Pronunciamentos

DEPUTADO ANTONIO CARLOS ARANTES (PL), Presidente "ad hoc", coautor do requerimento que deu origem à homenagem

Discurso

Homenagem pelo transcurso do 50º aniversário de fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
Reunião 2ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/02/2024
Página 13, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 4353 de 2023

2ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/2/2024

Palavras do presidente (deputado Antonio Carlos Arantes)

Gostaria de cumprimentar esse grande amigo, grande parceiro, deputado estadual Douglas Melo. O Douglas é um deputado feliz, pois, além de ser um grande deputado, é de uma grande cidade, que tem a felicidade de ter a Embrapa, Sete Lagoas. Obrigado, Douglas. É muito bom ser amigo de um parceiro igual a você, que tem seriedade, capacidade e honra muito não só Sete Lagoas mas também o nosso estado e a nossa Embrapa.

Gostaria de cumprimentar também a Exma. Sra. Selma Lúcia Lira Beltrão, diretora executiva de Pessoas, Serviços e Finanças da Embrapa, que está aqui representando a presidente Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá. Gostaria de conhecê-la; inclusive ela é lá da nossa região. Moro em Jacuí e São Sebastião do Paraíso, que é vizinha de Passos, origem dela. Então, a nossa região está contribuindo para o desenvolvimento da ciência no Brasil.

Cumprimento, ainda, Frederico Ozanan Machado Durães, chefe da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas, esse grande amigo, com quem estou sempre encontrando e com quem sempre estou aprendendo; a Dra. Elisabeth Fernandes, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite – é uma satisfação tê-la conosco aqui; o Exmo. Sr. João Ricardo Albanez, secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, que aqui representa o nosso competente secretário Thales Almeida Pereira. Ele é competente, mas não deu conta do mosquito, gente. Está de cama. A dengue o derrubou.

Cumprimento também o presidente da Fapemig, Prof. Carlos Alberto Arruda de Oliveira. Falo que o governador Zema é um homem muito iluminado por Deus. Acertou em cheio com a presidência da Fapemig. Dr. Carlos é muito bom. É uma pessoa que tem uma capacidade impressionante e vai poder fazer muito pela Fundação de Amparo à Pesquisa – Fapemig – em Minas Gerais. Cumprimento também Francisco Simões, superintendente da Faemg, um grande amigo que está aqui representando o nosso presidente, que teve compromissos e não pôde estar presente. É um grande parceiro nosso e da Embrapa também.

Eu queria cumprimentar, da mesma forma, Adilson Mota, diretor de Ciência e Tecnologia do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário; Everton Ferreira, aqui representando o Ministério da Agricultura; Maurílio, grande amigo, grande parceiro, ex-prefeito e, se Deus quiser, futuro prefeito da nossa Curvelo. Queria cumprimentar todas as lideranças aqui presentes e toda a família Embrapa, que é uma grande família.

Quando falo da Embrapa, lembro-me do Dr. Alysson Paolinelli, pela grande contribuição que ele deu para a construção, para a fundação dessa grande empresa. Ele foi um dos melhores amigos. Sempre fui um seguidor dele, muito próximo dele. Eu e o governador fomos as últimas pessoas que estiveram com ele. Mesmo nas últimas palavras, o assunto Embrapa foi latente. Ele falou do nosso compromisso, da nossa responsabilidade de continuar produzindo e incentivando a produção do mundo; que são sete bilhões de pessoas no mundo e que mais de um bi passa pela nossa produção, pelo nosso produtor, pela nossa Embrapa; que, em 50 anos, poderemos chegar a 10 bilhões e que quem vai ser o país que poderá alimentar esse povo é o Brasil. E a Embrapa é decisiva e fundamental.

Não podemos deixar de falar também do Dr. Eliseu Alves, que é outra pessoa por quem tenho também um carinho especial, pessoa que teve decisão ativa na condução da Embrapa também. E falando de Embrapa, eu preciso voltar, sabe, Douglas, meu amigo? Quando a gente fala dessa ligação, desse amor eterno pela Embrapa – porque é história, não é? –, eu me emociono. Eu sou muito emotivo. Mas, em 1985, como presidente de uma associação de pequenos produtores junto com a Emater e inconformado em ter que vender mais de 20 sacas de milho de 50kg para comprar uma saquinha de 20kg, questionei por que não produzir a nossa semente. Eu provoquei, e ele falou: “Uai, então nós temos que ir à Embrapa, em Sete Lagoas”. E eu me lembro como se fosse agora: era um dia de solão quente, e nós estávamos na Embrapa, em Sete Lagoas, com o Nicolau Chaud – alguns de vocês devem se lembrar dele –, Taquinho e outros de quem eu não me lembro o nome, e falamos daquela vontade de fazer uma parceria. E foi, assim, com uma vontade, com uma disposição por parte da Embrapa, que isso me comoveu! E a Embrapa passou a fazer parte da minha comunidade, Douglas, no Jacuí, no Bairro Mato Dentro, onde nasci e fui criado; ainda temos propriedade lá.

E nós passamos a produzir a nossa semente de milho. Era o BR 106, uma variedade que hoje já ficou para trás, quando se pensa em alta tecnologia, em alta produtividade. Mas isso faz 39 anos, quase 40 anos. Para nós foi uma revolução. Nós passamos a ter a nossa semente, economizando para a aquisição daquela semente e aumentando a produtividade. E a Embrapa estava lá permanentemente, e não só para nós, da associação. Dali se espalhou para muitas associações e para muitos municípios. Então a Embrapa marcou o espaço ali.

E aí, de repente: por que não uma parceria com a Embrapa também para ensinar o produtor a produzir e a armazenar milho para o nosso gado de leite? O nosso gado de leite produzia três litros por animal quando a vaca era boa. Cinco, então, era uma excelente vaca, e 10 era impossível naquela região! E aí passou a haver uma parceria com a Embrapa do Mato Grosso do Sul. Falamos muito em confinamento na época, mas aprendemos a cuidar também das vacas, e não só dos bois, que queríamos engordar. E aí, Dra. Elizabeth, fomos também para a Embrapa de Coronel Pacheco. Levamos os produtores lá dentro da Embrapa, para ver de perto, na prática, que era possível uma vaca produzir 10, 15, 20 litros naquela época. Então foram várias visitas.

E, quando eu falo que a minha vida tem muito a ver com a Embrapa, não é só com a Embrapa, mas com várias outras entidades com que nós tivemos parceria. Mas acabou que a gente se tornou liderança entre os jovens, entre os produtores, a ponto de ser convocado para ser o prefeito da cidade. E aí as nossas parcerias continuaram. Eu até me esqueci de comentar no meu gabinete que uma das primeiras parcerias como prefeito, a primeira, foi com a Embrapa de Colombo, em Curitiba. Eu queria conhecer um projeto, queria buscar uma parceria para preservação ambiental, fazer um projeto bacana de preservação ambiental, de reflorestamento nas nascentes e, com a Embrapa de Colombo, nós criamos aquele convênio. Daí a três anos nós já estávamos recebendo o prêmio internacional no Rio de Janeiro, na ECO-92, como o melhor projeto de preservação de água do Brasil, de preservação ambiental do Brasil. Na época era uma premiação de 500 mil dólares, inclusive, para o município. E hoje está lá o exemplo: Jacuí é um dos municípios que mais tem essa consciência de preservação ambiental.

E tem outra parceria que me esqueci de comentar, que também foi um sucesso, que foi com a Embrapa de Pelotas e Bento Gonçalves. Fui para lá também. Peguei uns amigos que gostavam da área de fruticultura, que ainda não tinham muita experiência, mas gostavam, e montamos um projeto. Esse projeto hoje, naquela região nossa, gera mais de 800 empregos no campo, produzindo frutas, e conta com uma agroindústria com quase 200 trabalhadores, que não só beneficia toda aquela região com a fruta, mas também presta serviço para grandes empresas. Eles só mandam o rótulo, a produção mesmo é de Jacuí, de São Sebastião do Paraíso, de Pratápolis.

Então a Embrapa faz parte da nossa história. Se eu me elegi prefeito na época e acabei crescendo, foi porque o pessoal estava entendendo que a gente poderia ter mais força para desenvolver o município. E se eu me elegi deputado, foi em função de uma gestão exitosa em que a Embrapa teve papel fundamental, junto com a Emater, junto com o IMA, ou seja, eu falo que estou deputado, mas sou é da roça mesmo, sou produtor rural. Por isso esse amor eterno pela Embrapa, esse carinho.

Eu falo que a vida da gente como político, quando se dedica, com o Douglas não é diferente, também é cansativa, não é, Douglas? Sábado, domingo, feriado para a gente é dia de estarmos no interior, correndo. Mas a gente vê coisas também que nos fazem muito bem, que alivia o estresse, como a família e a fé – eu tenho muita fé em Deus –, e lê, porque eu gosto muito de ler. E leio reportagens exitosas. Aqui está a Embrapa nossa, da Cidade de São Carlos. Principalmente na Europa, dizem que o boi brasileiro contamina o nosso ar, contamina o meio ambiente, mas nós podemos falar: “Não, senhor; o boi brasileiro, a Embrapa...” Quando se fala em Embrapa, todo mundo respeita, não é? Em São Carlos foi feita uma pesquisa que fala que o boi brasileiro sequestra mais carbono que emite gases tóxicos, o metano. E isso é pesquisa, não sou eu que estou falando! “Ah, o Brasil produz quase 300 milhões de toneladas, mais de 250 milhões de toneladas de grãos, mas degrada o ambiente”. Através da Embrapa, nós podemos falar que não. A Embrapa mostrou que não. A nossa área ocupada hoje representa ainda pouco mais de 10%. O restante ainda está preservado. E nós podemos dobrar a nossa produção porque nós temos tecnologia Embrapa, sem ter que cortar novas árvores. Eles têm a Embrapa!

É por isso essa paixão. É por isso que, para toda a família Embrapa, ou seja, para vocês, eu tiro o chapéu. Eu tiro mesmo! E podem ter certeza de que vou continuar tirando até os últimos dias da minha vida. A Embrapa, para nós, é esperança; a Embrapa, para nós, é combater a coisa mais triste que há no ser humano: fome. Isto é a Embrapa: levar mais comida para as pessoas não só em quantidade mas também em proteína e, como foi dito aqui, em qualidade. A Embrapa, para nós, é isso.

Então, gente, já estou indo para o sexto mandato e posso dizer a vocês que nós tivemos muitas homenagens bacanas aqui que nos deixaram felizes, muito mesmo. Mas esta aqui, Douglas! Compartilhar com você este momento, para mim, é algo muito rico. Estamos muito felizes por isso e, se Deus quiser, faremos muito mais ainda.

Finalizando, depois dessas colocações... Deus me deu o dom de gostar de ler. O meu avô era uma pessoa da roça e não tinha muita formação, mas era danado, porque tinha uma máquina inglesa e era agrimensor. Ele não passou por faculdade, não, sabe, gente? Eu gostava de medir terra com ele. Quando íamos medir terra, conversávamos com pessoas que tinham mais conhecimento do que nós, que estavam melhor do que nós. E aí o meu avô assinou uma revista rural, na época, de agropecuária, e virei leitor assíduo dela. Depois até eu mesmo comprava essa revista. No dia em que eu li sobre o plantio direto na palha ali na região do Norte do Paraná, fiquei apaixonado pelo tal do plantio direto. Que coisa maravilhosa é o plantio direto! Mas, de repente, comecei a ficar muito triste também porque as reportagens diziam que um plantio direto só dava certo para a Região Sul, porque havia bastante chuva no inverno e formava ali o tal do balseirão, formava a massa. Sem a massa, não era possível fazer o plantio direto.

Mas está evoluído o tempo, não é? Com a passagem dos tempos, começamos a ver que a Embrapa já estava com outra concepção: “Não. É possível produzir isso direto no cerrado”. E ela transformou este país, transformou o Brasil, porque é o pilar que o sustentou nos momentos mais difíceis da pandemia e em qualquer outro momento. O pilar que aguenta este país em pé é o agro. E, graças ao plantio direto na palha, porque, além de ser econômico, ele é extremamente social e extremamente ambiental. A sustentabilidade passa pelo plantio direto. Mas, se não fosse pouco – e já não era muito, já era demais –, nós achávamos o que mais? Aí, veio o ABC, que é a agricultura de baixo carbono, em que você pode produzir grãos e, ao mesmo tempo, pastagem, floresta e preservação ambiental. Eu falo que tenho de minha propriedade uma área que... Olha, a cada 50m, eu tenho duas carreiras de eucalipto. Então vejo na prática. Nas altas temperaturas, o gado passa o dia todo na sombra e vai ficando naquela região; e o sol vai virando. Quer dizer, essa é a Embrapa!

Gente, que Deus abençoe a nossa Embrapa e o nosso presidente. Na fala dele também, ele disse que a pesquisa é a fonte da inovação, é o motor do desenvolvimento. O maior exemplo disso é a trajetória da Embrapa ao longo desses seus 50 anos de contribuição para o crescimento do nosso país. A longevidade da empresa é fruto do seu dom de fazer valer a experiência acumulada, enquanto enfrenta os desafios contemporâneos e refina sua capacidade para antecipar tendências, criar possibilidades e abrir caminhos inovadores.

A segurança alimentar e a soberania alimentar que o Brasil tem hoje não seriam possíveis sem todo esse trabalho da Embrapa. É também graças à Embrapa que o setor agropecuário nacional, cada vez mais, vem aumentando suas exportações, gerando emprego e renda e se destacando com vantagens competitivas no cenário global. Uma das marcas da empresa é a sua impressionante capacidade de, com pouco, fazer muito. Tanto é assim que, com sua equipe bastante enxuta, consegue alcançar resultados realmente notáveis, inclusive o efeito poupa-terra, que é fazer com que, em um mesmo terreno, em um mesmo espaço, o produtor tenha um rendimento ainda muito maior. Produtividade, não é, gente?

Em Minas Gerais, temos a Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas; e a Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora. As duas unidades contam com laboratórios e equipamentos de ponta, oferecem uma extensa gama de cursos e publicações e são de grande efetividade na transferência de tecnologia. Sendo assim, não é por mera coincidência que, no acumulado desses 50 anos, Minas Gerais ocupa, no cenário nacional, o 2º lugar na produção de sorgo e feijão; e o 1º na produção de leite e café.

Na Assembleia de Minas, as pautas de interesse do setor agropecuário são tratadas com empenho e dedicação e estão sempre na ordem do dia, tanto no Plenário quanto nas comissões parlamentares. O Parlamento mineiro reconhece a inestimável contribuição que a Embrapa, ao longo deste seu primeiro meio século de existência, tem prestado ao desenvolvimento de Minas e do Brasil. E do mundo, não é, gente? Não é só no Brasil, não!

Por todos esses motivos, é com grande satisfação que, em nome da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, homenageamos, nesta solenidade, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, pelos seu cinquentenário. Manifestamos, nesta ocasião festiva, nossos votos do mais pleno sucesso aos dirigentes e colaboradores dessa empresa, no desempenho dessa sua valiosa missão – e que missão, não é, gente? – que tantos benefícios traz para toda a sociedade.

Muito obrigado a todos. Que Deus proteja a nossa Embrapa e proteja cada membro desta família Embrapa! Muito obrigado a todos.