitando, durante duas semanas, o país de uma civilização milenar. Esse país se chama China. Qualquer tipo de atividade sobre a qual você quer falar, quer dialogar, na qual quer trabalhar, nada melhor do que você conhecer, conhecer a vivência das pessoas. Evidentemente, que duas semanas, deputada Macaé, não é suficiente para a gente conhecer aquele país de uma população de 1,4 bilhão de pessoas. É um país com uma extensão territorial imensa, com várias culturas no próprio país, que eles fazem questão de intitular e chamar de um socialismo aos moldes chineses e dizer que eles têm um só país e dois sistemas. Eu, a deputada Macaé, o Ricardo e tantos outros tivemos essa oportunidade, nesse acordo de cooperação, de visitar, fazer essa imersão cultural durante duas semanas na China.

Eu quero dizer do que vimos, não quero falar do que não vimos. O que nós vimos lá? A deputada Macaé com certeza, em algum momento, vai fazer essa fala também. Eu acho que não é numa fala que nós vamos falar sobre essa imersão que nós tivemos, em duas semanas, não é, deputada?

Primeiramente, nós vimos um país que, nas últimas décadas, investiu como nenhum outro em infraestrutura, entendendo que, para levar políticas públicas até as pessoas, é preciso ter infraestrutura. Então nós rodamos. Antes que alguém diga: “Mas vocês viram o que eles queriam que vocês vissem?”. Em muitos momentos, nós saíamos sozinhos, nós tivemos momentos, inclusive, em que nós não estávamos sendo acompanhados por pessoas do Partido Comunista, como, se eu não me engano, deputada Macaé – vossa excelência pode me ajudar –, na Província de Fujian, em que, durante todo o tempo, fomos acompanhados por uma militante de outro partido político, que não é o Partido Comunista.

Nós vimos uma infraestrutura fantástica, em todo lugar, um cuidado com aquela casa comum, que são as cidades. Está no final da primavera e, por onde a gente andava na China, nós víamos as ruas cuidadas, com muitas flores. Como eu disse, eu quero falar do que eu vi, o que os meus olhos presenciaram nesse tempo.

Quero agradecer aos irmãos da China que nos acompanharam, que nos mostraram. Nós vimos viadutos verdes, verdes de plantas, em toda a sua estrutura. Nos pilares dos viadutos, plantas, isso durante duas horas andando numa mesma cidade, três horas andando na mesma cidade, entre uma cidade e outra; nós presenciamos então uma infraestrutura fantástica.

Eu, na posição de médico, disse que queria conhecer um hospital. Eu presenciei o hospital de cardiologia da cidade de Xiamen, um hospital que atende a população de toda aquela região, uma região imensa, que tem inclusive médicos… Fomos recebidos por um médico brasileiro, do Ceará, da cidade de Fortaleza; ele, a secretária do hospital e outra servidora do hospital foram nos apresentar o hospital, desde o acolhimento até o bloco cirúrgico, e tivemos a possibilidade de ver uma saúde de qualidade chegando a todos e todas.

As estradas da China, como eu disse, a infraestrutura deles – eles colocaram isso como um dos pilares para o desenvolvimento –, eu me interessei muito por isso, porque eu subo nesta tribuna muito para falar de estradas. A gente andou em estradas, inclusive com pedágio. As pessoas têm essa noção de que vão chegar na China e vão encontrar o exército na rua.

E, por falar em exército, deputada Macaé, eu quero falar sobre a segurança pública. Qualquer cidadão e cidadã anda pelas ruas – e nós fizemos isso pelas ruas de Pequim, de Xangai, de outras cidades – a qualquer hora da noite, mexendo no seu celular. Você não vê as pessoas catando lixo. As ruas são totalmente bem cuidadas. Há um sistema que eles chamam de 12345, que é para qualquer cidadão ou cidadã que tenha qualquer problema, qualquer problema. É como se fosse um Samu e é para que pessoas de todas as áreas possam ligar e falar do seu problema. Por exemplo, vou falar uma coisa aqui que, para alguns, pode ser muito simples. Uma pessoa idosa, triste, porque está passando o seu aniversário sozinha, de repente liga para o 12345. Eles entram em contato com a família para saber o que está acontecendo ou com o governo da localidade e vão até lá. Há pessoas que vão até lá passar o aniversário com aquela pessoa. E a ligação serve até para falar de um buraco na rua, até para um problema de saúde. E nós fizemos a checagem. As malas do deputado Ricardo não chegaram no dia anterior, e ele pegou o telefone, perguntou se algum de nós queria fazer o teste, ligou e fez. Eles pediram uns segundos, uns minutos, para ver o que tinha acontecido com a mala, e logo chegaram com a informação para a devolução, direcionando-o para onde estava a sua mala e dizendo o que havia acontecido com ela. É um sistema muito bem organizado em todas as áreas.

Eu fiz questão de perguntar sobre a área da saúde e sobretudo de empoderar o nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, e também o Samu. Na minha fala eu fiz esse empoderamento do Samu com muita felicidade, porque, como eu disse, esse sistema deles é como se fosse um Samu, mas para todas as áreas.

Voltando à questão do hospital, eu conheci um hospital de cardiologia com uma capacidade operacional fantástica. Havia salas com robôs.

E nós fomos a uma província também, a uma comunidade em que, há 20, 25 anos, as pessoas não tinham casas para morar. Elas viviam da pesca e em barcos, sobretudo passando a maior parte do dia dentro daquele barco – em poucos momentos, elas vinham ter uma convivência na terra. E hoje elas têm casa para morar, saúde, educação, e detalhe: continuam tendo a pesca como a principal fonte de renda da comunidade. Deram-lhes casas e empoderaram a profissão dessas pessoas.

Visitamos outros locais também. Em outra comunidade, que também foi construída como se fosse o Minha Casa, Minha Vida, as pessoas recebem todo o atendimento de academia, de medicina, e eu presenciei isso, vendo colegas médicos atenderem as pessoas na rua. Eles estavam comemorando naquele dia, digamos assim, o dia das doenças do fígado, e havia médicos, enfermeiros, enfermeiras, atendendo a população, tentando diagnosticar todas as patologias voltadas para essa situação naquele dia. E, na hora, eu não tive como não pensar nos projetos que aprovamos aqui, como o Dia Estadual da Hipertensão, o Dia da Diabetes, o Dia das Patologias do Fígado. Que esses momentos sejam utilizados para isto: não só para ser um dia, mas para fortalecer e diagnosticar patologias do que a gente coloca como determinação do dia.

Sobre segurança, eu já falei e então, deputada, acho que, em uma fala de Plenário, será muito pouco, deputada Macaé, para a gente dizer o que viu lá, deputado Tramonte. Você, deputado Tramonte, que é muito ligado à cultura, ia gostar porque as pessoas, no seu dia a dia, andam pelas ruas, adentram os espaços com apresentações gratuitas. Para se chegar a um cargo na política – é bom lembrar que lá há oito partidos políticos que disputam os processos –, as pessoas têm que passar por um preparo, por uma formação política fantástica, durante anos. Não é simplesmente querer ser um candidato e pronto.

Então eu quero fechar essa minha fala inicial sobre a China, dizendo que estou falando das coisas que eu vi e que acho que dá para fazer uma relação com o País. Não deixei… Nós tínhamos que pautar e não simplesmente chegar pedindo com o pires nas mãos. Não, temos que dizer na mesma tonalidade, no mesmo nível, para os chineses que políticas nós queremos para o nosso Brasil; que nós não aceitamos, por exemplo, que as matérias-primas, e eu falo, por exemplo, do lítio do Vale de Jequitinhonha… A gente vê belezas fantásticas na tecnologia e no desenvolvimento, mas isso não pode ser feito aqui, no Brasil. Não estou aqui, como parlamentar, para dizer que fui lá e vi coisas fantásticas, muita beleza, bater palmas para o país, e dizer “nós queremos ter esse desenvolvimento aqui”. Muitos desses que sobem para falar mal, que sobem para falar de uma imagem que talvez nunca presenciou… Muitos empresários, inclusive, que a gente vê por aí estão ganhando dinheiro na China, ganhando dinheiro com produtos da China, em vez de pensarem que nós poderíamos estar fazendo no Brasil o que eles estão fazendo lá, no que diz respeito à soberania.

Por sinal, deputada, nós vimos um país que as empresas privadas estão, cada dia mais, procurando. Então, que país é esse que ousa dar todas essas situações para os seus filhos e filhas e que as empresas do mundo capitalista estão procurando-o e abrindo empresas lá? Nós visitamos muitas delas, que são responsáveis, se eu não me engano, por mais de 50% da economia da China. Então isso é um pouco do que eu, o deputado Ricardo e a deputada Macaé presenciamos nesses dias, na China. E, de volta aqui, como costumo dizer: o nosso mandato é um pé no Parlamento e um pé na estrada, apesar dos buracos. Por essas duas semanas, estivemos com os dois pés vivenciando experiências fora do Brasil, para tentar trazer e dialogar o empoderamento do nosso povo, das nossas regiões. É isso que eu teria de início, deputada.

A presidenta (deputada Macaé Evaristo) – Obrigada, Doutor Jean. Com a palavra, para seu pronunciamento, a deputada Bella Gonçalves.