Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Contesta resposta do governador Romeu Zema a críticas feitas pelo ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, sobre a renegociação da dívida de Minas junto ao governo federal. Convida para ciclo de debates do Sempre Vivas, iniciativa da Assembleia Legislativa para marcar o Dia Internacional da Mulher.
Reunião 5ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/03/2024
Página 29, Coluna 1
Aparteante LELECO PIMENTEL
Indexação

5ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/3/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – (- Canta:) Não vai haver anistia, não vai haver anistia. Não há história de passar borracha, não há história de passar borracha. Também não vou gritar, porque faz mal às cordas vocais e aos ouvidos.

Aliás, Sra. Presidente, eu acho que deveria haver medição dos decibéis aqui porque não adianta gritar. Não é no grito que a gente vai conseguir anistia, mas é interessante a diferença. Enquanto um grande líder não precisa citar nomes… Antes me deixe cumprimentar todos os presentes, cada um e cada uma que estão nos acompanhando, o vereador Tim, lá de Crisólita, que parece estar por aí, os servidores e servidoras desta Casa, o público que nos acompanha pela TV Assembleia e nossa presidenta, é um prazer imenso estar aqui hoje dialogando com V. Exa. presidindo esta Casa, todas as mulheres, todas as deputadas, que hoje iniciaram tão bem o dia. A gente ouve coisas tão boas durante o dia lá no Sempre Vivas e tem que escutar alguns absurdos aqui.

Deputado Leleco, se caísse numa prova, talvez no futuro, afirmativas para a pergunta de uma juíza: “O senhor sabe que pode passar o resto da sua vida em uma cadeia?”. “Sim, sei.” “E o senhor não tem medo disso?” “Não, não perco a minha dignidade, não troco a minha liberdade pela minha dignidade.” E aí, deputado Ulysses, se perguntasse quem foi o grande líder mundial que disse essa frase, que enfrentou os tribunais e disse que não troca a liberdade pela dignidade? Letra A: Luiz Inácio Lula da Silva. Letra B: outro. Letra C, letra D, letra E ou F ou inelegível. Quem vocês marcariam? Luiz Inácio Lula da Silva.

Outra questão logo abaixo, de história, para diferenciar o que é um grande líder, com a possibilidade de ser preso e pede anistia. Quem pediu anistia quando viu que atentou contra a democracia e tantas outras coisas que a gente sabe, contra a saúde, contra a vacina, contra o povo brasileiro. Letra A: o inelegível. Letra B: os seus filhos. Letra C: determinados coronéis do Exército. Letra D: alguns ministros daquela fantástica reunião. Letra E: todas as alternativas acima. Eu iria marcar todas as alternativas acima.

Deputada Leninha, sobre a resposta… Primeiro, eu queria mandar um grande abraço, deputada, e gostaria que todos que estiverem ouvindo essa minha fala enviassem – eu também vou fazer isso – um grande abraço ao ministro Padilha, Alexandre Padilha, colega médico, colega que foi um dos que idealizou o Samu, colega sanitarista, colega que defende a vida, defende a vacina. Deputada Macaé, o Padilha não pode vir a esta tribuna responder o que foi dito aqui que o Zema falou para ele, que ele precisava vir a Minas porque conseguiu pagar o salário que o governador dele não conseguiu, mas ele conseguiu fazer isso. Ele não conseguiu responder. Eu fiquei pensando, pensando, pode, não pode, pode, não pode, eu respondo, não respondo, eu respondo, não respondo, mas eu subi aqui hoje para falar sobre a questão das mulheres. Aí fiquei pensando, respondo, não respondo, vou tentar, não sei se vai dar tempo, mas vou tentar. Eu recorri, deputada Leninha, ao já ex-secretário Gustavo Barbosa, bati um papo com ele há poucos dias nesta Casa, há alguns meses, batemos um papo, cara a cara, perguntas e respostas.

E aí recorri a ele para que respondesse ao Padilha em vez de eu mesmo responder. Então me permitam: o Gustavo Barbosa respondendo ao Padilha sobre o que o governador Zema falou. (- Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) É igual à prova do Enem. (- Continua com o celular próximo do microfone para reprodução de áudio.) Pronto! Ele já não é secretário, mas ele mesmo respondeu, ele mesmo respondeu às provocações que foram feitas aqui.

Eu tenho seis minutos, agora, para fazer uma fala diferente, que creio que seja o que o nosso povo espera ao subir aqui, nesta tribuna; então, não para lembrar de inelegível e para lembrar de golpistas, mas, sim, para levar uma mensagem diferente. Nesta semana a Casa se inicia com um ciclo de debates. Durante todo o mês – não é, deputada Leninha? –, vai ocorrer: Elas Sempre Vivas. Então, hoje, eu não quero falar para elas, eu não quero falar por elas, mas, sim, falar com elas; não só hoje, assim como todos os dias; e estar ao lado delas nessa luta. Minas Gerais ainda é o 2º estado em número de feminicídios. Na minha região, não é diferente. No Vale, a cada dia avança a violência contra as mulheres de todas as maneiras: violência sexual, moral e patrimonial; violência física; violência política – e algumas ficam meio escondidas, não é, deputado Leleco? Então, no dia a dia, ainda são muitas as violências e os sofrimentos que as mulheres vivem.

Esta legislatura é a que tem mais mulheres presentes, deputadas aguerridas. E aqui eu quero não dizer, usar o termo deputada de direita ou de esquerda… Hoje estiveram presentes lá deputadas de várias siglas partidárias. E eu dizia para uma amiga que estava ao lado: “Como é legal ver deputadas de várias siglas e unidas numa pauta!”. Ouvi a deputada Ione fazer uma fala belíssima de empoderamento, falar das mulheres trans. Isso, deputada Bella, foi muito bonito pela manhã e vai ser muito bonito durante a semana e em todo o mês. Eu quero aproveitar este espaço para convidar as pessoas a virem participar desse ciclo de debate, participar de suas casas. Então, repito: a minha ideia, ao subir a esta tribuna, não é para falar por elas. Elas falam por elas. Não é para falar para elas. Elas também falam para elas. Mas é para falar com elas. Durante esta semana e no mês, sempre nas minhas falas, eu tenho dito que hoje e sempre… Estou no meu terceiro mandato e desde que assumi tenho uma assessoria temática de enfrentamento à violência contra as mulheres, que é a nossa querida companheira Lísia que faz esse trabalho belíssimo no Vale de Jequitinhonha e do Mucuri e em toda Minas Gerais. Ela faz essa discussão junto com a promotoria, com a Defensoria, com o governo federal, com membros do governo do Estado, com a Assembleia Legislativa. Eu tenho dito que, na nossa posição, deputado Leleco e deputado Ulysses, é preciso ocupar esse espaço e falar para eles. É preciso convidar os companheiros, os homens, e falar para eles sobre esse tema, convidá-los a se envolverem mais nessa temática, além de dizer a eles que basta, basta de violência contra as mulheres. É preciso isso no dia a dia. Então eu uso este espaço para isso também. Eu uso este espaço, junto com a nossa assessoria, e com muita contribuição pelos espaços onde nós andamos, para falar e para fazer projetos de lei nessa pauta de enfrentamento à violência contra a mulher. O deputado Leleco disse que vai usar por 5 segundos? Vamos tratar dessa temática também. Então é para isso que eu também uso este espaço.

Com muito orgulho, hoje pela manhã, fiz a minha primeira reunião com a minha chefe de gabinete, uma mulher. A segunda reunião foi com a Poliana, nossa assessora. A primeira foi com a Gilmara, chefe de gabinete; depois com a Poliana, da nossa assessoria, uma mulher, para tratar e discutir os projetos da assessoria de processo legislativo, dos projetos que nós iríamos fazer a relatoria na Comissão de Justiça. Diga-se de passagem, deputada Leninha, eu escolhi durante todo esse mês projetos que tratam sobre essa temática para eu apresentar na Comissão de Constituição e Justiça. Daqui a pouco vou também dialogar com a nossa chefe de comunicação, uma mulher. Conversei hoje com a Lísia, da assessoria de enfrentamento da violência contra a mulher. No final do dia, já no final da noite ali, a minha última agenda é com a minha aula de viola caipira – viola é um nome feminino –, com a minha professora Letícia Leal. As mulheres têm que estar em todos os espaços, em todos os espaços onde elas quiserem estar.

Eu sinto porque eu queria ter os meus 15 minutos, mas, infelizmente, não pude porque a gente foi atropelado por algumas falas aí, não é, deputado Leleco? Aí, se a deputada Leninha permitir, V. Exa…

O deputado Leleco Pimentel (em aparte) – Queria parabenizá-lo pela forma pedagógica, didática como utilizou a fala e neutralizou os ataques odiosos que, muitas vezes, ouvimos aqui. Mas quero parabenizá-lo mais pela defesa que fez, nós devemos ter esse testemunho em relação às mulheres, na Assembleia. Os meus parabéns, porque fez com que a gente se sentisse que a gente está no caminho certo. Nós defendemos, nós estamos ao lado e nós entendemos que mulher é também lugar do cuidado.

Quero parabenizar as mulheres da Arquidiocese de Mariana. Na sexta-feira, mais de 300 se reuniram em Lamim. Estivemos lá, eu e o Padre João, e fomos recebidos com rosas. Eu queria oferecer essas rosas aos homens que, ao invés do machismo e da violência, oferecem sempre o cuidado e também essa arte na política de estar junto com elas. Obrigado.

O deputado Doutor Jean Freire – Muito obrigado, deputado Leleco. Deputada Leninha, só para fechar a minha fala. Eu quero aproveitar – se me permite 20 segundos, só para fechar a fala – para dizer que, durante este mês, eu quero ocupar este espaço, como sempre faço, sem gritar, porque faz mal à saúde – eu, na posição de médico, tenho que entender isso –, para falar sobre essas temáticas. Acho que todos nós deveríamos aproveitar, e não só este mês. E não lembrar que é o mês da mulher, a semana da mulher, o dia da mulher; é mês, dia, semana, ano de lutas, sempre. Muito obrigado.