Pronunciamentos

DEPUTADO GLAYCON FRANCO (PV), Presidente "ad hoc"; autor do requerimento que deu origem à homenagem

Discurso

Transcurso do 100º aniversário da radiodifusão no Brasil.
Reunião 10ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 28/09/2022
Página 2, Coluna 1
Assunto COMUNICAÇÃO. HOMENAGEM.
Proposições citadas RQO 1249 de 2022

10ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 26/9/2022

Palavras do presidente (deputado Glaycon Franco)

Boa noite a todos e a todas. É com muita alegria e com muita emoção que hoje estou aqui para fazer esta justa homenagem à radiodifusão, completando o seu centenário. Deus me presenteou com este momento.

Inicialmente, eu gostaria de cumprimentar o meu grande amigo Luciano Pimenta, nosso presidente da Associação Mineira de Rádio e Televisão – Amirt –, entidade representativa das emissoras em Minas Gerais, e homenageado desta noite; o Sr. Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – Abert – e diretor-geral do Grupo Bandeirantes de Comunicação, bem como diretor-geral da TV Bandeirantes, da Rádio BandNews e do jornal Metro; o Sr. Rodrigo Silva Fernandes, presidente da Câmara de Indústria e Comunicação da Fiemg e presidente do Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares do Estado de Minas Gerais; e o Sr. José Luiz Borel, presidente da Associação Mineira de Propaganda e diretor do jornal Diário do Comércio.

Muitos me perguntaram por qual motivo eu, que tenho o direito – nós, parlamentares – de fazer uma única sessão festiva neste Parlamento, nesta Casa, por que eu escolhi fazer esta homenagem à radiodifusão, ao centenário da radiofonia em nosso país. Eu sou do interior, sou da minha querida Conselheiro Lafaiete, sou do interior das Minas Gerais. Sou filho de um produtor rural e vivi grande parte da minha infância e da minha juventude na roça e, em vários momentos de dificuldades, em muitas noites frias às quais nós fomos submetidos, o grande e único amigo que eu tinha naquele momento era o meu saudoso companheiro radinho de pilha, debaixo do meu travesseiro, que me proporcionava aconchego, acolhida, na voz dos nossos comunicadores. Eu não poderia encerrar esse meu ciclo aqui, na Assembleia, sem fazer esta justa homenagem. Estou encerrando meu ciclo aqui, na Assembleia de Minas, e quis o destino que eu pudesse fazer esta justa e merecida homenagem no ano em que comemoramos o centenário da radiofonia no Brasil. Isso me alegra muito e me enche de júbilo, porque os senhores e as senhoras fazem a alegria, levam entretenimento e informação aos mineiros, às mineiras, ao povo brasileiro, em especial à minha família, com a qual tive momentos de muitas alegrias ao lado dos nossos comunicadores, ao lado do nosso querido rádio.

Senhoras e senhores, as ondas do rádio hoje carregam a magia de um século. São anos de transformação, de desenvolvimento e de contribuição para o progresso. Ao propor esta homenagem, o fiz viajando no tempo, voltando à minha infância na zona rural, relembrando o som do radinho de pilha, que trazia todas as novidades do mundo. Recordava-me do som da estática e da mudança de canais. Mal sabia eu, naquele tempo, a maravilha que era aquela invenção. Sem dar conta de seu impacto em todos os setores da sociedade, não sabia o quão importante era aquela caixinha mágica, de onde se ouvia de tudo e à qual se prendiam todos – idosos, jovens, adultos – em busca de um dos mais valiosos elementos para o desenvolvimento do ser humano: a informação. Antes dele, o telégrafo, dominado por poucos, e os Correios, transportando a informação em cartas, de forma demorada e nem sempre muito confiável. Agora não, a informação vinha pelo ar, pelas ondas que hoje são secularizadas, chegando a qualquer recanto, desde as mansões mais abastadas até as choupanas mais humildes. Era a democratização da informação.

Há uma história riquíssima à qual não pretendo me ater, eis que está sendo alardeada aos quatro cantos, com a comemoração de um século da primeira transmissão radiofônica no Brasil, em 7 de setembro de 1922. Desde aquele tempo até hoje, seu desenvolvimento foi meteórico. Em seu início, quero ressaltar a coragem do meu colega médico, Roquette-Pinto, ao criar, juntamente com Henrique Morize e outros membros da Academia Brasileira de Ciências, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, já em 1923, com o intuito de utilizar o meio de comunicação com objetivos educacionais. Considerada a mais antiga do Brasil, ainda em operação, sob a denominação de Rádio MEC, do grupo EBC, Empresa Brasileira de Comunicação, continua em seu propósito, pioneira e exemplo para milhares de outras que a seguiram e continuam pelo Brasil afora prestando os seus inestimáveis serviços.

A partir da década de 1930, quando, sob o governo Vargas, foi autorizada a veiculação de propagandas comerciais por via radiofônica, passou ela a contribuir para o desenvolvimento das empresas, divulgando seus produtos, passando a fazer parte do desenvolvimento econômico brasileiro. Nos esportes, foi o grande vetor da informação, sendo a grande divulgadora das partidas de futebol, disseminando o brilho do Brasil nas Copas do Mundo, aproximando crianças e jovens da atividade esportiva, altamente relevante para a saúde de nossa população.

Era o meio de tomarmos conhecimento dos acontecimentos da Segunda Grande Guerra. Suas informações atualizadas reduziam a angústia da população ao esclarecerem o que ocorria do outro lado do mundo. Não há como medir a sua contribuição para a disseminação da música. Grandes nomes da identidade musical brasileira somente conseguiram ombrear com famosos estrangeiros porque a rádio democratizava a participação dos artistas nacionais, dando a conhecer sua arte ao restante da população. A literatura se serviu da rádio com o advento das radionovelas, que, além de valorizar nossos artistas, dava oportunidades aos nossos autores para desenvolverem sua capacidade de expressão. Além disso, nossos poetas e pensadores utilizavam-se das transmissões para divulgar suas obras a um grande número de pessoas.

Informações oficiais vinham disseminar as ações públicas nas mais diversas áreas a toda população que, antes desse meio de comunicação, tinha dificuldades para tomar conhecimento das ações de governo, dos projetos e das informações a elas relacionadas. Estamos seguros de que várias campanhas públicas somente foram exitosas em razão da divulgação promovida pelas emissoras radiofônicas.

Com a ampliação do número de emissoras, as populações locais passaram a ter voz. Recordo-me de um programa de utilidade pública, onde as pessoas enviavam recados para as localidades mais distantes, anunciando a chegada de parentes, o nascimento de crianças, divulgando os casamentos. As notícias tristes, mas necessárias, também eram transmitidas, como os óbitos e as doenças. As ondas da rádio abraçavam agora as individualidades, passavam a fazer parte do dia a dia das pessoas. Frequentemente, as pessoas aguardavam ansiosas o horário dos programas, esperando ouvir a notícia importante e necessária. Podem imaginar os senhores a relevância desse serviço ainda hoje em regiões como a dos Estados do Amazonas, Pará e outros que apresentam baixa densidade populacional, distribuídas isoladamente em vastas extensões territoriais? Essas seculares ondas mágicas que voam pelo ar sem serem vistas são fator de integração nacional, de diminuição de angústias e sofrimentos, de relevância econômica, de importância inestimável para a humanidade. E é diante dessa realidade fantástica, extremamente importante, que volto à minha infância, ouvindo a estática e o som da movimentação dos canais até a música mais melodiosa para fazer esta justa homenagem. Quero agradecer sinceramente a todos os profissionais da radiodifusão, que, superando todas as dificuldades, conseguem fazer essa mágica que nos encanta e que é de extrema importância para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. Contamos com vocês para continuarem disseminando alegria, informação e entretenimento para a nossa população.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais reconhece o grande serviço prestado pela radiodifusão nesse século que passou e sua importância nos séculos que estão por vir. Minha gente, quero agradecer mais uma vez penhoradamente a todos vocês e faço isso não somente como deputado representante da sociedade mineira, mas como cidadão do interior de Minas Gerais que sabe que vocês mudaram para melhor a vida das pessoas. Contem sempre comigo. Que Deus os ilumine e os guie nessa caminhada. Um grande abraço a todos.