Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Lamenta as condições das estradas nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em especial a Rodovia MG-211, no trecho entre os Municípios de Setubinha e Capelinha.
Reunião 3ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/02/2022
Página 14, Coluna 1
Assunto TRANSPORTE E TRÂNSITO.
Indexação

3ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 3/2/2022

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Muito obrigado, Sr. Presidente, caros colegas deputados e deputadas.

Como eu disse anteontem, ontem eu continuaria a minha fala sobre as péssimas condições das nossas estradas. E ontem eu disse que continuaria hoje. Há tanto desmazelo, tanto abandono! Eu me inscrevi ontem, hoje e, com certeza, na semana vem toda, trataremos deste assunto, ou seja, o desmazelo, o descuido com o Vale do Jequitinhonha. Êta região lembrada em época de eleição! Daqui a pouco começam os aviões vindo para cá e para lá, helicópteros sobrevoando. Está chegando a hora de ter a ponte aérea no Vale, onde faltam estradas, infraestrutura, pontes. Só em época de eleição é que há essa ponte aérea. Há gente vindo e gente voltando no mesmo dia. Eu já ouvi relato até de autoridade que não conseguiu descer e, de cima do helicóptero mesmo, ficou dando tchauzinho para o povo e picou a mula.

Caros colegas deputados e deputadas, alguns conhecem as estradas porque andam de carro, mas a maioria anda só de avião e não sabe da real situação das estradas da nossa região. Reforço – falei anteontem, falei ontem e vou repetir hoje – que há um projeto de lei de nossa autoria para que as autoridades: governador, secretários, quando tiverem que vir às regiões, a não ser que seja em caso de emergência, de urgência, que venham por estrada, que venham de carro para passar o que o povo passa. Qualquer um, qualquer um que vê as imagens do povo que precisa da MG-211, entre em Setubinha e Capelinha – hoje eu vou tratar dessa –, qualquer um que vê as condições... Em época que não tem chuva é buracada e poeira. E o nosso povo sofrendo! Em época de chuva, é um lamaçal só. A cada dia, chega-nos imagens, e também eu passo por lá. Passei há aproximadamente a um mês atrás. É uma vergonha!

Eu quero aqui parabenizar os moradores da proximidade da estrada. Mando um abraço aqui para o Valdivino, a Graciana, a Ana Moreira, o Fábio, o Zinho, para todos os caminhoneiros que passam por ali, para os moradores ali de perto. Parabéns pela luta! Parabéns pela resistência! Parabéns pela solidariedade que eu já vi, já presenciei e, no dia a dia, vocês mandam imagens para cá. Cada um tem as suas ferramentas, as enxadas já para ajudar. Já ficam à espera de qual é o próximo carro que vai atolar por ali. É vergonhoso! É vergonhoso! Até quando ocorrerá isso? E se fizermos um comparativo com outras regiões mineiras, com o Sul de Minas, com as proximidades de Araxá, nós não vamos encontrar isso. Nós não vamos encontrar esse descaso. V. Exa., que está presidindo, sabe que as estradas estão ruins em toda Minas Gerais. Mas quanto mais se aproximam do governo, dos Poderes, as estradas vão melhorando. Quanto mais no interior, principalmente na região em que estou neste momento, de onde falo: Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Norte de Minas.

Nós fizemos uma audiência pública há aproximadamente três anos para tratar do assunto da MG-211 e há nova audiência solicitada. Já fomos ao DRE, mas você vai e falta o projeto, há um projeto que está encaminhando... Parece que a ideia é passar para o povo que realmente o poder público, as coisas públicas não funcionam. Parece que tem alguém muito interessado cada dia mais nisso para desmerecer a coisa pública. Ora, o público é de todos nós e tem que funcionar. Porque, na hora de pagar o IPVA, na hora de pagar o imposto, as pessoas pagam e, se não pagam, o carro é recolhido, param na blitz. É um absurdo! Olhe, são tão absurdas as nossas estradas que eu lhes garanto que amanhã alguém vai me perguntar: “Oh, doutor, por que o senhor não falou da estrada que vai de Pedra Azul a Almenara?”; “Oh, doutor, por que o senhor não falou da estrada de Araçuaí a Novo Cruzeiro?”; “Oh, doutor, por que o senhor não falou de Virgem da Lapa?” – da qual eu falei anteontem; “Por que o senhor não falou da de Araçuaí até Itaobim?” – mas eu falei ontem; “Por que o senhor não falou da de Almenara a Jequitinhonha?” Eu vou falar na próxima vez. Ou seja, o povo do Vale do Jequitinhonha é guerreiro, é resiliente. O povo do Vale de Jequitinhonha não merece ser lembrado só de quatro em quatro anos igual Copa do Mundo. Só de quatro em quatro anos que aparecem aqui os salvadores da pátria. Agora está na hora de começarem a aparecer – não é? – os falsos discursos, os falsos salvadores da pátria.

Então hoje vai o meu abraço, a minha solidariedade, mas não só na fala. A minha luta é de quem vive aqui, de quem vive as dores do que é viver aqui também, de quem passa pela MG-211, de quem vê os produtos chegarem mais caros aos supermercados em Capelinha, em Setubinha, em Minas Novas, em Novo Cruzeiro. Como é difícil e quase sem brilho a vida do povo que mora aqui, mas é um povo que resiste, é um povo que resiste.

Por que eu pensei nesse projeto de lei? E eu sei que não é fácil ele ser aprovado. O governador e os secretários priorizaram andar de carro aqui e em outras regiões, e não de avião. Porque talvez assim, deputado André, sentindo um pouquinho na pele o que o povo daqui sente todos os dias, desde o nascer do sol, na madrugada, para levar as gestantes até os hospitais, para levar os pacientes renais crônicos para fazerem hemodiálise... Há poucos dias, conversando com uma pessoa, me dizia: “Doutor, não dói só o corpo. Dói a alma. Três vezes por semana pegar estrada, ter que passar por esses buracos dói a alma”.

E aí, quando eu vejo como vi ontem o deputado André questionando – parece que ele vai fazer o mesmo questionamento hoje – sobre o governador recorrer ao Supremo para que a Assembleia vote o Regime de Recuperação Fiscal, eu fico pensando: já imaginou se cada morador daqui e cada moradora recorrerem para que o Estado cumpra o seu papel de manter as estradas, de maneira que o povo tenha o mínimo direito de ir e vir? Acho que nós podíamos pensar nisso também. Nós podíamos também entrar e pedir ao Supremo, pedir ao Poder Judiciário que seja dado esse direito ao povo: um deles, o direito de ir e vir.

Então, fica a minha solidariedade e a minha luta, companheiros, pela MG-211 e tantas outras estradas deste nosso Vale. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O presidente – Obrigado, deputado Doutor Jean Freire.