Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Discursa na abertura do seminário técnico “Crise climática em Minas Gerais: desafios na convivência com a seca e a chuva extrema”.
Reunião 7ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/03/2024
Página 25, Coluna 1
Evento Seminário Técnico “Crise climática em Minas Gerais: desafios na convivência com a seca e a chuva extrema”
Indexação

7ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 14/3/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

Bom dia. Bom dia! Bom dia a todos e a todas; bom dia, Sr. Presidente. Na pessoa do nosso presidente, cumprimento toda a Mesa. Quero parabenizá-lo por estar trazendo essa temática e tantas outras temáticas para esta Casa.

Eu não poderia deixar de falar. Durante o tempo todo em que estive aqui, porque eu só saí para dialogar um pouco com a minha amiga e companheira de tantas lutas, a Janaína, a palavra “Jequitinhonha” foi dita várias vezes, e por isso eu pensei que teria que falar um pouco do Jequitinhonha, de onde eu vim e para aonde eu vou todas as quintas-feiras, e para aonde a nossa companheira Teca deve estar indo também – chamaram a Cleia aí, mas nós a chamamos de Teca. A gente faz um trabalho belíssimo lá.

Eu estava ali ouvindo quando procurei o seu telefone, colega médico, Polignano, e não o encontrei. Naquela hora, eu procurei o seu telefone na minha agenda para lhe mandar uma mensagem, mas não achei, e pedi à minha assessoria o número do seu telefone. Eu não lhe mandei a mensagem; eu deveria ter mandado antes.

O Sr. Marcus Vinícius Polignano – Eu vou passar o telefone.

O deputado Doutor Jean Freire – Eu já tenho aqui. Ela me mandou, mas, na hora em que eu vi, você já estava fazendo a fala. O motivo foi o seguinte: eu estava ali conversando com a Janaína e imaginando querer estar na cabeça do Polignano para saber o que ele estava pensando e o que ele iria falar.

Eu estou no meu terceiro mandato. No meu primeiro mandato, nós criamos a Comissão Extraordinária das Águas, e eu nunca vou me esquecer de uma pergunta que você fez. Permita-me reproduzi-la a todos aqui. Levante a mão quem já tomou banho em um rio. Levante a mão. Agora levantem as mãos aqueles que já tomaram banho no rio durante a sua infância. O rio onde você tomou banho há 10, 15, 20, 30 anos atrás é o mesmo rio hoje? Se for o mesmo rio e se ele estiver na mesma condição, levante a mão. Você lembra de ter feito essa pergunta?

O Sr. Marcus Vinícius Polignano – E a resposta foi essa.

O deputado Doutor Jean Freire – E a resposta foi essa. Faz 10 anos, Polignano, que você fez essa pergunta. Talvez haja alguém aqui que tenha tomado banho exatamente naquele momento em que o senhor estava fazendo, e a resposta é a mesma. Eu estava ouvindo as apresentações, muito boas, uma se soma a outra – acho que é importante isso mesmo –, e pensando o seguinte: o problema está aí, muito nessa linha que o colega Polignano falou. O problema está aí, nós sabemos. Como foi falado muito em Jequitinhonha aqui, basta ir lá, basta frequentar lá, basta frequentar o Norte, Montes Claros, para saber e entender o problema. Todo governo que inicia, todos eles, desde quando eu estou aqui – falo o Executivo –, e não é diferente com as outras regiões: “Vamos fazer um plano de desenvolvimento para o Vale do Jequitinhonha”. Eu estou querendo um dia trazer os planos de desenvolvimento e colocar tudo aqui. Foi plano até falar chega. Eu costumo dizer que nós estamos cansados de ser estudados, nós precisamos é estudar. Estamos cansados de ser estudados.

Ver a maior temperatura, que alguém disse aqui que é do Brasil, mas parece que foi a maior temperatura do mundo. Saiu nos jornais que a maior temperatura do mundo é numa cidade em Minas, Araçuaí, e em outra, parece-me que na Austrália. É engraçado, a maior temperatura do mundo veio da cidade que mais produz lítio no Brasil, do local que tem a maior monocultura em extensão de eucalipto da América Latina. Tem a segunda maior represa de alteamento da América Latina e a maior monocultura em extensão de eucalipto. Tudo isso, e a retirada do lítio e tudo, serve para quê? Para quem está servindo?

Vou me recorrer… O deputado Professor Cleiton já não está aqui agora, e ele sempre recorre a Eduardo Galeano, em As veias abertas da América Latina, na página 85: a mineração deixou para o Brasil o quê? Construiu igrejas em Portugal, indústrias na Inglaterra e buracos no Brasil. É bom usar este microfone, porque aqui eu tenho a possibilidade de expressar o que penso realmente, e fica registrado. O que o lítio vai deixar para o Vale do Jequitinhonha? Igrejas, acho que não vão construir mais. Vai deixar buracos no Vale do Jequitinhonha, indústria na China, nos Estados Unidos e em outro lugar. Talvez uma indústria de bateria em Araxá – fiquei sabendo dessa possibilidade há poucos dias. E o que vai deixar realmente para o Vale? Sem dialogar com os agricultores, com as agricultoras, com as comunidades quilombolas e indígenas; sem deixar legado. Essa é a região que está mais quente. Então o que realmente nós precisamos fazer?

Polignano, você é médico, e a medicina cuida de pessoas. A política também cuida de pessoas. E você faz um papel ainda mais… Quantas vezes eu presenciei você na porta desta Casa, tentando dialogar com colegas deputados para que não deixassem passar alguns projetos de lei. Então eu também quero deixar uma proposta para que nós possamos fazer uma agenda propositiva. Sr. Presidente, tenho sempre me pautado em algumas temáticas, mesmo das mulheres, de votar projetos de lei para as mulheres. Para que possamos, durante este seminário, presidente, pautar projetos que causem, sobre essa temática. Leninha, V. Exa. me lembrou ali, e a Janaína pediu para que eu lembrasse aqui também, o projeto de lei, de sua autoria, que nós somos coautores, que institui a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca de Minas Gerais, e dá outras providências, que está na Comissão de Justiça.

Presidente, um grande abraço. Gratidão. Muito obrigado a todos e a todas.

O presidente – Obrigado, deputado Doutor Jean, líder da Minoria nesta Casa, pelas palavras e pelo trabalho feito aqui. Eu achava que seria o último a falar, mas o deputado Alencar pediu para finalizar a nossa manhã de hoje, deputado decano desta Casa. Então tem a palavra o deputado Alencar da Silveira.