Pronunciamentos

DEPUTADO BRUNO ENGLER (PL)

Discurso

Declara posição contrária ao projeto de resolução que concede o título de Cidadão Honorário do Estado a Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, em turno único.
Reunião 65ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/10/2023
Página 72, Coluna 1
Aparteante CAPOREZZO, CORONEL SANDRO, SARGENTO RODRIGUES
Indexação
Proposições citadas PRE 16 de 2023

65ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 3/10/2023

Palavras do deputado Bruno Engler

O deputado Bruno Engler – Boa tarde a todos os colegas. Não devo gastar a hora inteira, não, não sei, vamos ver. Boa tarde a todos os colegas, a todos aqueles que de alguma maneira acompanham esta reunião.

Sr. Presidente, pedi para encaminhar esse Projeto de Resolução nº 16/2023, que concede o título de Cidadão Honorário do Estado a Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho porque estou na dúvida de qual Geraldo Alckmin está sendo homenageado. Será aquele Geraldo Alckmin de antigamente, que chamava o Lula de bandido, de corrupto e de chefe de quadrilha, ou será o Geraldo Alckmin versão 2023, que traiu todos os seus valores e tudo aquilo que sempre defendeu em troca de um cargo de vice da Janja? É isso que estou querendo saber: qual Geraldo Alckmin vai ser homenageado aqui no Estado de Minas Gerais.

Vamos lembrar um pouquinho da trajetória do Alckmin e do seu relacionamento com o seu presidente, o atual presidente da República. Olha um pouco dos embates que tiveram quando debateram para a presidência da República, no ano de 2006. (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) Alckmin, 34 ministérios era muito? Hoje são 38, e você está na vice-presidência da República. (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) Será que, agora que está na vice-presidência e convive regularmente com Lula, ele já sabe quem arrumou o dinheiro vivo, o dinheiro sujo para comprar o dossiê que denunciava em 2006 ou será que ainda não descobriu? (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) Pois é, pessoal, não é de hoje a farra com o dinheiro público para viajar pelo mundo com o cartão corporativo. Só que, antes, o Alckmin era contra, não é? Ele denunciava no debate e, agora, faz parte desse governo. Será que é o Alckmin que falou isso aqui do Lula e do PT em 2017? (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) “O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso, sem ética.” Agora nós vamos dar aqui um título de Cidadão Honorário ao ladrão de merenda, a um cara que desvia dinheiro da merenda escolar? Ora, toda espécie de corrupção é abominável. Mas quem tem coragem de tirar o dinheiro do alimento das crianças? “Ora, Bruno! Mas você está sendo leviano na sua acusação!”. Não sou eu quem acusa, não! Quem acusa é o próprio Lula. Nota do Instituto Lula – e aqui eu faço questão de ler: “Seria mais proveitoso para a população de São Paulo se a imprensa perguntasse e o governador explicasse os desvios na obra do metrô e na merenda escolar, a violência contra os estudantes e os números maquiados de homicídios no Estado”. Isso é a nota oficial do Lula falando do Alckmin, em 2017. Será que o Lula é um mentiroso ou será que a gente está aqui para homenagear um ladrão de merenda, uma pessoa que desvia verba pública do alimento das crianças? Fica a dúvida, fica o questionamento!

Mas vocês pensam que acabou? Tem mais! São muitos anos que o Alckmin fingiu ser oposição a Lula para, depois, se vender e se aliar a ele. Mas este aqui eu confesso que é o meu preferido. (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) “Lula quer voltar à cena do crime.” Esse era o discurso do Alckmin em 2018, para, em 2022, dar as mãos ao ladrão e, junto com ele, a cena do crime é assaltar o nosso país. Um homem que vende os seus valores, que trai as suas posições, que nega aquilo tudo que sempre defendeu não é digno de homenagem! Um cidadão que vende a sua alma ao diabo por uma cadeira de vice-presidente da República não merece o título de Cidadão Honorário do Estado de Minas Gerais!

O deputado Caporezzo (em aparte) – Obrigado, deputado Bruno Engler. Parabéns pela sua brilhante explanação! É impressionante! Querem dar um título de Cidadão Mineiro ao picolé de chuchu, ao ladrão de merenda, a uma pessoa que nunca fez nada e não representa nada para o povo de Minas Gerais. E aí os petistas começam a ficar doídos. Doídos por quê? Tem que ficar doído com o que o próprio Alckmin falou. O que ele falou? “”Querem voltar ao local do crime!” O PT voltou, e você, Geraldo Alckmin, que não tem vergonha na cara, voltou junto com eles. E aí eu me lembro de que você falou, recentemente, de maneira, no mínimo, tragicômica, citando o mestre Miyagi: “A vida pode te derrubar, mas você decide quando é hora de levantar”. Foi isso que você falou. (– Ri.) É inacreditável! Então o PT o derrubou várias vezes. Você não conseguiu ser presidente da República e, agora, está sendo vice de uma cuidadora de idosos. Que legal! Está na esperança de assumir a presidência se alguma coisa acontecer nessa cirurgia do Lula, não é? Só digo uma coisa para você, Miyagi Tupiniquim: nunca vou votar a favor disso. A direita vive em Minas Gerais!

O deputado Bruno Engler – Obrigado, deputado Caporezzo. Concedo aparte agora ao deputado Coronel Sandro.

O deputado Coronel Sandro (em aparte) – Obrigado, deputado Bruno Engler. Se V. Exa. me permitir, eu gostaria de fazer esse aparte aí ao seu lado, na tribuna. Posso ir?

O deputado Bruno Engler – Fique à vontade!

O deputado Coronel Sandro (em aparte) – Sr. Presidente, caros colegas, primeiro eu quero cumprimentar o meu colega deputado Bruno Engler pela iniciativa de fazer a discussão aqui. Eu não me inscrevi para discutir, nem o Caporezzo, porque nós queremos votar. Mas não poderíamos deixar passar batido essa intenção nefasta de dar um título de cidadão mineiro para alguém que nunca fez nada para Minas Gerais.

E olha o seguinte: eu sei por que ele fez aquela apologia ao Karate kid. É porque kid é criança em inglês. Como ele é ladrão de merenda, é claro que ele tinha que se lembrar. É o karate kid mesmo da nossa política. Sabe o que mais me incomoda nisso? É que aqueles que ficam defendendo ética aqui, neste Plenário, têm a desfaçatez de propor uma honraria tão relevante e significativa para alguém que, politicamente, não tem palavra. Como bem dito e exposto pelo deputado Bruno Engler aqui, o que ele falou do atual presidente da República, coisas impublicáveis, mas que foram publicadas, era para ele nunca sequer entrar em um estabelecimento onde estivesse o presidente da República. Mas o que ele fez? Ele juntou-se a ele. E como bem disse o deputado Caporezzo, se o Lula voltou ao local do crime, e o Geraldo Alckmin está ao lado dele nessa volta, o que ele é? O que são os dois? Quem volta ao local do crime é quem cometeu o crime.

Então, Minas Gerais, é até possível que esse título de cidadania seja aprovado aqui, hoje. É até possível! Mas, para ficar bem claro: nunca com o meu voto! Jamais com o meu voto! Jamais com a minha concordância! Se uma coisa que o mineiro tem, e mineiro raiz como eu, como Bruno Engler, como Caporezzo, é vergonha na cara. Nós não vamos votar uma sem-vergonhice dessa aqui para fazer graça para ninguém, não. Nós vamos votar contra e vamos nos manifestar contra essa indecência que estão querendo fazer aqui, hoje, no Parlamento.

Fica aqui registrado o meu repúdio, a minha manifestação contrária e, acima de tudo, as minhas congratulações ao deputado Bruno Engler pelas suas palavras e ao deputado Caporezzo pelas suas palavras contrárias a esse absurdo, para dizer o mínimo. Obrigado, Sr. Presidente.

O deputado Bruno Engler – Obrigado, deputado Coronel Sandro. Agradeço as palavras de V. Exa. Concedo um aparte ao deputado Sargento Rodrigues.

O deputado Sargento Rodrigues (em aparte) – Ilustre colega, deputado Bruno Engler, da mesma forma, venho aqui manifestar o meu voto contra, porque é difícil você trazer uma matéria dessa para o Plenário sem que haja um posicionamento nosso em relação a isso. O vídeo se tornou comum em todas redes sociais, onde o então Geraldo Alckmin falava o tempo todo que Lula quer retornar à cena do crime, e a gente presenciou que, ao avançar das eleições, ele retornou junto. Ele retornou junto. Ou seja, o Geraldo Alckmin se tornou comparsa daquele que ele criticava e daquele que ele chamava de ladrão. Então é óbvio que não tem cabimento você aportar o título de Cidadão Honorário à pessoa de Geraldo Alckmin, sem que haja uma reação nossa aqui, em Plenário, dizendo que o nosso voto é “não”. Então, ao Sr. Geraldo Alckmin, o nosso voto é “não” à concessão do título de Cidadão Honorário aqui, em Minas Gerais.

Parabéns a V. Exa.

O deputado Bruno Engler – Obrigado, deputado Sargento Rodrigues.

Os vídeos que eu trouxe são apenas alguns exemplos das falas do Alckmin a respeito do Lula. Há muito mais! A gente tem aqui, quando falamos na questão de chefe de quadrilha. Abro aspas para Geraldo Alckmin em comício, aqui, em Minas, em 2006: “Que tempos são esses em que o procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos que tem na lista ministros, auxiliares e amigos do presidente? Que tempos são esses em que, cada vez que ouvem uma notícia sobre a quadrilha dos 40, os brasileiros pensam automaticamente, em silêncio: 'E o chefe? Onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões?'”. Pois é, Alckmin, o chefe agora é o seu chefe, é o seu líder, porque você não tem um pingo de vergonha na cara e decidiu jogar toda a sua história no lixo por se unir àquele que você sempre criticou.

Ele chegou a dizer também que o PT tem associação com o PCC, com o Primeiro Comando da Capital. E dizia isso muito antes do áudio dos diálogos cabulosos que todos nós já ouvimos e conhecemos. “Há indício, sim, de associação”, fala do Alckmin: “Há indício, sim, de associação. Basta você olhar o manifesto do PCC, o que eles dizem sobre a política e as coisas que se diz que eles dizem, inclusive nas gravações. Eu não diria que há provas, mas isso merece ser investigado”. O Alckmin, antes mesmo de surgir o áudio do líder do PCC dizendo que tinha diálogos cabulosos com o PT, que a relação com o PT era muito boa, já apontava uma ligação do Lula com o PCC.

Então, para encerrar, presidente, porque a intenção aqui não é obstruir, cada um vota de acordo com a sua consciência... Eu vou votar contra, tranquilamente, mas, para encerrar, fica o questionamento: qual é o Alckmin que nós vamos estar homenageando? É o Alckmin que chamou o Lula de chefe de quadrilha? É o Alckmin que disse que o Lula voltaria à cena do crime? É o Alckmin ladrão de merenda? Não sou eu que estou falando, foi o Lula que falou que ele é ladrão de merenda. Eu fico curioso de ver o pessoal do PT votar a favor. O Lula disse que ele é ladrão de merenda, e a gente vai votar a favor de ladrão de merenda? É no ladrão de merenda em que a gente vai estar votando ou será no Alckmin 2023, o Alckmin que abaixa a cabeça e aceita calado a humilhação de ser vice da Janja, porque nem vice do Lula ele é mais, ele foi rebaixado a vice da Janja.

Então o meu encaminhamento, o meu pedido é que votemos “não”. Obrigado, presidente.

O presidente – Obrigado, deputado Bruno Engler.