Pronunciamentos

GUILHERME DA CUNHA

Discurso

Declara posição contrária ao projeto de lei complementar que altera a lei complementar que dispõe sobre a organização do Tribunal de Contas e dá outras providências.
Reunião 22ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/12/2022
Página 10, Coluna 1
Assunto ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. PESSOAL. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS (TCEMG).
Proposições citadas PLC 82 de 2022

Normas citadas LCP nº 102, de 2008

22ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/12/2022

Palavras do deputado Guilherme da Cunha

O deputado Guilherme da Cunha – Bom dia, Sr. Presidente; bom dia, colegas. Bom dia também, população mineira, que está nos acompanhando pela TV Assembleia e pelas redes sociais. Em que pese eu reconhecer que devam ser poucas pessoas, a matéria de que vamos tratar aqui é da mais alta relevância.

Não sei se estão todos cientes. Esse projeto trata da criação de mais um penduricalho para o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. A título de verbas indenizatórias, concede-se um aumento no subsídio automático sem necessidade de comprovação de qualquer despesa de até 20% para o presidente do tribunal, escalonado em 10%, 5% para outros cargos daquele Tribunal de Contas.

O que torna esse projeto particularmente imoral são dois fatores. O primeiro deles é o fato de que se nomeia como verba indenizatória algo que não é e nomeia-se como verba indenizatória algo que não é para que se possa fugir da limitação constitucional que é o fato de que o subsídio do membro do Tribunal, do conselheiro do Tribunal é fixo e sem acréscimo. Aí, chama-se de verba indenizatória para poder-se criar um a mais para eles. E por que isso não é uma verba indenizatória? Porque não está vinculada a despesas realizadas para o exercício da função. O reembolso de despesa para o exercício da função é o que caracteriza uma verba como sendo indenizatória. Se quiséssemos, de fato, aprovar uma verba indenizatória para os conselheiros do tribunal e para os demais membros, o natural e correto seria exigir a demonstração da despesa. Poder-sei-a fixar até o limite de 20%, por exemplo, e, exigindo a demonstração da despesa e a vinculação à função, promover o reembolso. Não é isso que acontece.

O que acontece aqui é simplesmente o acréscimo remuneratório independentemente de qualquer comprovação. Esse é o primeiro fator da imoralidade, e, digo mais, da inconstitucionalidade e da ilegalidade. Ele se torna ainda pior quando observamos toda a movimentação, e até mesmo a pressa, para que o projeto fosse incluído na pauta ainda nesta legislatura, ainda antes do final deste mandato e desta Assembleia. Observamos que o nosso presidente, que determina o que entra ou não entra na pauta deste Plenário, o nosso presidente, que decidiu colocar esse projeto na pauta deste Plenário, está de partida para o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, onde poderá usufruir desse penduricalho. Duplamente imoral, colegas. Imoral em falsear a natureza do pagamento, criando um novo penduricalho, e imoral na pressa para se colocar em votação, pressa promovida por um presidente que está a caminho do tribunal para onde o penduricalho está sendo criado.

Eu não tenho dúvidas de que o correto e o que o povo de Minas espera de cada um de nós é o voto “não” para esse projeto. Não tenho dúvida disso. E aqui deixo claro: encaminho pelo “não” para que se combata a imoralidade, para que se defenda a Constituição e, principalmente, para que se defenda o bolso do cidadão, que tem que pagar toda essa conta. Eu cheguei a pensar em apresentar emenda, em fazer obstrução, em tirar o projeto dessa pauta. Mas a verdade, a verdade muito cristalina é que ele vai voltar na reunião que temos marcada para as 6 horas, na reunião que temos marcada para as 10 horas, ou nas reuniões que teremos amanhã, e qualquer esforço nesse sentido seria inútil.

Então, muito mais relevante do que fazermos aqui um esforço inútil para ganhar um dia a mais, é a gente fazer o alerta, em alto e bom som, para que os deputados escutem, para que a população que nos acompanha escute, para que a imprensa escute e perceba o que acontece – porque ainda se trata de uma votação em 1° turno: estamos aqui criando uma verba com um nome falso para permitir um penduricalho para o tribunal, e que esse projeto está sendo colocado na pauta a toque de caixa por um presidente que está a caminho do tribunal.

Colegas, eu encaminho pelo “não” porque esse projeto é absurdamente imoral, é um tapa na cara do cidadão. Sendo muito franco, é um tapa na cara de todos nós, que também vamos pagar essa conta. Obrigado.