DEPUTADO RÔMULO VENEROSO (PV), Autor do requerimento que deu origem à reunião especial.
Discurso
Legislatura 16ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/06/2010
Página 51, Coluna 2
Assunto CALENDÁRIO. HOMENAGEM. SEGURANÇA PÚBLICA.
Proposições citadas RQS 1983 de 2010
13ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA, EM 27/5/2010
Palavras do Deputado Rômulo Veneroso
Exmo. Sr. Deputado Doutor Viana, 1º-Vice-Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais; Exmos. Srs. Cap. Divaldo Medrado, Diretor da Associação dos Veteranos da FEB de Belo Horizonte; Cel. Amauri José Rodrigues, Chefe do Estado-Maior da 4ª Região Militar, representando o Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Deputado Federal Ciro Pedrosa; Maj. Guilherme Motinha Nunes, Comandante da Companhia de Comando da 4ª Região Militar, representando o Gen.-Div. Ilídio Gaspar Filho, Comandante da 4ª Região Militar; Brig.-Ar José Magno Resende de Araújo, Chefe de Assessoria Parlamentar, representando o Ten.-Brig. Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica; demais autoridades presentes, cumprimento aqui minha esposa Marcilene e todos os funcionários desta Casa que tão bem nos acolheram nesta noite e prepararam este grande momento para todos nós.
Tive a oportunidade de visitar o Museu da FEB em Belo Horizonte, há poucos dias. Lá, na entrada, uma frase escrita chamou-me a atenção para este grande momento: “Conspira contra sua própria grandeza o povo que não cultua seus feitos heroicos”. É por isso que, neste momento, agradecemos a Deus e ao povo mineiro a oportunidade de estarmos aqui prestando esta homenagem.
No dia 8 de maio, comemoramos 65 anos do término da Segunda Guerra Mundial. Comemoramos a vitória da democracia sobre o nazismo e o fascismo, regimes totalitários responsáveis pelo extermínio de milhões de inocentes seres humanos. E o Brasil, seguindo sua vocação democrática e humanitária, esteve lá, nos campos de batalha, contribuindo com eficiência, determinação e, sobretudo, com êxito nas responsabilidades assumidas.
É sobre esta extraordinária Força Expedicionária Brasileira - FEB - que me incumbe falar nesta tribuna para expressar a profunda gratidão do povo brasileiro. Tenho convicção de que precisamos reiterar o valor histórico da FEB, fundamental que foi na defesa dos ideais democráticos e libertários das nações aliadas contra o totalitarismo dos países do Eixo.
É mister resgatar a imensa dívida que temos para com os bravos soldados brasileiros, vários aqui presentes nesta solenidade, para os quais peço uma salva de palmas. Eles embarcaram para as frentes de combate arriscando suas vidas, mas tendo como ideal a construção de um mundo melhor.
Até 1942, o Brasil se manteve fora do cenário da guerra, dentro de seus ideais pacíficos. No entanto, o verdadeiro genocídio praticado pela tirania de Hitler e Mussolini, além do afundamento de navios mercantes brasileiros por navios alemães e da grande comoção popular, levaram nosso governo a criar a Força Expedicionária Brasileira, em 1943, com a finalidade de defender o País e contribuir para a garantia da permanência dos ideais democráticos, fortemente ameaçados naquele instante, no mundo.
Sendo assim, 25 mil brasileiros embarcaram, em meados de 1944, para as frentes de combate italianas, arriscando suas vidas, enfrentando situações as mais adversas e embrenhando-se numa luta insana de quase um ano, tendo tombado 481 dos nossos. A bravura, o esforço e o destemor dos nossos pracinhas não foram em vão, pois logo vieram as vitórias: ocupação de Massarosa, tomada de Camaiore, queda de Monte Prano, que prenunciavam a derrota do adversário. Início de 1945, e nossas tropas participaram de modo decisivo da conquista de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese, para, logo em seguida, participar também da capitulação do último corpo do exército inimigo no território italiano.
Junto com as demais forças aliadas, os soldados brasileiros comemoraram, no dia 8/5/45, a rendição da Alemanha, que seria seguida pelas demais nações do Eixo até agosto daquele ano. No mundo, ficaram fortalecidos os preceitos de liberdade e de democracia, e, no Brasil, caiu por terra o Estado Novo de Getúlio Vargas, com o seu regime militar.
Os tempos se foram, e, até hoje, temos muito a lamentar por não termos valorizado internamente, reconhecido e dado a justa dimensão ao sacrifício passado por nossos heróis nos campos de batalha. Temos de enaltecer e agradecer a esses febianos e familiares por tudo que fizeram por nós; exaltar a memória dos que tombaram nos campos de batalha e dos que ali estiveram, mas já partiram para outras plagas, e nos manifestar pesarosos por aqueles que não puderam estar aqui presentes nesta sessão solene da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Nestas merecidas homenagens aos nossos heróis, é importante agradecer também e incentivar aqueles que querem recontar e valorizar a participação do Brasil na Segunda Guerra, seja por meio de palestras proferidas a nossa juventude; de homenagens, como a que aconteceu no Congresso Nacional no último dia 15 de março, feita pelo nosso Deputado Ciro Pedrosa; ou por meio de lançamentos de livros alusivos ao acontecimento, podendo citar os lançamentos recentes “A Minha Segunda Guerra”, de João Barone; “Nos Bastidores da Força Expedicionária Brasileira”, do Capitão Divaldo Medrado, que nos honra muito com sua presença - ele foi gravemente ferido em combate no dia 12/12/44, em Monte Castelo, quando comandava seu grupo de combate -; assim como também o “Diário da Segunda Guerra“, relatos do ex-combatente Jésus Ramos, já no prelo.
Procurando recontar a verdadeira história da participação do Brasil no conflito mundial, querem fazer justiça aos expedicionários e permitir às próximas gerações que conheçam e se orgulhem desses 25 mil brasileiros, aqui tão bem representados. Uma iniciativa que também merece destaque é a instalação da Frente Parlamentar Mista da Revalorização Histórica da FEB na Câmara Federal, em dezembro de 2009, por iniciativa do Deputado Federal Ciro Pedrosa, com assinaturas de 199 Deputados Federais e 33 senadores, com o objetivo de restabelecer a verdade e resgatar, pelo menos em parte, a imensa dívida que temos para com os pracinhas e suas famílias.
Nossos agradecimentos a todos que contribuíram para que este evento acontecesse: ao Deputado Alberto Pinto Coelho, Presidente desta Casa; ao Deputado Doutor Viana, Vice-Presidente da Mesa, que conduz os trabalhos desta noite; aos demais colegas Deputados, pelo apoio, bem como a toda a equipe da Assembleia Legislativa; à nossa equipe de trabalho; ao Ricardo Pedrosa, nosso incentivador e admirador entusiasta, neto do ex-combatente Cabo Escrevente Jésus Ramos e herdeiro de seus escritos; ao Marcos Renault, pesquisador e colecionador de objetos da Segunda Guerra Mundial, grande defensor da causa, pessoa excepcional que tive a honra de conhecer, filho do ex-combatente João Lavor dos Reis, que também nos honra com a sua presença. Agradecemos também aos dignos representantes das Forças Armadas, ao Exército, à Polícia Militar, que nos presenteou com a belíssima apresentação da sua banda musical sob o comando do Ten. Santos; à Polícia Civil; aos alunos das escolas Frei Orlando e Pitágoras, de Belo Horizonte, e demais autoridades presentes.
Temos a convicção de que esta página da nossa história precisa ser recontada e disseminada no meio da nossa juventude, imitando nossos irmãos europeus, que valorizam até hoje seus heróis da Segunda Guerra Mundial. Se hoje temos uma democracia forte e estável, devemos ser gratos àqueles que bravamente lutaram por ela há 65 anos.
Encerro cumprimentando e agradecendo do fundo da minha alma aos expedicionários aqui presentes, aos ausentes, aos que já se foram e aos que tombaram em prol do nosso povo e da humanidade. Parabéns a todos e muito obrigado.