Pronunciamentos

DEPUTADO BERNARDO MUCIDA (PSB)

Discurso

Defende projeto de lei de sua autoria que altera a lei que dispõe sobre o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ITCD.
Reunião 27ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/11/2021
Página 17, Coluna 1
Assunto TRIBUTO.
Aparteante GUILHERME DA CUNHA, VIRGÍLIO GUIMARÃES
Proposições citadas PL 2918 de 2021

Normas citadas LEI nº 14941, de 2003

27ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 11/11/2021

Palavras do deputado Bernardo Mucida

O deputado Bernardo Mucida – Presidente, deputados e deputadas, pessoal que está acompanhando nossa reunião das galerias, pessoal que também acompanha as reuniões da Assembleia, pela TV Assembleia, e pelos canais da Assembleia na internet. Esse projeto é um projeto bastante interessante, porque visa resguardar o interesse do contribuinte. Atualmente, em Minas Gerais, a família que tem a perda de um ente, para fazer a transmissão dos bens, está sujeita ao pagamento do ITCD, e o que a Fazenda estadual faz é proceder à cobrança do imposto e oferecer a possibilidade de desconto em caso de pagamento em até 90 dias. Porém, quando há sobrepartilha de bem, ou seja, a família deixa de declarar algum bem, a Fazenda, posteriormente, para cobrar, não só ignora aquele desconto do que já foi pago como também faz a atualização da base de cálculo dos bens a serem declarados, integralmente, mas não faz a mesma atualização daquele montante que já foi pago pela família. Então estamos aqui claramente com dois pesos e duas medidas: há a atualização da parte que será paga, mas não há a atualização daquilo que já foi pago, prejudicando claramente o contribuinte mineiro.

Portanto esse projeto visa exatamente acabar com essa injustiça e fazer voltar a ter um tratamento correto. Se o cidadão pagou o tributo, não faz sentido que haja a atualização da base de cálculo, mas que não haja a atualização do tributo que já foi pago. Então a gente pede isso aqui, faz esse pedido de apoio aos deputados para que a gente possa fazer essa correção e para que haja, portanto, um tratamento digno para com o contribuinte mineiro.

O deputado Guilherme da Cunha (em aparte) – Primeiramente, deputado, gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa desse projeto, um projeto de profunda justiça, um projeto técnico, bem elaborado, que traz um pingo de razoabilidade para a maneira como a Fazenda pública trata o cidadão e o contribuinte. O ponto que V. Exa. destacou, de dois pesos e duas medidas, é algo a ser combatido sempre. Se ocorre a atualização do montante que a Fazenda tem a receber, por óbvio – é uma coisa tão óbvia que nos assusta que não seja assim atualmente –, por óbvio, também tem que se atualizar aquilo que já foi pago para encontrar o saldo correto e não haver o enriquecimento indevido da administração pública.

Parabenizo pelo projeto. É algo admirável, mas tenho um pouco de receio em relação aos prazos, por se tratar de matéria tributária, a fim de se evitar qualquer discussão, não acho nem que seria o caso, mas para evitar qualquer discussão, dada a importância de ele ser aprovado ainda neste ano, em dois turnos, e sancionado, para que a gente tenha o próximo exercício fiscal, o próximo ano, livre de qualquer discussão acerca da aplicabilidade ou não da medida, e para que o cidadão mineiro já possa gozar dessa justiça fiscal o quanto antes.

Acho brilhante a iniciativa, parabenizo-a, e ela tem todo o meu apoio. Peço aos pares e obviamente também ao presidente que trate com prioridade essa matéria para que a gente tenha isso já aprovado e livre de qualquer questionamento antes do final deste ano, e para que, no ano que vem, já esteja valendo com toda a segurança.

O deputado Bernardo Mucida – Obrigado, deputado Guilherme. Deputado Virgílio.

O deputado Virgílio Guimarães (em aparte) – É uma indagação que tem apenas um certo parentesco com a questão colocada aqui pelo deputado Guilherme da Cunha. A Constituição Mineira tem um dispositivo, que acho incorreto, que não permite a apresentação de projetos de natureza tributária no último quadrimestre do ano. Tenho impressão de que esse seu projeto já foi apresentado há tempos, então ele supera isso, mas não supera a minha inconformidade com o dispositivo. O dispositivo constitucional é incorreto, a apresentação, poderia, mas a aprovação é que tem que respeitar o consumidor. A apresentação, a Assembleia poderia. É nesse sentido.

Quanto às demais questões, concordo com o deputado Guilherme da Cunha, que devemos andar rapidamente com isso até para evitar algum questionamento de outra natureza, apesar de que, no caso, não se trata de imposto novo e nem de acréscimo de valor, eu acho que ele fica um pouco à margem de algumas restrições da Constituição Federal. Mas, de qualquer maneira, estou aqui me somando no sentido de rapidamente votarmos em 2º turno esse dispositivo justo.

O deputado Bernardo Mucida – Agradeço ao deputado Virgílio a observação. De fato, o projeto foi apresentado no prazo, já tramitou nas comissões, e inclusive foi enviado à Secretaria de Fazenda, de Minas, para que ela pudesse acompanhar. A Fazenda emitiu uma nota técnica favorável ao projeto, o parecer dela é favorável ao projeto.

No meu entendimento, também não há nenhum vício de constitucionalidade. Não estamos aqui mudando a alíquota, nem criando nada. Na verdade, o que a gente busca é dar justiça, equidade no tratamento. Repito aqui: se a atualização da base de cálculo é feita, por que a gente não atualiza o imposto que foi pago? O deputado Guilherme falou aqui bem, que é até assustador que isso não seja feito. Os advogados que militam, sobretudo na parte de sucessões, sofrem com isso diariamente. Às vezes, num patrimônio aí de R$10.000.000,00, o cara consegue ter um bom desconto, e depois aparece um bem na sobrepartilha, ele perde o direito conquistado pelo pagamento antecipado do tributo, e mais, quando vai atualizar, ele se sujeita a uma atualização com uma inflação alta, que chega a ser absurda. Então por isso peço aqui, novamente, o apoio dos deputados na votação desse projeto. Obrigado, presidente.