DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)
Questão de Ordem
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/02/2024
Página 54, Coluna 1
Indexação
2ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 20/2/2024
Palavras da deputada Bella Gonçalves
A deputada Bella Gonçalves – Nós estamos caminhando para um mundo de valores cada vez mais distorcidos. O que o mundo inteiro defende hoje quando condena as ações do Estado de Israel é a existência de dois estados: o estado do povo judeu e o estado do povo palestino, convivendo em paz, respeitando a soberania de cada um dos estados. Mas o que está em curso atualmente é, sim, um processo de genocídio, genocídio que tem matado sobretudo mulheres e crianças. Olha, gente, os dados são alarmantes sobre o que acontece no Oriente Médio, na Faixa de Gaza. Nós já tivemos… Os números são assustadores, e a gente não tem que lembrá-los de cor: 29.398 pessoas morreram, sendo que 8 mil corpos estão desaparecidos nos escombros. Isso representa 1,68% da população palestina em Gaza. A maior parte dos que morreram são civis, mulheres e crianças, atacados, em alguns casos extremos, dentro de hospitais ou mesmo morreram de fome, em razão do impedimento da entrada de alimentos e de água para o povo palestino. E a declaração de Lula acontece justamente em um momento em que se preparava, pelo Estado de Israel, um ataque a um acampamento grande, onde estão os refugiados da Faixa de Gaza. Esse ataque que poderia acontecer – e ainda pode acontecer a qualquer momento – teve, nessa palavra do presidente, um processo de freio. E, como grande estadista que é, líder mundial, Lula foi seguido. Após a declaração de Lula de que o que acontece hoje na Palestina é um genocídio, vários líderes mundiais da União Europeia se manifestaram também contrários ao que acontece no Oriente Médio. Nós precisamos buscar a paz. Buscar a paz não é ser contrário ao povo judeu. Buscar a paz não é ser contra o Estado de Israel. Buscar a paz é atacar a ideologia sionista, porque essa, sim, é genocida, é colonial, é uma ideologia perversa, que tem produzido milhares de mortos no mundo. Vemos que 1,68% da população de Gaza – e a porcentagem dessa população é constituída de crianças – representaria 237 vezes mais mortes de crianças do que aquelas que aconteceram no Holocausto. E eu não estou reduzindo o tamanho do Holocausto. O Holocausto foi terrível. O mundo inteiro se envergonha daquela história. Hannah Arendt teve que falar não apenas sobre as pessoas que mataram, mas também sobre a banalidade do mal daqueles que, por exercitarem um cargo público, participaram do processo de extermínio de judeus ou se silenciaram. A banalidade do mal está disseminada entre nós. Aqueles que acham normal dezenas de milhares de crianças serem bombardeadas dentro de hospitais diariamente, com transmissão para o mundo inteiro, ao contrário do que aconteceu na Segunda Guerra, que acham que isso é legítimo e que ser contra isso é ser antissemita… Olha, distorções de valores é o que a gente tem vivido aqui, e eu não podia deixar de me manifestar aqui com orgulho em defesa do meu presidente Lula.