Pronunciamentos

DEPUTADA MACAÉ EVARISTO (PT)

Questão de Ordem

Manifesta solidariedade às parlamentares, perante a continuidade de ameaças sofridas por elas.
Reunião 36ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/10/2023
Página 11, Coluna 1
Indexação

36ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 25/10/2023

Palavras da deputada Macaé Evaristo

Questão de Ordem


A deputada Macaé Evaristo – Bom dia, Sr. Presidente! Bom dia, deputada Leninha, nossa vice-presidenta! Presidente, eu quero lamentar o que está ocorrendo nesta Casa e também falar para a população de Minas Gerais. É uma luta muito grande para que as mulheres, nas suas mais diferentes formas de pensar e de experiências de vida, possam chegar a este Parlamento. E é inadmissível o que nós estamos vivendo em Minas Gerais: parlamentares eleitas tendo seu mandato colocado em risco devido à violência, ameaças que não cessam, são diárias, cotidianas, nos e-mails da Assembleia Legislativa, nos e-mails pessoais das parlamentares; ameaça de assassinato, ameaça de estupro coletivo, tudo isso motivado por posições políticas, pelo exercício do mandato parlamentar. Nós chegamos aqui em função de um programa político, de uma pauta política. E nós fomos eleitas e temos direito a esse exercício, o direito à vida pública, o direito à política, que é um direito das mulheres. E nós somos muitas mulheres, estamos nos mais diferentes lugares. Não cabe aqui nenhum julgamento sobre a agenda, sobre o que faz uma deputada, porque não é muito diferente do que faz um deputado. E outra coisa, quando uma parlamentar está sendo ameaçada de morte, de estupro coletivo, não há um lugar, não há uma bola de cristal para a gente adivinhar onde isso vai acontecer. Infelizmente, no nosso país, nós já vivemos isso e choramos a morte de Marielle – a gente recebeu aqui ontem a irmã dela, a nossa ministra da Igualdade Racial. A gente sabe que Marielle foi assassinada num dia de semana comum, saindo de uma reunião de trabalho, mas nós não sabemos... O irmão da deputada Sâmia Bomfim foi assassinado junto com outros dois médicos, chegando ao Rio de Janeiro para um congresso. É claro, a gente sabe que, por trás disso, existem as questões e os posicionamentos políticos. Ontem, infelizmente – e eu quero prestar aqui a minha solidariedade também à deputada Sâmia Bomfim –, a deputada se afastou do seu mandato parlamentar devido a toda gravidade dessa situação, que, no nosso país, tem sido empurrada para debaixo do tapete. Apesar dos esforços, como disse aqui o nosso líder, que os governos têm feito, eles são insuficientes. Então esta Casa tem que parar para dizer o que que está acontecendo. Se é inadmissível que ofensas como essa, tentativas de interdição sejam ditas por qualquer cidadão e cidadã contra uma parlamentar, é mais inadmissível ainda que, dentro desta Casa, existam pessoas que queiram auferir fama, ibope, destruindo a vida parlamentar de uma mulher nesta Casa. Então, Sr. Presidente, nós temos que exigir. Nós temos órgãos da polícia, nós temos inteligência da polícia. Não é possível que a gente não tenha, até hoje, colocado aqui, na Mesa, quem são os responsáveis por essas ameaças, seja à deputada Andréia de Jesus, que há anos vive com escolta, sejam às nossas colegas deputada Bella, deputada Beatriz Cerqueira, deputada Lohanna. Não dá mais! Não dá para esta Casa agir como se nós estivéssemos na normalidade. Isso é tentativa autoritária, isso é ataque à democracia, e a gente, em absoluto, não pode se silenciar diante desse fato. Então minha solidariedade a todas as parlamentares, em especial à deputada Bella Gonçalves. E que a nossa Comissão de Ética comece fortemente a trabalhar para que a gente pare, de uma vez por todas, com esses arroubos, que eu poderia chamar de infantis se não visse, por trás disso, uma ação que coloca em risco a vida das nossas parlamentares. Obrigada.