DEPUTADO LAUDELINO AUGUSTO (PT)
Discurso
Comenta o projeto de lei que autoriza a abertura de crédito suplementar
para o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - TCMG. Comenta o
processo de apreciação das contas do Governador do Estado pelo Tribunal
de Contas do Estado de Minas Gerais - TCMG.
Reunião
68ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/12/2006
Página 55, Coluna 2
Assunto (TCMG). GOVERNADOR.
Aparteante ALENCAR DA SILVEIRA JR, CARLOS PIMENTA, ANDRÉ QUINTÃO, EDSON REZENDE.
Proposições citadas PL 3734 de 2006
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/12/2006
Página 55, Coluna 2
Assunto (TCMG). GOVERNADOR.
Aparteante ALENCAR DA SILVEIRA JR, CARLOS PIMENTA, ANDRÉ QUINTÃO, EDSON REZENDE.
Proposições citadas PL 3734 de 2006
68ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 20/12/2006
Palavras do Deputado Laudelino Augusto
O Deputado Laudelino Augusto - Sr. Presidente, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, esse projeto que iremos discutir - espero
conseguir ser rápido, mas não posso deixar de falar sobre esse
assunto -, autoriza a abertura de crédito para o Tribunal de
Contas do Estado. Há um mês, votamos uma suplementação para esse
órgão. Agora existe outra.
Estavam na pauta de anteontem projetos de resolução, aprovando, ou
não, as contas dos Governadores Itamar Franco, em 2002, e Aécio
Neves, em 2003 e 2004. Isso ficou para o próximo ano. Como em 2007
não estarei aqui para discuti-los, farei agora algumas
considerações em nome do povo mineiro.
Em primeiro lugar, fizemos exaustivos questionamentos por meio do
Relatório Final da Comissão Especial do Tribunal de Contas do
Estado, muito bem elaborado, com vários questionamentos sérios
sobre os Conselheiros e, agora, sobre a Conselheira do Tribunal de
Contas, que são políticos e indicações políticas. Nesses últimos
quatro anos, tivemos oportunidade de votar três vezes, sendo duas
com a Assembléia indicando, e uma para confirmar a indicação do
Governador. Todos sabem - já dissemos exaustivamente - que nas
duas primeiras vezes votamos em um representante da sociedade
civil. Foi apenas um voto, mas o fizemos com consciência, buscando
moralizar. Digo moralizar porque, do jeito que é feito, não é um
processo isento. Foram dois Deputados da ativa, apesar da sugestão
da Assembléia de que não fosse assim, como está dito aqui a
respeito da revisão dos métodos. E argumenta-se: "Também
entendemos que, para maior equilíbrio, legitimidade e isenção da
Assembléia Legislativa no processo de escolha dos Conselheiros -
está grifado pelo relator, hoje Conselheiro Antônio Andrada -, é
necessário que o parlamentar, no exercício de suas funções, não
possa disputar a vaga para o cargo". Lamentavelmente, foram dois
Deputados da ativa. Não estou entrando no mérito da vida deles,
não é isso. A nossa preocupação de sempre é com a isenção. Está
aqui, estou lendo. Aliás, leio e repito. Não tem nada de novo no
que dizemos, apenas fazemos a leitura de documentos da doutrina
social, do Regimento da Casa, da Constituição Federal, da
Constituição Estadual. Tudo que dizemos aqui é baseado em
documentos. Estamos lendo os documentos da Assembléia.
Há também a questão da vitaliciedade, permanecem lá até os 70
anos. E todos são comprometidos com partidos políticos e com o
próprio Governador. A última a tomar posse é ex-Prefeita de Três
Pontas e tem vários processos, tanto na Justiça como no próprio
Tribunal de Contas. Foi indicada pelo Governador, para pagar
compromisso de chapa de eleição, a fim de que ela não saísse como
candidata a Senadora. Ganhou de presente o cargo para o Tribunal
de Contas. Não estou sendo irônico, é isso mesmo. Está em todos os
jornais, estou só repetindo. Já disse que sou aqui uma pessoa que
fica lendo, repetindo e fazendo ligações entre as coisas que
acontecem. É lamentável que a imprensa mineira também não faça
essas ligações, pois prestaria um grande serviço. Aliás, é missão
dos repórteres e da mídia fazer essas ligações, verificar o que
está acontecendo, saber por que isso, por que aquilo. É o que
fazemos.
Já disse e repito que vários dos Conselheiros políticos que estão
lá constam na lista do "valerioduto" e de Furnas. Poderão dizer
que o caso de Furnas não foi provado, mas está na Justiça e vamos
aguardar.
Outra questão é a do Ministério Público especializado junto ao
Tribunal, que não existe. Em 2003 foi declarado inconstitucional o
trabalho dos Promotores no Tribunal de Contas, porque teria de ser
especializado. E eles julgam também as contas do Ministério
Público. O Procurador-Geral imediatamente tirou os representantes
do Ministério Público que estavam no Tribunal, para não incorrer
em improbidade administrativa. É claro que, como pessoa honesta,
fez a retirada. Em 2003, o Presidente do Tribunal de Contas da
época enviou à Casa projeto de lei relativo aos Auditores e
criando o Ministério Público especializado junto ao Tribunal de
Contas. Na mensagem enviada à Assembléia, argumentava, ainda, que
tinha urgência em resolver a questão, pois tudo que estava sendo
feito corria risco de nulidade. O Presidente do Tribunal de Contas
reconhecia isso. Todos os pareceres assinados por Promotores
correriam o risco de nulidade, por não serem da Promotoria
especializada. O Governador nomeou - há o termo de posse, foi
publicado no "Minas Gerais" - três advogadas ligadas ao Executivo
Estadual. Elas estão atuando lá. Um advogado também renunciou ao
cargo alegando que a situação inicial de precariedade já se estava
transformando em permanente, constituindo-se em ilegalidade.
Aliás, devolveu o dinheiro que excedeu seu salário durante o
período em que lá trabalhou. Mas o Governador indicou as Sras.
Eliane Cristina da Silva, Luísa Cristina Pinto e Neto e Juliana
Campos Horta de Andrade, que assinam, como membro do Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas, os pareceres sobre as contas.
Aliás, estou com os pareceres referentes às contas de 2004. O
então Deputado Chico Simões, hoje Prefeito de Coronel Fabriciano,
fez um longo discurso denunciando isso. Já estava na Casa projeto
que criava o Ministério Público especializado. Não vou lê-lo para
não atrasar as votações, mas preciso falar, pois o ano que vem não
serei mais Deputado e não poderei falar, mesmo sabendo que estão
sendo votadas aqui questões, no mínimo, obscuras.
Chico Simões fez a denúncia dizendo que o Ministério Público
emitiu parecer alegando que havia inconstitucionalidade nesse
procedimento - uma Adin julgada pelo Supremo - e que o Ministério
Público ficaria proibido de exercer função junto aos Tribunais de
Contas e Militar. Uma vez ocorrido isso, ensejaria a prática de
ilegalidade e improbidade administrativa.
Essas advogadas do Estado foram empossadas e, até hoje, três anos
e meio, quatro anos depois, estão atuando. Todas as contas
assinadas por elas têm de ser declaradas nulas. Aliás, quando
entramos com representação, pedimos que não fosse colocado aqui,
porque as resoluções que aprovam as contas do Governador não têm
premissas válidas, já que ainda não foram apreciadas pelo
Ministério Público Especializado.
Finalmente, votamos no dia 9 de novembro o projeto de lei que
criou a Ouvidoria e o Ministério Público Especializado no Tribunal
de Contas, cuja redação final está na pauta de hoje. Achávamos que
já estava promulgado, que o concurso para Promotores
Especializados já estava aberto, no entanto não foi votada nem a
sua redação final. Por questão de justiça, vou dizer porque ainda
não foi votado: porque cria despesa e o Governador não pode deixar
despesa para o próximo Governador, mesmo que esse seja ele, pois
trata-se de novo mandato.
Sabiamente todos os projetos que implicam novas despesas foram
repassados para a redação final hoje e serão publicados em 15
dias. Então, o próximo Governador é quem irá promulgá-los. De
acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Governador não pode
deixar despesas para o próximo Governador no último ano de seu
mandato. Entendi perfeitamente, mas, de certa forma, fiquei
frustrado porque achava que o Ministério Público já estava
instalado.
Nossa Consultoria fez um estudo sobre a situação do Ministério
Público que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado de Minas
Gerais.
A Constituição da República prevê que, aos membros do Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas, aplicam-se disposições da
seção pertinente a direitos e vedações em forma de investidura.
Nos Tribunais de Contas, além do citado dispositivo
constitucional, o Ministério Público é ordinário em todos os seus
atos de implicações financeiras e administrativas subordinadas à
Corte de Contas, o que inviabiliza a idéia de ele ter, no corpo do
próprio Tribunal, um representante seu. Não é minimamente razoável
que um subordinado aprecie as contas de seu superior hierárquico,
sob pena de ferir o equilíbrio constitucional dos poderes. É por
isso que o Ministério Público é especializado. Há necessidade de
especialização dos membros do Ministério Público para atividades
contábeis, de fiscalização orçamentária e de defesa do patrimônio
público para atuarem junto às Cortes de Contas. Aproveito a
oportunidade para dizer que os profissionais, os técnicos do
Tribunal de Contas são bem especializados e foram aprovados em
concurso para fazerem um estudo aprofundado, ou seja, debruçarem-
se sobre as contas. Por falar em contas, em relação às contas de
2004 do Governador, 2 mil páginas e muitas ressalvas não foram
explicadas. Os Conselheiros as aprovaram sem ressalvas.
Em vista desses argumentos, o art. 124 da Constituição do Estado
diz que o Ministério Público, junto aos Tribunais de Contas e de
Justiça Militar, será exercido por Procurador de Justiça
integrante do Ministério Público Estadual. Isso foi julgado
inconstitucional pelo STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade
nº 2.068, publicada em 16/5/2003, cujo relator foi o Ministro
Sidney Sanches. Aliás, essa inconstitucionalidade somente foi
declarada em relação à expressão "do Tribunal de Contas". O mais
grave ainda é que o Governador do Estado de Minas, em face da
declaração de inconstitucionalidade, designou três Procuradoras do
Estado para desempenhar funções do Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas do Estado. Conseguimos o termo de posse
publicado no "Minas Gerais". Se isso for confirmado - e está
confirmado -, peca pela inconstitucionalidade pelas mesmas razões
citadas. A Procuradoria-Geral do Estado é subordinada ao
Governador e emite parecer sobre as contas dele, pecando por uma
inconstitucionalidade mais grave ainda, pois as Procuradoras não
são sequer membros do Ministério Público, e, sim, advogadas.
Assim sendo, na modesta opinião da pessoa que estava dando a
consultoria, todos os processos julgados pela Corte de Contas
mineira, após a publicação do acórdão que julgou a
inconstitucionalidade do art. 124 da Constituição do Estado, em
16/5/2003, são nulos a partir do parecer ministerial, podendo tal
nulidade ser declarada pela Justiça comum. É exatamente isso que
pedimos, inclusive alegando que não podem votar as contas do
Governador de 2002, 2003, 2004 e 2005, porque não possuem o
parecer legal do Ministério Público especializado.
Aí vem a conclusão. Com a aprovação do Projeto de Lei nº 3.335,
cuja redação final vamos votar hoje, que cria os cargos de
Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas e
também dos Auditores, com a conseqüente nomeação desses
profissionais após a realização de concurso público, salvo melhor
entendimento, regulariza a situação legal do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Então, com
a aprovação da redação final e com a promulgação do concurso
público, a posse dos Promotores do Ministério Público
especializados junto ao Tribunal se legalizará. Agora poderão
rever as contas e assinar os pareceres. Nesse caso, a Comissão de
Fiscalização Financeira poderá obter esses pareceres e fazer o
projeto de resolução, que, depois, será votado aqui. Esse é o
nosso entendimento, em nome do povo mineiro.
Concluindo sobre as contas, estamos aqui para autorizar a abertura
de crédito suplementar. O interessante é que, nesse caso, pode.
Será um gasto feito para as despesas do Tribunal de Contas ainda
nesse governo. O que gostaria de ter discutido, mas não houve
tempo suficiente durante a votação das contas nesta Assembléia,
foi o relatório de avaliação de contas do exercício de 2004. Está
quase pronto o relatório de 2003, e o de 2005 também já está sendo
feito. Já falei e repeti isso muitas vezes da tribuna: se for o
caso, também está aqui o pedido de liminar, para que não sejam
votados os projetos de resolução.
Quero fazer comentário sobre as 2 mil páginas do relatório dos
técnicos do Tribunal de Contas, que estudaram, aprofundaram,
debruçaram sobre as contas e apresentaram muitas ressalvas.
Passaram-nas para os Conselheiros do Tribunal, que aprovaram as
contas de 2004 sem ressalvas. Mas há problemas seriíssimos de
2003, e outros muito sérios também nas contas de 2004 e 2005.
Solicitei um resumo dessas 2 mil páginas, que fizeram em 152
páginas. Darei só um exemplo, para mostrar a gravidade da
situação. Gastos de saúde, pela Emenda nº 29, têm de ser 12%.
Pelas contas dos técnicos do Tribunal, não foram gastos os 12%.
Pelo que o Governador apresentou, foram 12,16%, quase em cima.
Mas, nessa rubrica, há gastos com a reforma do Hotel de Araxá,
hoje nas mãos do Ouro Minas. Reformaram o hotel sob o pretexto de
ser do Ipsemg, e, como o Ipsemg é saúde, esse gasto de reforma é
de saúde. Olhem só. Depois, reconheceu-se que foi um erro. O gasto
da reforma do Hotel de Araxá, realizada com verbas da Comig, só de
papel de embrulho, dava para embrulhar o prédio inteirinho,
segundo nossos consultores. Fizeram as contas: só de papel gasto
nessa reforma dava para o prédio inteirinho ser embrulhado de
presente. As verbas eram da Comig, naquela época, caixa dois do
Estado. Vamos fazer auditoria agora, para saber se a Codemig
continua como caixa dois. Pedimos uma comissão parlamentar de
inquérito sobre a Comig, com 41 assinaturas. Não foi nem lida na
Mesa. Solicitamos esta CPI sobre a Comig, por causa da estrada de
Maria da Fé a Cristina, quando foram desviados ali grandes
recursos, com a empresa Global Engenharia, que ainda está atuando
na Copasa e por aí, e outras empresas mais; o aeroporto de Ouro
Fino, a estrada da Serra do Cipó; deveria ter sido duplicado o
trecho entre Ouro Preto e Cachoeira do Campo. Chegaram muitas
denúncias na época, como a venda de ações para as Ilhas Cayman.
Aliás, este processo ainda está correndo na Polícia Federal. Esses
são motivos suficientes para fazer uma CPI.
Foi difícil arrumar as 41 assinaturas, pois a base do governo foi
proibida de assinar. O Líder do Governo, na época, o Deputado
Antônio Carlos Andrada, hoje Conselheiro, disse-me que eu não
insistisse, pois há ordem expressa do Governador para a base não
assinar, pois isso poderia melindrar o ex-Governador, porque o
Secretário do ex-Governador, Sr. Henrique Hargreaves, era o
Presidente da Comig.
É bom que todos saibam que essa solicitação da CPI não foi nem
lida na Mesa. Nem sei se o Regimento Interno permite isso, porque
tinha de ser lida, votada, aberta; afinal, constavam nesse pedido
41 assinaturas de Deputados. Obrigado aos 41 Deputados de
consciência, que quiseram assinar e abrir a CPI da Comig. Na
época, tentei até livrar o nome da Codemig, porque o Presidente da
Codemig veio aqui e disse, em audiência pública, que, exatamente
pela pouca transparência nos atos da Comig, o Governador tinha
suspendido todos os convênios e providenciado a criação da
Codemig. Decorei a frase dele: "Exatamente pela pouca
transparência, o Governador houve por bem suspender todos os
convênios e providenciou a criação da Codemig". Usei a mesma frase
dele: "exatamente pela pouca transparência, nós, Deputados, na
consciência de representantes do povo, queremos abrir uma CPI".
Usei a mesma frase, só que não conseguimos, não passou nesta Mesa,
sempre a serviço do Palácio da Liberdade.
Dei apenas um exemplo do Hotel de Araxá, que entrou na rubrica
saúde, assim como o Corpo de Bombeiros e os gastos da Copasa com
saneamento. Dizem que saneamento é saúde. É claro que é:
saneamento, água tratada de qualidade, coleta e tratamento de
esgoto, para depois jogar nos rios, nos córregos, coisa que a
Copasa não faz. A Copasa continua sendo, conforme um Diretor da
Copasa nos disse, a maior poluidora dos rios de Minas Gerais, do
Rio São Francisco, do Rio das Velhas. Foi inaugurada a Estação do
Onça e outra estação, mas já ouvi que não está operando 100%, como
devia.
Em Itajubá, minha terra, há 29 anos paga-se a taxa de esgoto, e
nem coleta se fazia. Agora é que isso está sendo feito para,
depois, levar os resíduos à estação de tratamento e, depois ainda,
tratar o esgoto. A Copasa continua sendo a maior poluidora dos
nossos rios, nascentes e lencóis freáticos. Aliás, há notícias de
que a Copasa está sendo vendida. Não conseguiram fazer a Copasa
rica e a Copasa pobre, conforme aqui falou, em nossa Comissão, o
Presidente daquela empresa, apesar de ter sido traído pelo
inconsciente, pois começou a reunião dizendo um provérbio grego:
"não vá o sapateiro além das sandálias", Mas, sem querer, foi além
das sandálias. Entendemos muito bem que há segundas, terceiras e
quartas intenções no projeto relacionado à Copasa. Ontem, criamos
uma subsidiária: Águas Minerais de Minas, que não é divisão da
Copasa, é uma subsidiária. Esperamos que ela tenha capacidade de
levar o nome das águas minerais para o mundo todo, respeitando os
lençóis freáticos e o maior potencial hidromineral do mundo em
qualidade e quantidade. Portanto, no gasto com saúde, é incluído o
gasto de saneamento da Copasa. Os jornais de Minas Gerais não
deram essa notícia. Todos eles são blindados, aliás essa é a
ditadura moderna. Ele tem o Executivo nas mãos, isso é claro, pois
é o Governador. Tem o Tribunal de Contas nas mãos, e nada lá será
contra ele. Tem também a Mesa da Assembléia a seu favor, assim
como a mídia. Por que precisou sair no jornal "Folha de S. Paulo"
do dia 13 de agosto: "Aécio maquiou gastos com saúde no governo de
Minas Gerais". Isso foi publicado no dia dos pais e me encontrava
em Caxambu, almoçando com meu pai, que assina a "Folha de S.
Paulo". Depois, foram publicadas várias outras reportagens. Foi
pura maquiagem, e depois reclamam que a saúde vai mal, mas nela
não se investem os 12% que lhe deveriam ser destinados. Também
incluem os gastos do IPSEMG como da Saúde. Dos salários de todos
os Deputados e funcionários públicos, desconta-se a contribuição
para o Ipsemg. Esse, portanto, é um problema muito sério.
Estamos votando uma suplementação para o Tribunal de Contas, que
deveria ser um servidor do povo. Aliás, trata-se de um órgão
auxiliar da Assembléia. Três Deputados pediram uma auditoria plena
na Copasa. Recebemos a resposta de que a solicitação deveria ser
feita pela Comissão ou pela Mesa da Assembléia. Fizemos o que
pediam, mas eles são auxiliares da Assembléia e precisam fazer o
trabalho para auxiliar o representante do povo. Receberão essa
suplementação. Queremos que gastem bem esse dinheiro pois merecem,
inclusive para melhorar o salário dos técnicos porque Conselheiros
- pasmem -, ganham igual a Desembargador. O pessoal está fazendo
passeatas e movimentos contra o aumento do salário de Deputados
Federais e Senadores, mas Conselheiros recebem R$22.000,00, até
fazerem 70 anos. Que eles tenham vida e saúde que lhes dê tempo de
se converterem, entendendo que se encontram num esquema de
manutenção do poder, e invertam a situação, servindo à sociedade.
Nós somos servidores. Essa suplementação será votada e o dinheiro
liberado. Que façam bom uso dele, especialmente para o salário dos
que trabalham, dos que fazem com que as coisas aconteçam. Os
técnicos trabalham realmente.
Eles fazem todo o relatório. Aqui está um resumo de 2004. Os
Conselheiros fazem um parecer político. Temos vários exemplos.
Isso acontece no Brasil inteiro. Temos o caso de Ribeirão Bonito.
Alguns cidadãos correram e provaram que o Prefeito, que já tinha
as contas aprovadas, estava desviando dinheiro público. Hoje ele
está na cadeia e devolvendo todo o dinheiro. O Tribunal de Contas
de São Paulo deve estar muito sem graça. O julgamento é político.
Os sete Conselheiros tinham ligação umbilical, partidária com o
governo atual, com Prefeitos e Vereadores. Eles têm ligações
políticas. Na reforma política que o Brasil necessita, é
fundamental a mudança do Tribunal de Contas. Não podemos
desacreditar um tribunal. Tribunal, segundo o Roberto Romano, é
coisa séria. Como um tribunal faz um parecer desses? Como uma
Câmara Municipal, que trabalha, que se esforça, por influência do
Prefeito, acaba sendo comprada? Que tribunal é esse? Que sentença
é essa? Estamos aqui com as contas de 2003, 2004, 2005 maquiadas.
Isso é uma maquiagem. E a questão da publicidade? Temos aqui
denúncias seriíssimas. Só o Sr. Valério recebeu um grande dinheiro
da Assembléia e do governo. Dizem que ele tinha escritório nesta
Casa. Só em novembro de 2004, no "marketing" sobre o Déficit Zero,
gastaram-se R$8.400.000,00 em publicidade, na SMP&B, do Marcos
Valério. E Deputados de vários partidos receberam o mensalão. Isso
ficou aprovado. Como aprovam, sem ressalvas, uma conta sem parecer
do Ministério Público? Isso já vem com vício para a Assembléia. Já
fizemos representação sobre essa questão. Vai ser votada, nesta
manhã, a redação final. Vai ter de ser promulgada, tem de se fazer
concurso público, dar posse aos aprovados, para que possam rever
todas essas contas. Espero que, sendo por concurso, isso não fique
nas mãos da influência partidária e econômica. Muito dinheiro
corre nisso. Que eles façam um parecer, pelo menos exigindo que as
ressalvas que os técnicos fizeram sejam sanadas, aprovadas. Com as
contas de 2004 e outras mais, contas relacionadas à Fhemig, à
Unimontes e à dívida do Estado, podemos ver que o Estado tem
muitas dívidas. Elas têm aumentado a cada dia.
A questão está aqui e é relativa ao detalhamento das despesas.
Foram feitas várias ressalvas.
O Deputado Alencar da Silveira Jr. (em aparte)* - Gostaria de
tentar entender V. Exa., que está sendo muito vago. Tenho a
certeza de que o telespectador da Assembléia e alguns Deputados
aqui não conseguem compreendê-lo, que falou, nesses dois últimos
minutos, em Cemig, Copasa, isso e aquilo. Mas o que tem isso a ver
com a questão? Gostaria de conseguir entender V. Exa. Estou
sentado aqui há quase uma hora, ouvindo V. Exa. Gostaria que V.
Exa. fosse bem sucinto para, realmente, mostrar a realidade.
Quando V. Exa. fala Copasa, DNA e ACM, ninguém consegue entender
nada. Então, isso dá uma impressão ruim. V. Exa., nesses últimos
três dias, usou essa tribuna mais que nos quatro anos em que ficou
nesta Casa. Agora, para fechar com chave de ouro, gostaria de
tentar entender V. Exa. Falar de Copasa, Cemig, disso e daquilo é
muito vago. Estou sentado, ouvindo V. Exa., e continuarei tentando
entender o seu pronunciamento. Lembro-me do meu velho companheiro,
que não está mais, Raul Lima Neto. Com certeza, ele está presente,
neste momento e neste Plenário, acompanhando V. Exa., nessa
tribuna. Obrigado.
O Deputado Laudelino Augusto - Sou eu quem agradeço, porque o
senhor me proporcionou um tempo para que eu procurasse um item que
desejava encontrar. O senhor acabou de chegar e vi quando o senhor
entrou no Plenário. Talvez não lhe tenha sido possível ouvir bem o
que eu disse no início. Também esta é uma oportunidade para eu
repetir o que já disse, nesses dias, pedindo até desculpas por vir
uma terceira vez à tribuna. Ocorre que tudo se acumulou no final;
foi afunilando, afunilando, e os projetos polêmicos ficaram para o
final, aliás, com negociações e conversas. Aceitaram emendas e
substitutivos, e acabamos de votar o substitutivo com relação a
Irapé, à Cemig. A negociação foi essa, afunilada.
Se formos mesmo discutir tudo e tudo, todos aqui teriam de
discutir, mas também temos responsabilidade. Alguns disseram que
não abririam mão disso, porque representam o povo mineiro. Não me
sentiria bem depois. Não fui reeleito e não estarei aqui na hora
de votar as contas. Estamos votando aqui liberação de dinheiro
para o Tribunal de Contas, e a minha discussão está dentro do
assunto. Nunca usei, como muitos fazem, falar de assuntos que não
têm nada a ver com o projeto. Então, agradeço ao senhor o que
disse.
Quem sabe eu não esteja sendo bem didático? Mas quero dizer que o
Tribunal de Contas, os Conselheiros são políticos, se o senhor
ainda não entendeu isso. Aliás, discurso do Deputado Chico Simões,
que tenho aqui, o senhor fez um aparte e está, sim, bem por dentro
do assunto. Não tomou providências, mas está bem por dentro da
questão. Digo que o Tribunal de Contas tem Conselheiros que são
políticos ligados partidariamente aos governantes; e que as contas
e os pareceres são muito bem avaliados e feitos pelo corpo técnico
do Tribunal de Contas, mas são passados para os Conselheiros que,
politicamente, aprovam as contas sem ressalvas. Há uma ou outra
ressalva, solicitando explicações de equívocos, mas as grandes
ressalvas não foram explicadas.
Falo isso para o povo mineiro
saber que as contas são maquiadas e dei o exemplo da saúde. O
"marketing" que se faz, aliás, com o dinheiro público, passa uma
idéia que engana o povo; há um equívoco.
Vários dos senhores argumentaram aqui que o Governador teve 77%
dos votos, o que lhe dá idoneidade. Isso não está relacionado a
idoneidade. Ter votos não se relaciona a idoneidade, até porque
mandato parlamentar, mandato executivo é uma coisa e eleição é
outra. Neste país, eleição virou gincana, e sabemos, aliás, quanto
o próprio Governador ganhou da Caemi da vida, que sabemos ser da
Vale do Rio Doce, e de outras mais. Sabemos que 200 empresários
financiaram R$500.000.000,00, na campanha de candidatos a
Deputados, Senadores, Governadores e Presidente da República. São
donos do poder 200 empresários, e esse título está estampado no
jornal. É isso o que digo aqui. Não é idoneidade nenhuma ter sido
eleito com 77%, até porque esse "marketing" enganou o tempo todo.
Ele não quis aumento de salário, porque isso não lhe faz falta,
uma vez que ganha de outras maneiras, até dessas empresas que
financiam suas campanhas. Agora, ao argumentar, faz "marketing":
vai ao Ratinho, ao Luciano Huck e ao programa da Hebe, como da
última vez, e faz seu "marketing", dizendo não querer aumento de
salário. Ontem votamos aumento para Vice-Governador, Secretários,
etc. O "marketing" ainda pesa muito, e os 77% de votos não dão
idoneidade.
Estou explicando ao Deputado Alencar da Silveira Jr. que as contas
do Governador apresentadas ao Tribunal de Contas não estão todas
explicadas. Há muitas ressalvas, e os mineiros precisam saber
disso. Não estarei aqui no próximo ano para falar sobre o tema
quando houver votação, já que foi retirado de pauta. Havia até uma
liminar para tirá-lo da pauta, o que nem foi necessário. Talvez
para que houvesse maior oportunidade de reflexão, a providência
divina, na qual acredito, colocou na pauta esse projeto sobre o
Tribunal de Contas, o que nos deu possibilidade de falar sobre o
assunto. Espero ter respondido ao Deputado, e, àqueles que não
tiverem entendido o que eu disse, estamos à disposição para
explicar melhor. Já está tramitando no Tribunal de Justiça nossa
representação.
O Deputado Carlos Pimenta (em aparte) - V. Exa. terá muito tempo
para concluir sua fala. O senhor tem todo o direito de usar a
tribuna, durante todo o tempo, para fazer as considerações que
estão sendo feitas. Não vejo nada de estranho nisso, afinal esta é
a Casa do debate e do diálogo. Todavia, gostaria que V. Exa.
retificasse - não sei se seria esse o termo - o que disse agora,
porque entendo que, no calor e no clima da discussão, o que disse
foi pesado. V. Exa. disse que o Governador não precisa de aumento
porque ganha de outras formas.
Essa colocação nem é própria da personalidade de V. Exa., homem
equilibrado, com quem convivemos durante quatro anos sem que se
pudesse notar, em nenhum momento, qualquer tipo de desequilíbrio.
Por isso acredito que deve ter ocorrido um equívoco, já que o
Governador Aécio Neves, para mim, é um dos homens mais probos
deste Estado, uma das pessoas mais sérias e responsáveis de Minas.
Quando ele abriu mão de seu salário, certamente sabia o que estava
fazendo.
Em quatro anos de administração Aécio Neves, não houve sequer um
fato que desabonasse sua conduta como Governador deste Estado. Ele
não permitiu que nenhuma das pessoas de seu governo, por mais
humilde que fosse, se envolvesse em qualquer tipo de escândalo,
diferentemente de alguns governos passados. Assim sendo, acredito
ter havido um equívoco. O Governador não precisa de dinheiro de
empreiteira para viver e financiar suas atividades políticas. É
uma pessoa que merece o apoio e a consideração do povo de Minas
Gerais.
Estranhei sua fala, o que talvez tenha passado despercebido para
algumas pessoas, mas eu estava - como estou - atento ao
pronunciamento de V. Exa. Deve mesmo ter havido um equívoco,
porque não houve qualquer fato no governo Aécio Neves, em nenhum
momento durante esses quatro anos, que desabonasse sua conduta.
Ele merece nosso respeito e acatamento, tal como V. Exa. o merece.
Não gostaria que o senhor terminasse seu pronunciamento ou sua
participação nesta Assembléia deixando essa impressão ruim. Deve
ter havido um lamentável engano, porque o Governador merece a
total e irrestrita confiança deste Parlamento e do povo mineiro.
Obrigado.
O Deputado Laudelino Augusto - Agradeço a oportunidade de falar
sobre isso. Não houve lamentável engano, mas lamentável
interpretação do senhor com relação à minha fala. Não falei nem
fiz qualquer indução. Como o senhor mesmo disse, o Governador não
precisa de dinheiro de empreiteira. Quis dizer que ele tem outras
fontes de renda, ou seja, tem como conseguir sua manutenção, não
dependendo do salário de Governador. Graças a Deus, ele e sua
família podem ter uma vida digna. A interpretação não foi minha.
Obrigado pela oportunidade de explicar claramente minha fala. Eu o
agradeço. Jamais faria isso, até porque o julgamento não nos
pertence.
Penso que nossa fala já foi suficiente. Há muito mais coisas. Só
aqui são 152 páginas provando as ressalvas nas contas de 2004.
Ainda há outras. Espero que esse dinheiro seja bem usado lá,
inclusive para melhorar as condições de trabalho dos funcionários
do Tribunal de Contas, que merecem todo o reconhecimento pelo que
fazem. Sei de muitos deles que ficam frustrados porque fazem
ressalvas, fazem o estudo, mas os Conselheiros emitem parecer
aprovando as contas. Parece que o trabalho deles não valeu nada.
Ficam frustrados porque são pela moralidade, no entanto, os
Conselheiros são políticos.
Estamos criando um fórum permanente de acompanhamento dos
Tribunais de Contas, a começar pelo da União, em que uma votação
recente indicava Deputado do PT em atividade. Não sei se temos
outro critério de análise, se analisamos invertendo. Cristovam
Buarque sempre falou em inversão de prioridades, mas temos de
inverter a mentalidade também.
O poder emana do povo. Em nome do povo, junto com o povo deve ser
exercido, e pelo povo diretamente. O poder deve ser entendido como
serviço, e não como vantagem. Estão tirando vantagem. Quando o
poder é entendido como vantagem e privilégio, as pessoas fazem
esquemas para se manterem, pois não querem perdê-lo. Mas, se
entendemos poder como serviço, queremos que as outras pessoas
também venham servir. Esse é o sentido a que nos referimos.
Por outro lado, entendemos que se faz poder como vantagem para
grupos minoritários, para grupos econômicos que financiam
campanhas. Como contido no texto do documento "Ética, pessoa e
sociedade", enquanto a força do poder econômico determinar a
política por meio de financiamento de campanha, de "lobbies", de
relações privilegiadas de poder, de barganha de grupo junto ao
governo, a política será fonte de corrupção, de injustiça e de
instabilidade social.
Ainda bem que o STF derrubou aquele aumento absurdo. Então, poderá
derrubar também o aumento dos Conselheiros do Tribunal de Contas,
que vão continuar ganhando seus R$22.000,00 e mais um tanto de
cargo de confiança que colocam lá.
Quem entende e exerce o poder como vantagem e privilégio não quer
sair. Aí faz esquemas de manutenção do poder. O "valerioduto"
alimentava o esquema de manutenção do poder. Aqueles que
descobriram o esquema, que deveriam acabar com ele, gostaram e
ainda entraram nele, aperfeiçoando-o.
Lembro-me do esquema de poder relativo ao lixo em Itajubá. A
empresa que tirava o lixo da cidade tinha um esquemão. Um Vereador
que falava contra, que denunciava, acabou eleito Prefeito, assumiu
e aperfeiçoou o esquema. Em seu tempo de Prefeito, a retirada do
lixo ficava em R$240.000,00 por mês. Hoje, com um Prefeito mais
sério, pelo menos nessa questão, fica em R$110.000,00. Portanto,
R$130.000,00 iam para o ralo na outra época.
Esses são esquemas de manutenção do poder. Atualmente o Tribunal
de Contas faz parte desse tipo de esquema, assim como a mídia de
Minas Gerais e a Mesa da Assembléia, que, em muitas situações, age
de acordo com o esquema de manutenção do poder. Podemos conversar
mais sobre isso.
Concluirei lendo uma frase forte que leria ontem, mas não li. (-
Lê:) "A política é por essência ética, refere-se sempre à
liberdade e essencialmente à justiça. Não é mera arte ou técnica
de exercer o poder, mas é o exercício da justiça social". Santo
Agostinho, muito oportunamente, declarou: "Removida a justiça, o
que são os reinos senão um bando de ladrões?" Aí diz Pascal: "A
justiça sem a força é impotente. A força sem a justiça é tirânica.
É preciso juntar a justiça e a força. Para consegui-lo, é preciso
fazer com que o que o justo seja forte e o que é forte seja
justo".
É isso o que queremos: que o que é justo seja forte, tenha força.
Estou usando esse tempo de 45 minutos para falar que o que é justo
tem que ser forte, tem que aparecer, tem que ser predominante na
sociedade, mas não está sendo pela força do poder econômico, pela
força da mídia. Por isso fazemos esse apelo.
Já falei bastante e ainda falarei outras vezes, pois precisarei
discutir outras emendas, em nome do povo mineiro. Espero a
compreensão de todos, porque ficou tudo acumulado para o final.
Mesmo com dificuldade, estou falando em nome da justiça e do povo
que nos elegeu.
O Deputado André Quintão (em aparte) - Sr. Presidente, Deputado
Laudelino Augusto, fiz questão de fazer esse aparte primeiramente
pelo conteúdo que V. Exa. traz a esta Assembléia. Usar a tribuna
não significa cansar Deputados, pelo contrário, é uma prerrogativa
do Poder Legislativo. Feliz daquele que faz isso tão bem quanto V.
Exa., com conteúdo, discutindo matérias de interesse da população.
Quero dar esse testemunho porque o que V. Exa. traz, à luz dos
princípios e da doutrina social da igreja, é exatamente o que
todos nós deveríamos fazer nesta Casa. Nesse projeto V. Exa.
discute a responsabilidade e a atribuição dos Poderes. Sr.
Presidente, quero dizer que, infelizmente, o Poder Legislativo
está sendo desrespeitado. Muitas das mazelas que existem hoje na
sociedade e em outros Poderes são colocados nas costas do
Legislativo, que virou a "Geni" nacional.
Não vou fazer discurso corporativo, mas quem está aqui trabalha,
abre mão das suas responsabilidades - muitas vezes até dentro de
casa - paralisam carreiras para servir ao povo mineiro; e
exatamente porque delegamos para outros as decisões não exercemos
com "aquele" vigor o que nos compete.
Deputado Laudelino Augusto, quero parabenizá-lo e dizer que a
vontade do povo é soberana. Infelizmente, talvez seja essa a
última vez que V. Exa. ocupa essa tribuna, porque nem sempre o
povo escolhe quem merece, porque o processo eleitoral é complexo.
Não houve reforma política, e o poder econômico prevalece sobre as
qualidade individuais. Infelizmente, talvez V. Exa. esteja fazendo
seu último discurso como Deputado, já que, como militante social,
sempre estará nessa tribuna durante os seminários da Comissão de
Meio Ambiente e durante a primeira audiência pública do PPAG. V.
Exa. não está aqui para ter um salário ou para ter uma assessoria
porque é um militante construído e forjado nas lutas sociais.
Repudio todos aqueles que, pejorativamente, possam dirigir
qualquer palavra contra V. Exa., que está usando uma prerrogativa
de que, infelizmente, muitos abrem mão em troca de uma emenda
parlamentar, de um favor, de um emprego. V. Exa. é um dos
parlamentares mais dignos que já passou por esta Assembléia e que
continuará militando. Parabéns pelo excelente mandato a serviço do
povo mais humilde de Minas Gerais.
O Deputado Edson Rezende (em aparte) - Sr. Presidente, quero
saudar o nobre companheiro que muito tem militado, especialmente
na Comissão de Meio Ambiente, que é o Deputado Laudelino Augusto.
V. Exa. demonstrou sua capacidade de intervenção, mas, muito mais
que isso, sua capacidade de percepção do trabalho que o Presidente
de uma comissão pode ter.
Uma das nossas preocupações, tema das nossas discussões nos
últimos tempos, é sobre qual seria o nível de interferência que
esta Casa pode ter. Quais são as suas prerrogativas que foram
surrupiadas, de certa forma, pelo Executivo? Quais são as
prerrogativas que delegamos ao Executivo sem assumirmos
determinadas discussões e intervenções necessárias? Depois de
alguns anos nesta Casa, temos de refletir sobre o seu papel na
macropolítica e na questão do meio ambiente, da saúde e da
educação. Discutimos muito os projetos que o Executivo remete a
esta Casa, mas precisamos, nós mesmos, produzir matéria de grande
impacto positivo para a sociedade mineira, a fim de retomarmos as
prerrogativas do passado. A Casa está, de certa forma, em uma
situação a que foi levada ao longo dos anos. Ela passou a ter as
suas prerrogativas e condições de intervenção muito reduzidas, não
por sua culpa, mas pelo processo político natural de dezenas de
anos. Percebemos a necessidade de uma discussão mais profunda e
mais ampla sobre os problemas de Minas. Deputado Laudelino
Augusto, aproveito este aparte para dizer que, anteontem, tivemos
a oportunidade de acompanhar, em Brasília, várias escolas
agrotécnicas mineiras em processo de "cefetização". Das 11 escolas
de todo o Brasil presentes, 7 eram de Minas Gerais. Foi um momento
histórico importante, pois os Diretores dessas escolas assinaram
um protocolo de compromisso de melhoria dos indicadores desses
cursos rumo à "cefetização", ou seja, à constituição de centros
educacionais tecnológicos de impacto regional, econômico e social
e de intervenção e interação social na região. Esse momento foi
extremamente importante. A minha cidade, Barbacena, que possui uma
escola agrotécnica, foi um ponto pivô nesse movimento nacional. No
princípio deste ano, realizamos uma grande reunião, com a presença
de vários Diretores dessas escolas.
Este é um momento importante para salientarmos o compromisso do
governo Lula com a questão do ensino técnico e profissionalizante
para os jovens que necessitam estudar e, ao mesmo tempo, sair da
escola com uma profissão. Serão mantidos os cursos técnicos
profissionalizantes e serão acrescentados os cursos tecnólogos,
que são cursos superiores de várias matérias técnicas. Neste ano,
foi realizado o primeiro vestibular para o curso superior de
Gestão Ambiental da Escola Agrotécnica de Barbacena.
Sete escolas, distribuídas em várias regiões de Minas Gerais,
serão transformadas em Cefet assim que cumprirem o protocolo de
compromisso de melhoria dos seus indicadores. Esse é um
compromisso do governo Lula e desses Diretores com o
desenvolvimento das suas regiões.
O Deputado Laudelino Augusto - Concluirei fazendo um apelo aos
Srs. Deputados e Sras. Deputadas. Na próxima legislatura, quando
forem enviados para votação os projetos de resolução referentes às
contas dos Governadores Itamar Franco, 2002, e Aécio Neves, 2003,
2004 e 2005, que seja observada com atenção a presença do parecer
do Ministério Público especializado, se as ressalvas foram sanadas
e se tudo foi bem explicado, em nome do povo mineiro. Estejam
atentos ao que não é um detalhe, mas algo muito importante, para,
depois, aprovaram ou não as contas. Por que as contas de 2002 a
2004 ainda não foram votadas?
O que o Tribunal de Contas está fazendo? Vamos pensar nisso
também. Parece que há contas de Prefeito, de 8 ou 10 anos, que
ainda não foram votadas. Precisamos corrigir isso. Esse é um dos
apelos que faço às senhoras e aos senhores. Muito obrigado.