Pronunciamentos

DEPUTADO CAPOREZZO (PL)

Discurso

Critica o comandante-geral da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais - PMMG -, coronel Rodrigo Piassi, informando que o coronel foi eleito grão-mestre da Maçonaria, função, segundo o deputado, incompatível com a atuação à frente da corporação militar, que exige dedicação exclusiva, uma vez que o acúmulo de funções seria vedado pelo Código de Ética e Disciplina dos Militares - Cedm.
Reunião 9ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/03/2024
Página 19, Coluna 1
Indexação

9ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 20/3/2024

Palavras do deputado Caporezzo

O deputado Caporezzo – Boa tarde, presidente. Boa tarde, colegas deputados estaduais.

Eu quero deixar bem claro que o discurso que aqui farei não é um discurso pessoal. Não se trata da minha opinião, mas, sim, de uma crítica bastante cirúrgica a respeito de uma triste situação que enfrenta a Polícia Militar. Esse discurso eu farei para toda a tropa.

A tropa vem sofrendo bastante com as perdas das recomposições inflacionárias. Já é quase 50% o prejuízo que a tropa amarga na perda de capital de poder de compra. Enquanto isso, o comandante-geral da Polícia Militar, o Cel. Piassi, simplesmente entrou em uma campanha para se tornar grão-mestre da maçonaria. Eu não quero fazer aqui nenhuma crítica à instituição maçônica. Eu estou falando aqui especificamente do comandante-geral da Polícia Militar, Cel. Piassi, e da propaganda que ele fez. Enquanto a tropa está sofrendo, à míngua, por causa da dificuldade que enfrenta, o coronel estava muito mais preocupado em tocar a sua campanha para grão-mestre da maçonaria.

É interessante porque nós sabemos que o comando-geral da instituição exige, conforme o art. 15 do Código de Ética e Disciplina dos Militares – Cedm –, na verdade, dedicação exclusiva. Então como ele pode estar à frente da maçonaria em Minas Gerais e à frente da própria Polícia Militar na condição de comandante-geral? É difícil, é incompatível! Mas, mais do que isso, em um dos casos, o Cel. Piassi utilizou a posição dele, de comandante-geral, para pedir voto dentro da maçonaria. Uai, espere um pouquinho. Isso aí é proibido pelo Estatuto dos Militares. Está aqui, vejam. Essa utilização da PMMG para a promoção pessoal demonstra claramente a quebra dos princípios éticos que o militar deve preservar e enquadra-se perfeitamente no previsto no art. 15, inciso III, c/c art. 9º, inciso XV, ambos do código de ética. Por muito menos, os praças teriam sido punidos. Constantemente qualquer praça da Polícia Militar que quisesse ou que sequer sonhasse em fazer algo assim seria punido, acusado de utilizar a instituição para a promoção pessoal, mas, como é o comandante-geral, ninguém fala nada, não é? Eu falo.

A palavra de Deus, em Mateus 6:24, fala o seguinte: “Ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro”. Pois bem, a eleição foi anteontem, dia 18 de março, e o Cel. Piassi foi eleito o grão-mestre da maçonaria. Diante da eleição fica a pergunta: o senhor escolherá servir à maçonaria ou à Polícia Militar? A Polícia Militar exige dedicação exclusiva. Isso aí está no nosso código de ética: dedicação exclusiva. Então já vou deixar bastante claro aqui que o acúmulo dessas duas funções é claramente incompatível.

Há inúmeros casos de abertura de procedimentos disciplinares e punições de militares por estarem com seus IPVAs atrasados. O coronel, enquanto tocava a campanha, precisou se dedicar a ela, mas ele já não demonstrou tanta atenção a muitas outras pautas da polícia. Mas é interessante que, para punir esses militares que estão passando por um momento crítico porque não têm mais condição, já perderam 50% do poder de compra, existe aí a punição administrativa disciplinar para um militar que está com o IPVA atrasado.

Oh, coronel, vamos lá! Deixe os órgãos de trânsito fiscalizarem essas pessoas! O senhor não precisa fazer isso administrativamente. Mas que vontade é essa de punir aquelas pessoas que estão sem condição? Talvez porque o seu salário seja extremamente alto e esteja sendo pago em dia. Talvez, por causa disso, o senhor não tenha a capacidade de se colocar no lugar dos seus subordinados e comandados. Deve ser isso que está acontecendo.

A Corregedoria está trabalhando a todo vapor e sangrando ao máximo a nossa tropa. Não estou aqui defendendo que o policial ou qualquer cidadão ande com seu veículo ou documentos atrasados, repito, mas deixe isso para o órgão de trânsito. Não vai o senhor tomar iniciativa para sangrar ainda mais a tropa.

O que se percebe é que, em vez de se preocupar com a sua tropa, lutar pela recomposição das perdas inflacionárias, cuidar do IPSM e do HPM, o comandante-geral está na contramão dessas necessidades. Inclusive ele falou que estava lutando pela recomposição, não conversou com nenhum deputado eleito para saber a opinião ou unir forças pela recomposição das perdas inflacionárias. Simplesmente excluiu as entidades representativas de classe, que não foram informadas. E eu lhe pergunto: será que ele está lutando mesmo? Porque eu tenho a consciência de uma herança que o Cel. Piassi deixa para os militares reconvocados. Ele cortou o pagamento integral das férias, que agora vão ser pagas apenas de maneira parcial. Então você, militar da reserva, nosso veterano, herói, que resolver voltar para a corporação, não vai mais receber o seu abono, as suas férias completas. Isso é herança do Cel. Piassi para você. Essa é a preocupação que ele tem com a corporação, para fazer política bonitinha para o governo. Enquanto isso, não luta, não se preocupa com a diminuição do tempo de promoção de praças e oficiais, e ainda faz com que aquela promoção de soldado para cabo, em sete anos, não seja cumprida, mesmo estando na lei. Então a lei não é cumprida pelo coronel quando o interesse é do soldado e do cabo. Está bem? Nesse caso, não é cumprida. Para ele também não, porque ele não poderia fazer campanha para a Maçonaria estando no comando-geral da corporação. Então para ele também não funciona a lei, só que ninguém vai punir o comandante-geral.

Por fim, já que o senhor foi eleito, parabéns. Parabéns por ter sido eleito para estar à frente da Maçonaria em Minas Gerais. Eu lhe desejo muito sucesso. E peço mais: tenta utilizar este momento para corrigir o que o senhor fez no início do ano passado, em uma reunião onde estavam diversos deputados presentes. Eu estava lá, o deputado Junio Amaral estava lá, o deputado Sargento Rodrigues, a deputada Delegada Sheila. Todos os comandantes das forças policiais estavam lá, com o vice-governador, lutando pela recomposição das perdas inflacionárias. E o senhor foi o único que, naquela reunião privada, e todas essas pessoas que eu falei são testemunhas, levantou-se para defender o governo, e não falou uma vírgula, não falou nada a respeito da recomposição das perdas inflacionárias da tropa. Eu quero que todos os policiais saibam disso, que aconteceu a portas fechadas, porque nós temos testemunhas. Foi isso o que aconteceu.

Tenta então, pelo menos, Cel. Piassi, agora que o senhor está prestes a assumir esse cargo, corrigir essa sua posição, que naquele dia deixou todo mundo perplexo e chocado. Está bem? E, por favor, já que o Comando-Geral da Polícia Militar exige dedicação exclusiva, escolha: ou o senhor vai cobrir um santo e descobrir o outro; ou o senhor fica na Maçonaria ou na Polícia Militar. Eu faço bons votos que o senhor fique na Maçonaria, já foi eleito, e que abra espaço para alguma pessoa melhor ocupar o seu lugar. A tropa agradece.

A direita vive em Minas Gerais. Obrigado.