30ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 20/8/2020

Palavras do deputado Glaycon Franco

O deputado Glaycon Franco – Sr. Presidente, pode me ouvir?

O presidente – Perfeitamente, deputado.

O deputado Glaycon Franco – Gostaria inicialmente de saudá-lo, amigo deputado Carlos Henrique, uma referência para nós nesta Casa. Sr. Presidente, demais deputados, demais deputadas, distinto público que nos acompanha pela TV Assembleia e pelas demais mídias sociais. Inicialmente queria cumprimentar, por sua fala, o nosso querido Coronel Henrique. Sem sombra de dúvidas, como ressaltou o nosso deputado Zé Reis, esse decreto que o governador Zema – e gostaria também de saudá-lo, juntamente com a sua equipe e a Secretaria de Agricultura – assinou, regulamentando a nossa famosa lei do queijo artesanal.

Hoje para o produtor, o pequeno e médio comerciante de queijo, vai ser um dia marcante na vida dessas pessoas. Falo isso com muita tranquilidade. Sabe, Carlos? Sou filho de produtor rural. Meu pai inclusive ajudou a educar seis filhos, quatro médicos. Muitas vezes, em momentos difíceis da vida, ele produziu queijo, que tinha um valor maior agregado, para ajudar a custear os nossos estudos. Então é um dia, é um divisor de águas na vida do homem do campo, do produtor de leite e das pessoas que vivem desse mercado. Então está de parabéns nosso governador Zema.

Mas o que me traz a esta tribuna, Sr. Presidente, demais deputados, é para falar aqui hoje sobre o lançamento da Frente Parlamentar Minas China. No dia 18 agora, na minha opinião e com certeza na opinião dos demais deputados... E eu gostaria de agradecer todos os 47 deputados que foram signatários dessa frente parlamentar, inclusive deputados de várias denominações partidárias; 17 partidos políticos se fizeram representar. Fizemos o lançamento, na terça-feira, dia 18. Como parte integrante desse evento, temos a conexão Minas-China, que marca a primeira semana da China no Estado. No sábado anterior, no dia 15 de agosto, foi comemorado, e foi o que motivou nós estarmos lançando a frente nesta semana, o Dia Nacional da Imigração Chinesa, criado pela Lei Federal nº 13.686, de 2018, que marca a primeira entrada oficial chinesa no Brasil. Foi em 15 agosto de 1900, ou melhor dizendo, já se vão aí 120 anos de que um grupo formado por 107 pessoas desembarcaram no Vapor Malange, no porto do Rio de Janeiro com destino a São Paulo.

Por ocasião do lançamento da frente, feito totalmente de forma virtual, estiveram presentes vários deputados e deputadas, o nosso querido amigo, ex-deputado estadual e hoje vice-prefeito da nossa capital mineira, Paulo Lamac, e diversos empresários mineiros e chineses. Em especial, gostaria de ressaltar também, a presença do cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, com jurisdição consular sobre o território de Minas Gerais, o Sr. Li Yang. Em sua fala, o cônsul evidenciou a importância de Minas Gerais para a economia chinesa.

Chamou nossa atenção sua demonstração de conhecimento e de valorização dos nossos produtos naquele mercado, como sinônimo de qualidade. O café mineiro, para os senhores e senhoras terem uma ideia, é um produto que caiu no gosto do consumidor chinês. Para se ter uma ideia, a cada dois dias, são abertas 10 cafeterias no país, em um mercado em que nós somos destaque mundial pela nossa produção.

Os investimentos chineses em nosso estado estão em crescimento notável. Na região Norte de Minas, está em fase de licenciamento ambiental um ousado projeto Bloco 8, com tecnologia moderna e segura para extrair minério, dirigido pela empresa Sul-Americana de Metais, a SAM, controlada por grupos chineses. O investimento previsto é de mais de US$2.100.000.000,00, o que na cotação de hoje representa R$11.600.000.000,00. A empresa pretende produzir 30 milhões de toneladas por ano de pellet feed, uma espécie de minério com grãos finos, com alta concentração de ferro.

Já no Sul de Minas, Sr. Presidente, em Pouso Alegre, desponta uma nova gigante: a XCMG, um empreendimento que consumiu, desde o início das suas obras, em 2012, US$200.000.000,00, o equivalente a R$1.100.000.000,00. Em 2010, o PIB da cidade girava em torno de R$3.000.000.000,00. No ano passado, segundo o governo municipal, foi R$8.300.000.000,00. Em 1º de julho de 2020, começou a operar também o banco da XCMG, que tem expectativa de movimentar entre R$400.000.000,00 a R$500.000.000,00 em operações de crédito, já em seu primeiro ano de funcionamento.

A China tem sido parceira em vários empreendimentos brasileiros, em várias unidades da Federação, recebendo diversas delegações de estados brasileiros em 2019. Como exemplo, podemos citar o caso de Alagoas, que assegurou R$276.500.000,00 para instalação e ampliação de empresa chinesa. São Paulo conquistou mercado para sua indústria calçadista e R$137.000.000.000,00 em compromissos firmados com empresas públicas e privadas, entre instalação de fábricas e investimentos em infraestrutura. Os paulistas ainda instalaram o escritório da agência estadual de investimento em Xangai, ou seja, uma das primeiras medidas do governo atual de São Paulo, foi instalar um escritório de representação na China. Colocam-se na vanguarda estados que promovem a inserção de suas economias no mundo, trazendo benefícios para o setor privado, público, e para toda a população.

Já está passando do momento, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, de nos apresentarmos, comercialmente, a esses nossos parceiros, com maior ênfase. Produzimos produtos que são genuínos, de grande qualidade, e muitos deles organizados em arranjos produtivos locais de grande sucesso. Poderemos citar aí os casos da APL de lingerie, na cidade de Juruaia, e podemos citar também o outro exemplo, o arranjo produtivo das indústrias de mobiliário no Município de Ubá, que agrega 350 fábricas de móveis residenciais e de escritório. O setor emprega mais de 13 mil trabalhadores. Aliás, o setor produziu, só em 2015, 28 milhões de peças. Podemos citar outro exemplo exitoso: o APL eletroeletrônico, que projetou Santa Rita do Sapucaí no cenário tecnológico nacional. E há muitos outros exemplos, presidente, com grandes chances de ter grande participação nesse intercâmbio que pode ser promovido entre Minas Gerais e a China, não somente aumentando as exportações, mas também atraindo empresas, gerando emprego, renda, além de proporcionar grandes oportunidades para o compartilhamento de tecnologias avançadas.

Como essas iniciativas poderiam ser potencializadas pelo comércio internacional? Essa é uma grande pergunta. Certamente uma dessas iniciativas é não descuidar do mercado de um país que possui a estimativa de 1.400.000.000 de habitantes em 2020. Além do mais, é a 2ª economia do Planeta, e caminha a passos largos para se tornar, em breve, a 1ª economia.

Outro fator é o perfil de nossas exportações, que é de produtos primários. Não podemos, porém, ficar focados na negociação de commodities. Precisamos movimentar, para mudar esse perfil, sobretudo para reverter o processo de desindustrialização que acomete não só o Brasil, mas também, e infelizmente, o nosso Estado de Minas Gerais, o que tem prejudicado, e muito, a nossa economia.

Aliás, presidente, esse foi o assunto central do Webinar Investimentos e Comércio Exterior, promovido pela Vice-Governadoria do Estado de Minas Gerais, com participação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a nossa Apex-Brasil, do BDMG e do Indi, agora em junho deste ano. Na ocasião, o presidente do Indi, o Sr. Thiago Toscano, destacou as ações do governo do Estado em busca do fortalecimento de outras áreas, não apenas as tradicionais, como mineração, siderurgia e agronegócio. Ele citou como potenciais áreas a área aeroespacial, eletrônica, tecnologia da informação, ciências da vida, abrangendo fármacos e medicamentos, todas de elevado valor agregado.

Nas palavras do Sr. Thiago Toscano, abre aspas: “A necessidade de diversificação da economia mineira é debatida há anos. Já temos os caminhos, os setores e as regiões. Não é uma questão política, mas técnica. São áreas ancoradas e alavancadas pelo mundo global, dotadas de logística rápida e que contam agora, no caso de Minas Gerais, com o aeroporto-indústria recentemente inaugurado no aeroporto internacional de Belo Horizonte”, fecha aspas.

O setor financeiro de fomento também está atento. O Dr. Sérgio Gusmão, presidente do BDMG, na segunda-feira passada, em entrevista ao jornal O Tempo, enfatizou as potencialidades de estreitarmos as relações, em especial, na área de energias renováveis, bem como valorizou o papel do NBD, o novo banco do Brics, que se consolida como importante instrumento de desenvolvimento econômico, por meio de créditos e de investimentos em áreas estratégicas.

Mas, Sr. Presidente, fica a pergunta: como facilitar o contato entre as partes? Como construir essa ponte? A província chinesa de Yangzhou mantém relações muito próximas conosco, em termos nominais. É para lá que enviamos parte significativa do que exportamos para a China. A frente parlamentar poderá ajudar, e muito, somando-se aos empresários, produtores, lideranças políticas e representações diplomáticas, na efetivação de um escritório de representação comercial de Minas Gerais, na China, e, em especial, naquela região. Esse escritório facilitaria o intercâmbio, o atendimento aos municípios e aos pequenos e médios empreendedores, funcionando como ponto de apoio, já que as grandes empresas possuem condições de manter grandes estruturas de acesso ao mercado internacional.

Queremos maior proximidade com esse mercado, que é uma fatia importante das nossas importações. Segundo dados da Fiemg, para o primeiro trimestre deste ano, a China é destinatária de 27,1% do total das exportações de Minas Gerais. Em seguida vêm os Estados Unidos, com 9,1%; os países baixos, a Holanda, 5%; o Canadá, 4,9%; o Japão, 4,7%; e Alemanha, 4,5%. Então, gente, não dá para ignorar um parceiro comercial dessa envergadura. É por esse motivo, Sr. Presidente, já concluindo, que julgo que vale o empenho de envidarmos esforços em torno da Frente Parlamentar Minas-China, sobretudo para caminharmos contra a desindustrialização, aumentarmos as exportações, atrairmos novos investimentos, compartilharmos novas tecnologias e promovermos o desenvolvimento econômico de nosso estado, principalmente nesse grave momento de pandemia, que superaremos, é verdade, mas que será seguido, com certeza, pelo agravamento econômico no período pós-pandemia. Certamente, essa iniciativa, com o apoio dos nossos pares e do presidente desta Casa...

Eu gostaria de ressaltar a participação efetiva do nosso querido amigo presidente, deputado Agostinho Patrus, que inclusive se fez presente através de um vídeo e manifestou total apoio ao lançamento da frente. Nós, com certeza, podemos contribuir, e contribuir muito, para a diminuição do impacto econômico e do agravamento da condição financeira de Minas Gerais. Por tudo isso é que considero, Sr. Presidente, já finalizando, que a última terça-feira, dia 18, foi um dia importante para esta Casa, pois fizemos o lançamento da Frente Parlamentar Minas-China. Não podemos descansar quando a meta é a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos da nossa querida terra de Minas Gerais. Que Deus nos abençoe nessa empreitada! Obrigada, Sr. Presidente. Era o que tinha a dizer.

O presidente – Obrigado, deputado Glaycon. Um forte abraço para você. Saudade! Apareça, viu?

A próxima oradora inscrita é a deputada Andréia de Jesus. Com a palavra, para seu pronunciamento, a deputada Andréia de Jesus (– Pausa.) Está mudo aqui, deputada. Peço a senhora que desative o seu mute, por favor.