DEPUTADO CORONEL SANDRO (PL)
Questão de Ordem
Legislatura 20ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/02/2024
Página 41, Coluna 1
Indexação
2ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 20/2/2024
Palavras do deputado Coronel Sandro
O deputado Coronel Sandro – Boa tarde, caros colegas. Sr. Presidente, em reunião ocorrida no dia 18/2/2024, na 37ª Cúpula de Chefes de Estados e Governo da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia, quando uma jornalista perguntou ao atual presidente do Brasil, de quem me recuso a falar o nome, sobre os aportes, se o Brasil continuaria fazendo para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio, depois que vários países suspenderam os repasses sob suspeita de que essa agência está ajudando os terroristas do Hamas, na sua resposta o atual presidente do Brasil diz o seguinte, dentre outras coisas, mas o que é relevante é o que vou ler aqui, agora: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”. Essa pessoa ignóbil, que hoje, infelizmente, está na presidência do Brasil, comparou uma ação de resposta e resistência a ataques terroristas ao Holocausto protagonizado por nazistas na 2ª Guerra Mundial, que culminou no genocídio de mais de seis milhões de judeus em todo o mundo, principalmente na Europa. Depois que foi dito isso por essa pessoa inominável, que sequer sabe o que efetivamente aconteceu na Segunda Guerra Mundial com os judeus, eu só posso sentir vergonha. E faço esse pronunciamento aqui, hoje, para deixar registrado o meu repudio contra esse ato. Todo o sistema que hoje apoia esse cidadão, se é assim que nós podemos chamá-lo, saiu para justificar a sua fala injustificável e indefensável, diga-se de passagem, buscando contemporizar dizendo que a reação às falas dele é exacerbada e que os bolsonaristas estão utilizando as redes sociais para fazer uma reação desproporcional ao que foi dito. Mentira! O que foi dito é de uma proporção e de uma desumanidade tão grande que o mundo inteiro se insurgiu contra esse calhorda. Existe até uma jornalista, e eu não vou dizer o nome dele, não, que vai até publicar um livro sobre sionismo, e ele disse que o Lula não errou; o inominável não errou; errou na grandeza, mas acertou na metodologia. É porque está querendo que as pessoas simples do Brasil e que todos nós, com um conhecimento razoável, acreditemos que tem como comparar o genocídio de 6 milhões de judeus com os 26 mil mortos na Faixa de Gaza. Aí ele quer estabelecer uma relação metodológica de que a intenção é a mesma: o genocídio de Israel e o que os nazistas e o Hitler fizeram contra os judeus. Errado! Lula errou quando falou em termos de grandeza; errou quando falou em termos de metodologia; errou quando falou em termos de direitos humanos; errou em tudo nessa situação para exatamente esconder a posição que a esquerda tem sobre o terrorismo no mundo, e, em especial, sobre o Hamas que atacou Israel. E por que errou tanto em grandeza quanto em metodologia? Em grandeza, não há dúvida. E em metodologia? O que fez Israel? Seu território soberano foi atacado por um grupo terrorista. Sr. Presidente, vou só me alongar um pouco para para poder concluir. Israel foi atacado por um grupo terrorista que matou mulheres e crianças, que estuprou mulheres e sequestrou mais de duas centenas de israelenses e judeus, mantendo-os sequestradas até hoje. E Israel, em resposta, foi atrás dos terroristas para recuperar os seus filhos que ainda estão em cativeiro; foi atrás do Hamas, o grupo terrorista reconhecido mundialmente, menos pelo Brasil, e o que ele faz? Obedece à Convenção de Genebra, que regula a metodologia de guerra no mundo, porque infelizmente ainda existe isso. Ou seja, respeita os locais que não podem ser atacados: campos de refugiados, hospitais, escolas. E, quando se vai fazer um ataque, abre corredores humanitários para a retirada da população e permite ajuda humanitária. Isso Israel fez. Agora o que é que fez Hitler e os nazistas? Eu vou concluir, Sr. Presidente. Primeiro, após assumir o poder, os nazistas disseram que a culpa de a Alemanha estar naquela situação, depois do término da Segunda Guerra, era dos judeus que detinham um grande poder econômico. Depois disso, proibiram as pessoas de comprar nos estabelecimentos comerciais dos judeus; depois disso, proibiram os judeus de circular nas ruas em determinados horários.
O presidente – Para concluir, por favor, deputado Coronel Sandro.
O deputado Coronel Sandro – Para concluir, depois disso, marcaram os judeus com a Estrela de Davi para que fossem identificados e cadastrados; depois disso, confiscaram os seus bens; depois disso, colocaram os judeus em guetos, em pedaços da cidade, e foi assim que ficou famoso o Gueto de Varsóvia; depois disso, usaram os judeus como mão de obra escrava na indústria de guerra; depois disso, levaram os judeus para campo de concentração; depois disso, levaram os judeus para a câmara de gás. E assim praticaram o genocídio de 6 milhões de judeus. É por isso, caros deputados, que nem de longe, em quaisquer aspectos, se compara a ação de Israel hoje ao que praticou o genocida Hitler e seus nazistas. Infelizmente nós temos pessoas que fazem essa comparação calhorda e canalha. O que fez Israel? Declarou: “Lula, persona non grata”. A pena mais grave aplicada pela diplomacia mundial por um país democrático e soberano a um chefe de Estado.
O presidente – Ok, deputado Coronel Sandro.
O deputado Coronel Sandro – Lula tomou um proibidão de Israel…
O presidente – Eu peço a compreensão de V. Exa…
O deputado Coronel Sandro – Ele não pode pisar lá.
– Falas sobrepostas.
O presidente – Peço a compreensão de V. Exa, por favor! Sras. Deputadas e Srs. Deputados, o art. 165 diz que são considerados questão de ordem, e aqui agora suscitou e utilizou do expediente, o deputado Coronel Sandro. As dúvidas sobre interpretação desse Regimento na sua prática ou nas relacionadas com o texto Constitucional, vimos que o primeiro orador não tratou do que está ressalvado no art. 165 do nosso Regime Interno. Nós temos o horário a ser cumprido por oradores que estão devidamente inscritos e têm até o horário para poder terminar. Feita essa consideração, a presidência resolve dar o mesmo espaço a alguém do partido contrário para se manifestar e, logo após, iniciaremos o momento com os oradores devidamente inscritos. Com a palavra, pela ordem, o deputado da Leleco Pimentel.