Pronunciamentos

DEPUTADO ANTÔNIO CARLOS ARANTES (PSC)

Discurso

Agradece a sua reeleição à população da região Sul de Minas e das demais regiões do Estado. Comenta o crescimento do índice de criminalidade, do tráfico de droga e da prática de prostituição na região Sul de Minas e a promessa do Governador Antonio Augusto Junho Anastasia de criar políticas públicas para sanar os referidos problemas da região. Comenta a situação do produtor rural e a necessidade de criação de política de proteção à classe.
Reunião 76ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/10/2010
Página 46, Coluna 4
Assunto ELEIÇÕES. DEPUTADO ESTADUAL. SEGURANÇA PÚBLICA. DROGA. AGROPECUÁRIA.

76ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA, EM 20/10/2010

Palavras do Deputado Antônio Carlos Arantes


O Deputado Antônio Carlos Arantes* - Sr. Presidente, nobres colegas, telespectadores da TV Assembleia, nossos companheiros da tribuna, é com grande alegria que volto a falar com os nossos amigos deste Plenário. Falar como Deputado reeleito, graças aos 90% dos eleitores de minha região, aos 10% dos belo-horizontinos e às pessoas da região de Lima Duarte e Caxambu, que acreditaram em meu trabalho sério e em minha confiança em Deus. Trabalho ao lado de pessoas boas que me ajudam a construir excelentes projetos.

Com trabalho, as coisas dão certo, tanto é assim, que deram. Tivemos dois parceiros durante este mandato: nosso Governador Aécio Neves, que foi bastante atuante e que deu grandes oportunidades às pessoas amantes do trabalho sério; e o Governador eleito, Antonio Anastasia, é outra pessoa que, desde o primeiro momento do governo Aécio Neves, esteve ao seu lado. Depois assumiu o cargo.

Também o Deputado Federal Carlos Melles, que trouxe recursos federais que contribuíram para o desenvolvimento da região, assim como as parcerias que fizeram com que a região crescesse.

Encontram-se aqui os meus amigos da cidade de Machado, dois Vereadores, o Alemão e o Paulinho, testemunhas dos avanços da nossa região e do Estado. Nas campanhas anteriores - os Srs. Deputados lembram-se bem disso -, era buraco em cima de buraco. Se, na campanha normal, você tinha um compromisso, e era necessário sair rápido de uma cidade para outra, e muitas vezes atrasado, era comum ficar parado na estrada, com o pneu estourado ou a roda entortada. Graças ao governo Aécio Neves e Antonio Anastasia, a esta Assembleia, com Secretários sérios, funcionários e servidores, houve muita contribuição para o desenvolvimento de nosso Estado. Pelo menos em relação a minha região, posso dizer que não vi nem um buraco nas nossas estradas estaduais. Se tivemos alguns problemas, não muitos, estes foram em estradas federais. Foi possível fazer campanha, Deputado João Leite, 20 horas por dia, debaixo de chuva, sem correr o risco que corríamos no passado. Portanto foi a campanha mais tranquila, se analisarmos pela questão de segurança nas rodovias de nosso Estado. Houve muitos avanços: mais de 150 escolas foram reformadas, recuperadas, ampliadas, houve construção de espaços com quadra coberta; mais de 50 postos de saúde; e mais de 500km de estradas recuperadas, só na nossa região. Quanto aos avanços da segurança, no perímetro urbano, podemos dizer que eles foram grandes, mas, no meio rural, temos muito que fazer.

Então aproveito para agradecer a nossos 74.590 eleitores, que acreditaram na nossa proposta; a minha família, que sempre esteve do meu lado; aos meus grandes amigos, grandes parceiros; aos nossos amigos Deputados Estaduais, cujo trabalho foi desenvolvido de forma coletiva, em parceria, nesta Casa.

Podemos dizer que os compromissos continuam e que ainda há muito que fazer. Houve avanços na questão da segurança nos perímetros urbanos, as cidades estão mais seguras, mas é preciso avançar mais e fiquei muito preocupado com o que vi nos Distritos e nos povoados. Nos Distritos e nos povoados, Deputado João Leite, nós, V. Exa., que faz parte da Comissão de Segurança Pública, que é muito atuante e faz um belo trabalho, temos de ter uma ação emergente e imediata para dar segurança às famílias, porque esses locais viraram hoje a casa de muita gente que não tem respeito com a família. Principalmente na minha região, aparece muita gente de fora, paulistas, que se espalha nos Distritos, fazendo com que as verdadeiras famílias que ali residem percam a capacidade de ter liberdade. O local vira foco de tráfego de droga, muita bebida alcóolica, prostituição, e as famílias estão acuadas. Um exemplo claro é São Sebastião do Paraíso, um dos maiores exemplos negativos de violência. Podemos comemorar - talvez seja recorde no Brasil -, pois, em 20 meses, não houve um assassinato ali, e era comum haver um por mês. Em média, havia 12 a 15 assassinatos por ano, e a cidade ficou por 20 meses sem assassinato. Mas, infelizmente, na semana passada ocorreu um caso com um pessoal de fora da região, assassinado por alguém de fora também. Quanto a assaltos, a média era de 30 a 40 casos por mês, e hoje a média é de 3, 4. Se acontece um assalto, pega-se quem o praticou, e antes isso não ocorria, não se fazia nada. Então houve avanços. Na região, a 22km de São Sebastião do Paraíso, há um Distrito que se chama Guardinha. A população daquele lugar não tem segurança, porque só há um policial, que trabalha 8 horas e fica 24 horas de folga, quando há. Então, a moçada toma conta do povoado. Normalmente, nos Distritos e povoados, a opção de lazer para as famílias é muito pequena. Assim, o programa é beber cachaça no boteco, resultando em problemas com drogas e prostituição. Preocupados com isso, estivemos com o Governador Antonio Anastasia, um pouco antes de sua eleição. Ele nos deu a alegria de dizer que também está preocupado com a situação e criará algum programa de proteção ao meio rural, aos Distritos e aos povoados.

Estive num lugar chamado Guaianases, em Capetinga. As famílias do lugar, a partir de 18 horas, se recolhem aos seus lares, já não ficam nas ruas por medo de bandidos que vêm de Ribeirão Preto, de Franca e lá se instalam. Eles fazem isso, porque há facilidades, podem ir e voltar a qualquer hora, além de não haver policiamento no local. Precisamos, pois, dar o exemplo que foi dado nas cidades, com o avanço da segurança e a redução da criminalidade. Mas o crime migra. Quando há um aperto em São Paulo, em Franca, em Ribeirão Preto, ele vai para São Sebastião do Paraíso, para Passos, para Guaxupé. Quando há um aperto nesses locais, ele migra para os povoados, os Distritos e as zonas rurais. Temos, agora, de dar proteção também a essas localidades.

Estamos vendo também - o que para mim não é nenhuma novidade - o produtor rural cada dia mais empobrecido. Deputado Adelmo, os pais na nossa região dizem que serão a última geração rural, pois os filhos não ficarão no campo. Isso ocorre porque não há geração de renda e emprego nessas localidades. A onda de consumismo estimulada pelos meios de comunicação aumentou esses problemas. Se nem o produtor rural, que tem uma certa renda e é estabilizado economicamente, consegue ter renda para movimentar seus negócios normalmente, imaginem com essa onda de consumismo. Trata-se de uma questão de falta de política nacional de proteção ao produtor rural, de uma política econômica direcionada a esse segmento. O emprego que se gera no campo é o mais barato. Apenas com R$5.000,00, gera-se um emprego direto, que, por sua vez, gera uma média de dois ou três empregos indiretos. Faz-se, então, emprego no campo de forma pouco onerosa. Na indústria automobilística, por exemplo, gastam-se R$2.000.000,00 para gerar um emprego. A vocação do Brasil, minha gente, está no campo. Basta olhar nossa balança comercial. O que pesa na balança quando se analisam as exportações? É o setor agropecuário, resultante do suor, do trabalho sofrido do produtor rural, ou a mineração, que é um produto natural, fruto de pesquisa. Afora isso, percebemos que o Brasil não consegue competir com os países desenvolvidos. Somos competentes mesmo nos setores agropecuário e minerário. Infelizmente, falta política que dê proteção a esse produtor rural.

Hoje, o milho está em R$25,00, mas o produtor, na hora de vendê-lo, vende a R$10,00, R$12,00, tendo gasto R$17,00 ou R$18,00. Um litro de leite, hoje, que chegou a ser vendido a R$0,35 ou R$0,40, foi até R$0,80 ou R$0,90. Numa região que tem uma cooperativa organizada como a nossa, que tem o Minas Leite, que movimenta 1.700.000 litros, numa junção de 25 cooperativas, ainda conseguimos vender o leite a R$0,70, mas ele está custando mais. Na região da Zona da Mata, no próprio Sul de Minas, o leite está sendo vendido a R$0,60, R$0,45, R$0,55. Então, o prejuízo é grande.

Estivemos com o Governador Antonio Anastasia em várias ocasiões, eu e o Deputado Melles, nas reuniões com os produtores rurais. A última foi no Palácio das Mangueiras, faltando uns 10 dias para as eleições, reunimos com essas cooperativas para mostrar ao Governador as dificuldades do produtor rural e das cooperativas de competir com as multinacionais. Expusemos a ele que, se não houver uma política de proteção ao produtor, vinda do governo federal, nossas terras cairão nas mãos das multinacionais, como já ocorreu muito em nossa região e principalmente no Norte paulista, onde 80% das terras passaram para as mãos não de paulistas nem de cariocas, mas de multinacionais, apenas em 10 anos.

Não compraram as terras para produzir soja, cana nem laranja. Na verdade, produzem, diretamente, o suco; como já têm a laranja, verticalizam tudo. Plantam cana de açúcar, mas, na realidade, estão produzindo álcool; plantam soja, mas estão produzindo óleo. É dessa forma que ganham dinheiro, enquanto, por outro lado, o coitado do produtor, grande, médio ou pequeno, não consegue ficar por já não haver competitividade.

Se o governo federal tem tido essa dificuldade, ou seja, se não consegue dispor de uma política forte de proteção ao produtor, porque o Estado não faz a sua? Afinal, o Estado de Minas é maior que muitos países da Europa e da própria América. Por exemplo, seria necessário um punhado de países sul-americanos para formarem um Estado de Minas Gerais. Se falarmos em café, Minas Gerais produz mais que o 2º país produtor de café do mundo, que é a Colômbia. Sozinha, Minas Gerais produz muito mais. Então, podemos ter uma política de proteção ao produtor, isto é, uma política direcionada ao nosso produtor, pois somos quase um país e podemos fazer a diferença.

Sentimos uma grande alegria quando o Governador assumiu o compromisso de fazer um programa direcionado ao produtor rural, principalmente ao produtor de leite e de café. O café gera, no Brasil, 8 milhões de empregos. Só no campo, são gerados diretamente 2 milhões de empregos. Se Minas Gerais produz a metade, significa que, só neste Estado, o café gera mais de 1 milhão de empregos.

No que se refere ao leite, só em nossa região de Alfenas, que compreende também São Sebastião do Paraíso e Lavras, há 25 cooperativas que produzem R$1.700.000.000,00. Isso fora o que não passa pela cooperativa. Esse valor corresponde a 2% do leite brasileiro. Portanto, seria necessária uma política para segurar esses produtores rurais no campo, e essa é a nossa expectativa. O meu mandato será direcionado para esse setor, porque, se gerarmos empregos e mantivermos o produtor no campo, produzindo café e leite, quem estiver na cidade e no comércio também será beneficiado, pois venderá mais e, consequentemente, terá mais renda. Afinal, o campo é que faz a cidade movimentar-se.

Tratarei de outro programa que envolve a questão universitária. Hoje vemos muitos jovens - não só filhos de produtores rurais, mas também de famílias que vivem em áreas urbanas -, que querem estudar, mas não têm dinheiro. Essas famílias não possuem renda. Precisamos estar juntos ao nosso Governador para ampliarmos a estadualização da Uemg, a fim de que ela chegue à nossa região: Passos, São Sebastião do Paraíso e Guaxupé. Atendendo a essas cidades, atenderia a nossa região. Precisamos de um governo federal comprometido com a ampliação das universidades federais de nossa região, caso contrário Minas Gerais poderá ver seus jovens se frustrarem, apesar de serem inteligentes e possuírem muita vontade de estudar e conseguir um emprego melhor.

Nesta semana assistimos a uma reportagem no “Jornal Nacional” que revelava ser Cingapura o país com mais milionários por metro quadrado. Apenas em 30 anos, passou de país miserável a país milionário, porque acreditou e investiu na educação, na profissionalização do cidadão, mas também adotou uma política de austeridade, seriedade e respeito. Graças a Deus também temos isso no governo Anastasia e Aécio Neves e juntos poderemos fazer também mais um grande governo para o povo de Minas Gerais. Muito obrigado.

* - Sem revisão do orador.