Pronunciamentos

DEPUTADO ANTONIO CARLOS ARANTES (PSDB)

Questão de Ordem

Elogia o agronegócio. Comenta a gravidade do coronavírus, a dificuldade para fazer o exame da doença e a demora no resultado. Manifesta preocupação quanto aos produtores e trabalhadores que atuam na CeasaMinas, solicitando ao governo do Estado atitude para esse público em relação à Covid-19.
Reunião 12ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 19/03/2020
Página 23, Coluna 1
Assunto AGROPECUÁRIA. CALAMIDADE PÚBLICA. SAÚDE PÚBLICA.
Observação Pandemia coronavírus 2020.

12ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 17/3/2020

Palavras do deputado Antonio Carlos Arantes

O deputado Antonio Carlos Arantes – Muito obrigado, Sr. Presidente Bruno Engler. Hoje, todo mundo falou só de coronavírus. Eu também vou falar disso, mas eu quero falar de algo muito positivo neste Brasil, do grande pilar que sustenta este país de perto: o agronegócio, desde o pequenininho, da agricultura familiar, até o grande produtor. Estamos aí com uma safra já sendo colhida, deputado Cleitinho. R$680.000.000.000,00 é o valor estimado dessa safra. Isso é muito dinheiro rodando por este país, fruto do dinamismo, do empreendedorismo e dos batalhadores do campo, pessoas que acreditam na terra, acreditam em Deus, acreditam no trabalho e fazem a diferença neste país. Este país, se não fosse o nosso campo, se não fosse a nossa agricultura e a nossa pecuária, se não fosse também o pessoal da cana, do eucalipto, das frutas, da horticultura. Enfim, aquele produtor que levanta cedo, de madrugada, vai para o campo e gera ali o alimento de cada cidadão. Se você acordou hoje, levantou cedo ou mais tarde e tomou café, pode se lembrar do homem do campo. Foi ele que produziu o seu alimento e, muitas vezes, barato. A parte mais barata do custo de vida da população ainda são os alimentos básicos. Então, nós estamos falando de R$680.000.000.000,00. Minas Gerais normalmente é em torno de 10% disso, ou seja, R$60.000.000.000,00 estão sendo produzidos no Estado, gerando emprego e desenvolvimento para o nosso país. São produtores que muitas vezes não têm estrada, que muitas vezes não têm acesso a crédito, que muitas vezes enfrentam legislações ambientais exageradas, enfrentam roubo no campo, muitas vezes é agredido, assassinado, violentado, roubado, mas estão lá firmes, acreditando neste país e gerando um Brasil melhor. Agora vamos falar do lado ruim. Eu confesso que estou muito assustado, tenho visto depoimentos assustadores. Hoje, inclusive, uma amiga nossa estava na Europa e não tinha como vir para o Brasil, pois estavam fechados os aeroportos. Então, deputado Jean, ela está lá em Marrocos, não tem para aonde ir, e o dinheiro está acabando. É uma situação difícil e não é só lá não. Alemanha também tem um caso de uma pessoa que foi para lá esses dias e agora precisa voltar correndo porque sabe que não vai conseguir o trabalho previsto, está tudo parado. Ela precisa voltar e não volta. E assim está cheio de pessoas. Não sei até se é exagero, mas já há pessoas que morreram há dois, três dias e não foram enterradas, estão dentro de casa. Se é verdade eu não sei, mas é preocupante. Agora eu confesso que ainda vejo muita gente zombando desse assunto do coronavírus e não dando o devido valor. Olha, essas pessoas estão mudando de opinião a cada dia e mudarão. A coisa é muito pior do que se imaginava. Falo isso porque tenho pessoas ligadas à área de saúde, que conhecem muito mais que eu, e estão apavoradas. É só vocês imaginarem, por exemplo, como aconteceu na minha cidade uma vez e em algumas outras em época de festa. Havia um carrinho de lanche numa festa e alguém dissemina ali também um vírus, uma bactéria e contamina todo mundo. E aí – já fui uma vez – deputado Jean, na cidade foram 350 pessoas. Não tinha jeito. Era gente pelos corredores, para todo lado, para as cidades vizinhas. Não tinha como. Aconteceu isso em Pratápolis e em outras cidades também. A cidade não tem estrutura. A saúde não tem estrutura para coisas muito mais simples e rápidas. Esses eventos são rápidos, passam rápido. Agora, não é o caso do que a gente vê do coronavírus. Portanto, é assustador, é preocupante. E o que mais me assusta é que ontem, inclusive, foi motivo de reivindicações para que eu entrasse no meio e tentasse intervir. Pessoas estão percebendo que realmente estão com o vírus e não conseguem o exame. Pediram 7 dias: “Não. Vão ser 7 dias, mas podem ser 10”. Há pessoas que até têm recursos e estão fazendo exame particular, mas muitas vezes elas não têm dinheiro. Estão só no começo. E aqui, em Belo Horizonte, estão pedindo 7 dias. Imaginem essa evolução que nós sabemos que vai acontecer nos próximos 10 dias. O que eles vão falar? Então, é assustador. Desculpe-me, presidente, por estender, mas, como estamos com tempo – está ali o deputado Bartô –, peço atenção. O que me preocupa muito é a Ceasa. “Ah, pela Ceasa passam 70 mil pessoas por dia. Então onde há grandes aglomerações não pode haver atividades; é preciso fechar a Ceasa”. Gente, a Ceasa é o espaço físico mais importante de Minas Gerais e talvez do Brasil, porque é ali que se recebem e se distribuem os alimentos para o povo mineiro e brasileiro. Então, a Ceasa, com ou sem coronavírus, tem que estar aberta, tem que estar com o espaço ali movimentando e agilizando porque é questão de saúde e de combater a fome. Então, não pode faltar a Ceasa. E aí eu confesso que, até agora, não vi nenhuma manifestação do Estado, principalmente, do secretário de Saúde, deputados Cleitinho, Bartô e presidente Bruno. Não vi. Ali tinha que ter, no meu entendimento, uma ação direcionada da Secretaria de Saúde recebendo, orientando e acompanhando as pessoas e pegar alguém que está suspeito e já levá-lo ao laboratório. De repente, o Estado não tem estrutura. Contrate, de forma emergencial, um laboratório para receber esse pessoal da Ceasa, porque essas pessoas são fundamentais para o desenvolvimento de Minas Gerais, para manter o Estado vivo. Vejam bem, há aquele produtor, que vem ali todos os dias no seu caminhão e tem mais de 60 anos. A produção está lá, e ele está com gripe. Você acha que ele vai ficar na roça, Cleitinho, deitado na cama esperando a gripe passar? E se for o coronavírus? Eu não estou vendo – pode ser até que haja ação do Estado – da Secretaria de Saúde. Então, Sr. Secretário, gostaria que nos desse essas informações. Qual é a ação direcionada que a secretaria de Estado está fazendo no principal espaço econômico de desenvolvimento de Minas Gerais, que é a Ceasa? Nós queremos saber. É fundamental a proteção de todas essas 70 mil pessoas que passam por dia ali, sendo que, aproximadamente, 10 mil são comerciantes, produzem e comercializam. Outros só comercializam. Essa é a minha preocupação. Então, Sr. Secretário de Saúde, queremos saber qual é a ação direcionada na defesa desse povo tão importante, desses empreendedores tão importantes para o povo de Minas Gerais, que são aquelas pessoas que frequentam a Ceasa. Veja bem que as pessoas que estão nos mercadinhos do centro, nos sacolões, nos grandes supermercados saíram da Ceasa, 90% vieram da Ceasa. Sei porque tenho familiares que trabalham na área, Cleitinho, e conhecem bem. Vêm de lá! Então, é fundamental a proteção, a orientação, a organização e a priorização no atendimento desse público e também das pessoas idosas. Quando se fala de pessoas idosas, aqui, em Belo Horizonte, há mais de 200 casas de idosos. As casas de idosos estão começando a ter aí – graças a Deus que, até agora, parece que não teve nada confirmado – muitos suspeitos. Da mesma forma, são sete dias para dar uma resposta. Isso é muito tempo, porque, se um idoso desse estiver contaminado e eles estiverem lá aguardando essa resposta, ele pode contaminar a casa inteira. Isso será grave e terá desgaste muito sério também para a nossa Secretaria de Saúde. Esperamos que o secretário e toda a sua equipe busquem as providências. Eu acredito que já esteja fazendo, porque eu sei que há muita gente séria, principalmente esse pessoal que está há mais tempo na secretaria. A turma nova ainda está aprendendo. Mas ainda há muita gente mais experiente, muito capacitada e que pode contribuir bastante. Muito obrigado.