Pronunciamentos

DEPUTADO SEBASTIÃO COSTA (PPS)

Questão de Ordem

Apresenta balanço de sua atuação na política, agradece o apoio recebido e despede-se da Assembleia Legislativa.
Reunião 80ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 17ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/12/2014
Página 27, Coluna 1
Assunto (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

80ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 17ª LEGISLATURA, EM 18/12/2014

Palavras do deputado Sebastião Costa


O deputado Sebastião Costa - Sr. Presidente, Srs. Deputados, pessoas que acompanham os trabalhos pela TV Assembleia, Srs. Deputados que integram a Mesa, senhoras e senhores, boa tarde. Pedi ao Davi Costa, meu filho, que me enviasse a lista dos nomes dos colegas que estão concluindo esse mandato e não o renovou, por uma razão ou por outra para o próximo ano. Achei que era o meu dever e que seria prudente mencionar o nome de cada um. Como percebo que são muitos os nomes, quero fazer um registro especial da Luzia Ferreira, que há poucos instantes deixou este Plenário, mas que está também, como eu, se afastando do mandato parlamentar. Não quero dizer que estaremos nos afastando da política. Aqui, conosco, estão alguns colegas que, como eu, também estão se afastando do mandato, e não da atividade partidária e política. Inicialmente, quero inverter a ordem dos fatores. É comum agradecer no final da fala. Todavia, considerando este momento, quero fazê-lo no início. Quero agradecer a todos os servidores da Assembleia Legislativa, a todos os colegas, aos servidores que trabalham na limpeza, na Polícia Legislativa, na Consultoria, na assessoria, enfim, a todos aqueles que trabalham neste ambiente. E, diga-se de passagem, são muito dedicados os servidores aos quais estou me referindo. Quero agradecer, naturalmente para não ser injusto, aos eleitores de Minas Gerais, porque, durante seis mandatos - diria sete mandatos porque tive o primeiro mandato de prefeito, em Divino, lá na minha terra natal... Meu primeiro mandato de prefeito foi de 1982 a 1988. Depois de 1990, fui eleito, pela primeira vez, para vir para esta Assembleia Legislativa. Neste momento agradeço aos eleitores que votaram em mim para prefeito e depois para deputado. É um agradecimento que faço neste momento. Quero também, para não ser injusto, agradecer aos meus familiares, que participaram e me acompanharam. Faço isso da pessoa do Davi Costa, que está aqui presente, e peço-lhe que me represente junto aos demais. Tenho certeza de que ele fará isso, mesmo porque há entre nós não o relacionamento de pai e filho, mas de muita amizade e compreensão. Em 1990 cheguei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais para o primeiro mandato. Claro, com muito entusiasmo - entusiasmo que tenho até hoje. Só que hoje tenho um entusiasmo mais comedido. O entusiasmo de 1990 era o entusiasmo em todos os aspectos: vigor físico, disposição física, coragem para a luta e, sobretudo, uma forte crença de que poderia fazer algumas transformações. Convivi, durante esse período de quatro mandatos... Aliás, seis mandatos, porque houve uma interrupção de dois anos, quando fui diretor do Sebrae. Tive uma experiência muito interessante neste Parlamento mineiro. De 1990 para cá, fui renovando os mandatos, participando do processo político, convivendo com governadores de diversos estilos. Costumo dizer que fortaleceremos muito o Parlamento mineiro com o brasileiro se realmente nos preocuparmos com nós mesmos. Temos o dever constitucional de acompanhar e fiscalizar o Executivo, e muito mais respeitá-lo, porque é necessário que haja respeito. É importante que saibamos que a nossa força passa pelas ações do Poder Legislativo. Como dizia, no início tinha muito entusiasmo, muita vibração, e, acreditando que poderia fazer grandes transformações, comecei com meu ímpeto de prefeito. Quem foi prefeito alguma vez na vida esteja certo de que tem alma de prefeito para o resto da vida, não se consegue mudar isso muito, adapta-se ao que pode e aprende a ouvir. O prefeito tem mania de decidir. Então comecei a achar que poderia resolver as coisas por mim mesmo. Mas nada melhor do que ouvir os mais experientes, e ouvia alguns amigos aqui. Tenho muitos amigos, inclusive o Prof. Bonifácio Mourão. Ouvia muito também o deputado José Bonifácio Filho, que era uma pessoa que vivia pensando, e prudentemente avançava. Ele costumava dizer: “Pense no tamanho do passo que você quer dar, vá devagar; aprenda que a atividade política ocorre em uma conjuntura de fatores, e não no seu desejo apenas”. Acostumei-me com a ideia, sou bom aluno, aprendi a respeitar. Uma das coisas que mais significa para mim hoje nesta altura da vida é a certeza de que aprendi a conviver com as pessoas com diferentes pontos de vista. Conhecendo e sabendo respeitar o meu limite, fica fácil compreender o limite e os desejos dos outros. Como estou percebendo que todos estão muito atentos à minha fala, o que agradeço, aproveito para fazer uma observação. No parlamento, é preciso haver posições diferentes. Não é prudente nem inteligente a unanimidade. O crescimento só ocorre com a divergência respeitosa, nada pessoal. Fora disso, transforma-se em um viveiro de pássaros, em que pessoas que pensam diferente, com a convivência, abandonam seu modo de pensar e passam a pensar com o pensamento dos outros. Isso não tem acontecido no Parlamento mineiro, isso não tem acontecido com todos nós neste momento da minha vida pública. Ao finalizar, quero dizer a cada pessoa presente que, na atividade política, é preciso ter coragem, ousadia, mas sobretudo emoção. A emoção nos permite o encontro com nós mesmos. É fundamental haver emoção. Quero agradecer a cada pessoa presente, inclusive à Luzia, que retornou. Fiz menção a ela no início da minha fala, dizendo que ela pedira que eu dissesse que ela estaria torcendo por todos nós com o mesmo entusiasmo que todos estamos. Quero finalizar, porque sei que vocês já estão aqui há muito tempo, já trabalharam muito, houve intensos debates nos últimos dias, e é preciso neste momento que eu também reconheça que a sabedoria do orador não está no que vai falar, mas no que o ouvinte está disposto a ouvir. Finalizando, meu abraço a todos. Quero agradecer ao deputado. O deputado Wander Borges tem um chavão. Ele me pergunta como estou, e sempre digo: animado. Em qualquer situação estou animado, não tenho desânimo. Só para quebrar o gelo, sei que o deputado Lafayette de Andrada iria fazer menção a um fato que aconteceu comigo e o deputado José Bonifácio Filho. Ele era aquele cidadão que chegava em casa mais tarde. Chegou em casa e estava fazendo alguns torpedos, quando me ligou às 2 horas da madrugada. A essa hora costumamos ter de dar explicação a quem está perto, por que e de quem recebemos a ligação. É preciso ter essa sabedoria. Ele me ligou, falou, alongou bem a conversa, e já que havia me ligado, puxei conversa também. E conversamos por 40 minutos, mas falei: “Vou revidar. Sei que ele tem um telefone na cabeceira de sua cama. Vou ligar para ele aos 10 para 6 da manhã”. Assim fiz. Levantei, lavei o rosto, peguei o telefone, não demonstrando voz de sono, e liguei para ele. Quando atendeu, já desconfiado, ele respondeu assim: “É o inconveniente do Sebastião Costa?”. Respondi: “Você está entendendo que sou inconveniente, mas não sou. Estou querendo conversar. Vamos conversar agora, e bastante”. Ele querendo descansar, eu insistindo para conversarmos. São detalhes que acontecem entre as pessoas que fazem o mesmo trabalho, as mesmas tarefas. Há momentos de debates acalorados, mas também momentos de alegria e prazer naquilo que se faz. Finalizando, quero dizer a cada um de vocês aqui presentes que fiz amigos, que fiz o que pude. Muita coisa precisava ter sido feita, não consegui, mas tenho consciência de que o que pude fazer eu fiz. Posso dizer: combati o bom combate. Não sei se acabei a carreira, porque vou virar cabo eleitoral, cabo eleitoral também é político. Combati o bom combate, tornei-me um cabo eleitoral e guardei a fé. Muito obrigado.