Pronunciamentos

DEPUTADO ANTONIO CARLOS ARANTES (PSDB), Presidente "ad hoc"

Discurso

Transcurso do 110º aniversário de fundação da Academia Mineira de Letras. Lê mensagem do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Agostinho Patrus.
Reunião 51ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/12/2019
Página 6, Coluna 1
Assunto HOMENAGEM.
Proposições citadas RQO 700 de 2019

51ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 13/12/2019

Palavras do presidente (deputado Antonio Carlos Arantes)

O presidente - Exmo. Sr. Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, parabéns pelo discurso – ainda jovem e presidente de uma entidade tão importante e tão ilustre. É bom saber que a história de sua família também passa por esta Casa. Muito obrigado. Deputado Doorgal Andrada, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem, parabéns pela iniciativa.

A família Andrada, todo mundo conhece. É uma família que realmente tem uma grande história na política mineira e brasileira e com grandes feitos. E podem ter certeza de que este jovem vai escrever grandes capítulos também na história de Minas. Parece já um veterano. Articulado, organizado, agregador e muito inteligente. Tem muito futuro. Parabéns.

Queria cumprimentar também o deputado federal Patrus Ananias, que está aqui conosco; o presidente emérito da Academia Mineira, Olavo Romano. Gosto muito de ouvi-lo, principalmente naqueles programas de televisão, viu? O Olavo Romano tem muita história também. Lembro-me de um dia em que vi você e Rolando Boldrin num papo gostoso. Cumprimento também o vice-presidente da Academia Mineira de Letras, Caio Boschi. Deduzo que ele seja irmão do Cláudio, que é meu amigo. Mande o meu abraço para ele.

Não poderia deixar de cumprimentar os amigos que estão aqui também: Dr. José Anchieta, um dos melhores oradores que eu já vi na face da terra – inteligência ímpar, ele é o presidente do Clube dos Amigos da Academia; também o Otávio Elísio. Nossa Minas Gerais deve muito a ele, bem como o Brasil. Grande não é só na estatura, não é, gente? Também muito culto e está aí firme defendendo o nosso turismo, a nossa cultura. Parabéns. Muito obrigado. Cumprimento a nossa amiga Maria Elvira. Se eu e ela tivéssemos combinado no domingo que nesta semana a gente teria que se encontrar todos os dias talvez não desse certo, não é? (--Risos.) Acho que só não nos encontramos na terça-feira. (- Risos.) Desde segunda-feira estamos nos encontrando. É sinal que eu estou nos lugares certos, porque você só escolhe os lugares certos. Muito obrigado pela presença. Ela é quem comanda também as Caminhantes da Estrada Real, nesse belíssimo projeto – um programa que é em nossa estrada real, valorizando o nosso turismo. Enfim, quero cumprimentar todos que estão aqui presentes, todas as lideranças e autoridades aqui conosco. O músico realmente merece todo o nosso respeito e os nossos aplausos.

Estou aqui representando o nosso presidente Agostinho Patrus, que não pôde estar presente. Ele faz aqui um belíssimo trabalho e consegue liderar de forma realmente diferenciada. É um líder autêntico – é filho do pai, não é? Filho do Agostinho Patrus e realmente tem conseguido fazer com que a Assembleia tenha participado ativamente para trabalhar e tirar o Estado da situação que está passando. (- Lê:)

“Ao completar 110 Anos de existência, a Academia Mineira de Letras permanece intensamente ativa, à frente da preservação e da divulgação da vida cultural do Estado. Sua trajetória, desde a criação em Juiz de Fora e a transferência para Belo Horizonte, em 1915...” – Isso é bom. Confesso que não sabia que a criação era em Juiz de Fora. Que bom! – “… abrange momentos de peculiar relevância e que refletem a própria história das ideias, do conhecimento e do saber de Minas Gerais.

Nossa Casa das Letras, ocupando dois prédios imponentes da Rua da Bahia, em que o pós-moderno constrói um significativo diálogo com o ecletismo do início do século passado, conquistou um lugar especial na memória afetiva de todos nós. Ao mesmo tempo, constitui uma bem-sucedida versão de uma das mais fortes instituições ligadas à arte e ao pensamento da civilização ocidental, ao lado dos museus, dos teatros e das grandes bibliotecas.

Quando, em 1635, em pleno Século das Luzes, Richelieu criou a Academia Francesa, agrupou 40 sábios versados em diversos assuntos relativos ao idioma francês. Ao assim proceder, refletia as mesmas ideias iluministas que buscariam, por meio de um grande livro coletivo, reunir todo o conhecimento humano, vindo daí a criação, por Diderot, da Enciclopédia.

Inspirou-se, ao oficializar o conhecimento e o idioma da França, no Akademus, jardim da Grécia antiga, onde Platão ensinava filosofia aos seus alunos, dando à sua aprazível escola o nome de academia.

A partir daí, as academias modernas se espalhariam pelo mundo, sempre voltadas à celebração do idioma e da cultura de cada país. Foram se especializando, consagrando-se cada uma a um ramo específico de conhecimento.

Machado de Assis, no início da República, foi fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, com a finalidade de, em suas próprias palavras, “conservar, no meio da federação política, a unidade literária”.

Já era, então, missão dos acadêmicos a preservação da memória cultural de cada povo, uma vez que não só a unidade, mas também a própria identidade nacional se realizam através da memória coletiva. Não por acaso, a musa que preside a inspiração poética é Mnemósine, a própria memória.

A literatura teria surgido com a função de preservar a memória dos heróis, aqueles que deram coesão e sentido à história de cada povo. Assim, Homero celebrou os gregos, unidos para combater Troia, nos versos da Ilíada. Na Odisseia, cantou as aventuras de Ulisses, o marinheiro que simboliza toda uma civilização náutica.

Cada língua que se constituía no ocidente, desvinculando-se do latim imposto pelo Império Romano ou dos idiomas germânicos considerados bárbaros, fixou-se por meio de uma obra literária. Ali estavam a imaginação e o talento criativo celebrando um idioma nascente, festejando os heróis e os sentimentos comuns que provocavam a altivez e o brio de cada nação.

O florentino Dante, recorrendo ao poeta latino Virgílio, seu guia na exploração do inferno e do purgatório que antecede sua visita ao paraíso na Divina Comédia, inaugura, pela palavra escrita, o idioma italiano.

Camões, no seu épico Os Lusíadas, dá forma própria à nossa língua portuguesa com a narrativa da viagem ao oriente de Vasco da Gama, herói luso, que, como Ulisses, rememora a vocação marítima de um povo.

Alcançou o Brasil a sorte ímpar de ter como mentor de nossa academia nacional aquele que era, até então e indiscutivelmente, nosso maior romancista, levando seu prestígio incontestável à nascente instituição.

No entanto, nossa primeira academia existiu informalmente muito antes de Machado de Assis fundar a famosa casa no Rio de Janeiro, que atrairia nomes importantes da ficção, da lírica e das críticas nacionais. Ela aconteceu aqui, em Minas, reunindo poetas como Tomás Gonzaga, Cláudio Manuel, Alvarenga Peixoto. Foram esses homens de letras que moldaram, a partir de Vila Rica, a essência de nossa nacionalidade. Criaram, além de poemas inesquecíveis, também a Bandeira Mineira e nela cunharam o nome de nosso símbolo mais caro: a liberdade.

A memória de Minas se fixa, hoje, nas páginas intemporais de seus autores, seja nas confidências poéticas do itabirano Drummond, reconhecendo o minério de ferro entranhado em nossa alma, ou no sertão crivado de veredas, tão regional e tão universal na prosa de Guimarães Rosa.

É mineiro o memorialista maior das letras brasileiras. Nascido em Juiz de Fora, Pedro Nava fez, em sua alentada obra, a evocação definitiva de Belo Horizonte durante a eclosão do modernismo.

Quantos nomes verdadeiramente imortais de nossas letras passaram por nossa academia: Cyro dos Anjos, Eduardo Frieiro, Abgar Renault e, precursora do reconhecimento ao talento feminino, Henriqueta Lisboa, uma das mais poderosas vozes poéticas da história literária deste país.

Hoje comandada por Rogério Faria Tavares, tem entre seus membros mais ativos os escritores Rui Morão, Olavo Romano e Luís Giffoni, lado a lado de outros expoentes da intelectualidade de Minas Gerais.

Os atuais acadêmicos representam, à maneira dos fundadores da Academia Francesa, cada um em sua área, o amplo conhecimento que constitui a cultura mineira, ao mesmo tempo em que permanecem como os guardiões de nossa memória.

Ao celebrar os 110 anos da Academia Mineira de Letras, esta Assembleia reconhece a enorme importância da instituição, digna de nossa reverência e admiração. Muito obrigado.”.

Muito obrigado a todos. Que Deus proteja a todos!