DEPUTADO ELMIRO NASCIMENTO (DEM), Autor do requerimento que deu origem à reunião especial.
Discurso
Homenagem às instituições de ensino Superior mineiras que receberam nota
cinco no Índice Geral de Cursos do Ministério da Educação - IGC - MEC -,
edição do ano de 2008.
Reunião
91ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 31/10/2008
Página 109, Coluna 4
Assunto EDUCAÇÃO.
Legislatura 16ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 31/10/2008
Página 109, Coluna 4
Assunto EDUCAÇÃO.
91ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 28/10/2008
Palavras do Deputado Elmiro Nascimento
Exmos. Srs. Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de
Minas Gerais, Deputado Doutor Viana, representando o Presidente,
Deputado Alberto Pinto Coelho; Antônio Augusto Anastasia, Vice-
Governador do Estado de Minas Gerais; Alberto Duque Portugal,
Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior;
Prof. Carlos Sigueyuki Sediyama, Reitor da Universidade Federal de
Viçosa; Prof. Virmondes Rodrigues Júnior, Reitor da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro; Prof. Ricardo Luís Santiago,
Presidente da Fundação João Pinheiro; Prof. Padre Jaldemir
Vitório, Reitor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia; Sra.
Carmela Maria Polito Braga, Pró-Reitora Adjunta de Graduação da
UFMG; Deputados e Deputadas, minhas senhoras e meus senhores,
somente 21 instituições de ensino superior receberam a avaliação
máxima de 5 pontos no Índice Geral de Cursos do Ministério da
Educação, e todas elas se encontram distribuídas por quatro
Estados da Federação brasileira: São Paulo, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Assim, o reconhecimento do povo de Minas, manifestado em evento
público desta Casa de leis, é maneira concreta de a Assembléia
Legislativa evidenciar o esforço educacional dos mineiros e a
confirmação do Estado como pólo de tecnologia e de indutor da
educação de qualidade em todo o País.
O MEC, ao atribuir às entidades a nota máxima, leva em
consideração conceitos para a graduação dos cursos por elas
oferecidos, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes -
Enade - e as chamadas variáveis de insumo, que consideram o corpo
docente mensurando, por exemplo, o número de professores com
doutorado, a infra-estrutura e o programa pedagógico. Além desses
dados, também entra na média estabelecida pelo Índice o conceito
fixado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Capes - para a pós-graduação.
Por sua vez, o resultado final da nota atribuída, em valores
contínuos, vai de 0 a 500, distribuídos em faixas predeterminadas:
a faixa 1 é atribuída às instituições que tiveram notas de 0 a 94;
a 2, de 95 a 194; a 3, de 195 a 294; a 4, de 295 a 394; e a 5, de
395 a 500. Nessa faixa 5, onde se situa a elite da formação
superior do País, as cinco instituições mineiras receberam as
seguintes notas e foram assim classificadas: a Faculdade Jesuíta
de Filosofia e Teologia, sediada em Belo Horizonte, obteve 437
pontos; em seguida, a UFV, que conseguiu 417 pontos; empatadas,
ambas localizadas em nossa Capital, a UFMG e a Escola de Governo
Professor Paulo Neves de Carvalho obtiveram 414 pontos. E, a
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, sediada em Uberaba,
alcançou 402 pontos.
Motivaram-me a requerer a realização desta reunião especial três
vertentes. A primeira delas, o reconhecimento de que a educação,
quando focada sob o prisma da excelência no processo da busca do
conhecimento, é dignificadora na formação de seres dotados de
profunda humanidade. Isso porque a instituição de ensino que se
molda sob o prisma da excelência transforma a sociedade pelas
ações promotoras de cidadania, que são realizadas pela cidadã e
pelo cidadão que por ela foram educados.
A segunda vertente: o reconhecimento pelas instituições de ensino
hoje homenageadas da importância da graduação que oferecem. É que
elas formam seus acadêmicos com a exata noção de que o
conhecimento sem que sua utilização seja realizada em prol do bem
comum é conhecimento estéril, é cultura inútil. Dessa maneira,
sabemos todos nós, o ensino, a extensão e a pesquisa estão, mais
do que nunca, direcionados para a conservação do nosso planeta,
estão direcionados para a perpetuação da vida, estão direcionados
para a solução de problemas que afetam a nossa história.
A terceira vertente, se não a mais importante, é a mais próxima de
todos nós. Trata-se do reconhecimento de que o ensino superior
deve ser visto como capaz de inovar. E só é inovador aquele ensino
centrado na transmissão do conhecimento a partir de uma rotina de
estudo permeada nos conceitos de uma rigorosa disciplina
acadêmica.
Senhoras e senhores, quem de nós põe em cheque o rigor acadêmico
das instituições de ensino hoje homenageadas? Vejamos, pois, em um
vôo rasante, a história de cada uma de nossas homenageadas. É
graças a essa história que o MEC veio apor sua chancela nas
instituições que hoje aplaudimos. Chamo a atenção de todos, não
tenho a pretensão de contar a história das instituições. Meu
intento, nesta hora, é salientar o caráter de pioneirismo e o
elevado rigor acadêmico constante desde os primórdios de cada uma
delas.
A Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, a rigor, nasceu em
1941, em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro. Em Belo
Horizonte, veio a instalar-se definitivamente em 1982 e,
carinhosamente, é chamada de Instituto Santo Inácio. Se nova é em
idade, seu DNA remota aos primórdios da Congregação dos Padres
Jesuítas.
A UFV, filha querida da Escola Superior de Agricultura e
Veterinária, nasceu em 1922, graças a um decreto do então
Presidente do Estado Arthur da Silva Bernardes. Inaugurada em
1926, foi transformada na Universidade Rural do Estado de Minas
Gerais, em 1948. Sua sólida base e seu bem-estruturado
desenvolvimento motivou o governo federal a federalizá-la em 1969
com o nome de Universidade Federal de Viçosa.
A UFMG, sonho dos inconfidentes mineiros, só veio a ser
concretizada em 1927, com a fundação da Universidade de Minas
Gerais. Nascida da união de quatro escolas de nível superior então
existentes em Belo Horizonte e subsidiada pelo Estado de Minas
Gerais, a Universidade de Minas Gerais permaneceu na esfera
estadual até sua federalização, ocorrida em 1949. Federalização
que se tornou possível graças ao renomado conceito de seus cursos
e ao marcante desempenho de seu corpo de professores.
A Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho foi criada
como uma Diretoria da Fundação João Pinheiro, em 1992. Instituição
de ensino superior isolada, a Escola de Governo oferece cursos de
graduação e de pós-graduação na área de administração pública.
Mantém, ainda, um centro de capacitação e treinamento, com cursos
de curta duração, destinados à qualificação de servidores públicos
e profissionais do setor privado.
A antiga Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro foi fundada em
1953, na cidade de Uberaba. Cresceu sob a égide da competência.
Viu sua primária área de influência, o Triângulo Mineiro, ser
ampliada para o interior de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Tocantins. Tem-se dedicado, com muito denodo e
especial atenção, às doenças tropicais comuns naquelas regiões.
Minhas senhoras e meus senhores, instituições de ensino hoje
homenageadas, esta homenagem oferece-nos momento especial para uma
reflexão sobre o papel do ensino público nesse contexto. Salvo a
Faje, todas as demais são públicas e estatais. Ressalte-se, ainda,
que a Faje é uma entidade civil filantrópica, sem fins lucrativos.
A reflexão que proponho se fundamenta no papel do Estado no
processo educacional brasileiro. A população já não suporta mais
ouvir que a educação é o principal papel do Estado. Não suporta
porque não vê, na prática, a ação do poder público para dotar o
País, o Estado e os Municípios de medidas concretas para
qualificação dos professores, para aumento de seus vencimentos,
para melhorar as condições de ensino.
Passamos, assim, a perceber que as instituições de ensino estatais
são ocupadas, em sua maioria, por egressos dos cursos médios
particulares. Em outras palavras: estudante pobre dificilmente tem
acesso à universidade pública. Quem ajuda o Estado a diminuir o
problema do pequeno número de vagas para estudantes carentes são
as instituições filantrópicas. E o que enxergamos? Incrível
paradoxo: mesmo com todos os problemas da administração pública e
da rede filantrópica no País, foram as instituições de ensino
públicas, estatais, e as privadas filantrópicas que se destacaram
no critério eficiência, no universo das 1.148 instituições que
foram avaliadas pelo MEC.
Outra reflexão que julgo oportuna, relativa, ainda, à questão do
ensino público, estatal, é sobre a necessidade de ampliarmos a
análise da proposta apresentada pelo Reitor da Universidade
Federal da Bahia, denominada Universidade Nova. A rigor, a
proposta prevê a formação em nível superior no País a partir de
cursos genéricos de menor duração, cuja conclusão seria
obrigatória para o acesso a cursos profissionais. Será essa a
escola pública de nossos sonhos? Será que queremos uma escola que
forme, genericamente, pessoas que só colariam grau após o acesso à
profissionalização, mediante novo exame, que, a rigor, seria um
segundo vestibular?
O exemplo das nossas instituições homenageadas, a Faje, a UFV, a
UFMG, a Escola de Governo e a UFTM, é bastante esclarecedor: não
precisamos escolher novo nome ou nova forma de acesso às técnicas
para uma profissionalização eficaz. Necessitamos, isso, sim, de um
ensino que seja calcado, tal como nas nossas homenageadas, em
profundo sentido de humanização. E essa humanização só será
conquistada com a prática de uma educação libertadora, em que o
educando seja constantemente forçado a encontrar as respostas para
o domínio do conhecimento por meio do exercício diuturno do
rigoroso e metódico estudo acadêmico.
Na pessoa do dileto amigo, Vice-Governador e Prof. Antonio Augusto
Junho Anastasia, nosso assessor na Assembléia Constituinte mineira
em 1989, rendo minhas homenagens e deixo minha mensagem de
agradecimento aos inúmeros e anônimos professores que motivaram
seus educandos para a descoberta da trilha do conhecimento e da
segura estrada de uma profissionalização eficaz.
Nosso Vice-Governador é, sem dúvida alguma, o melhor representante
do corpo docente de nossas instituições para receber o
agradecimento do povo de Minas, pois é professor da Casa de Afonso
Penna, da UFMG, e responsável direto pela criação da Escola de
Governo Professor Paulo Neves de Carvalho. Obrigado, Prof.
Anastasia.
À Faje, à UFV, à UFMG, à Escola de Governo Professor Paulo Neves
de Carvalho e à UFTM, minhas homenagens. Continuem, qual farol em
noite escura, a iluminar os caminhos de nossa gente. Continuem,
principalmente, a motivar seus acadêmicos para as sendas do
desenvolvimento de nossa terra. Parabéns. Muito obrigado.