Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Registra a presença de Antônio César Tonhão, vereador do Município de Campo Florido, e de sua mãe, Lúcia. Presta homenagem pelo transcurso do 33º aniversário do Sistema Único de Saúde - SUS.
Reunião 62ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/09/2023
Página 105, Coluna 1
Indexação

62ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 20/9/2023

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Muito obrigado, presidenta, deputada Leninha, companheira. Quero cumprimentar os deputados aqui presentes; público que nos acompanha pela TV Assembleia, público que nos acompanha, de casa, pela TV Assembleia; servidores e servidoras desta Casa.

Sra. Presidenta e caro companheiro Cristiano, presidente do Partido dos Trabalhadores, antes de iniciar a minha fala, eu gostaria de cumprimentar o vereador do nosso partido, Antônio César Tonhão, um grande companheiro da nossa querida Campo Florido, lá no Triângulo Mineiro, que está ali, na galeria, acompanhado de sua mãe, a D. Lúcia. Ela, assim como o seu irmão, sempre o acompanha nas lutas, nas viagens a Brasília, nas viagens por Minas Gerais. Quero dizer, Tonhão, que eu tenho uma felicidade imensa em ser correligionário, companheiro de luta e da sua história de vida, camarada. Parabéns pelo trabalho belíssimo que você faz na Câmara de Vereadores de Campo Florido e em toda a região. Parabéns! E, hoje, ouvi aqui a fala do deputado Cristiano, presidente do nosso partido, que lembrou a importância do dia de amanhã, do Dia Nacional da Pessoa com Deficiência. O Tonhão é um companheiro de luta e é tetraplégico. Você vê aqui, companheiro, a importância da representatividade em todos os espaços. Esta é uma Casa, Tonhão, que preza muito pela acessibilidade e, mesmo assim, você vê a dificuldade que é transitar pelos espaços aqui para a pessoa que tem deficiência. Então veja a importância de você estar ocupando esses espaços, de ocupar espaço na Câmara de Vereadores, como liderança política. Parabéns a você! Seja muito bem-vindo a esta Casa, que o recebe de braços abertos, assim como a sua mãe, a D. Lúcia, que sempre o acompanha, pela missão que você veio fazer também aqui. Você está em missão acompanhando os jovens do Parlamento Jovem. Então parabéns! Transmita o nosso abraço a todos eles. Quero aproveitar para deixar um abraço para cada companheiro e companheira da querida cidade de Campo Florido e dizer que pode continuar contando com o nosso trabalho, a seu pedido, sempre nas demandas da região. Daqui a pouco nós vamos nos encontrar lá no Parlamento Jovem. Seja muito bem-vindo! Muito obrigado pela visita ao nosso gabinete, a este Parlamento. Você também é um parlamentar lá na sua cidade e faz um trabalho belíssimo.

Sra. Presidenta, eu queria aqui… Ontem eu me preparei para fazer uma fala pelos 33 anos daquele que considero o maior plano de saúde do mundo, o maior plano de saúde do mundo, daquele que considero que tenha a ousadia de fazer saúde pública e de qualidade para todos e todas.

Ontem, não foi possível eu subir na tribuna, não deu tempo de eu chegar no momento da minha fala, deputado Leleco, e a deputada Ana Paula fez um discurso belíssimo aqui parabenizando o SUS. Mas eu cheguei em casa e falei: “Ainda vou publicar os parabéns a esse sistema de saúde”. Eu, que sou médico, e a minha filha, que é estudante de medicina, resolvemos fazer um vídeo fazendo uma escuta pulmonar. Na hora de colocar o estetoscópio, sempre os médicos pediam para o paciente falar 33. Foi este o nosso intuito, ontem: a cada 33 que eu falava, a minha filha respondia algo que o SUS faz, e faz bem. Até cheguei a um ponto e falei: “Mas, filha, é 33”. Ela falou: “Isso mesmo, pai, 33 anos de SUS”. Então, eu quero parabenizar o Sistema Único de Saúde, que tem essa ousadia.

Eu venho de um tempo, como muitos que estão me escutando e muitos que estão aqui presentes, que só tinha direito, deputado Leleco, à consulta com médico, nos postos de saúde, quem tinha o pai que trabalhava com carteira assinada. Eu venho desse tempo também. Quando o SUS estava sendo criado, idealizado, lá nos primórdios do SUS, eu estava na portaria de um hospital. Eu me lembro de que, quando eu comecei a trabalhar no hospital, quando o paciente chegava para ser consultado, eu me lembro muito bem de que a gente era orientado a perguntar ao paciente se ele tinha dinheiro para se consultar, se ele tinha como pagar a consulta. Como doía, muitas vezes, eu perguntar isso ao paciente! Aí, foi exatamente nessa época que eu pensei que um dia eu seria médico. Quantas vezes eu saí com a promissória assinada… Promissória, nota promissória, para quem não conhece, era assim: quando a pessoa não pagava naquele momento, ela assinava uma nota promissória. Não foi uma ou duas vezes que eu ia à casa do paciente – era a minha função também – levar a nota promissória da consulta que ele fez. Aquilo doía muito.

Aí vem esse Sistema Único de Saúde. Veio esse Sistema Único de Saúde. Depois, eu tive a felicidade de entrar na faculdade de medicina, e um dos meus trabalhos foi estudar o SUS, descrever o SUS e fazer um comparativo com o sistema de saúde americano, em que as pessoas recebem em casa, não a nota promissória, mas tudo que ela gastou no hospital e que ela tem que pagar. No Brasil, não! Que ousadia foi essa da Constituição de 1988. Anos depois seria estabelecido esse Sistema Único de Saúde, que está presente 24 horas por dia na nossa vida. Engana-se quem pensa que o SUS é só consulta médica, engana-se quem pensa que o SUS é somente vacinação, consulta e a medicação no posto de saúde, o que já são coisas fantásticas, maravilhosas. O SUS vai muito além: o SUS vai desde uma questão preventiva ao Samu, ao maior plano de vacinação pública do mundo, ao maior plano de transplante do mundo, do mundo. O SUS está presente na sua vida na água que tomamos; o SUS está presente na sua vida ao acordar e escovar os dentes; o SUS está presente na sua vida ao ir dormir e escovar os dentes; o SUS está presente em sua vida em toda alimentação.

Ou seja, é muita ousadia, e que ousadia boa oferecer saúde pública e de qualidade. Pensando nesse empoderamento do SUS, que, desde a sua criação, ainda não foi empoderado o que precisa, é que nós estamos criando, na Casa, a Frente Parlamentar em Defesa do SUS. Em nível federal, a companheira, a aguerrida deputada federal Ana Pimentel, deputada Aninha, do Partido dos Trabalhadores, médica, professora universitária, defensora do SUS, também criou a frente parlamentar nacional, a frente parlamentar federal em defesa do SUS. E nós estaremos traçando uma linha de trabalho: a frente nacional em defesa do SUS juntamente com a frente estadual em defesa do SUS.

E aí, Tonhão, eu aproveito para mandar um abraço para o nosso amigo secretário de Saúde de Campo Florido, que faz um trabalho maravilhoso e que também defende o SUS. E a você, vereador – quem sabe seja a primeira câmara de vereadores a criar a frente municipal? Eu pensei nisso aqui, agora: a frente municipal em defesa do SUS, para que nós possamos fazer uma rede por este estado e estimular as outras assembleias legislativas a criar as suas frentes estaduais em defesa do SUS. É preciso que nós adentremos as escolas e que nós possamos dialogar com nossas crianças sobre o que é o SUS.

Com muito orgulho, eu carrego aqui, no meu paletó, o Zé Gotinha. Por onde eu vou, eu ando com o Zé Gotinha. Quando não é com ele, é com a ambulância do Samu, porque nós precisamos empoderar. Nos últimos anos, neste país, o SUS viveu constantemente um ataque. O sistema nacional de vacinação constantemente foi atacado, e as pessoas, as crianças, os adolescentes, os jovens e os idosos, ou seja, muitos têm essa mentalidade errônea de que vacina mata. Vacina salva! E o SUS sobretudo salva; o SUS salva.

Parabéns ao Sistema Único de Saúde, que acabou de sair da juventude; ele acabou de sair da juventude – está com 33 anos; ele fez muito pelos brasileiros e fez muito pelos mineiros e ainda tem muito a fazer. No dia a dia, nós ainda temos muitas pessoas que não têm esse direito e que vivem numa fila – o direito eles têm, mas não têm o acesso; vivem numa fila quilométrica esperando uma cirurgia; ficam nas cidades esperando uma transferência. Hoje, enquanto eu estou falando, com certeza há pacientes em Medina, em Itaobim, em Almenara, em Araçuaí e principalmente nos bolsões onde falta essa assistência, faltam especialidades médicas, ainda há gente lá esperando. E é pensando em democratizar, cada vez mais, esse sistema que já nasce democrático, efetivando essa democracia, porque um sistema que ousa dar saúde para ricos e pobres… Quando houve o acidente com o avião do Luciano Huck, quem foi que o socorreu? Quem chega primeiro? É o Samu. Para onde vai? Para o hospital público. Agora que o Faustão, o nacionalmente conhecido apresentador, precisou de um coração para o transplante, quem o socorreu? Quem? O SUS, o Sistema Único de Saúde.

Por isso é que nós criamos aqui, nesta Casa, um projeto de lei que está aqui há oito anos, há mais de oito anos, e que cria uma fila única do SUS, uma fila única; e nós queremos saber por que um paciente fica tanto tempo na fila esperando e por que outros passam na frente dele.

Então eu quero dizer ao Zé Gotinha, quero dizer ao Samu, quero dizer a todo profissional colega médico, médica, colega da enfermagem, porque também eu tenho Coren, enfim, a todo aquele que trabalha no Sistema Único de Saúde – aquele da recepção, aquele que cuida do ambiente, aquele que faz a comida: eu me orgulho de ser do Sistema Único de Saúde! Eu me orgulho de, na maior parte da minha vida, deputada Leninha, ter-me dedicado ao SUS, ter-me dedicado aos hospitais filantrópicos, ao serviço público para atender. Gratidão, SUS! Muito obrigado.