DEPUTADO BARTÔ (PL)
Questão de Ordem
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/06/2022
Página 48, Coluna 1
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA.
44ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 28/6/2022
Palavras do deputado Bartô
Questão de Ordem
O deputado Bartô – Presidente, muito obrigado pela palavra. Aqui subo à tribuna para falar a respeito da viagem que fiz ontem a Itajubá e Pouso Alegre. Pois bem, todos nós acompanhamos aí com muita revolta tudo que aconteceu na quarta-feira passada, de quarta para quinta, aquela ação terrorista feita em Itajubá, que deixou todos os seus cidadãos ali aterrorizados, uma grande violência na cidade. E com isso fiz questão, aproveitei, como foi de quarta para quinta, quinta estava havendo votação aqui, sexta-feira, sábado e domingo com muitos compromissos, segunda-feira tive uma reunião desmarcada e consegui ir, ontem, a Itajubá para dar moral para a tropa, todo o apoio que ela necessita, e colocar a Assembleia à disposição deles – não só à tropa, mas também ao comando, não é? Então estivemos reunidos com o comandante-geral da 17ª Região, que toma conta de tudo ali, daquelas regiões ali, bem como dos quatro comandantes: comandantes dos batalhões de São Lourenço, de Itajubá, de Pouso Alegre, enfim, de outras cidades ali também. E conversando ali com eles, entendendo a situação, entendendo o quão danosa foi aquela ação, o quanto articulado é o grupo. Eles costumam atacar ali o Sul de Minas justamente porque vêm de São Paulo, porque aqui, em Minas, eles não duram nem uma semana. Isso mostra como há pessoas ali que são focadas em um tipo de ação, outras em conseguir armamento, outras em dar informação e por aí vai. É realmente um grande grupo organizado, focado em gerar um grande dano, receio e medo à população. Enfim, ali a gente entendeu um pouco mais, mas fizemos questão também de ir a Itajubá e ver o que aconteceu de fato. Chegamos, e a primeira visita nossa foi ao batalhão, ao 56º, que sofreu os ataques diretamente. Então, com isso, eles explicaram ali como foi feito: colocaram um carro, atearam fogo em dois carros, um no meio da rua e outro tapando a saída dos policiais, e não satisfeitos com isso, começaram a atirar, a esmo, com tiros de fuzil. Para quem não conhece, o tiro de fuzil é muito mais alto que um tiro de revólver, assusta, colocou toda a região ali amedrontada, e foram cerca de 200 tiros só em direção ao quartel, justamente para não deixar que os policiais se articulassem, entrassem em seus carros e pegassem seus coletes, suas armas para poderem ir em direção. Com isso, outro grupo já estava dominando a Caixa, o banco que estava com um leilão de penhores bem significativo. Foi isso que atraiu os bandidos, por isso os bandidos foram lá, e ali simplesmente ficaram vários grupos, um em cada esquina, defendendo as esquinas, atirando a esmo o tempo inteiro. Outros grupos passavam pela cidade atirando a esmo apenas para aterrorizar de fato. É uma ação que coloca todos os cidadãos com extremo medo, balas perdidas voando nos prédios ao redor, de fuzil, que não é brincadeira, que corta aço igual papel. Então, enfim, foi uma ação de grande, grande, grande temor, grande trauma! As pessoas de Itajubá ficaram muito sentidas com a questão toda. Mas os policiais foram bravamente atrás deles, evitaram o confronto dentro da cidade, conseguiram fazer o cerco, inclusive os próprios meliantes lá, os terroristas não conseguiram executar o seu plano 100% porque o cerco já estava se fechando em volta da cidade. Eles tiveram que sair rapidamente, deixando materiais para trás, deixando de entrar em outros cofres. Eles estavam preparando os explosivos inclusive de grande potencial, que destruiu a parte de trás da agência bancária. E a gente vê que realmente não deveriam estar no meio de nós, essa que é a verdade, não é? Então, enfim... Mas a questão que mais chocou em tudo isso e o que me fez de fato ir lá pessoalmente na segunda-feira foi o grande repúdio e a revolta com a sentença dada por um juiz federal falando que um olheiro que faz parte da quadrilha não apresenta periculosidade: “Ele não fez nada. Nem armado ele estava, só deu informações”. Espere aí, gente. Espere aí. Com qual condição o juiz faz uma afirmação dessa? Não tem antecedente criminal, não estava armado, só deu, só deu informações, só informações para aterrorizar uma cidade inteira, para colocar terroristas em condições superiores de estratégia em cima dos nossos policiais, atingindo quatro policiais nossos, colocando em risco a vida deles, atirando a ermo, acertando prédios para tudo quanto é lado. Porque a ideia deles era exatamente aterrorizar para que os policiais não tivessem nem condições e falassem: “O poderio deles está muito grande. Nem vamos chegar perto porque é ponto 50 para derrubar avião”. Enfim quero saber onde um juiz desse está com a cabeça de liberar um olheiro que de cara a gente já vê que é formação de quadrilha e concorre com os mesmos crimes que foram aplicados ali. Libera um olheiro com qual finalidade? “A gente não pode prender inocente.” Beleza, não é inocente, não, é terrorista, faz parte da quadrilha. "É menor periculosidade." Menor periculosidade onde? Ele favoreceu uma quadrilha a aterrorizar uma cidade inteira. Será que o Sr. juiz – agora eu falo do senhor – não tem consciência? Será que o senhor não consegue compreender o tanto que essa sua decisão afeta a moral da tropa? Será que o senhor não tem consciência do que um marginal desse com acesso a informações pode fazer estando livre, enquanto estão sendo investigados os criminosos? É brincadeira! Então o que faço para o senhor aqui é um convite para que vá lá pessoalmente, veja as marcas de tiro em tudo quanto é lugar na cidade toda, veja a agressividade desse pessoal e converse com os familiares dos policiais, porque havia mulher de policial segurando o policial em casa pedindo pelo amor de Deus que não fosse: “Não vá!”. E mesmo assim o policial deixa a sua mulher em casa, deixa a sua família em casa para colocar em risco a vida por nossa causa, tanto minha quanto de você, Sr. Juiz. Já vou encerrar, presidente. Então aqui fica o pedido para que o senhor vá pessoalmente olhar nos olhos dos homens que enfrentaram com terror isso daí, olhar como ficaram as viaturas da polícia, ver nos olhos dos policiais a humanidade atrás deles e saber o que eles, sim, sentem quando o senhor solta um marginal desse e coloca em risco toda a sociedade. Então, por favor, ponha a mão na consciência, tome uma atitude realmente de ir lá pessoalmente conversar com as pessoas até mesmo para poder lastrear melhor suas sentenças, porque esse erro atinge muita gente, e, graças a Deus, foi corrigido. Parabéns ao Ministério Público Federal. Parabéns a todos os envolvidos que pressionaram e bateram na tecla de que estava errada essa soltura e parabéns ao juiz que reviu essa sentença. Obrigado, presidente. Desculpe-me a extensão da minha fala.