DEPUTADO LEONARDO MOREIRA (DEM)
Discurso
Comenta matéria publicada no jornal "Estado de Minas" intitulada: "58
Milhões Mal-Assombrados", em que acusa o Deputado Federal Edmar Moreira,
seu pai, de possuir "Castelo" no Município de São João Nepomuceno sem
declará-lo à Justiça Eleitoral. Presta esclarecimentos sobre a construção
do imóvel e informa que a propriedade é sua e de seu irmão, conforme
consta em suas declarações de Imposto de Renda.
Reunião
3ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/02/2009
Página 37, Coluna 3
Assunto DEPUTADO ESTADUAL. LEGISLATIVO. COMUNICAÇÃO.
Aparteante GUSTAVO VALADARES, GETÚLIO NEIVA.
Legislatura 16ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/02/2009
Página 37, Coluna 3
Assunto DEPUTADO ESTADUAL. LEGISLATIVO. COMUNICAÇÃO.
Aparteante GUSTAVO VALADARES, GETÚLIO NEIVA.
3ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 5/2/2009
Palavras do Deputado Leonardo Moreira
O Deputado Leonardo Moreira* - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas, público que nos assiste pela TV Assembléia, em
primeiro lugar, gostaria de agradecer aos oradores que me
antecederam e aos colegas que aqui estão, concedendo-me a
gentileza de escutar este parlamentar que hoje vive um dia, mas
que, com certeza, será também um divisor de águas pelos
esclarecimentos que vou prestar a Vossas Excelências.
Um dos ensinamentos, Deputado Tiago Ulisses, que consegui captar
ao longo dos anos com minha família e meu pai foi que o nosso nome
e a nossa honra são o maior patrimônio que temos. Quando nos
tornamos homens públicos, às vezes temos o dever de explicar
aquilo que diz respeito tão-somente à nossa intimidade. Por aí
temos noção do que é ser um homem público: ele deve explicar todo
e qualquer questionamento que venha a pairar sobre sua pessoa.
No dia de hoje, minhas senhoras e meus senhores, fomos
surpreendidos por uma notícia veiculada no “Estado de Minas” que
mostrava uma propriedade - minha propriedade, diga-se de passagem,
com muito orgulho fruto de muito trabalho, seriedade e anos de
labuta - sob o título: “R$58 Milhões Mal-Assombrados”. Passo,
agora, a dar minha explicação a Vossas Excelências, o que acho
muito necessário. Aliás, por diversas vezes, aos repórteres que me
procuraram neste dia perguntando-me se isso estava me causando
constrangimento ou irritação, disse que não; que tantas e quantas
vezes for chamado a explicar e a falar sobre o tema, eu o farei.
Há um ditado tão antigo quanto andar para frente: quem não deve
não teme.
Gostaria de começar referindo-me à notícia que o “Estado de
Minas” publicou hoje e em que afirma: “O Deputado Federal Edmar
Moreira, escolhido para zelar pela ética na Câmara, precisa
explicar por que não declarou à Justiça Eleitoral um suntuoso
castelo a 70km de Juiz de Fora”. Vai além e mais adiante pergunta
por que o Deputado Estadual Leonardo Moreira também não declarou
esse patrimônio na sua prestação de contas quando da campanha
eleitoral.
Outra notícia inverídica, que eu gostaria de corrigir, é sobre
esses R$58.000.000,00. Quisera Deus que fossem realmente
R$58.000.000,00. Por que não? Mas a primeira correção que faço aos
nobres pares, às senhoras e aos senhores, refere-se ao fato de
esse grande veículo de comunicação começar sua matéria com o
título: “Castelo com Dinheiro Suspeito”. Quando esse respeitado e
conceituado jornal assim inicia sua matéria, pesa sobre ele o fato
de não ter conhecimento de que o Deputado Federal Edmar Moreira,
desde a década de 70 e por mais de 40 anos, era empregador de mais
de 10 mil funcionários em sua empresa. Com certeza, o jornal
percebeu isso, até porque o título da matéria é diferente do que
está escrito. O próprio jornal fala: “A prosperidade financeira do
Deputado Edmar Moreira tem lastro. Desde 1983, ele explora um dos
ramos de negócio que mais cresce no país - a segurança privada”.
Essas empresas, que funcionaram por quase 40 anos, tiveram suas
atividades encerradas em 2007.
Minhas senhoras e meus senhores, Deputado Eros Biondini, com
certeza o castelo não poderia constar na declaração de Imposto de
Renda do Deputado Edmar Moreira, até porque não é de sua
propriedade há mais de 15 anos. Ocorreu, sim, um gesto que
repudio. Ora, há 15 anos o castelo não pertence ao Deputado Edmar
Moreira e consta na minha declaração de Imposto de Renda, que,
aliás, está disponível no “site” da Justiça Eleitoral. Se esse
grande veículo de comunicação ainda não tomou conhecimento disso
nem sabe que o castelo está construído em uma zona rural,
aconselho-o a ler melhor a declaração de Imposto de Renda antes de
achincalhar um homem público que não vai abrir mão de defender o
seu nome e a sua honra. Desde o momento em que foi doado, em 1993,
esse imóvel encontra-se declarado nas declarações de Imposto de
Renda minha e de meu irmão. Já que o homem público deve ter sua
vida achincalhada e escancarada por matérias, às vezes
irresponsáveis, digo que foram aproximadamente R$7.000.000,00.
Deputado Gustavo Valadares, faço uma ressalva: a construção a que
eles se referem foi iniciada em 1983, há 26 anos, e foi finalizada
em 1990. Portanto, nem o Deputado Edmar Moreira nem o Deputado
Leonardo Moreira eram nem sequer, postulantes a algum cargo
público. Isso é muito importante.
Já que estamos na devassa da intimidade dos Deputados Edmar
Moreira e Leonardo Moreira, já que essa família foi achincalhada
hoje, vamos aos pormenores. Por que construir um castelo? A
Deputada Maria Lúcia e o Deputado Gustavo Valadares sabem que a
Zona da Mata mineira é carente de desenvolvimento na economia. Em
1993, o então empresário Edmar Moreira procurava fazer um
investimento que estimulasse o desenvolvimento econômico e a
geração de emprego e renda na região. O que faríamos para
desenvolver o turismo nacional ou até internacional na região? Se
construíssemos naquela localidade um hotel luxuoso, com as mesmas
características dos que estão espalhados pelo País, que
diferencial poderíamos oferecer? Falo isso para suprir essa
necessidade desvairada de alguns em saber o porquê da construção
desse castelo, que foi finalizado em 1990, antes de o Deputado
Edmar Moreira postular qualquer cargo público.
E mais do que isso, muito mais, ela hoje ainda é uma construção
inacabada. Pasmem, minhas senhoras e meus senhores, além de
ofenderem a integridade de minha mãe, sobre o que me absterei de
fazer qualquer tipo de declaração ou procedimento, foram mais
longe, falaram que o Deputado Edmar Moreira teria construído o
castelo com a finalidade de ser um cassino. Ora, minha gente, não
existe legislação em nosso país que preveja a hipótese legal de se
ter um cassino naquela localidade, e em localidade alguma de nosso
país. Se o fizéssemos, estaríamos agindo com um pouco de
desinteligência, porque todos sabemos que cassino hoje possui 100,
200, até mil acomodações. A ideia original, como sempre foi, era
construir um hotel naquela localidade. Que cassino seria esse com
36 habitações? Só se for o cassino, com todo o respeito, da mãe
Joana.
Deputado Getúlio Neiva - pela sua história de vida, pelo que pude
observar de sua atuação na República, em momentos decisivos para o
nosso país, pelo que vi de sua trajetória, pelo que passou e pelo
que nos ensina no nosso dia-a-dia -, fico profundamente
decepcionado porque temos de defender sempre a liberdade de
imprensa, mas, assim como defendemos a liberdade de imprensa,
deveria existir a responsabilidade na imprensa pelo que publica.
Curiosamente, o ato que estamos querendo praticar é tão escondido,
Deputado Vanderlei, que o castelo se encontra anunciado, há mais
de 10 anos, em mais de 30 imobiliárias. Que gesto escondido, Sr.
Presidente e Deputado Eros Biondini? Certamente pesa o fato, e não
posso deixar de declarar, mais uma vez, nesta tribuna, de que a
primeira notícia relativa ao Deputado Edmar Moreira, curiosamente,
já com o castelinho do lado, foi num jornal de São Paulo. Fica
aqui a pergunta, porque estive naquela tribuna há poucos dias: a
eleição do Deputado Edmar Moreira, que colocou o terceiro mineiro
na Mesa diretora da Câmara dos Deputados, representou um
contraponto ao poder legítimo que os paulistas querem ocupar na
sucessão presidencial. Pode ser coincidência, mas o jornal
paulista foi o primeiro a publicar essa notícia.
O Deputado Gustavo Valadares (em aparte)* - Deputado Leonardo
Moreira, serei breve, até porque, após meu aparte, tenho certeza
de que V. Exa. também concederá um aparte ao nosso grande orador,
Deputado Getúlio Neiva, que terá, sem dúvida, de uma forma mais
brilhante, condições de prestar solidariedade a você, a seu pai e
a sua família. Acredito que falo aqui em nome do nosso Partido, o
Democratas, dos seus colegas parlamentares estaduais, que têm
consciência. O que deixa claro a transparência e a
responsabilidade de homens públicos como você e seu pai é um fato
que V. Exa. já comentou: o castelo acabou de ser construído e foi
concluído em 1990.
O pai de V. Exa. não pensava em pleitear um cargo de
representante do povo de Minas Gerais na Câmara Federal, muito
menos V. Exa., na Assembléia Legislativa.
Desde 1990, ou seja, há 19 anos os senhores possuem aquela
propriedade. Tenho certeza absoluta de que isso que está
ocorrendo, que foi injustamente estampado hoje na primeira página
de alguns jornais, nada mais é do que a incômoda vitória - aliás,
incômoda para alguns e brilhante para nós, mineiros - que o pai de
V. Exa. obteve na Câmara Federal, na última segunda-feira.
Serei breve para deixar-lhe aqui o meu abraço e, certamente, o
dos demais parlamentares desta Casa, em especial dos companheiros
do Partido Democratas. Pode ter certeza de que estaremos sempre ao
lado de V. Exa. e do seu pai, pois conhecemos a história dos
senhores nessa luta constante e árdua na defesa dos interesses do
povo do nosso Estado. Parabéns a V. Exa.! Não se deixe abater por
situações como essa. Isso passa e o que permanecerá é a luta, a
determinação na defesa do povo mineiro.
O Deputado Getúlio Neiva (em aparte) - São Paulo não perdoa
Minas! No ano passado, já assistimos a esse filme. Denunciamos
aqui, várias vezes, a tentativa de São Paulo denegrir a reputação
dos políticos mineiros com o claro objetivo de reforçar a
possibilidade de continuar no poder central. É lamentável! Todos
os políticos mineiros estão sendo literalmente perseguidos, na
tentativa de diminuir o nosso poder de fogo, já que há a
possibilidade de um mineiro ser candidato à Presidência da
República.
Esse é o primeiro aspecto. O segundo é um depoimento, Deputado
Leonardo Moreira. Estive no castelo em 1990. Fui uma das pessoas
que convidaram seu pai para ser candidato a Deputado Federal
naquela oportunidade - aliás, ele nem sonhava em ser candidato.
Foi um homem que trabalhou duro, ganhou muito dinheiro em São
Paulo com suas empresas, dedicou-se, durante a vida inteira, a
prosperar. Parece que, no Brasil, todos podem prosperar, exceto no
momento em que entram na política. Não podem mais trabalhar nem
ganhar dinheiro, têm de ficar pobrezinhos, submetidos ao jargão
impiedoso: “Todo político é safado e ladrão”.
Perdoe-me a expressão, Deputado Leonardo Moreira. O meu
testemunho, como o do Deputado Gustavo Valadares, é de que
conhecemos a história da sua família, seu pai, V. Exa. e o
trabalho que os senhores realizaram. À guisa de esclarecimento,
diremos: a fazenda onde está localizado o castelo está declarada
no Imposto de Renda - aliás, consta nas declarações de seu pai,
quando foi candidato a Deputado Federal. Nunca soube que há a
necessidade de alvará municipal para a construção de um prédio na
fazenda - uma casa pequena, de 10 andares. Nunca houve a
necessidade de alvará municipal para construir uma casa de
fazenda. O seu pai preferiu fazer uma grande construção bonita,
linda, que, aliás, conheço. É uma honra para a região da Zona da
Mata saber que alguém fez um grande investimento com o nobre
objetivo de gerar emprego para o povo. É lamentável que isso
descambe somente porque o Deputado Federal Edmar Moreira e o
Deputado Estadual Leonardo Moreira cometeram um crime: tentar
defender o povo de Minas Gerais no Congresso Nacional e na
Assembléia Legislativa. V. Exa. e seu pai cometeram o grave erro
de deixar de ganhar dinheiro para trabalhar com política, para
gastar dinheiro com política, a fim de fazer o bem para o povo da
nossa terra. Esse é o crime que todos cometemos.
Estou aqui para dar o meu testemunho, pois conhecemos a obra, bem
como seu pai e sua família. Sabemos que todos os senhores sempre
tiveram uma vida reta, de muito trabalho. Devemos orgulhar-nos de
quem prospera neste país, onde o governo impõe todas as
dificuldades aos empreendedores.
Parabéns pelo pronunciamento. Certamente o jornal “Estado de
Minas” haverá de reconsiderar essa matéria, que não passa de uma
cópia daquilo que foi feito em São Paulo, sem entender que se
trata de desmerecer o valor de mais um mineiro na Mesa da Câmara
dos Deputados. Essa é a tentativa. São Paulo não perde uma só
oportunidade de tentar reduzir o valor de Minas, pois Minas tem um
provável Presidente da República.
O Deputado Leonardo Moreira* - Gostaria de agradecer as palavras
do nosso decano, do nosso professor, Deputado Getúlio Neiva;
gostaria, ainda, de agradecer, de coração, as palavras do nobre
Deputado Gustavo Valadares. Encerrando, senhoras e senhores, com
muito orgulho gostaria de mostrar novamente a foto do jornal
“Estado de Minas” e dizer que substituo o título “mal-assombrado”
por “feito com trabalho, honestidade, seriedade, carinho e com o
fruto de uma vida dedicada a servir”. Meus amigos Deputados e
Deputadas que nos escutam, também quero dizer, mais uma vez, que o
imóvel se encontra em meu nome, com muito orgulho. Digo que é meu
e ninguém tasca, pois foi fruto de trabalho e honestidade. Não
tenho nada a esconder, e quem não deve não teme. É meu, com
orgulho, declarado há mais de 15 anos no meu Imposto de Renda.
Minhas senhoras, meus senhores, Deputado Tiago Ulisses, se, para
defender os interesse de Minas no Congresso Nacional ou na
Assembléia Legislativa, tivermos de passar por esses desatinos,
iremos passar, com muito prazer. Como disse há poucos dias, de
minha filiação partidária vem a confiança e a honra do povo que me
elegeu Deputado. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas.
* - Sem revisão do orador.