DEPUTADO DURVAL ÂNGELO (PT)
Discurso
Legislatura 18ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 02/08/2018
Página 12, Coluna 1
Assunto ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL.
42ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 29/5/2018
Palavras do deputado Durval Ângelo
O deputado Durval Ângelo* – Tenho 30 anos, Sr. Presidente, de mandatos ininterruptos. Nunca me dirigi a um adversário político, da tribuna da Assembleia, com palavras de baixo nível e desrespeitosas, como o deputado Sargento Rodrigues está se dirigindo ao governador Fernando Pimentel. É interessante que, nesses 30 anos, nem aos aliados dele, do PSDB, que ajudaram no financiamento da campanha dele, dirigi-me dessa forma. Vocês não me viram aqui me regozijando, em momento algum, com a prisão da Andrea Neves. Agi de forma contrária, coisa que nenhum deputado do PSDB fez: escrevi um artigo no jornal O Tempo mostrando a impropriedade daquela prisão. Nunca me referi nem aos R$40.000.000,00 pedidos ao Joesley Batista, nem à mala com os R$2.000.000,00 para o grande aliado, Aécio Neves, do Sargento Rodrigues. E todo mundo sabe, na tropa, das grandes ligações que ele teve com Aécio Neves.
Acho que há um limite ético no uso das palavras. Há um limite ético. Até que haja decisão de trânsito em julgado, ninguém pode ser chamado de bandido ou de culpado. Esse é o princípio basilar do Estado Democrático de Direito, que talvez o deputado Sargento Rodrigues não conheça. Nem em relação à prisão de outro aliado dele, Eduardo Azeredo, manifestei-me dessa forma. Pelo contrário, eu disse que, sem trânsito em julgado, ele não deveria ser preso. Coisas que parlamentares do PSDB não falaram, eu falei lá fora para a imprensa. Perguntaram-me, achando que eu fosse usar uma palavra de baixo calão contra Eduardo Azeredo, mas não a usei, já que entendo que ele ainda tem direito a recurso na sua sentença.
É questão de berço, de educação, de sensibilidade humana. Digo que nem provocado vou usar contra alguém as expressões e palavras que o Sargento Rodrigues usa. Usa contra seus colegas de tropa; usa contra o comando da instituição, a qual pensei que ele amasse, mas não ama, quando se dirige aqui aos dois grandes comandantes, Cel. Leão e Cel. Helbert, esses grandes homens que estão contribuindo para a redução da criminalidade neste Estado de Minas Gerais. Não, não vou usar nenhuma expressão dessa natureza.
Em relação ao governador do qual sou líder na Assembleia, é interessante que, dos sete processos e denúncias, quatro estão arquivados. Um fazia parte da delação do Bené, sobre a questão da gráfica, em que ele era acusado de receber R$5.000.000,00, mas do qual o Ministério Público pediu o arquivamento, e o ministro Herman Benjamin o arquivou. Pergunto: se o Sr. Bené errou em parte ou mentiu em parte, quem dirá que não mentiria na totalidade, seguindo a velha perspectiva da lógica aristotélica, de que não há meia verdade ou meia mentira, deputado Sargento Rodrigues?
Eu poderia falar aqui sobre a outra denúncia, em que foi absolvido por 15 a 0 pelo órgão especial do Superior Tribunal de Justiça.
Não houve lá ministros indicados em quatro ou cinco diferentes governos. Não vou usar essa expressão. E agora, recentemente, nas duas denúncias do PSDB que envolviam a delação do Bené, o Tribunal Regional Eleitoral absolveu o governador por seis a zero. Então pergunto: lá há um juiz federal, lá há dois juízes de carreira, lá há dois juristas, lá há dois desembargadores compondo a corte, e não poderia algum discordar? Não, foi seis a zero. E o objeto da matéria com que o PSDB entrou foi a questão da denúncia do Ministério Público em função da delação premiada do Sr. Bené.
Portanto, fazer o debate nesse nível, faço. Faço em relação a Eduardo Azeredo e faço em relação ao senador Anastasia, que está sendo investigado em três denúncias junto com o Aécio, que envolvem financiamento de campanha, em valores muito maiores do que os imputados pelo deputado Sargento Rodrigues. Quero deixar bem claro, deputado Sargento Rodrigues, que em um nível desse não se faz debate, em um nível desse, V. Exa. vai acabar levando para a cruz Jesus e soltando Barrabás. E palavras não têm esse valor absoluto que V. Exa. impõe. Pelo menos, no exercício do Parlamento – digo isso com 30 anos ininterruptos de atividade parlamentar –, temos de ter claras as expressões e a forma com que as usamos e utilizamos, porque há muita coisa para ser dita. Poderia levantar questões com a mesma leviandade com que V. Exa. levanta, mas não me igualo, nunca. Não vou me igualar, nem provocado, nem indignado. Enfim, manterei o mesmo nível que sempre tive nesta Casa e que me fez angariar o respeito e a consideração de muitos colegas.
* – Sem revisão do orador.