Pronunciamentos

ADILSON FERREIRA DA MOTA, Diretor de Ciência e Tecnologia do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

Discurso

Homenagem pelo transcurso do 50º aniversário de fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
Reunião 2ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/02/2024
Página 11, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 4353 de 2023

2ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/2/2024

Palavras do Sr. Adilson Ferreira da Mota

Bom dia a todas e a todos. Eu iniciarei cumprimentando o deputado Antonio Carlos Arantes, agradecendo-lhe muito, em nome do Sinpaf, essa homenagem aos 50 anos da Embrapa; o deputado Douglas Melo também e os demais da Mesa. Eu não gostaria de me estender muito nesses cumprimentos – o Cerimonial pediu que eu fosse breve –, então, em nome dos dois deputados, eu saúdo os demais componentes da Mesa, saúdo também as autoridades presentes no auditório, os parlamentares, os senhores e as senhoras.

Eu inicio, após esses cumprimentos, dizendo que a Embrapa, ao longo desses 50 anos – vejam bem: desde 1973 –, contribuiu para o aumento da fronteira agrícola com a incorporação então de novas áreas de plantio de culturas, adaptação de culturas, criações em ambientes diversos. Como exemplo, nós sempre citamos os cerrados, a introdução dos cerrados no sistema de produção brasileiro, neste país imenso, com essa vocação agrícola gigantesca e esses ajustes dos sistemas.

Nós estávamos no gabinete do deputado Antonio Carlos Arantes, e ele vinha contando que, quando ele era mais jovem e morou na roça, uma vaca que pesava 3,5kg era uma boa vaca. Vejam só! Eu sou de origem rural também, e isso também aconteceu na minha vida. E hoje eu vejo vacas produzindo 70, 80 litros em três ordenhas. É um aumento gigantesco! O melhoramento genético animal e vegetal que a Embrapa conduziu para as nossas situações foi maravilhoso! E esse crescimento, então, da produção se deveu aos investimentos públicos e à qualificação técnica dos profissionais que compõem o quadro da Embrapa, tanto pesquisadores, quanto analistas, técnicos e assistentes.

Os quadros da Embrapa são altamente qualificados. O quadro de pesquisadores compete com qualquer equipe do mundo. São muito bem treinados, muitos deles no exterior. Ao longo desses 50 anos, esses empregados então também foram submetidos aos desafios e às dificuldades: redução de orçamento, cortes orçamentários. E trabalhar em pesquisa com pouco investimento é difícil! Trabalhamos muitos anos sem concurso público. Agora, com essa nova gestão, é que se avizinha a possibilidade de um concurso público, a oxigenação das equipes, a renovação do quadro. Isso é muito importante para a Embrapa. E temos alguns pequenos ajustes a fazer para um horizonte próximo, que é a questão de começarmos a trabalhar com terceirização, o que muitas vezes pode comprometer a qualidade da pesquisa, porque os terceirizados não têm o compromisso que os empregados da Embrapa têm com o resultado das suas pesquisas. Nós vamos ter que aprender a fazer isso. E temos também algumas questões da natureza da Embrapa em relação à burocratização das decisões, a verticalização dessas decisões, que nós vamos ter que corrigir.

E o grande desafio para os próximos anos é a questão da fome. Não é possível um país deste tamanho, desta natureza ter fome. E não é questão da fome daquele que está morrendo de fome, é a fome da insegurança alimentar, é a fome daquelas populações mais humildes que se alimentam com pouca proteína. As crianças não comem iogurte, não comem queijo. Elas se acostumam a um modo alimentar de qualidade inferior. Nós temos que trazer essa população para o consumo, investir na melhoria da qualidade alimentar do povo brasileiro, e a Embrapa deve ser usada estrategicamente para atender esse objetivo.

E aí a programação da Embrapa pode ser mais bem distribuída entre a produção de commodities, que é claro que são importantes, porque, com a venda delas para o mercado exterior, melhoramos a balança comercial, e a programação para a agricultura familiar, que é responsável por 70% da produção de alimentos para o consumo da população. Então priorizar esse combate à fome e à insegurança alimentar é um dos grandes desafios que a Embrapa tem para os próximos 50 anos. Deveremos então estar alinhados para reduzir essa desigualdade alimentar e social urbana e no campo.

Precisamos então valorizar a pesquisa orientada para esse grande interesse público, com a produção e o consumo de alimentos saudáveis, valorizando a agroecologia e a soberania alimentar. Serão as grandes conquistas da Embrapa em um próximo período. Nos próximos anos, a Embrapa será muito importante por contribuir para esse aumento sustentável da produção agrícola com preservação dos recursos naturais, sendo então a Embrapa pública, ou seja, atendendo o interesse do povo; democrática, com decisões colegiadas e horizontais; e inclusiva, para incluir a agricultura familiar na sua programação com mais ênfase.

Eu encerro então dando os parabéns à Embrapa por esse período, 50 anos. Um feliz aniversário, muitas felicidades, muitos anos de vida e muita saúde para os próximos 50 anos. Muito obrigado.