Pronunciamentos

DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)

Questão de Ordem

Presta esclarecimentos a respeito de embate ocorrido em audiência da Comissão de Administração Pública do dia 7 de março, e destaca não tolerar nenhuma agressão contra mulheres. Critica a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg -, que teria utilizado uma "fake news" para agredir seu trabalho e o da deputada Beatriz Cerqueira, mais um episódio da violência política.
Reunião 1ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/03/2024
Página 73, Coluna 1
Indexação

1ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 12/3/2024

Palavras da deputada Bella Gonçalves

A deputada Bella Gonçalves – Muito obrigada, presidente. Na verdade, quero reforçar o que já foi dito aqui pelo deputado Tito e pela deputada Beatriz Cerqueira, minha colega. Nós não toleramos e não toleraremos nenhuma agressão contra mulheres, sejam elas de direita, sejam elas de esquerda, sejam elas trabalhadoras da Fiemg, sejam elas manifestantes ambientalistas. Não compactuamos com a violência contra a mulher e não nos omitimos. Embora a gente não tenha escutado do Plenarinho II, que é protegido por barreiras acústicas de vidro, as palavras que foram proferidas pelo senhor que estava assistindo à audiência pública, nós percebemos que houve um desentendimento e pedimos apoio da Polícia Legislativa. A Polícia Legislativa registrou e encaminhou o caso. Se de fato for verificada, como acredito que será, pelos vídeos que identifiquei depois, qualquer tipo de agressão a essas mulheres, que isso seja debatido e encaminhado às instâncias adequadas. Nós não estamos aqui para proteger nenhum tipo de agressão. Essa é a primeira coisa que eu queria dizer. Agora, presidente, de fato o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais utilizar de uma fake news para agredir meu trabalho e o da deputada Beatriz, no dia 8 de março, foi mais um episódio da violência política que ele, enquanto presidente da Fiemg, organiza, com seus trabalhadores e com suas trabalhadoras, dentro da Assembleia Legislativa. Eu me lembro, em 2022, de uma audiência pública da deputada Ana Paula Siqueira que foi praticamente ocupada pela Fiemg, que chegou a vaiar as mulheres deputadas por 10 minutos. Lembro-me de outra audiência pública de que participei, sobre a criação do parque metropolitano, em que a Fiemg orquestrou que todas as pessoas se virassem de costas e proferissem ofensas contra nós, deputadas, parlamentares, mulheres. Então, é lamentável a forma como o presidente da Fiemg tem conduzido o trabalho dos seus funcionários dentro da Assembleia Legislativa. É importante dizer que nós não atribuímos isso à Fiemg. Há várias indústrias de Minas Gerais com responsabilidade, com equidade de gênero, com responsabilidade com o direito das mulheres. Agora, o presidente é uma pessoa que tem se movimentado, desde que tomou posse na Fiemg, com extremo radicalismo e mobilização contra deputadas eleitas nesta Casa, motivo pelo qual a gente protocola o pedido de ordem. Para terminar, presidente, eu queria destacar o tema da audiência pública, porque a Fiemg, ao construir essa cortina de fumaça, com fake news e falsas polêmicas, tentou se desviar, com as manchetes, do que é o verdadeiro tema da audiência pública. Desde que nós aprovamos a lei Mar de Lama Nunca Mais, desde que esta Assembleia Legislativa a aprovou, a caução ambiental para crimes socioambientais e rompimento de barragem não foi regulamentada. O Estado agora apresenta uma regulamentação, e nós estávamos fazendo um debate para ouvir principalmente ambientalistas e o Fórum São Francisco sobre os problemas dessa regulamentação, que não considera a diversidade dos tipos de barragem e o tamanho, a extensão do dano socioambiental. A Fiemg também tem questões e discordâncias em relação à caução socioambiental, então, que faça uma audiência pública, com os seus deputados, para debater isso aqui, na Assembleia Legislativa. É importante que haja espaço para isso. Agora, tentar pressionar por trás e impedir um debate democrático sobre um tema que diz respeito à vida das mulheres dos territórios, isso a gente não vai tolerar, não desta vez! Em todas as audiências para as quais a Fiemg traz seus funcionários, nós temos dificuldades de fazer o debate democrático. Isso é um fato. E aí, gente, estamos falando sobre a vida das mulheres dos territórios da mineração, onde há o aumento dos casos de gravidez na adolescência, estupro, assassinato de mulheres em função da chegada das mineradoras. Nós estamos falando das mães, irmãs e filhas das vítimas dos crimes socioambientais de rompimento de barragem; nós estamos falando das trabalhadoras camponesas que perderam a sua terra, das pescadoras que perderam o seu rio. O debate da caução socioambiental é muito estratégico. Que a Fiemg faça o seu debate, mas nos deixe também debater o que importa para Minas Gerais.