63ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 8/11/2022

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Boa tarde, Sr. Presidente; boa tarde, colegas deputados aqui presentes; boa tarde, deputada Beatriz e deputada Leninha; boa tarde aos deputados que nos acompanham pela internet, de maneira remota; boa tarde aos servidores desta Casa; boa tarde a todos os mineiros e mineiras.

Sr. Presidente, colegas deputados e povo mineiro, há dias, participando, de maneira remota, também parabenizei o presidente Lula, o povo brasileiro, o povo mineiro, o povo do Nordeste mineiro e do Norte mineiro que fizeram a diferença em Minas Gerais, assim como o Nordeste brasileiro fez a diferença no Brasil. Com muito orgulho, eu digo que o Vale do Jequitinhonha, o Vale do Mucuri – o Norte –, Leninha, foram fundamentais para que nós derrotássemos e para que o povo derrotasse o bolsonarismo, não simplesmente no Brasil, mas em Minas Gerais também. E eu ouvi, deputada Leninha, há poucos dias, alguns falarem... Primeiro o próprio presidente, que ficou dois dias – não para reconhecer, porque, na verdade, ele não reconheceu até agora a derrota, não é? – para abrir a boca, para fazer um texto que durou menos de 2 minutos, me parece. E a não fala dele tem estimulado essas manifestações muito pontuais em um ou outro lugar. Elas não têm a força que eles achavam que teriam. E a gente... Na fala dele... Ele fala, vem fazendo vídeos e dizendo que enfrentou o sistema. O sistema é ele! Ele enfrentou a si mesmo! O sistema é ele! Nós enfrentamos o sistema; nós enfrentamos a mentira. Tudo o que ele fala... É só mudar a seta e direcionar para ele, não é? Porque as acusações que ele faz à campanha do presidente Lula é de coisas que ele mesmo cometeu, foi o lado dele que cometeu. A máquina de fazer mentira pertence a eles, foi criada por eles. Trazer questões de costumes com mentiras, sobretudo com mentiras, foram eles que fizeram. Colocar a Polícia Rodoviária Federal para parar eleitores, para parar carros... O meu carro foi parado. A minha esposa estava com o nosso carro e foi parada, e a gente não via parando carros que não estivessem com adesivos do presidente Lula. Então isso foi usar a máquina pública para tentar, até o último minuto, não deixar os eleitores que se manifestavam favoravelmente ao presidente Lula irem votar. Fizeram isso sobretudo no Nordeste. E é só pegar o histórico do chefe da Polícia Federal, que a gente entende toda essa manobra.

Então não foi simplesmente ganhar uma eleição de um outro candidato, foi mais do que isso: foi derrotar o fascismo, foi derrotar aqueles que pretendiam instalar a ditadura neste país. Cada dia isso fica bem mais claro. E as pessoas, deputada Leninha, deputada Beatriz, já estão cansadas. A gente anda, e eu andei muito esses dias, e a gente vê que fracassou a tentativa deles. Hoje eu vim do Vale de Jequitinhonha. Passei por uma estrada em que há uma cratera, entre Virgem da Lapa e Ijicatu, que vai completar um ano agora, vai fazer aniversário. Uma cratera pegando mais da metade da estrada vai fazer um ano. E eu não vi lá ninguém de verde e amarelo. As estradas do Vale do Jequitinhonha estão uma vergonha – de Itaobim a Araçuaí, de Itaobim a Almenara –, estão uma vergonha! Estiveram lá, prometeram fazer ponte, prometeram fazer asfalto, e até hoje nada. Vão entregar as estradas bem piores, bem piores do que receberam, principalmente no que diz respeito ao governo federal. Vão entregar bem piores do que receberam. E eu costumo dizer que todo governo tem a obrigação de, no mínimo, passar o governo melhor do que ele recebeu. E eu não vi lá – naquelas crateras, naqueles buracos pela BR-367, em viagem em que a gente demorava de Itaobim a Araçuaí 40 minutos, hoje gastamos 2 horas, são 2 horas para fazer 73km. Uma vergonha! E não adianta tentar achar outro culpado. O culpado é o governo federal – ninguém se agarrando, como aconteceu com um, que se agarrou a um caminhão. Eu não vi ninguém se agarrando àquele buraco das estradas e falando: “Eu só saio daqui, desse buraco, na hora em que tamparem”. Eu não ouvi falar isso.

Então eu acho que o povo brasileiro está muito feliz, deputada Leninha, na sua maioria, com certeza. E gratidão. Parabéns ao Lula, mas gratidão a ele, gratidão a um senhor de 77 anos que enfrentou tudo isso. E o mundo reconhece, o mundo reconhece a cada dia mais a importância da eleição do presidente Lula, não simplesmente para o Brasil, mas para o mundo, para o clima, para as vegetações. O mundo reconhece.

Dentre tantos atos golpistas, quero chamar a atenção de um ocorrido no Vale do Jequitinhonha e, de certa maneira, no Vale do Mucuri também. Em 2019, o reitor, o interventor Janir, que teve apenas 6% dos votos para a eleição da reitoria, 6% dos votos, foi o escolhido. Ele, Janir, não ficou nem na lista tríplice. Foi o escolhido do chefe dele, do Bolsonaro, foi escolhido. Podemos dizer, sim, para fazer a intervenção na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, criada por Lula, criada por Luiz Inácio Lula da Silva, uma pessoa que não teve a oportunidade de fazer curso superior e foi o presidente que mais criou universidades na história deste país, que mais criou institutos federais na história deste país.

Bem, não satisfeito com esse ato... Acho que ele pensou, deputada Leninha, pensou o seguinte: “Bem, como fui o 4° colocado e o presidente me colocou, acho que é possível o segundo colocado na eleição ser conduzido”. E ele, um reitor, ou seja, um interventor, se achou no direito de, inclusive, mandar ofício para a Polícia Militar pedindo guarita, pedindo proteção, porque eles iam fechar a BR. Não o vi chamar para fechar a BR por causa dos buracos. Não o vi chamar para isso, mas iria fechar a BR um reitor da universidade. Veja bem, minha gente, olhe aonde chegamos, olhe aonde chegamos!

Parabéns aos colegas deputados, ao Rogério Correia, à Beatriz, que já sei que fizeram tratativas a esse respeito de repúdio, de intervenção. Nosso mandato também tem feito. E quero conclamar todos os deputados, independentemente de partido político, mas que amam a democracia, a repudiar esse ato e a solicitar ao Conselho Universitário – Consu –, que repudie esse ato.

Têm feito notas de repúdio vários reitores de todo o Brasil. Fico pensando por que ele não chamou os alunos para ocupar a universidade quando os cortes da universidade foram feitos, quando o desmonte da educação neste país foi implantado por este governo. Por que ele não chamou os alunos para ocupar a universidade? Aí seria legítimo, seria legítimo. “Vamos dormir aqui, na universidade.” Olhe, a Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri tem cursos cujas vagas não estão sendo preenchidas – porque não adianta simplesmente colocar o aluno; tem de dar condições para ele ficar lá – por falta de moradia estudantil. Olhe a situação a que chegamos. E a reitoria vai chamar as pessoas, pedir à Polícia Militar para ir lá para dizerem que vão parar a BR. O povo não ouviu, graças a Deus. O povo não ouviu. Os estudantes não ouviram, como não têm ouvido durante todo esse tempo em que ele tem feito a intervenção.

Quero aqui me solidarizar com todo o corpo acadêmico da universidade, que faz um trabalho maravilhoso, tanto no Mucuri, em Teófilo Otôni, como em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha; com os técnicos administrativos, todos os técnicos; com todos o servidores; com todos os alunos e alunas da universidade, por estarem fazendo esse enfrentamento no dia a dia. Porque eu sei que não é de hoje que vocês sofrem essas medidas golpistas que vocês têm visto contra a nossa universidade, tão nova, mas tão importante. Ela acabou de fazer, há pouco tempo, aniversário, tão nova, mas tão importante para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri, formando profissionais maravilhosos, maravilhosos. Ainda ontem, eu recebi uma homenagem de uma aluna da universidade, de uma aluna quilombola que mora no nosso projeto, que acolhe jovens que não têm onde morar, por ter terminado o curso. O Prouni, criado pelo presidente Lula, as universidades federais e os institutos têm formado tantas pessoas, tantos jovens que não frequentavam antes a universidade. Olhe, Leninha, eu fiz medicina, e a maioria absoluta dos cadáveres que a gente dessecava era de negros. Talvez fosse a única forma de o negro entrar na universidade: servindo de estudo para a elite. Hoje você vê a universidade com negros, com negras, com a nossa juventude quilombola, indígena, com os mais pobres, e isso incomoda muita gente.

Eu ouvi uma fala, há poucos dias, de um deputado aqui que dizia que a esquerda, que esse governo formou muitos advogados que se tornaram juízes, promotores, e muitos assistentes sociais. Que bom! Como se isso fosse um problema. Formou também engenheiros, formou também médicos, formou tantos e tantas que vocês não imaginam, tanto pelo Prouni como pela universidade federal. Às vezes, a gente vê nos livros, nas teses, nos estudos, mas a gente que está lá na ponta vê isso no nosso dia a dia, a gente vê uma família de trabalhadores rurais felizes porque a filha se tornou engenheira, porque o filho se tornou médico. Parece que quando falam isso é uma falácia para muitos porque não estão lá, não estão vendo o dia a dia. Isso vem incomodando porque há classe que não se satisfaz em simplesmente ter. Ela se satisfaz em não ver o outro ter. Ela quer ter e não quer ver o outro ter. E o povo brasileiro e nós estamos cansados disso.

Então termino a minha fala, presidente, deixando registrado aqui este repúdio a essa ação do reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.