DEPUTADO ALENCAR DA SILVEIRA JR. (PDT)
Declaração de Voto
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/12/2022
Página 205, Coluna 1
Assunto DEPUTADO ESTADUAL. HOMENAGEM.
27ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 28/12/2022
Palavras do deputado Alencar da Silveira Jr.
O deputado Alencar da Silveira Jr. – Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, TV que eu criei há 25 anos, neste último dia, acho que nós temos que ter um astral muito bom. Há 25 anos, eu pedia, desta tribuna aqui, a criação da TV Assembleia. Cada um de nós tinha um monitorzinho nos gabinetes, e eu solicitava a criação da TV. Fiz um projeto e disse: “Vamos fazer a TV Assembleia”. Passava a TV a cabo aqui, na porta, e aí eu ouvia antigamente: “Acompanhe o crescimento da sua TV a cabo”. Havia 1.200 TVs ligadas nessa TV a cabo. E eu falo isto aqui: a primeira TV Assembleia do Brasil. Olhem lá como é que fica bacana essa televisão! Eu tenho orgulho de falar quem era o presidente quando solicitei, fiz o projeto, pedi a criação da TV Assembleia. Sabem quem era o presidente e quem a inaugurou? Agostinho Patrus, o padrinho. Foi o padrinho Agostinho Patrus. Há 25 anos, a gente chegava também, ou seja, saía de Belo Horizonte e ia para um estado lá em cima, para criar a TV Assembleia. Ah, lá na Paraíba. Fomos para a Paraíba. Existia uma UPI, e o deputado que foi presidente de todas as associações que existiam não era mais deputado havia uns cinco anos, e nós fomos lá, ao lado do deputado Agostinho Patrus, e ali Minas Gerais mostrava a necessidade de se criar uma entidade que congrega hoje, e naquela época também, 1.059 deputados do Brasil inteiro. Já imaginou? São 77 daqui. Isso é uma coisa; outra coisa é você mostrar para 1.059 deputados a importância de se ter uma entidade para discutir os problemas do Legislativo estadual, trocar ideias, discutir se o que era bom para o Acre poderia ser bom para Minas Gerais. Isso ocorreu muitas vezes. A primeira Lei Ficha Limpa foi a nossa, e depois a ideia se espalhou por todo o Brasil e causou reflexos lá em Brasília. E aí eu quero lembrar que Agostinho Patrus deu toda a estrutura, foi o primeiro presidente da nossa entidade.
Eu me lembro de que há 25 anos, há 27 anos eu chegava aqui e aprendia que o Parlamento é uma coisa intocável. O Parlamento é a voz da população, é a voz do povo mineiro. Esta Casa representa, presidente, todas as camadas, religiões, clubes, torcidas que cada deputado traz para dentro desta Casa, e isso eu aprendi com o pai de V. Exa. Agora, nesta última sessão... Eu tive a oportunidade aqui de conviver com o Agostinho Patrus, o padrinho. Tive a oportunidade de conviver, nestes últimos quatro anos – ou melhor, tantos anos foram, e nos últimos quatro anos de forma mais ferrenha –, na Mesa, com o presidente Agostinho Patrus, quando choramos rios juntos, quando rimos juntos. Aprendi que, acima de tudo... Aí volta à escola lá de trás, quando, no Salão Nobre... Tenho certeza de que todos os atos que foram feitos ali, mostrando quando... O presidente da Assembleia, todos os anos, chegava: “Aqui ó, esse é um cheque que nós vamos devolver”. Ali era o repasse para o governo. Vamos devolver tantos milhões, tantos milhões, tantos milhões. Foi economia desta Casa, e estamos devolvendo. Tenho certeza de que o pai de V. Exa., lá no quadro, está olhando e falando assim: “É isso aí, meu filho. Foi isto que eu ensinei a você: fazer uma administração séria e correta, valorizar o Poder Legislativo, valorizar os deputados desta Casa, mostrar que nós temos de ter independência”.
Eu já vivi aqui, sentado nessa primeira cadeira, aquela coisa: levanta – e o André sabe disso –, levanta quando o líder se levantar; senta quando o líder sentar. Eu já tive o Romeu Queiroz, líder do governo. E eu via também o líder do PT, Durval Ângelo. Sentava ali, olhava para trás: levanta, senta. E nesta legislatura não houve isso. Nesta legislatura houve independência deste Poder. Por isso esta Casa teve a menor renovação que houve em todas as Assembleias do Brasil, em muitas Assembleias que tentaram fazer o que nós fizemos. Quando a Assembleia, presidente, é bem dirigida, ela mostra para a população a seriedade desta Casa.
Esta Casa, com V. Exa. na presidência, conseguiu eleger o primeiro senador da República, um menino que chegou aqui, saindo lá de Divinópolis. Chegou aqui: “Porque eu vou fazer, eu vou fazer, o garçom que vai me servir, aquele negócio todo”. Foi se enquadrando e mostrando o seguinte: não adianta só falar, não adianta o “publique na minha rede e retransmita isso, viralize na minha rede”, presidente. V. Exa., várias vezes, chegou: “Cleitinho, está na hora de mostrar serviço também, não adianta só falar”. Quantas vezes eu falei com ele! “É isso, é aquilo.” “Cleitinho, não adianta. Tem de fazer.” E aí ele aprendeu a dar resultados. Aprendeu, foi buscar, fez projetos, projetos importantes, e projetos estes que, vamos lembrar, se não houvesse um presidente com independência neste Poder, não seriam votados, Cleitinho. V. Exa., hoje senador da República, diplomado, que vai ser empossado, se Deus quiser, no próximo dia 1º, pode ter certeza absoluta de que o mandato de V. Exa. teve um reflexo total porque teve um presidente que virou e falou: “O governo não quer, mas a Assembleia quer e vai votar esses projetos.” Projetos importantes, projetos importantes que mudaram também, como os meus, a vida da população mineira.
V. Exa. fez o Assembleia Fiscaliza. Que dia nós vimos isso? Que dia um governador ia deixar um secretário se sentar, uma vez por ano, de seis em seis meses, numa sala, com 30, 50 deputados, e falar: “Precisamos disso, fazer aquilo, como que é?”. Fiscalizando. Que dia, Sr. Presidente? Só foi no dia em que V. Exa. se sentou nesta cadeira e falou: “É independência”. E essa independência nós não podemos deixar para lá, gente. Essa independência tem de continuar. Nós somos governo, nós somos da oposição, mas com certeza todos aqui são o povo mineiro e querem o melhor para o povo mineiro.
Nesse mandato que finda, eu quero só lembrar aqui uma coisa: foi bom, foi exemplo, foi exemplo para todas as Assembleias do Brasil, porque teve, na sua direção, um companheiro que, ao seu lado, teve como 1º-secretário o Tadeuzinho, Tadeu, que tem história nesta Casa, que conviveu, que aprendeu a conduzir, que pegou e aprendeu a conduzir os trabalhos desta Casa, que sabe o dia a dia, que sabe o que acontece e que esteve sempre ao lado de V. Exa.
Eu quero lembrar a todos: “Diga com quem tu andas que eu lhe direi quem és”. E pode ter certeza absoluta de que o Tadeuzinho foi um grande parceiro da Mesa desta Casa, de cada um dos deputados. Cada um dos senhores e senhoras estiveram ao lado do presidente, criticando, muitas vezes, discutindo ideias. Em hora nenhuma – e eu posso falar que presenciei várias vezes –, eu vi o Tadeuzinho chegar e falar: “Agostinho, está indo para esse lado, vamos pegar aqui, vamos olhar, vamos lá”. Em relação à troca de ideias entre os dois, ao radicalismo de um lado ou ao radicalismo do outro lado, do governo, sempre houve o meio-termo. O Tadeuzinho, com o seu jeito, falava: “Nós podemos chegar a esse acordo. Nós podemos chegar ali. Vamos fazer isso”. Porque o governo pode falar, o governo Zema pode falar: “Ah, mas a Assembleia não fez...”. A Assembleia sempre fez tudo o que o governo quis.
Eu coloco aqui... E quero lembrar... Sou governo, sou governo, votei tudo com o governo aqui. Agora, lembro a vocês: o que foi que a Assembleia fez que prejudicou esta Casa? “Ah, não votou o Regime de Recuperação Fiscal.” Todas as assembleias que votaram o Regime de Recuperação Fiscal tiveram uma renovação de 60%. Se esta Casa tivesse votado o Regime de Recuperação Fiscal, quem estava aí babando ovo no governo não teria voltado para esta Casa. Por quê? Porque tem que se mexer em algumas coisas. A Assembleia de Minas renovou em 12%, empatou em 18%. Isso é porque tem um presidente que segurou a onda e que mostrou... Não tenham dúvida disto, senhoras e senhores: o Regime de Recuperação Fiscal, por causa do imediatismo da população, iria derrotar de 50% a 60% dos deputados desta Casa. Eu não tenho dúvida.
Quando a gente fala do André, presidente, que também esteve do seu lado, em todas as comissões, trabalhando... O André Quintão foi para o sacrifício. Você vai ser o... Sacrifício, não. Você poderia estar aqui, hoje, com o seu mandato revigorado por mais oito anos, mas você achou melhor um projeto político ao lado do nosso companheiro, do nosso amigo Kalil. Pode ter certeza absoluta de que foi mostrada, de que o Kalil mostrou a necessidade também.
Vou até aproveitar e falar do Kalil aqui. Perdeu a eleição o Kalil, mas, para Minas Gerais, quero lembrar que nós não tivemos uma vaga... Precisamos de uma vaga lá no hospital que foi feito. Nós não tivemos. O Kalil eu acho que teve aquele lado em que pegou e falou: “Ah, mas tinha que ter aberto. Tinha que ter aberto”. Nós ficamos e tivemos o menor índice de mortalidade de todas as capitais, e o pessoal... Então eu sou grato ao prefeito Kalil, porque em hora nenhuma ele fez política, em hora nenhuma... O prefeito Kalil virou e falou o seguinte: “O que a medicina fala? A medicina fala que tem que ficar fechado, a medicina fala que não pode abrir”. E ele fez isso, porque, em relação a quem abriu, todo mundo viu no que deu.
Eu acho que o André, quando se juntou com o Kalil... Ele poderia sem dúvida estar aqui. Mas o partido dele chamou: “Venha aqui, você vai com a gente”. Eu tinha certeza de que poderia ter visto de outra parte, mostrado de outra parte ou olhado de outra parte o governo. A Assembleia de Minas fez, durante estes quatro anos, um excelente trabalho. A você, André, meu até breve, pois tenho certeza de que, um dia, você vai estar de volta a esta Casa, vai estar de volta lá no Independência. Só não vai ter oportunidade de ver mais América e Valeriodoce. Na quarta-feira de Carnaval, ele e a filha dele no Independência, só os dois lá, vendo América e Valeriodoce. Isso ele não vai ter oportunidade mais porque só vai ter oportunidade agora de ver o América na Sul-Americana, porque, quando o América estava na Série B do Campeonato Mineiro, quando o América estava disputando a Série C, o André em todos os jogos ali estava, mesmo sendo atleticano. Então isso você não vai ter oportunidade, mas eu vou ter oportunidade, se Deus quiser, de lhe ver nesta Casa fazendo mais por Minas Gerais.
O André, para quem não sabe, eu vou contar para vocês, presidente, vou contar para V. Exa. uma coisa do André, o André tem história para contar. Um prédio na Rua Corinto, da Encol, com muito sacrifício, foi lá e comprou um apartamento. O André foi lá e comprou um apartamento, Sr. Presidente. Isso todo o povo mineiro tem que saber. André foi lá e comprou um apartamento. Resultado: a Encol quebrou, igual uma empresa que se chama Duarte Carvalho, que também quebrou, que tem 20 anos e só fica quebrando, e ele perdeu o seu apartamento. Entraram na Justiça, fizeram tudo e tentaram recuperar o apartamento. Numa quinta-feira, o André recebe um telefonema: “Nós conseguimos na Justiça o apartamento de volta”. A Encol vai ter que devolver o apartamento. O André saiu da prefeitura sorridente, saiu o André sorridente, vereador do PT, o André saiu sorridente e disse: “Consegui o meu apartamento de volta”. Resultado Patrus virou para ele e disse: “Está havendo um movimento na Praça da Estação e temos que ir lá”. E ele falou: “Eu queria me reunir com o pessoal para ver como está o estado do meu apartamento. “Não, nós vamos lá”. Saíram da prefeitura e foram lá na Praça da Estação, e, antes de o prefeito falar, o cerimonial falou: “Há um companheiro aqui que quer falar”. Resultado: subiu o companheiro que queria falar. “Amigos, companheiros, tenho uma notícia muito boa para dar a todos. Lá, na Rua Corinto, há um apartamento que era da Encol e que agora foi invadido e vamos fazer lá o nosso QG. Aí o André falou assim: “Um apartamento da Encol, na Serra? Patrus, esse é o meu!”. E perdeu o apartamento. O pessoal passou lá, já estava todo pintado e tudo mais. Isso é a história do André. O único apartamento que havia.
Esse é o André, é o André que sabe sentar, que sabe tomar uma cerveja, que sabe conversar, que sabe brincar, mas que sabe falar sério e sabe discutir os problemas desta Casa. Então, André, tenha um bom trabalho no governo federal, que Deus lhe proteja, que Deus ilumine todo este país e que a gente possa fazer sempre um país cada vez melhor ou melhor do que hoje.
Para finalizar, Sr. Presidente, a Celise também está indo embora, não é? A Celise Laviola também está indo embora. Tive a oportunidade de estar com o Laviola, tive a oportunidade de estar com o Zé Henrique, tive a oportunidade de estar com a Celise e agora vou estar com o Zé. Está passando, passando, passando. Tive a oportunidade de estar com pai do Luiz Tadeu. Olhem como são as coisas: o pai Luiz Tadeu, e o Tadeuzinho hoje, o pai do Tito, e o Tito hoje, o pai do Agostinho, e o Agostinho hoje. Eu tenho certeza de que esta Casa está sabendo o que a gente faz. No mais, desejo a todos um feliz Ano Novo e que, em 2023, nós possamos continuar com a independência deste Poder Legislativo.
E você, Agostinho, companheiro Agostinho, amigo Agostinho, parceiro Agostinho, confidente Agostinho, está deixando, nesta Casa, um legado; você está deixando, nesta casa, um trabalho, como a gente fala quando a gente reúne deputados do Brasil inteiro, você deixou e fez nesta Casa o que todo mundo sonhava fazer um dia com o Parlamento: uma independência. V. Exa. é um caboclo ajeitado, caboclo amigo. Eu não vou ter oportunidade de estar com os seus meninos, na hora em que estiverem para vir para cá, mas quem sabe a gente vai ter oportunidade de vê-los aqui, daqui a 10, 15, 20 anos, seguindo os passos do pai e do avô. Deus o proteja! Muito obrigado por ter me dado a oportunidade de conviver com Exa. e de ser seu amigo. Obrigado.
O presidente – Muito obrigado, deputado Alencar da Silveira Jr., pelas palavras, justas homenagens nas suas palavras. Com a palavra, para declaração de voto, o deputado Tadeu Martins Leite.