DEPUTADA LENINHA (PT)
Discurso
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/06/2022
Página 13, Coluna 1
Evento Sempre Vivas - Mulheres e Política: por representatividade, justiça e respeito
Assunto ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ALMG). EVENTO. MULHER.
2ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 27/5/2022
Palavras da deputada Leninha
Obrigada, deputada Ana Paula Siqueira. Eu queria, de forma muito especial, fazer esse cumprimento à presidenta da nossa Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Ana Paula; à companheira Beatriz Cerqueira aqui. A Andréia de Jesus esteve aqui, e nós estamos na outra comissão, inclusive eu estava lá também fazendo uma saudação. É um tema muito importante, uma resolução do sistema de segurança que altera a vida, não só dos que estão privados de liberdade, mas principalmente dos seus familiares. Mas eu queria cumprimentar todos que nos acompanham através das redes sociais, da TV Assembleia, os que estão nas galerias e, de modo muito especial, as mulheres que aqui estão. Daqui se enxerga a nossa diversidade. Somos muitas. Somos cis, somos trans, somos mulheres das populações tradicionais, mulheres negras, brancas, mulheres do campo, mulheres da cidade, mulheres das águas, mulheres das florestas. Somos muitas, somos diversas. Então é com uma felicidade muito grande, uma energia que eu comprimento todas vocês que estão aqui nesta tarde, num dia tão importante. De fato, não é fácil sermos mulheres. Eu, como mulher negra do Norte de Minas, sei muito bem dos desafios que enfrentamos ao sobreviver em ambientes opressores, ambientes racistas, ambientes machistas. Por isso a presença dos nossos corpos em espaços como este que marca a continuidade dos debates do Dia da Mulher com uma temática muito importante. Representar a minha história e a de diversas mulheres dessas Minas Gerais – das gerais, de forma especial – é uma tarefa muito grandiosa. Mas eu a acolho com muito carinho e força, pois é preciso estar em todos os espaços, levando a nossa representatividade, a nossa pluralidade e mudanças concretas que nós precisamos fazer na sociedade. Queremos mostrar que a política deve ser feita não só para todos e todas, mas com todas nós, de mãos dadas, levando cuidado, levando a nossa ancestralidade, o bem viver, a força, o conhecimento e a humanidade para o centro dos debates. Digo isso porque eu acredito que a acolhida faz parte da política assim como a diversidade, a solidariedade de todos e todas que realmente desejam mudar a nossa sociedade, essa sociedade que está cada vez mais faminta, mais violenta, mais órfã, presa num camburão.
Como parlamentar que defende a humanidade e o cuidado, estendo aqui a minha solidariedade às mulheres que são mães, às esposas, as que perderam filhos e filhas de maneira tão violenta nos últimos dias no Rio de Janeiro. Estendo meu abraço afetuoso à família de Genivaldo de Jesus Santos, que foi asfixiado, assassinado no carro da Polícia Rodoviária Federal, num País que vive o desmonte dos direitos a cada dia. Estendo o meu abraço às mães que choram por seus entes. Minha solidariedade também às vítimas do feminicídio. Recentemente ouvi que a deputada Ana Paula, na última reunião da comissão, citou o caso de uma companheira aqui em Belo Horizonte que só não foi morta por conta da babá. Foi uma tentativa de feminicídio aqui. Sabemos que essa não é uma grande realidade. Minha solidariedade também vai para a Tayane Caldas, de 18 anos, que teve seu rosto tatuado pelo ex-namorado Gabriel Henrique, que não aceitou o fim do relacionamento. São muitas as violências contra nós.
Sabemos que a nossa presença tem crescido muito na política, ainda que devagar. Isso, numa sociedade desigual, incomoda e muito, mas não desanima, nos fortalece, graças às nossas ações. Aqui nós temos nove parlamentares nesta Casa, temos procurado fortalecer e deixar um legado nesta legislatura, esperando que vocês também venham ocupar esta Casa. É esse o nosso papel: que a gente traga cada vez mais mulheres para ocupar esta Casa e para estar na política para fazer o debate que nós precisamos fazer da construção de uma política pública que não nos mate. Haverá de chegar um dia em que a gente não vai ser morta pelo fato de sermos mulheres. Haverá de chegar um dia em que os jovens negros não serão mortos pela polícia, em que todas as crenças religiosas serão respeitadas, em que todas as pessoas terão o direito de ser amadas como são. Haverá de chegar um dia em que nós ocuparemos a política para essa construção do bem viver e daquilo que a gente quer, como guardiãs da vida que somos.
Por isso, com muito afeto, com muita alegria, eu me despeço, entendendo que a gente segue juntas, vivas, para ocupar cada vez mais a política e a sociedade. Um grande abraço. Parabéns a todas vocês que estão aqui. Eu sei que cada uma, no lugar em que está, está fazendo luta, está na trincheira pela vida, pela resistência e pelo nosso direito de sermos mulheres. Muito obrigada.
A presidente – Agora nós passaremos a um dos momentos mais importantes da nossa sessão plenária, que é a participação de cada uma de vocês aqui, na nossa sessão plenária. Chamaremos agora cada uma das convidadas, representantes das diversidades das mulheres de Minas Gerais, para falar da luta por direito no segmento de mulheres a que representam.
Lembramos que é muito importante e é o objetivo principal desta plenária que cada uma das mulheres aqui presentes possa apresentar as suas demandas e suas lutas. Para que todas tenham oportunidade, solicitamos a gentileza de respeitarem o tempo de fala, cerca de 2 minutos, tempo regimental. Ao completarem-se os 2 minutos, vocês escutarão um sinal sonoro, para nos lembrar que está na hora de fechar o conteúdo. A gente escuta o sinal e, às vezes, a gente fala assim: “Já estou concluindo”. Copiaram, não é? Então é isso, 2 minutos, sinal sonoro, encerrar a fala.
Cada uma de vocês fará então o pronunciamento. Nós chamaremos nominalmente, citando também a descrição dos grupos que estão representando. Nós vamos fazer o pronunciamento, acolhendo a sugestão da deputada Beatriz Cerqueira, ali da tribuna. Há escada para subir. Vamos ter tranquilidade para que todas possam subir e descer com segurança. Mas, gente, ao estar nesse microfone, que ecoa a voz da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para todas as mineiras e os mineiros, nós falamos também para o mundo. Então que possamos cuidar desse microfone, que é o que de fato nos empodera e nos dá o espaço de fala e de apresentação das nossas demandas.