Pronunciamentos

DEPUTADA ELBE BRANDÃO (PSDB), Secretária de Estado Extraodinário para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas - SEDVAN. Representante do Governador Aécio Neves.

Discurso

Transcurso do Dia Internacional da Mulher.
Reunião 15ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/03/2010
Página 49, Coluna 4
Assunto CALENDÁRIO. MULHER.

15ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA, EM 11/3/2010


Palavras da Secretária Elbe Brandão

Boa-tarde a todas as pessoas que se fazem presentes nesta Casa, palco de tantas discussões, celebrações e de tantas emoções, como diria aqui Roberto Carlos. Acredito que a emoção de ser mulher e de estar na caminhada do gênero, além de participar de uma sociedade e ver a história, é que marca a trajetória das mulheres no Poder Legislativo do Estado de Minas, representando, assim, toda a sociedade. Cumprimento o Exmo. Deputado Doutor Viana, 1º-Vice-Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, que nunca se furtou de lutar em defesa das causas das mulheres nesta Casa. Cumprimento também as Deputadas Ana Maria Resende, Cecília Ferramenta, Gláucia Brandão, Maria Tereza Lara, Rosângela Reis, companheiras de estrada de caminhada. Destaco a presença de quatro Prefeitas e cito Maria do Carmo Lara, Marília Campos e Elisa Costa, todas foram parlamentares, ou seja, elas passaram pelo Parlamento, exerceram o exercício pleno da democracia nesta Casa e no governo federal para caminharem rumo ao Executivo. Tenho absoluta certeza de que a experiência pelo Parlamento as ajudou a chegar aos postos em que se encontram, cada uma com a sua história e com a sua vida, exercendo trabalho não só em nome da mulher, mas também em nome de toda a sociedade. Deputado Doutor Viana, V. Exa. há de concordar comigo, assim como todas as nossas ex-colegas que aqui estão: a Lúcia Pacífico, a Elaine, a Maria Lúcia, a Vera Coutinho e a Cristina, que representa o Conselho Estadual da mulher, porque eu gostaria de pedir ao cerimonial mais uma cadeira para a nossa colega Maria Olívia, que exerceu papel preponderante nesta Casa. Assim, gostaria que você subisse para se assentar ao nosso lado nesta Mesa de honra. Ao desistir do mandato, você não desistiu da vida pública nem desta Casa. Você fez história.

Há 16 anos, quando pus os pés aqui pela primeira vez, aos 28 anos de idade, meio zonza, infantil e cheia de medos, fui socorrida pelas mãos da Maria Olívia para que pudesse, de corpo e alma, construir a minha história nesta Casa. Aliás, a Maria Olívia foi citada nesta tarde por quatro de nós: pela Rosângela Reis, pela Ana Maria Resende, pela Cecília Ferramenta e fundamentalmente por mim. A Deputada Maria Olívia também teve quatro mandatos nesta Casa, ou seja, 16 anos de luta e história. É muito bom vê-la cada dia mais bonita, alegre e de bem com a vida, lutando pelas causas. Não é necessário ter mandato para estar na sociedade fazendo a diferença, e a Deputada Maria Olívia é um exemplo disso, como cada uma daquelas que hoje estão sendo homenageadas. Na pessoa da Carla Roque e na da Graziela, também gostaria de homenagear todas as servidoras da Assembleia de Minas, bravas guerreiras e companheiras, sempre abertas para a capacidade de estabelecermos a interface. Esta Casa muito ensinou a Minas Gerais e ao Brasil, sempre dando oportunidade às discussões do contraditório.

Existe um frase de Tancredo Neves que diz o seguinte: “Não são as pessoas que brigam, quem briga são as ideias”, e esta Casa, ou melhor, o Parlamento nos ensina isso permanentemente. Não havemos de brigar com as pessoas, mas as ideias sim, elas podem e devem estar envolvidas num confronto em prol da diversidade. Representando o Sr. Governador do Estado, Aécio Neves - o Governador com o maior índice de aceitação do Brasil, que vem de uma trajetória de oito anos fazendo a diferença em todos os campos da sociedade mineira e o qual todos acompanham na trajetória e no exercício do planejamento e das políticas públicas no Estado, por todos os avanços e mudanças que tivemos, sempre tendo ao seu lado o nosso Vice-Governador Antonio Anastasia e a Secretária Renata Vilhena, no primeiro escalão da grande administração do nosso Estado -, gostaria de pedir licença a ele para primeiro falar como uma parlamentar com 16 anos de história nesta Casa e há 7 licenciada. Assim como a Maria Olívia, tomei a decisão de não mais me candidatar, entendendo que já cumpri com o meu papel nesta sociedade e que outras precisam chegar, e as que aqui estão espero que ainda tenham vigor de continuar essa trajetória, lembrando que a Deputada Elisa Costa foi eleita nesta legislatura, mas teve de renunciar porque foi eleita Prefeita, mas nós atingimos o percentual de 12% de representação em Minas. Vou fazer o meu último pronunciamento utilizando a tribuna desta Casa, que me trará muitas saudades, mas não saudades com dor, porque tenho certeza de que eu e cada uma que aqui está fizemos tudo que estava ao nosso alcance e até um pouco mais, para ver Minas Gerais transformar-se, a cada dia, numa sociedade mais justa, fraterna, humana e igual. Assim como cada uma delas, Sr. Presidente, eu gostaria de falar aqui da pluralidade. Entre nossas homenageadas, tivemos advogadas, poetisa, representantes da OAB, representantes, com muito carinho,


de comunidade quilombola e das folias de reis; apoio à cultura; a mãe, a avó, as representações que se fazem aqui, Prefeitas homenageadas, Vereadoras, o que me deixa feliz. Para completar cada uma dessas homenagens justas, trouxe duas. Uma é Margareth Durães, que peço que se levante. Trata-se de servidora pública. Ao homenagear Margareth, homenageio a todas as servidoras públicas do Estado, que, com muita força e tenacidade, cumprem seu papel no poder público de fazer a diferença. Sabemos que têm ocorrido alguns ganhos para os servidores públicos, mas que ainda há grande estrada a ser percorrida na nossa sociedade, na história brasileira nesse sentido. A Margareth começou como servidora pública na antiga Febem. Ela foi uma das pessoas que promoveu a mudança da Febem, que tinha meninos e jovens como prisioneiros maltratados, para libertá-los na busca da consciência de que meninos que estão em vulnerabilidade social precisam de amor, carinho e inserção da família para que estejam na sociedade efetivamente como cidadãos. Aquela foi luta de romper barreiras, de tirar meninos de grades e de tirar modelo de política até então implementado, para traçar outros movimentos. Ela começou na Febem aqui, depois foi para o Vale do Jequitinhonha e hoje faz a diferença. Vi a Cecília, com muito orgulho, contar a trajetória da sua homenageada, D. Rosária, que aprendeu a ler, e quero dizer que a Margareth vem de projeto nosso em parceria com o governo federal, por meio do qual diminuímos em 40% o analfabetismo absoluto nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e no Norte de Minas.

Carregamos conosco hoje a alegria de ter feito a diferença na vida de 182 mil pessoas até o ano de 2009. Conseguimos com ela, em parceria com a Pastoral da Criança, com o governo federal e com a Secretaria de Saúde do Estado, reduzir em 50% a desnutrição das nossas crianças nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e no Norte de Minas. Conseguimos fazer com que o artesanato do Jequitinhonha hoje esteja na pauta nacional, nesta política de geração de emprego e renda que hoje alcança nosso país - não só Minas Gerais - e também o exterior. Mudamos a vida de milhares de pessoas por meio de associações comunitárias, quilombolas, grupos indígenas, mulheres artesãs, mulheres da dança, mulheres da cultura, jovens mulheres que fazem a diferença. É com muito orgulho, Margareth, que lhe trago esta justa homenagem do Poder Legislativo, em razão da servidora pública, da mulher, da mãe e da companheira que é, não só para seu esposo, mas também para seus colegas de trabalho, especialmente na minha vida, pois partilhamos uma jornada.

Para representar toda a nossa sociedade mineira, trago também a primeira-dama de Santo Antônio do Itambé, Ana Paula. A Ana Paula, há seis anos, vem desenvolvendo trabalho em Santo Antônio do Itambé, Município que abriga o Pico do Itambé, no nosso Vale do Jequitinhonha. Ao lado do seu esposo Augusto e de toda a sociedade, tiraram Santo Antônio do Itambé do 4º pior índice de desenvolvimento de justiça social no Estado e, em quatro anos, trouxeram-no para o 5º melhor do nosso Estado, constatado pelo IBGE. Isso significa que você estava lá, oportunizando a vida de crianças, de jovens, de mulheres, da terceira idade. Você conseguiu fazer a diferença no seu Município, de forma compartilhada. O Parlamento reconhece isso com justiça, com dedicação e com respeito. Agradeço muito a presença de vocês duas aqui, com as demais homenageadas desta tarde.

Gostaria de finalizar a minha fala. Antes de a Cecília falar, comentei que este ano estamos muito certinhas - porque costumávamos falar demais. Nossas solenidades duravam até as 18 horas, 19 horas, e não nos incomodávamos. Mas este ano, Presidente, o senhor está muito rigoroso conosco. Pelo que estou vendo, meu tempo já está se esgotando. Ainda há mulher recebendo menos no mercado de trabalho, com dupla ou tripla jornada. Conversávamos, agora, que alguns dias chegamos exaustas em casa, porque não há uma mulher hoje, na sociedade, que trabalhe menos que 12 horas por dia. Na hora em que chegamos em casa, precisamos ser mães, esposas, amigas, e isso nos traz um processo de exaustão. Todas as entrevistas e análises de jornais desta semana ignoraram pontos positivos que a mulher conquistou, mas, quando consideramos aquelas que foram mortas há 150 anos, precisamos ter humildade para entender que o tempo da nossa história de vida não é o tempo da história de uma sociedade. Se ainda, com convicção, temos o conhecimento de que recebemos menos e trabalhamos mais, isso é porque não estamos lutando apenas pelas mulheres, mas pelo feminino. Quando buscamos o conceito de feminino, percebemos que não temos condições de medi-lo, pois ele não se apresenta em números. No entanto, já percebemos a repercussão disso, quando todas nós que aqui nos pronunciamos falamos da alma feminina do Deputado Doutor Viana. A alma do Doutor Viana é dele, e traz o masculino, mas sei que ele tem em casa a história de luta das mulheres, pela mulher e filha que tem em casa, e que não lhe dão paz. Da mesma forma, não damos paz aos nossos maridos, amigos, companheiros, para que respeitem e lutem por uma vida melhor. O feminino é o amor, a compreensão, o respeito, a indignação. É com esses valores que nós, mulheres, que fazemos parte da história da humanidade, continuaremos marchando, sim, até que um dia possamos ver toda uma sociedade onde o feminino e o masculino possam estar em pé de igualdade, compondo assim o ser humano e buscando o melhor dele, que seria o sentido do nosso Deus. Quando falamos em Deus, falamos do justo e do perfeito, do amor e da compreensão. Lembramos de São Francisco de Assis, que pede, humildemente, que sejamos muito mais instrumento de amor, de paz, de luz, do que de ódio, de violência, de desrespeito. E, sem desfazer do masculino, cada uma dessas palavras representa o feminino na nossa história. Que possamos homenagear o feminino, lutar a cada dia por ele. Sabemos que por isso, a cada dia, nessa luta, contamos mais com os homens ao nosso lado.

Finalizando, gostaria de pedir a todos que aqui estão para ficarmos de pé, e não para fazermos um minuto de silêncio, Ana, mas para, quem sabe, com 20 ou 30 segundos, aplaudir uma mulher que fez a diferença na história do Brasil: a Dra. Zilda Arns, que, com a Pastoral da Criança, fez abrir os olhos do Brasil e do mundo, com um novo olhar, para uma nova história, para um novo momento. No governo de Minas, tivemos o privilégio de ter a Pastoral como grande parceira na luta pela redução da desnutrição. Onde quer que ela esteja, onde quer que seja cravada a história, que esse retrato da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais possa estar, ao comemorar o Dia Internacional da Mulher, fechando o nosso momento, acredito, com o aval de todos, e homenageando a ela, que hoje está no céu, certamente, olhando por nós, em busca do justo, do perfeito e do humano. Muito obrigada.