Pronunciamentos

DEPUTADA LUZIA FERREIRA (PPS)

Questão de Ordem

Apresenta balanço de sua atuação parlamentar, agradece o apoio recebido e despede-se da Assembleia Legislativa.
Reunião 80ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 17ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/12/2014
Página 28, Coluna 1
Assunto (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

80ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 17ª LEGISLATURA, EM 18/12/2014

Palavras da deputada Luzia Ferreira


A deputada Luzia Ferreira - Queria dizer que não gosto muito de despedidas porque é um momento em que a gente fica, como o Sebastião Costa falou, com muita emoção. Deputada Maria Tereza Lara, que já passou por aqui, sabe disso. Queria começar falando da minha alegria por ter convivido com Sebastião Costa no PPS, como integrante do meu partido, por cerca de 10 anos, que já vem disputando mandato aqui. Ele veio para o partido quando já tinha um mandato. Parece que era do DEM. Filiou-se junto a Márcio Kangussu. Passei a conhecê-lo. Tião, como presidente do partido, quero falar da alegria e honra de tê-lo conosco. Ainda é um filiado, membro da nossa executiva estadual. Você honra o voto de cada um que lhe confiou essa honrosa missão de representar o povo mineiro. Você está apenas deixando de disputar mandatos. Tem muita contribuição a dar, com sua experiência, com sua serenidade. Todos ficamos muito felizes por tê-lo aqui entre nós. Queria dizer aos companheiros que sempre fui militante política, desde muito jovem. Nossa geração nos impôs a missão de resgatar a democracia, as liberdades democráticas. Cheguei aqui em 1973 - sou do interior, de uma pequena cidade -, para estudar, para fazer faculdade. Eram tempos duros do governo Médici, de uma repressão imensa. Como estudante, no nosso espaço devido, começamos essa caminhada. Sempre digo a vocês que não sou nem do tempo do Aecinho, mas do de Tancredo Neves. Está aqui o deputado Wander Borges. Nessa caminhada da luta democrática, do MDB e da Arena, sempre tive esse lado, esse rumo na política de considerar a política um valor universal, de lutar por ela, arriscando naquele momento até a integridade física. Filiei-me ao MDB naquela época. Tive também minha fase do voto nulo, do protesto, de não votar em ninguém. Todavia, vi que o caminho para derrotar a ditadura era a união de forças, o de ganhar a população e, por meio das eleições, do processo democrático, da organização do povo, fazer retornar o País à via democrática. Quero dizer a vocês que naquela época eu era filiada ao MDB. Conheci muitos nessa luta. Outros, conheci aqui em Belo Horizonte, também na luta dos movimentos sociais, no trabalho da prefeitura, como vereadora, e agora como deputada. Tive uma honra imensa. Sou testemunha dessa trajetória toda, dos debates importantes que esta Casa travou nos últimos quatro anos e de que também participei, presidente Dinis. Queria dizer que tenho orgulho imenso de ter estado aqui pelo voto do povo. Estou saindo porque os votos não foram suficientes. Temos de ter clareza disso. Uma das minhas atuações mais importantes foi como relatora da comissão da reforma política, que, infelizmente, não andou, mas fizemos nossa parte. O deputado Mosconi já fez referência a essa comissão, ele foi seu presidente. Fizemos um amplo debate nesta Casa, um debate plural. Ouvimos todos os segmentos. Encaminhamos, ainda em julho de 2011, à comissão da reforma política do Congresso Nacional as propostas e as sugestões de Minas, mas, infelizmente, elas não andaram. Essa continua sendo uma das reformas mais urgentes que o Brasil precisa enfrentar, até para resgatar a confiança da população na democracia, aproximar os eleitos dos eleitores, resgatando, portanto, o valor do mandato popular. Depois tivemos a comissão especial, proposta e dirigida por nosso amigo Dalmo, que investigou a violência contra as mulheres. Também fui relatora indicada por essa comissão. Creio que isso é uma das chagas da nossa democracia. Além da sub-representação das mulheres no Parlamento, no espaço de poder, estamos convivendo com essa tragédia diária que é a violência doméstica. Ouvimos todos os segmentos, enumeramos um conjunto de sugestões que estão sendo, deputado Zé Maia, implementadas pelo governo do Estado, pelo órgão gestor que monitora a aplicação da Lei Maria da Penha. Cito uma delas: unificar os dados para se ter, de fato, a dimensão, as estatísticas confiáveis, até para fazer o planejamento das ações, que antes a gente não tinha. Por todo lado, se a mulher chegar para fazer sua denúncia, num hospital, num pronto-socorro ou numa delegacia, essa violência será registrada. Deverá haver também uso de tornozeleiras eletrônicas para monitorar as medidas protetivas de distanciamento. São duas propostas que discutimos na comissão. Quero dizer que participei também, com muito gosto, da organização do seminário que listou diversas sugestões, ainda em 2011, para erradicação da pobreza, dirigida pelo deputado André Quintão. Foi um momento importante da Casa, de encontro a uma das bandeiras mais relevantes que é a diminuição da desigualdade no nosso país, que vai e volta. Ainda temos várias pessoas vivendo na miséria, abaixo da linha de pobreza. Isso é inaceitável para um país com nossa riqueza, com nossa dimensão e com nossa construção histórica. Quero dizer que esta Casa viveu momentos muito importantes. Sou uma das mais presentes aqui, talvez por morar em Belo Horizonte, ter minha base eleitoral na região metropolitana, portanto minha abrangência está bem próxima de nós. Pude vivenciar esses debates tão relevantes. Quero agradecer a cada um de vocês, aos que já conhecia, aos com quem pude continuar a conviver. Agradeço o carinho e o respeito por mim. Agradeço aos que conheci aqui. Apesar das diferenças, sei que a essência do Parlamento, a diversidade e a pluralidade enriquecem. Sem isso teríamos um Parlamento morto, que talvez não representasse a cidadania e o aspecto político, social e ideológico que temos aí fora. Em alguns momentos, consideramos que há discussões estéreis aqui e ficamos pensando que não levam em conta o interesse de todos lá fora. Isto também faz parte do processo: esse estica-puxa da disputa de espaço entre situação e oposição pelos interesses diversos. Devemos compreender que isso é da essência da pluralidade ideológica e política do parlamento. No geral, tivemos aqui momentos muito construtivos. Participei ativamente, concordando com a diretriz que da Mesa emanou, de se fazer uma pequena revolução no funcionamento do Parlamento, ao acabar com os chamados penduricalhos incorporados à vida, como os 14º e 15º salários e o fim do jetom e do voto secreto, que eram tradicionais aqui. Isso sempre fez parte da defesa da minha trajetória política e da do meu partido, o PPS. Deixo o meu abraço, o meu reconhecimento e o meu carinho a cada um de vocês. A partir de fevereiro, estarei na prefeitura. Recebi o honroso convite do prefeito Marcio Lacerda para fazer parte da sua equipe. Conheço muito aquele espaço. Estou em Belo Horizonte há 41 anos, já trabalhei 12 anos na prefeitura, fui vereadora por 6 anos. Com muita honra, servirei ao povo belo-horizontino. Espero continuar nos encontrando pelas ruas, pelos espaços democráticos, na luta democrática, para melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Um grande beijo a todos. Carregarei no meu coração as eternas lembranças dessa convivência sadia, agradável e carinhosa com todos vocês. Muito obrigada.