14ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 3/7/2023

Palavras do Sr. Sandro Vilela Damasceno

O Sr. Sandro Vilela Damasceno - Boa noite a todos e todas as pessoas aqui presentes. Exmo. Sr. Deputado Coronel Henrique, representando o presidente desta Casa, parceiro do museu, que estendeu a mão ao museu logo no início, no momento mais difícil, à época ainda da administração do Tomás Castello Branco; dileto amigo, deputado Cristiano Silveira, o momento e a emoção não tornam possível externar a gratidão que sinto por V. Exa., pelo apoio, pelo carinho que tem dado à nossa fundação; dileto amigo, brigadeiro do ar Daniel Cavalcanti, parceiro do Museu de Cabangu – grande mestre, tenho aprendido muito com V. Exa., brigadeiro, representando hoje o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno; Exmo. Sr. Chefe da Divisão de Ensino do Ciaar, Cel. Portilho, representando o comandante do Ciaar, brigadeiro do ar José Henrique; Exmo. Sr. Vice-Prefeito de Santos Dumont, meu amigo Luiz Gonzaga, o Gonzagão, também um entusiasta, apaixonado pelo museu; Exmo. Sr. Flávio Faria, presidente da Câmara Municipal de Santos Dumont; dileto amigo Deoclides dos Santos Pinto Neto, Doquinha, presidente da Comissão do Sesquicentenário de Santos Dumont; Sr. Bruno Balista, diretor do Arquivo Público Mineiro, representando a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo.

Deputado Cristiano, eu não poderia deixar de mencionar o nosso ilustre sandumonense aqui presente, ministro Luiz Dulci, que muito fez pelo Brasil, por Santos Dumont e pela casa natal de Santos Dumont, ao lado do meu amigo Labenit. A deputada Sheila também é uma entusiasta do museu e parceira nossa.

Senhoras e senhores, numa sociedade desenvolvida, o conhecimento da história é crucial para o futuro dessa mesma sociedade. Com a história, compreendemos o passado, processamos o presente e, dessa forma, sabemos como abraçar o futuro. Por isso, com muita alegria e satisfação, comemoramos neste ano, especialmente em julho, os 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont. As cerimônias são cruciais na vida do ser humano, porém, deputado Cristiano, sempre compreendi que, além de festejar, as cerimônias servem também como momentos de reflexão. E é nesse sentido que eu, humildemente, gostaria de chamar a atenção de V. Exas. para esse viés das festividades, que é a reflexão sobre Alberto Santos Dumont, sobre a sua memória e sobre a preservação de sua memória.

A Fundação Casa de Cabangu é uma instituição permanente, ativa há quase 70 anos, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos materiais do gênio inventor Alberto Santos Dumont, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição.

Sem a Fundação de Cabangu e outras instituições congêneres que mantêm materialmente viva a memória do nosso herói, muito provavelmente nós não nos encontraríamos aqui hoje, isso porque, sem os museus, fundações e instituições, as lembranças de Alberto Santos Dumont limitar-se-iam a contos passados de pais para filhos, de gerações para gerações, método esse empiricamente demonstrado como ineficaz, posto, como diz o ditado, que palavras esvaem-se ao vento.

A Fundação Casa de Cabangu passou por momentos difíceis, momento, inclusive, que motivou, à época, o deputado Coronel Henrique a promover uma audiência pública, em 2008, culminando com o seu fechamento. A fundação fechou, e o fechamento da fundação resultaria na entrega de todo seu acervo, acervo esse, deputado, que é o maior acervo do mundo de documentos e objetos pessoais de Alberto Santos Dumont. Esse fechamento se traduziria na entrega desse acervo para um depósito da União, até uma época, Deus sabe quando, em que uma outra instituição pudesse promover a respectiva curadoria.

Lembro-me desse episódio, pois foi tão logo que assumimos. Aconteceu, deputado Cristiano, um evento muito interessante que me chamou a atenção, deputado Coronel Henrique, quanto ao valor que damos ao nosso herói. Prestamos contas ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Estado e, em 2018, quando do fechamento da fundação, o Ministério Público Federal deflagrou um procedimento para apurar a situação da fundação, se ela efetivamente disporia de condições de manter o seu acervo. Mas o que me chamou mais atenção, deputado, foram as palavras do procurador da República. Ele fez questão, deputado Cristiano, de instruir o procedimento com os jornais da Europa. Lembro-me de que o primeiro jornal era o El País, da Espanha. O procurador à época me chamou a atenção, dizendo: “Sandro, a Europa inteira ficou estarrecida com o fechamento do Museu Santos Dumont na cidade de Santos Dumont. Infelizmente, infelizmente, a nossa imprensa nacional pouco noticiou”. Esse é um momento de reflexão sobre o nosso herói.

Esse procedimento do Ministério Público, senhoras e senhores, encontra-se suspenso e, para que o mesmo se encerre definitivamente, foi-nos imposta a obrigação de criar uma estrutura em todo o parque que possa ser explorada economicamente, tornando, assim, a fundação autossustentável, não mais dependendo de forma exclusiva de subvenções do poder público. À época da citada audiência pública, promovida pelo Coronel Henrique, o meu antecessor Thomás me levou a mensagem exatamente do pedido desta Casa de que fosse apresentado um projeto factível. Fizemos esse projeto. Contratamos um grupo de arquitetos especialistas nessa seara, que fizeram um estudo preliminar, que, após concluído, resultará em um grande parque, dotado de lojas, restaurantes, espaço cultural e ampliação de nossas salas para exposição, porque, dada a nossa limitação estrutural, só dispomos de condições de expor 30% do nosso acervo. Essa estrutura será explorada pela iniciativa privada e, além de dotar a fundação de condições de se manter e se expandir, será, por certo, um divisor de águas para toda a região da Zona da Mata e Vertentes, com a criação de empregos, o crescimento de rede hoteleira, a realização de eventos relevantes, o surgimento de diversos circuitos culturais e interações com outros museus do Brasil e do exterior. O projeto, de fato, é ambicioso, mas não poderia ser diferente; ambicioso tal qual os ideais do nosso patrono; audacioso, deputados, como aquela que foi a menor rodovia federal, com 12km, feita em homenagem a Alberto Santos Dumont, com o único e exclusivo objetivo de ligar toda a população à sua casa natal. Diante disso, não podemos efetivamente ter projetos menos audaciosos. Entregamos esse projeto ao deputado Cristiano Silveira, o qual, juntamente com o deputado Reginaldo Lopes, prontamente, de uma forma surpreendentemente rápida, solícita e carinhosa, nos encaminhou ao Ministério do Turismo, e já providenciamos o protocolo desse projeto e estamos muito esperançosos de que a gente consiga, através de lei de incentivo à cultura, viabilizar toda essa obra. Tivemos também, diretor Bruno, a oportunidade de entregar o projeto ao estimado secretário de Cultura, Leônidas Oliveira. Esperamos também ansiosos o retorno dele.

Mais uma vez, peço desculpas pela fala, talvez, não protocolar, deputados, mas não podia perder essa oportunidade e gostaria também de contar com o apoio de toda esta Casa para, juntamente com o nosso governador, receber esse projeto para a aprovação também na lei de incentivo à cultura, na esfera cultural.

No ano que vem, senhoras e senhores, celebraremos os 151 anos de Alberto Santos Dumont. Certamente não será uma data tão emblemática quanto a presente, mas não podemos nos esquecer de nossa responsabilidade para que nossos filhos, netos e bisnetos também possam ter a alegria, a honra e o privilégio de, nesta Casa, daqui a 50 anos, celebrar os 200 anos do nosso herói. Muito obrigado.