Pronunciamentos

DEPUTADO JOÃO LEITE (PSDB), Autor do requerimento que deu origem à homenagem.

Discurso

Presta homenagem à Igreja Batista brasileira pelo transcurso do 150º aniversário do início do trabalho batista no Brasil.
Reunião 17ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/11/2021
Página 3, Coluna 1
Assunto HOMENAGEM. RELIGIÃO.

17ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 8/11/2021

Palavras do deputado João Leite

O deputado João Leite - Exmo. Sr. Deputado Antonio Carlos Arantes, 1º-vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, querido amigo, representando o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus; Reverendíssimo Sr. Pastor Samuel Amaro, presidente da Convenção Batista Mineira.

Senhoras e senhores, este é aquele momento em que o parlamentar se sente em casa – não é mesmo? – com tantos líderes batistas. Brinco sempre com o Érico Avelino, diácono da Igreja Batista do Barro Preto, que nós, os batistas, quando nos encontramos, especialmente em um ambiente como este... Eu sempre conto para as minhas companheiras deputadas e para os companheiros também que as assembleias surgiram nas igrejas batistas; e eu participei de muitas – viu, pastor Renê? O coro comendo ali no plenário da Igreja Batista Central; as discussões com Nilson, com Francisco Gatti, com Felício, decidindo tantas coisas. E, quando eu estou neste Plenário, eu vejo o legado que os batistas entregaram para os países, não apenas para o Brasil mas também para os países. E os países mais avançados do mundo hoje todos são parlamentaristas, são da assembleia, a discussão é na assembleia. A assembleia, representação da população, é o Poder que tem que ter mais poder. Não é nem o Executivo nem o Judiciário, quem tem que ter mais poder é a representação da população, é este Poder que, neste momento, homenageia os batistas do Brasil por essa obra, por esse legado deixado aqui.

Imaginem que os batistas brasileiros aceitaram um jogador de futebol nos seus quadros num momento difícil de entender ou de aceitar que um jogador de futebol que jogava no domingo, e de alguma forma não guardava o domingo, não guardava o dia do descanso, pudesse ser um batista. E eu tenho muita alegria do dia 31/3/1977. Foi naquela noite, na Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte, que eu entreguei meu coração para Jesus. No dia 25 de dezembro daquele ano, eu passei pelas águas, batizado pelo nosso querido pastor Muryllo Cassete. E, naquele tempo também, conheci minha esposa, com quem já estou casado há 42 anos: Eliana; e eu me lembro de que o pastor Muryllo falou comigo: “Agora Eliana vem para a Primeira Igreja, não vai ficar na Central, não, não é?”. Aí eu fui falar com a Eliana: “O pastor Muryllo quer a gente na Primeira”; e ela, com muita sabedoria, disse assim: “Vamos orar”. Aí eu aceitei orar e fui para a Central. Mas o pastor Ivênio dos Santos falou assim: “Você tem que conversar com o pastor Muryllo para fazer isso, hein?”. Aí que vinha dificuldade, não é, pastor Renê? Comunicar ao pastor Muryllo que eu iria para a Central. Mas ele foi sensacional. Ele disse para mim: “Vai com a sua amada servir o Senhor lá”. E são tantos anos. Aí hoje nós temos já netas.

Eu queria falar um pouco dessa nossa história aqui, porque nós, os batistas, temos uma história nesta Pátria; nós temos história, nós estamos nos legados. Os batistas aceitaram talvez o primeiro jogador de futebol; batizaram o primeiro jogador de futebol nesta terra. A história é legado. Neste final de semana, ontem, na igreja, eu recebi um jovem do Piauí, de Picos do Piauí lá na nossa igreja, na Central. Ele foi me dar um abraço porque, há muitos anos, ouvindo nosso testemunho, ele entregou o coração para Jesus e hoje trabalha na nossa igreja que está lá em Picos, no Piauí. Nós temos um legado. Nossos pastores servem este estado. Nossos pastores, a nossa convenção, a nossa junta está investindo na saúde. O pastor Márcio vai com um veículo estrada afora atendendo a nossa população. Que alegria eu tenho de ver todo esse trabalho! E na educação? E na educação? O trabalho batista na educação, com os nossos colégios, com a nossa faculdade, ensinando valores nesse tempo de grande desafio para todos os pastores, para todas as igrejas. Nós estamos firmes. (– Falha na transmissão.) Vamos esperar, não é? Está repetindo. Nós temos aí uma situação. Vamos aguardar. Acho que nós gostamos especialmente deste ponto, não é, gente? Está sendo repetido várias vezes, mas agora acho que estamos bem.

Em 1871, batistas emigrados dos Estados Unidos organizaram a primeira Igreja Batista no Brasil para estrangeiros: a Capela do Campo em Santa Bárbara d'Oeste, no interior do Estado de São Paulo. Este foi o marco para hoje comemorarmos o sesquicentenário da presença batista no Brasil.

Nós, os batistas, estamos entre os primeiros grupos de missionários protestantes no Brasil. O começo da nossa história no Brasil remonta à segunda metade do século XIX, quando missionários estrangeiros, na maioria americanos, chegaram ao nosso país para dar início aos trabalhos de evangelização. Os missionários difundiram a leitura bíblica entre a população, divulgaram os ensinamentos e fundaram as primeiras igrejas com brasileiros. Acredita-se que o primeiro missionário batista no Brasil tenha sido o americano Thomas Jefferson Bowen, que foi missionário na Nigéria, tendo trabalhado entre os nativos da tribo Iorubá, e foi enviado, em 1860, para o Brasil porque havia, em nosso país, muitos escravos que falavam esse dialeto e que, portanto, podiam compreender a mensagem redentora de Jesus no seu próprio idioma. Oito meses depois ele precisou retornar ao seu país porque autoridades brasileiras o impediram de pregar o Evangelho por ser, na época, uma mensagem que contrariava alguns ensinos da religião oficial do Brasil.

Posteriormente, por força da assolação causada pela Guerra Civil Americana, de 1861 a 1865, milhares de fazendeiros e lavradores do sul dos Estados Unidos imigraram para lugares com potencial agrícola, inclusive o Brasil. Em 1867, mais de 50 mil estadunidenses desembarcaram nos portos brasileiros em busca de refúgio para cultivo. Penetrando pelo interior do País, um grande número deles escolheu a cidade de Santa Bárbara d'Oeste para se estabelecerem. Entre os imigrados a maioria professava o protestantismo – e muitos eram batistas. No ano de 1881, chegaram os missionários: o casal William e Anne Bagby e o casal Zachary e Katherine Taylor. Eles foram recebidos em Santa Bárbara d'Oeste, filiaram-se à Igreja Batista existente e começaram a estudar a língua portuguesa com o Prof. Antônio Teixeira de Albuquerque, ex-padre no Seminário de Olinda. Pouco tardou para que os dois casais de missionários, unindo-se a Antônio Teixeira de Albuquerque, rumassem para o Estado da Bahia onde, em 15/10/1882, organizaram, em Salvador, a primeira congregação batista formada por brasileiros, tendo-a denominado de Primeira Igreja Batista do Brasil para brasileiros, a qual seria oficialmente a Primeira Igreja Batista do Brasil. Em um ano, aquela igreja já contava com 70 membros. De Salvador, os missionários seguiram para outras capitais plantando igrejas. De volta ao Estado de São Paulo, em 1899, organizaram igrejas em São Paulo: Jundiaí, Santos, Jacareí, Campinas e São José dos Campos.

Em 1891, a promulgação de uma nova Constituição consagrou a liberdade religiosa. Imaginem! A nossa liberdade religiosa é de 1891, antes da Declaração Universal dos Direitos Humanos, antes da nossa Constituição mais recente, em 1988! Porém ainda passariam muitas décadas até que os batistas e outros grupos evangélicos fossem mais bem aceitos pela sociedade.

Nos primeiros 25 anos de trabalho dos casais Bagby e Taylor, auxiliados por outros missionários e por um número crescente de brasileiros evangelistas e pastores, 83 igrejas já tinham sido organizadas com aproximadamente 4.200 membros. E, no ano de 1907, em Salvador, com representantes de 39 igrejas e congregações, foi realizada a primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira e com pastores brasileiros que tinham como principal meta a evangelização do Brasil e de outras nações. As igrejas batistas cresceram exponencialmente. Com o evangelismo ativo, alcançando as regiões mais longínquas do Brasil, uma sólida base teológica foi instituída em seus seminários. A educação secular também faz parte da missão batista. Queremos oferecer um ensino de excelência, influenciando a sociedade brasileira com o que temos de melhor: a verdade da eterna palavra de Deus.

Hoje os batistas estão presentes em cerca de 200 países, representam uma população de perto de 40 milhões de membros e atingem cerca de 100 milhões de pessoas no mundo inteiro. Cremos em Deus Pai, santo, justo, criador e sustentador de todas as coisas; cremos no Deus Filho: Jesus Cristo, salvador e senhor de nossas vidas e almas; e no Deus Espírito Santo, o consolador que nos guia em tudo quanto Jesus ensinou! Que Deus abençoe a nós, os batistas! Que Deus abençoe este país que recebeu os batistas e que recebe, dos batistas, a bênção, autoridade que nos deu o Senhor Jesus para espalharmos sua benção nesta terra! Nós, os batistas, abençoamos aqui, no Plenário da Casa do povo de Minas Gerais, a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, o nosso estado. Nós, desde a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, abençoamos o nosso país na autoridade do Nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. Amém! Muito obrigado.